Translate

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

BEZERRA DE MENEZES E A OBRA DE ROUSTAING

 

Índice do Blog

 

200 ANOS DE J.B.ROUSTAING

PALESTRA REALIZADA NA CASA DE RECUPERAÇÃO E BENEFÍCIOS BEZERRA DE MENEZES EM 12/10/2005

 

 

 

TÍTULO: BEZERRA DE MENEZES E A OBRA DE ROUSTAING

AUTOR : ALMIR GOMES DE SOUZA

Meus irmãos!

Coube-me a honra de, por deferência de nossos irmãos Azamôr Filho e Júlio Damasceno, prestar minha modesta contribuição nas comemorações pelos 200 anos de nascimento de J.B.Roustaing, promovidas pela nossa Casa de Recuperação e Benefícios Bezerra der Menezes.

Ao convidar-me o Júlio pediu-me para escolher o tema. Inicialmente relutei em aceitar mas diante da quase “intimação”, concordei, e então me pus a meditar. Que tema abordar? Veio-me então a inspiração para falar sobre a posição de nosso patrono Bezerra de Menezes com relação à obra de Roustaing. Assim, parti para a pesquisa e logo percebi que precisava de ajuda, pois não tinha em mente onde encontrar material para a pesquisa. De saída fui levado a procurar o nosso jornal “O Cristão Espírita”, por acaso, no armário do CEIM. Lá encontrei, no jornal de outubro de 1965, no 3º número publicado, referências sobre o tema extraídas do Reformador de 1947.

Outro problema: onde encontrar aquele Reformador? Fui à FEB e deparei-me com a Biblioteca fechada, em obras. Desci para a livraria e com quem me deparo? Com o Júlio, que fora comprar novos exemplares de Os Quatro Evangelhos.

Falo-lhe da minha aflição e lembro de pedir-lhe o telefone do Damas, pois o ele saberia me informar sobre as fontes. É o que faço e o mesmo me aconselha a não pesquisar no Reformador e me dá o caminho das pedras: seus livros já publicados. Ao procurar o material na minha casa, verifiquei que tinha quase todos os livros: História de Roustaing, Jesus não é Deus, Ponte Evangélica, A Bandeira do Espiritismo - e encontrei um livro que D. Armanda, nossa saudosa companheira, me dera e que eu não vira na estante, do Luciano dos Anjos - Os Adeptos de Roustaing, editado em 1993, que trás um inventário bastante completo sobre as ações e o pensamento do Dr Bezerra sobre esta obra. Além destas, fui buscar subsídios na obra Uma Carta de Bezerra de Menezes, sobre as conceituações filosóficas de nosso patrono e também na obra rara Estudos Filosóficos, que contém, em 3 volumes, parte substancial dos artigos publicados pelo Dr. Bezerra no jornal “O País”, no fim do século XIX.

Muito bem, vamos ao que compilei para trazer aos irmãos nesta noite.

Primeiro vamos ver a atuação do Dr. Bezerra na divulgação da Obra de Roustaing.

Todos conhecemos a biografia de nosso patrono. Sabemos que ele recebeu do anjo Ismael a missão de consolidar a Doutrina Espírita no solo brasileiro e promover a união dos espíritas em torno da Bandeira do Evangelho do Cristo na terra do Cruzeiro, espírito elevado que já era, denominado Longinus por Ismael, como registrado na obra de Humberto de Campos “Brasil, Oração do Mundo, Pátria do Evangelho”.

Ele leu pela 1ª vez o Livro dos Espíritos em 1875. Em 1886 fez sua profissão de fé espírita no salão da Guarda Velha diante de mais de 1500 pessoas (2.000, segundo alguns autores), dirigiu a FEB em 1889, foi vice-presidente entre 1890 e 1892 e novamente presidente entre 1895 e 1900, desencarnando em 11 de abril daquele ano.

Atuando nos diferentes grupos espíritas que se formaram e se fundiram naquele período tumultuado da consolidação da FEB, fundada em janeiro de 1884, o Dr. Bezerra foi um combatente ardoroso dos ideais espíritas e seu divulgador para o grande público, através da imprensa, nos artigos dos jornais “O País” e “Jornal do Brasil”.

A obra “Os Quatro Evangelhos” psicografada por Mme. Collignon, organizada e publicada por J.B.Roustaing em 1866, teve sua primeira tradução e impressão na língua portuguesa efetuada pelo Marechal Ewerton Quadros, posteriormente primeiro presidente da FEB, em 1883.

Bezerra afirma tê-la estudado por 14 anos e então, como Presidente da FEB, inicia sua publicação no Reformador, Órgão Oficial da FEB, em 15 de janeiro de 1898. Esta informação está registrada no Reformador de fevereiro de 1947, pág 43.

Ao assumir a presidência da FEB em 1889, Bezerra incorpora o “Grupo Ismael” à Casa Mater do Espiritismo no Brasil. Ele fazia parte deste Grupo, que estudava a obra de Roustaing na companhia de vultos eminentes do movimento espírita da época, como Antnio Luiz Sayão, Bittencourt Sampaio, Frederico Junior, Augusto Elias da Silva entre outros.

Ao assumir a Presidência da FEB pela segunda vez, em 1895, por solicitação expressa de Santo Agostinho, seu Guia espiritual, com plenos poderes para organizar o núcleo da doutrina espírita no Brasil, o Dr. Bezerra inclui, imediatamente, os “Quatro Evangelhos” nos estatutos da Casa de Ismael, formalizando o que já se praticava.

Uma nota: Em 1902, Leopoldo Cirne, pressionado pelos “científicos” tira “Os Quatro Evangelhos” do estatuto da FEB, embora seu estudo tenha continuado normalmente, sendo o mesmo reincorporado definitivamente aos estatutos em 1917, sob a orientação do então Presidente Aristides Spínola.

No dia 18 de Fevereiro de 1891 o Dr. Bezerra fundou o Grupo Espírita Regeneração, com o objetivo da “prática da caridade cristã e a propaganda da Doutrina Espírita, dentro dos moldes da legítima fraternidade e da máxima tolerância...”. Sua idéia inicial era de que este Grupo se corporificasse dentro da FEB, onde fora fundado, para que ,mais tarde, se constituísse estatutariamente e marchasse independente.

Desde suas primeiras reuniões à frente da FEB o Dr. Bezerra instituiu o estudo baseado “nos ensinamentos do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, nas instruções da Codificação de Allan Kardec, na Revelação da Revelação, de J.B. Roustaing” (J. Damas Martins , Ponte Evangélica - cap I, pág 36).

Vejamos agora sua atuação já como espírito:

Em 1952, o Grupo Regeneração publica seu novo estatuto, redigido pelo Dr. Alcides Neves Ribeiro de Castro, no qual consta, na 1ª página, um Artigo determinando que a casa tem por linha de trabalho doutrinário o binômio Kardec-Roustaing.

Este estatuto foi levado pelo Dr. Alcides ao Chico Xavier que, mediunizado, assinou imediatamente: Adolfo Bezerra de Menezes. Na obra Ponte Evangélica, do Jorge Damas, consta o fac-símile das páginas 1 e 17 deste estatuto, com a assinatura do Dr Bezerra, cuja análise grafológica por perito judicial confirmou ser autêntica, ou seja igual, à do Dr Bezerra quando encarnado.

Em 03 de junho de 1961, sob a orientação do Dr. Bezerra teve inicio a concretização do ideal do nosso patrono de reunir outros de seus antigos adversários nos primórdios do Cristianismo, na Roma do fim do século V, em outra célula de trabalho: nascia a Casa de Recuperação e Benefícios Bezerra de Menezes, sob a direção de nosso Irmão Azamôr Serrão.

Em 02 de dezembro de 1963 realizou-se a 1ª Assembléia Geral Extraordinária, para aprovação do seu primeiro estatuto, elaborado sob a orientação direta do Dr. Bezerra, o qual traz no seu Art. 2º - “A sociedade.... será regida por este estatuto ... tem por fim: item II - estudar a Doutrina codificada por Allan Kardec, a obra publicada por Jean -Baptiste Roustaing intitulada “Espiritismo Cristão ou Revelação da Revelação” e outras subsidiárias e complementares da Revelação, de modo a tornar compreensível, em toda a sua pureza, o Evangelho de Jesus”.

Em 14 de setembro 1974 foi fundado em Goiânia o Grupo Espírita Regeneração, também com o mesmo propósito espiritual, inspirado no estatuto de 1952, do Grupo Regeneração do Rio de Janeiro. Todo o processo de criação deste Grupo foi orientado pela espiritualidade, conforme está registrado na Obra do Jorge Damas “O 13º Apóstolo”, páginas 194 /195.

Bom, este é um resumo das ações concretas do dr. Bezerra, como encarnado e já como espírito, visando a divulgação da obra de Roustaing.

Mas o que ele escreveu a respeito de Roustaing e de sua obra, principalmente sobre seu ponto mais polêmico – a questão do Corpo Fluídico de Jesus?

Vejamos primeiro sobre Roustaing:

1 – “Mas o homem, como já foi dito, não cessa de desenvolver a sua faculdade compreensiva e, pois, os princípios fundamentais da revelação espírita, compreendidos nas obras fundamentais de Alllan Kardec, tendem constantemente a se alargar em extensão e compreensão, como ele mesmo veio alargar os princípios fundamentais do ensino ou revelação messiânica – e como este veio alargar os da revelação mosaica.

A Allan Kardec sobrevivem outros missionários da verdade eterna que, sem destruir a obra feita, porque esta é firmada na lei e a lei é imutável, darão mais luz para mais largo conhecimento das faces mais obscuras daquela verdade.

Eis aí que já apareceu Roustaing, o mais moderno missionário da lei, que em muitos pontos vai além de Allan Kardec, porque é inspirado como este , mas teve por missão dizer o que este não podia, em razão do atraso da Humanidade.

Não divergem no que é essencial , mas sim nos modos de compreender a verdade, porque esta, sendo absoluta, nos aparece sob mil fases relativas - relativas ao nosso grau de adiantamento intelectual e moral, que um não pode dispensar o outro, como as asas de um pássaro não se podem dispensar, para que o fim de ele se elevar às alturas.

Roustaing confirma o que ensina Allan Kardec, porem adianta mais que este, pela razão que já foi exposta acima.

É, pois, um livro precioso e sagrado o de Roustaing...” Max (Bezerra de Menezes)”.

Fonte: “Gazeta de Notícias – 22 de abril de 1897 in : Ponte Evangélica – Jorge Damas - 1984 , contracapa”.

Bezerra de Menezes, espírito, manifestou-se também sobre a obra em diversas ocasiões, como relaciona Luciano dos Anjos na sua obra “Os Adeptos de Roustaing”, de 1993.

Ø Prefácio do livro “Corporeidade Carneforme de Jesus” de Henrique Orsínio , S. Paulo, 1937 págs. III a V . O prefácio, assinado também pelos espíritos Bittencourt Sampaio e Batuíra, integralmente em defesa de Roustaing, segundo palavras de Luciano dos Anjos, é de 12 de julho de 1937.

Ø Mensagem ditada no Grupo Ismael em reunião de 13.8.1941, quando os participantes encerravam mais uma vez o estudo completo da obra de Roustaing – (ver Trabalhos do Grupo Ismael, de Guilhon Ribeiro , edição da FEB de 1942, vol II pág 29 e 31 e 232 a 234).

Um trecho da mensagem diz: “Aqui estão presentes os velhos companheiros: o José, o João, o Richard, o Bittencourt, os Sayão, a Isabel, o Matos, o Cardoso, o Frederico, o Ulysses, o Fonseca e tantos outros (...). Coube-me, pois, a mim a missão de trazer-vos estas palavras de animação, quando encerrais mais um ciclo do vosso estudo, com aproveitamento (...). Recebei a expressão dos meus sentimentos para convosco e daqueles que me delegaram o encargo de vos falar neste momento. Lembrai-vos sempre de que todos eles estão convosco, partilhando da vossa obra. Nenhum desertou”.

Médium : João Celani, médium excelente do Grupo Ismael, a partir de 1939 até 1943, quando teve que se afastar, desencarnado em 1957.

Ø Mensagem de agradecimento a Roustaing, psicografada por José Salomão Mizrahy, na reunião do grupo Ismael, de 26 de novembro de 1978, e publicada no Reformador de fevereiro de 1979, pág 14, assinada também por Bittencourt Sampaio e Antônio Luiz Sayão. Vejamos o que eles nos disseram:

“NOSSA HOMENAGEM

Ao nobre missionário de Bordéus, que, num esforço hercúleo e louvável, compilou as revelações que os Evangelistas e Moisés ditaram à distinta Senhora Collignon.

A par da exegese de textos e versículos dos Evangelhos, preenchendo claros de forma até hoje insuperada; de esclarecimentos e interpretações de passagens antes incompreensíveis e absurdas, por força da letra;das necessidades imperiosas da atualização do conhecimento das realidades que as escrituras sintetizam, reconhecemos, quando são decorridos 112 anos da publicação da obra complementar do consolador Prometido, que teses e sínteses, conceitos re elucubrações com respeito às revelações superiores aguardam, no tempo e no espaço, mais amadurecimento e iluminação interiores, para que sejam entendidos em espírito e verdade.

Não só pelo corpo de carne aparente com o qual o Senhor manifestou-se em sua gloriosa epopéia terrena; nem pela evolução em outros planos do espaço sideral, desvelando a não compulsoriedade das encarnações e reencarnações; tampouco pelos elevados conceitos da evolução, dos reinos inferiores da Natureza até ao instante alentador do despertar da razão e da consciência individual e imortal, em cujo imo o livre-arbitrio desabrocha por imperioso processo de aperfeiçoamento, mas sobretudo pela garantia da preservação das lições evangélicas que do Cristo Jesus recebemos – homenageamos o preclaro Dr. Jean-Baptiste Roustaing, tanto quanto reverenciamos seus pares, que, ao lado do Codificador, deram início à Era do espírito, preparando os germens do ciclo regenerativo que aguarda a comunidade terrena.

Recordamo-nos de Denis e Delanne, de Flammarion e Aksakof, de Bozzano e Lombroso, de Geley e Crookes; contudo, nesta oportunidade, rendemos a nossa humilde e sincera homenagem ao Gigante da “revelação da Revelação”. Ao lado de Kardec, foi ele o intimorato e destemido guardião das Verdades Evangélicas. Se Allan Kardec exaltou a Moral Cristã como base de renovação e aperfeiçoamento espiritual, em “ O Evangelho segundo o Espiritismo”, Jean-Baptiste Roustaing, à semelhança dele, trouxe ao mundo as esquecidas e desprezadas revelações do Nascimento do Senhor, incompreendidas por muitos, ata as do advento da Ressurreição, igualmente incompreendidas por tantos, ainda.

Glória , pois, ao Mensageiro da Fé. Abençoada seja a obra que suas mãos e seu coração veicularam. Nosso louvor e gratidão a ele, onde e como se encontra.

BEZERRA, BITTENCOURT e SAYÃO, pela Falange de ISMAEL.

Ø Mensagem do Dr. Bezerra intitulada “No Dia do Livro Espírita”, recebida pela médium Maria Cecília Paiva, na sessão pública da FEB de abril de 1955, publicada no “Reformador” de abril de 1972, pág. 82, transcrita parcialmente abaixo:

Kardec e Roustaing volvem do passado como missionários do senhor! O primeiro edificando o corpo básico da altíssima Revelação ; o segundo aprimorando-o nos contextos reveladores da excelsa Verdade.

Está a humanidade de posse do inesgotável tesouro da misericórdia divina. Tem o homem em suas mãos o roteiro luminoso da paz”.

Respondendo a um leitor que o consulta sobre a possibilidade de adotar em seu Grupo espírita as duas obras de Antonio Luiz Sayão, Dr. Bezerra, sob o pseudônimo Max, assim responde na Gazeta de Notícias, em artigo de terça-feira, 23 de março de 1897, página 2:

“...mas o autor, não possuindo, como homem, a vantagem que faz sobressair o trabalho de Kardec, de clareza e concisão, torna-o bem pouco acessível às inteligências de certo grau para baixo”.

Seria obra de mérito valor dar à sua exposição de princípios relevantíssimos a concisão e a clareza que sobram no mestre e que lhe faltam bem sensivelmente

Foi esta, no fundo, a obra de Sayão.

Em ligeiros traços resumiu, sem lesar, longas exposições – e em linguagem didática clareou e pos ao alcance de todas as inteligências o que era obscuro à maior parte.

O livro de Sayão é um resumo de Roustaing, com as vantagens de Allan Kardec.

È portanto correto e adiantado, sob o ponto de vista doutrinário – e é claro e conciso sob o ponto de vista do método.

Por outra: contém as idéias de Roustaing e o método incomparável de Allan Kardec.

Quem compreender a progressividade da revelação não pode recusar preito a Roustaing – e quem quiser colher, em Roustaing, os frutos preciosos de sua inspiração, muito lucrará estudando o livro (os livros) de Sayão.

.......

Neles encontrareis o que há de mais adiantado em espiritismo, colhido na seara bendita, com a alma cheia de amor, humildade e fé, as virtudes que enastram a coroa do discípulo de Jesus, voltado à obra do Mestre Divino, com o coração cheio de energias e de caridade evangélica.”

(Jesus não é Deus – Jorge Damas – Apêndice III, pág. 107.

As obras de Sayão a que se refere o Dr. Bezerra são: Trabalhos Espíritas, de 1893 e Elucidações Evangélicas à Luz da Doutrina Espírita, de 1897

E com relação à parte filosófica?

Em Estudos Filosóficos, 1ª edição FEB, vol. III, pág 353, transcrito da obra Os Adeptos de Roustaing, do Luciano dos Anjos, temos:

“Jesus teve com efeito um corpo como o nosso pela forma; mas não pela natureza; teve um corpo fluídico, como tomam os anjos (espíritos puros) quando descem a nosso mundo.

É assim que a virgem não deixou de sê-lo depois do parto, sem necessidade de um milagre, coisa que Deus não pode fazer.

Se Jesus não teve corpo material para sofrer, teve os sofrimentos mais cruciantes do espírito.

E quem nos diz que seu corpo fluídico não se prestava tanto, e porventura mais do que o corpo carnal, à transmissão das sensações materiais?

O que é fora de questão é que repugna à razão o fato de um espírito divino tomar a carne dos pecadores , e que a concepção espírita de ser fluídico o corpo de Jesus, não somente fala à razão e remove aquela repugnância invencível, como ainda explica , de acordo com as leis naturais, todos os fenômenos da vida do Redentor, e principalmente sua concepção no ventre puríssimo de Maria santíssima e seu nascimento, sem que a MÃE deixasse de ser Virgem.

O que é fora de questão é que S.Paulo consagra a doutrina espírita neste ponto, quando diz : que há corpos celestes e corpos terrestres.

Que serão os corpos celestes senão os fluídicos?”

Nesta mesma obra, às págs. 449 a 454, lemos:

“O Espiritismo reforça, pelos ensinos dos altos Espíritos, as provas da imaculada conceição.

O espiritismo considera Maria um altíssimo espírito, que veio à Terra em missão especial de servir de sacrário ao puro amor do Pai.

O Espiritismo não vê, nesse fato fenomenal, verdadeiro milagre para os que ainda não conhecem a lei, nada que pudesse atingir a pureza virginal da mãe do Redentor do mundo , quer antes , quer depois do parto .

Impossível, no primeiro caso, porque Jesus, o Deus na Terra, espírito que só tem acima de si o Pai , não podia vir atafulhar-se na carne impura da humanidade terrestre, como qualquer lapuz.

O corpo de Jesus, compatível com a virgindade de Maria e dispensando a geração, segundo a carne e a mitologia, foi delineado segundo leis eternas e não por uma exceção”.

Ainda, enquanto encarnado, escreveu o Dr. Bezerra, na obra “A Loucura sob Novo Prisma”:

Por esta lei, um espírito que habitou em mundos superiores à Terra , não poderá descer a nos com seu perispírito natural, incompatível com o meio terrestre.

Também, se um espírito terrestre pudesse subir a um mundo superior, enquanto seu grau de progresso não o livra da Terra, não suportaria a superioridade daquele meio, com seu perispírito grosseiro.

Mas, o fato dá-se: da passagem de Espírito por mundos que não são da ordem do seu, como no-lo provam a vinda, entre nos, dos anjos ou puros Espíritos, habitantes das regiões etéreas, e a do Cristo, o puro dos puros; logo, há de haver lei que harmonize o princípio acima estabelecido com os fatos aqui indicados.

Terá o espírito o poder de modificar seu perispírito, de modo a constitui-lo em condições de tolerar vários meios em que precise manter-se, ou de tornar seu perispírito harmônico com esses meios?

Ensinam elevados espíritos que a vontade é força irresistível, de que se servem eles para jogar com os fluídos, combinando-os de modo a obterem as precisas condições perispirituais para aquele fim”.

Ainda, em Palavras do Infinito, como Max, pág 15:

“Ora, Jesus, sendo um espírito tão elevado, não podia de forma alguma tomar uma matéria, cuja composição nascesse de vermes... Deus concedeu-lhe a graça de escolher sua Mãe e seu Pai adotivos.”

Para concluir:

Se a revelação é progressiva, na razão do desenvolvimento da nossa perfectibilidade, conclui-se daí rigorosamente que, enquanto a humanidade não tiver tocado ao apogeu da sua perfectibilidade, a revelação não pode ter chegado ao seu elevado grau de luz”. – Uma Carta de Bezerra de Menezes – pagina 64, item Razão de Ser do Espiritismo.

Que possamos analisar com respeito e sem idéias preconcebidas o que nosso patrono nos legou de seu conhecimento e entendimento sobre esta obra para melhor compreendermos o Cristo e sua sagrada Missão junto a nós.

Paz em Jesus