EMMANUEL
FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
NOTA
NOTA À PRIMEIRA EDIÇÃO.
DEFINIÇÃO
Na reunião de 31 de outubro de 1939, no grupo espírita “Luis Gonzaga”, de
Pedro Leopoldo, um amigo do plano espiritual lembrou aos seus componentes a
discussão de temas doutrinários, por meio de perguntas nossas à entidade de
Emmanuel, a fim de ampliar-se à esfera dos nossos conhecimentos.
Consultado sobre o assunto, o Espírito Emmanuel estabeleceu um programa de
trabalhos a ser executado pelo nosso esforço, que foi iniciado pelas duas questões
seguintes:
-Apresentando o Espiritismo, na sua feição de Consolador prometido pelo
Cristo, três aspectos diferentes: científico, filosófico, religioso, qual desses aspectos é o
maior?
-Podemos tomar o Espiritismo, simbolizado desse modo, como um triângulo de
forças espirituais.
“A ciência e a Filosofia vinculam à Terra essa figura simbólica, porém, a Religião
é o ângulo divino que a liga ao céu. No seu aspecto científico e filosófico, a doutrina
será sempre um campo nobre de investigações humanas, como outros movimentos
coletivos, de natureza intelectual, que visam o aperfeiçoamento da Humanidade. No
aspecto religioso, todavia, repousa a sua grandeza divina, por constituir a restauração
do Evangelho de Jesus-Cristo, estabelecendo a renovação definitiva do homem, para a
grandeza do seu imenso futuro espiritual”.
-A fim de intensificar os nossos conhecimentos, relativamente ao triplicar
aspecto do Espiritismo, poderemos continuar com as nossas indagações?
- “Podemos perguntar, sem que possamos nutrir a pretensão de vos responder
com as soluções definitivas, embora cooperemos convosco da melhor vontade”.
“Aliás, é pelo amparo recíproco que alcançaremos as expressões mais altas dos
valores intelectivos e sentimentais”.
Além do túmulo, o Espírito desencarnado não encontra os milagres da
sabedoria, e as novas realidades do plano imortalista transcendem aos quadros do
conhecimento contemporâneo, conservando-se numa esfera quase inacessível às
cogitações humana, em face da ausência de comparações analógicas, único meio de
impressão na tábua de valores restritos da mente humana.
Além do mais, ainda nos encontramos num plano evolutivo, sem que possamos
trazer ao vosso círculo de aprendizado as últimas equações, nesse ou naquele setor de
investigação e de análise. É por essa razão que somente poderemos cooperar convosco
sem a presunção da palavra derradeira. Considerada a nossa contribuição nesse
conceito indispensável de relatividade, buscaremos concorrer com a nossa modesta
parcela de experiência, sem nos determos no exame técnico das questões científicas,
ou no objeto das polêmicas da Filosofia e das religiões, sobejamente movimentados
nos bastidores da opinião, para considerarmos tão-somente a luz espiritual que se
irradia de todas as coisas e o ascendente místico de todas as atividades do espírito
humano dentro de sua abençoada escola terrestre, sob a proteção misericordiosa de
Deus ““.
*
As questões apresentadas foram as mais diversas e numerosas. Todos os
componentes do Grupo, bem como outros amigos espiritistas de diferentes pontos,
cooperaram no acervo das perguntas, ora manifestando as suas necessidades de
esclarecimento íntimo, no estudo do Evangelho, ora interessados em assuntos novos
que as respostas de Emmanuel suscitavam.
Em seguida, o autor espiritual selecionou as questões, deu-lhes uma ordem,
catalogou-as em cada assunto particularizado, e eis ai o novo livro.
Que as palavras sábias e consoladoras de Emmanuel proporcionem a todos os
companheiros de doutrina o mesmo bem espiritual que nos fizeram, são os votos dos
modestos trabalhadores do Grupo Espírita “Luis Gonzaga”, de Pedro Leopoldo, Minas
Gerais.
Pedro Leopoldo, 8 de março de 1940.
Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
Digitado por: Lúcia Aydir.
PRIMEIRA PARTE
CIÊNCIA
EMMANUEL
1 – Tem o Espiritismo absoluta necessidade da ciência terrestre?
-Essa necessidade de modo algum pode ser absoluta. O concurso científico é
sempre útil, quando oriundo da consciência esclarecida e da sinceridade do
coração.Importa considerar, todavia, que a ciência do mundo se não deseja
continuar no papel de comparsa da tirania e da destruição, tem absoluta
necessidade do Espiritismo, cuja finalidade divina é a iluminação dos
sentimentos, na sagrada melhoria das características morais do homem.
I
CIÊNCIAS FUNDAMENTAIS
Emmanuel
2 – Se reconhecermos a Química, a Física, a Biologia, a Psicologia e a Sociologia como
as cinco ciências fundamentais, qual será a posição da ciência da vida, em relação às
demais?
-A Química e a Física, estudando a ação íntima dos corpos, suas relações entre
si e as suas propriedades, constituem a catalogação dos valores da ciência
material. A Psicologia e a Sociologia, examinando a paisagem dos sentimentos
e os problemas sociais, representam a tábua de classificação das conquistas da
ciência intelectual. No centro de todas está a Biologia, significando a ciência da
vida em suas profundezas, revelando a transcendência da origem – o Espírito, o
Verbo Divino.
Até agora, a Biologia está igualmente encarcerada nas escolas materialistas da
Terra, porém, nas suas expressões mais legítimas, evolverá para Deus, com as
suas demonstrações sublimes, cumprindo-nos reconhecer que, mesmo na
atualidade, seus enigmas profundos, são os mais nobres apelos à realidade
espiritual e ao exame das fontes divinas da existência.
Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
Digitado por: Lúcia Aydir.
QUÍMICA
Emmanuel
3 – No campo da Química, as forças do plano espiritual auxiliam o homem terrestre?
-Os prepostos de Jesus espalham-se por todos os setores do trabalho humano
e, em todos os tempos, cooperam com o homem no seu esforço de
aperfeiçoamento; aliás, os estudiosos e os cientistas do planeta não criaram os
fenômenos químicos, que sempre existiram desde a aurora dos tempos,
afirmando uma inteligência superior.
Os homens, em verdade, aprenderam a química com a Natureza, copiaram as
suas associações, desenvolvendo a sua esfera de estudos e inventaram uma
nomenclatura, reduzindo os valores químicos, sem lhes aprender a origem
divina.
4 – Nos estudos da Química, avaliam-se em cerca de um quarto de milhão as
substâncias da Terra, que podem ser reduzidas, aproximadamente, como originárias
de noventa elementos. Quando os estudos dessa ciência forem ampliados, poderão
reduzir-se, ainda mais, as fontes de origem?
-A Química necessita apresentar essa divisão de elementos para a catalogação
dos valores educativos, com vistas às investigações de natureza científica, no
mundo; contudo,, se na sua base estão os átomos, na mais vasta expressão de
diversidade, mesmo assim tenderá sempre para a unidade substancial, em
remontando com as verdades espirituais às suas fontes de origem.
Aliás, em se tratando das individualizações químicas, já conheceis que o
hidrogênio, no quadro dos conhecimentos terrestres, é o elemento mais simples
de todos. Seu átomo é a forma primordial da matéria planetária, porque
composto de um só elétron, de onde partem as demais individuações no
mecanismo evolutivo da matéria, em suas expressões rudimentares.
5 –Nos chamados movimentos brownianos e nas afinidades moleculares poderemos
observar manifestações de espiritualidade?
-Nos chamados movimentos brownianos, bem como nas atrações moleculares,
ainda não poderemos ver, propriamente, manifestações de espiritualidade,
como princípio de inteligência, mas fenômenos rudimentares da vida em suas
demonstrações de energia potencial, na evolução da matéria, a caminho dos
princípios anímicos, sob a bênção de luz da natureza divina.
6 –Houve uma unidade material para a formação das várias expressões orgânicas
existentes na Terra?
-Assim como o químico humano encontra no hidrogênio a fórmula mais simples
para estabelecer a rota de suas comparações substanciais, os espíritos que
cooperaram com o Cristo, nos primórdios da organização planetária,
encontraram, no protoplasma, o ponto de início para a sua atividade
realizadora, tomando-o como base essencial de todas as células vivas do
organismo terrestre.
7 -Existe uma lei de progresso para a individualização química?
-Na conceituação dos valores espirituais, a Lei é de evolução para todos os
seres e coisas do Universo. As individualizações químicas possuem igualmente a
sua rota para obtenção das primeiras expressões anímicas, sendo justo
observarmos que, no círculo industrial, a individualização é trabalhada pelos
processos mais grosseiros, até que possa ser aproveitada pelo agente invisível
na química biológica, onde entra em novo circulo vital, na ascensão para o seu
destino.
8 –Qual a diferença observada pelos Espíritos entre a química biológica e a industrial:
-Na primeira preponderam os ascendentes espirituais, em todas as
organizações; ao passo que na segunda todos os fatores podem ser de atuação
propriamente material.
Nisso reside a grande diferença. É que, na intimidade da célula orgânica, o
fenômeno da vida submete-se a um agente divino, em sua natureza profunda,
e, nos compostos industriais, as combinações químicas podem obedecer a um
agente humano.
9 –A radioatividade opera a destruição ou a evolução da matéria?
-Através da radioatividade, verifica-se a evolução da matéria. È nesse contínuo
desgaste que se observam os processos de transformação das individualizações
químicas, convertidas em energia, movimento, eletricidade, luz, na ascensão
para novas modalidades evolutivas, em obediência às leis que regem o
Universo.
10 –Onde a fonte de energia para a matéria, de vez que a radioatividade opera
incessantemente, trabalhando as suas forças?
-O Sol é essa fonte vital para todos os núcleos da vida planetária. Todos os
seres, como todos os centros em que se processam as forças embrionárias da
vida, recebem a renovação constante de suas energias através da chuva
incessante dos átomos, que a sede do sistema envia à sua família de mundos,
equilibrados na sua atração, dentro do Infinito.
11 –Como deveremos compreender a assertiva dos químicos “nada se cria, nada se
perde”?
-Em verdade, o espírito humano não cria a vida, atributo de Deus, fonte da
criação infinita e incessante; contudo, se o homem não pode criar o fluido da
vida, nada se perde da obra de Deus em torno dele, porque todas as
substâncias se transformam na evolução para mais alto.
12 –Em face da exatidão com que se efetuam as combinações naturais da química
orgânica, como entender as diversas expressões da natureza em seus primórdios?
-As expressões diversas da Natureza terrestre, em suas primitivas agregações
moleculares, obedeceram ao pensamento divino dos prepostos de Jesus,
quando nas manifestações iniciais da vida sobre a crosta do orbe.
Remontando a essas origens profundas, podeis observar, então, o esforço dos
Espíritos sábios do plano invisível, na manipulação dos valores da química
biológica nos primórdios da vida planetária, estabelecendo a caracterização
definitiva dos processos da Natureza na fixação das espécies, prevendo todo
mecanismo da evolução no futuro, e entregando o seu trabalho às leis da
seleção natural que, sob a égide de Jesus, prosseguiram no aperfeiçoamento da
obra terrestre através do tempo.
13 –As forças espirituais organizaram igualmente a atmosfera do mundo?
-Isso é indubitável. A inteligência com que foram dispostos os elementos do
cenário, para o desenvolvimento da vida no planeta, vo-lo comprova.
A algumas dezenas de quilômetros foram colocados os revestimentos do
ozônio, destinados a filtrar os raios solares; dosando-lhes a natureza para a
proteção da vida.
Da atmosfera recebe a maior porcentagem de nutrição para o entretenimento
das células.
E como o nosso escopo não é o de citações eruditas, nem o de redizer os
preceitos científicos do mundo, lembremos que um homem, na manutenção da
sua vida orgânica. Necessita de regular quantidade de oxigênio, quinze gramas
de azoto (alimentar) e quinhentos gramas de carbono (alimentar). O oxigênio é
uma dádiva de Deus para todas as criaturas ; quanto ao azoto e ao carbono, é
pela obtenção que o homem luta afanosamente na Terra, recordando-nos a
exortação dos textos sagrados ao espírito que faliu – “comerás o pão com o
suor do teu rosto”.
O problema básico da nutrição, nessa conta de química, é uma reafirmação da
generosidade paterna do Criador e do estado expiatório em que se encontram
as almas reencarnadas neste mundo.
14 –Como compreender a afirmativa dos astrônomos relativamente à morte térmica
do planeta?
-É certo que todo organismo material se transformará, um dia, revestindo
novas formas. As energias do Sol, como as forças telúricas do orbe terrestre,
serão esgotadas aqui, para surgirem noutra parte. Alguns astrônomos calculam
a morte térmica do planeta para daqui a um milhão de anos, aproximadamente.
Já se disse, porém, que a vida é p eterno presente. E o nosso primeiro dever
não é o de contar o tempo, demarcando, em bases inseguras, a duração das
obras conhecidamente sagrada para as edificações definitivas do nosso espírito,
as quais são inacessíveis a todas as transformações da matéria, em face do
Infinito.
Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
Digitado por: Lúcia Aydir.
FÍSICA
Emmanuel
15 –Existem Espíritos especialmente encarregados da execução das leis físicas no
planeta terrestre?
-Essa verdade é incontestável, e o homem poderá examinar e estudar
constantemente, auferindo o melhor proveito na sua rotina de esforços
perseverantes; porém, todas as definições do materialismo serão inúteis em
face da realidade irrefutável dos fatores transcendentais, em todos os grandes
fenômenos físicos da Natureza.
16 –As novas revelações científicas positivadas pelos professores Thomson,
Rutherford, Ramsay e Soddy, entre outros, no campo da Física, sobre os átomos e os
elétrons, são possíveis de fornecer o exato conhecimento de todas as etapas da
evolução anímica?
-A ciência, propriamente humana, poderá estabelecer bases convencionais, mas
não a sabe legítima, em sua origem divina, porquanto os átomos e os elétrons
são fases de caracterização da matéria, sem constituírem o princípio nessa
escala sem-fim, que se verifica, igualmente, para o plano dos infinitamente
pequenos.
17 –Como são considerados, no plano espiritual os conhecimentos atuais da Física na
Terra?
-As noções modernas da Física aproximam-se, cada vez mais, do conhecimento
das leis universais, em cujo ápice repousa a diretriz divina que governa todos
os mundos.
Os sistemas antigos envelheceram. As concepções de ontem deram lugar a
novas deduções. Estudos recentes da matéria vos fazem conhecer que os seus
elementos se dissociam pela análise, que o átomo não é indivisível, que toda
expressão material pode ser convertida em força e que toda energia volta ao
reservatório do éter universal. Com o tempo, as fórmulas acadêmicas se
renovarão em outros conceitos da realidade transcendente, e os físicos da Terra
não poderão dispensar Deus nas suas ilações, reintegrando a Natureza na sua
posição de campo passivo, onde a inteligência divina se manifesta.
18 –Onde o ponto imediato de observação para que a Física reconheça a existência de
Deus?
-Desde o ponto inicial de suas observações, a Física é obrigada a reconhecer a
existência de Deus em seus divinos atributos. Para demonstrar o sistema do
mundo, o cientista não recorreu ao chamado “eixo imaginário”? ilações mais
altas, no domínio do transcendente.
A mecânica celeste prova a irrefutabilidade da teoria do movimento. O planeta
move-se na imensidade. A matéria vibra nas suas mais diversificadas
expressões.
Quem gerou o movimento? Quem forneceu o primeiro impulso vibratório no
organismo universal?
A Ciência esclarece que a energia faz o movimento mas a força é cega e a
matéria não tem características de espontaneidade.
Só na inteligência divina encontramos a origem de toda coordenação e de toda
coordenação e de todo equilíbrio, razão pela qual, nas suas questões mais
íntimas, a Física da Terra não poderá prescindir da lógica com Deus.
19 –As noções de física conhecidas pelos homens são definições reais ou definitivas?
-Os homens possuem da matéria a conceituação possível de ser fornecida pela
sua mente, compreendo-se que o aspecto real do mundo não é aquele que os
olhos mortais podem abranger, porquanto as percepções humanas estão
condicionadas ao plano sensorial, sem que o homem consiga ultrapassar o
domínio de determinadas vibrações.
Mergulhadas nas vibrações pesadas dos círculos da carne, as criaturas têm
notícias muito imperfeitas do Universo, em razão da exigüidade dos seus pobres
cinco sentidos.
É por isso que o homem terá sempre um limite nas suas observações da
matéria, força e movimento, não só pela deficiência de percepção sensorial,
como também pela estrutura do olho, onde a sabedoria divina delimitou as
possibilidades humanas de análise, de modo a valorizar os esforços e iniciativas
da criatura.
20 –Como poderemos compreender o éter?
-Nos círculos científicos do planeta muito se tem falado do éter, sem que possa
alguém fornecer uma imagem perfeita da sua realidade, nas convenções
conhecidas.
E, de fato, o homem não pode imagina-lo, dentro das percepções acanhadas
da sua metade. Por nossa vez, não poderemos proporcionar a vos outros uma
noção mais avançada, em vista da ausência de termos de analogia.
Se, como desencarnados, começamos a examina-lo na sua essência profunda,
para os homens da Terra o éter é quase uma abstração. De qualquer modo,
porém, busquemos entende-lo como fluído sagrado da vida, que se encontra
em todo o cosmo; fluído essencial do Universo, que, em todas as direções, é o
veículo do pensamento divino.
21 –Pode a Física oferecer-nos elementos para apreciar o plano divino da evolução?
-Também aí podereis observar a profunda beleza das leis universais. Ao sopro
inteligente da vontade divina, condensa-se a matéria cósmica no organismo do
Universo. Surgem as grandes massas das nebulosas e, em seguida, a família
dos mundos, regendo-se em seus movimentos pelas leis do equilíbrio, dentro da
atração, no corpo infinito do cosmo.
O ciclo da evolução apresenta aí um dos seus aspectos mais belos. Sob a
diretriz divina, a matéria produz a força, a força gera o movimento, o
movimento faz surgir o equilíbrio da atração e a atração se transforma em
amor, identificando-se todos os planos da vida na mesma lei de unidade
estabelecida no Universo pela sabedoria divina.
22 –A substância é igual em todos os mundos? como compreender a revelação dos
espectroscópios?
-Reconhecido o axioma de que o Universo obedece a uma lei de unidade, somos
obrigados a reconhecer que o que se encontra no todo existe igualmente nas
partes.
Contudo, o espectroscópio não vos poderá revelar todas as substâncias que se
encontram nos outros mundos, e não podemos esquecer que a Terra é um
apartamento muito singelo dentro do edifício universal, sem que possamos
conhecer, pelos seus detalhes, a grandeza infinita da obra do Criador.
23 –Existe uma lei de equilíbrio e uma lei de fluídos?
-As grandes leis gerais do equilíbrio têm as suas sede sagrada em Deus, fonte
perene de toda vida; E, em se falando da lei de fluídos, cada orbe a possui de
conformidade com a sua organização planetária.
Com relação ao plano terrestre, somente Jesus e os seus mensageiros mais
elevados conhecem os seus processos, com a devida plenitude, constituindo
essa lei um campo divino de estudos, não só para a mentalidade humana, como
também para os seres desencarnados que já se redimiram do labores mais
grosseiros junto dos círculos da carne, a fim de evolutirem nas esferas mais
próximos do cenário terrestre.
24 –As leis da gravitação são análogas em todos os planetas?
-As leis da gravitação não podem ser as mesmas para todos os planetas,
mesmo porque, em face da vossa evolução científica, já compreendeis que os
princípios newtonianos foram substituídos, de algum modo, pelos conceitos de
relatividade, conceitos esses que, por sua vez, seguirão, o curso progressivo do
conhecimento.
25 –O teledinamismo é aplicado nas relações entre os planos visíveis e invisíveis?
-Sendo o teledinamismo a ação de forças que atuam, à distância, cumpre-nos
esclarecer que, no fenômeno das comunicações, muitas vezes entram em jogo
as ações teledinâmicas, imprescindíveis a certas expressões de mediunismo.
26 –Ante os princípios da Física, como poderemos compreender o magnetismo e quais
as sas características no intercâmbio entre encarnados e desencarnados?
-O magnetismo é um fenômeno da vida, por constituir manifestação natural em
todos os seres.
Se a ciência do mundo já atingiu o campo de equações notáveis nas
experiências relativas ao assunto, provando a generalidade e a delicadeza dos
fenômenos magnéticos, deveis compreender que as exteriorizações dessa
natureza, nas relações entre os dois mundos, são sempre mais elevadas e sutis,
em virtude de serem, aí, uma expressão de vida superior.
Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
Digitado por: Lúcia Aydir.
BIOLOGIA
Emmanuel
27 –Como devemos compreender a Natureza?
-A Natureza é sempre o livro divino, onde as mãos de Deus escrevem a história
de sua sabedoria, livro da vida que constitui a escola de progresso espiritual do
homem, evolvendo constantemente com o esforço e a dedicação de seus
discípulos.
28 –As manifestações de vida nos vários reinos da Natureza, abrangendo o homem,
significam a expressão do Verbo Divino, em escala gradativa nos processos de
aperfeiçoamento da Terra?
-Sim, em todos os reinos da Natureza palpita a vibração de Deus, como o Verbo
Divino da Criação Infinita, e, no quadro sem-fim do trabalho da experiência,
todos os princípios, como todos os indivíduos, catalogam os seus valores e
aquisições sagradas para a vida imortal.
29 –Os Espíritos cooperam no desenvolvimento do embrião do corpo em que se vão
reencarnar? E, em caso afirmativo, chegam a operar nos complexos celulares da
herança física, para que os corpos futuros sejam dotados de certos elementos aptos a
satisfazerem as circunstâncias da prova ou missão que hajam de cumprir?
-No caso dos espíritos envolvidos, senhores de realizações próprias,
inalienáveis, essa cooperação quase sempre se verifica, junto ao esforço dos
prepostos de Jesus, que operam nesse sentido, com vistas ao porvir de suas
lutas no ambiente material. Temos de considerar, todavia, que os espíritos
rebeldes, ou indiferentes, desprovidos dos valores próprios indispensáveis, têm
de aceitar a deliberação dos prepostos referidos, os quais escolhem as
substâncias que merecem ou que lhes são imprescindíveis no processo de
resgate ou de evolução.
30 –Há órgãos no corpo espiritual?
-Dentro das leis substanciais que regem a vida terrestre, extensiva às esferas
espirituais mais próximas do planeta, já o corpo físico; executadas certas
alterações impostas pela prova ou tarefa a realizar, é uma exteriorização
aproximada do corpo perispiritual, exteriorização essa que se subordina aos
imperativos da matéria mais grosseira, no mecanismo de heranças celulares, as
quais, por sua vez, se enquadram nas indispensáveis provações ou
testemunhos de cada indivíduo.
31 –A reencarnação inicia-se com as primeiras manifestações de vida do embrião
humano?
-Desde o instante primeiro de tais manifestações, a entidade espiritual
experimenta os efeitos de sua nova condição. Imposta reconhecer, todavia, que
o espírito mais lúcido, em contraposição com os mais obscurecidos e
ignorantes, goza de quase inteira liberdade, até a consolidação total dos laços
materiais com o novo nascimento na esfera do mundo.
32 –Quando o embrião está sendo formado, existe uma interpenetração de fluídos
entre a gestante e a entidade então ligada ao feto? Existem conseqüências
verificáveis?
-Essa interpenetração de fluídos é natural e justa, ocasionando, não raras
vezes, fenômenos sutilíssimos, como os chamados “sinais de nascença” que
somente mais tarde, poderão ser entendidos pela ciência do mundo,
enriquecendo o quadro de valores da Biologia, no estudo profundo das origens.
33 –O Espírito, em cada uma de suas encarnações, faz recapitulação das suas etapas
evolutivas, assim como se verifica com o embrião material que recorda, antes do
nascimento, toda a evolução da sua espécie?
-Essa recapitulação se verifica, na maioria dos casos, pela oportunidade que
oferece à alma encarnada de se portar retamente, nas mesmas circunstâncias do
passado culposo; porém, não constitui regra geral, salientando-se que, quanto
maiores as aquisições de sabedoria e de amor, mais afastado se encontrará o
Espírito, em aprendizado na Terra, dessa rememoração das experiências materiais,
de cuja intimidade dolorosa poderá então prescindir, pela sua expressão superior
de espiritualidade.
34 –A denominada árvore genealógica dos seres humanos tem idêntica significação no
plano espiritual?
-Na esfera espiritual persiste o mesmo esforço na conservação e dilatação dos
afetos familiares e, ora nos trabalhos regeneradores da Terra, ora na luz
santificante dos planos siderais, transformam-se as paixões ou sentimentos
ilegítimos em sagrados liames do espírito.
A árvore genealógica, porém, como se conhece na luta planetária, não se
transporta ao plano invisível, porque, aí, os vínculos de sangue são substituídos
pelas atrações dos sentimentos de amor sublime, purificados no patrimônio das
experiências e lutas vividas em comum.
35 –A genética está submetida a leis puramente materiais?
-As leis da genética encontram-se presididas por numerosos agentes psíquicos
que a ciência da Terra está longe de formular, dentro dos seus postulados
materialistas. Esses agentes psíquicos, muitas vezes, são movimentados pelos
mensageiros do plano espiritual; encarregados dessa ou daquela missão junto
às correntes da profunda fonte da vida. Eis por que, aos geneticistas,
comumente se deparam incógnitas inesperadas, que deslocam o centro de suas
anteriores ilações.
36 –Pode a genética estatuir medidas que melhorem o homem?
-Fisicamente falando, a própria natureza do orbe vem melhorando o homem,
continuadamente, nos seus processos de seleção natural. Nesse sentido, a
genética só poderá agir copiando a própria natureza material. Se essa ciência,
contudo, investigar os fatores espirituais, aderindo aos elevados princípios que
objetivaram a iluminação das almas humanas, então poderá criar um vasto
serviço de melhoramento e regeneração do homem espiritual no mundo,
mesmo porque, de outro modo, poderá ser uma notável mentora da eugenia,
uma grande escultora das formas celulares, mas estará sempre fria para o
espírito humano, podendo transformar-se em títere abominável nas mãos
impiedosas dos políticos racistas.
37 –As combinações de “genes”, aconselhadas pela genética, podem imprimir no
homem certas faculdades ou certas vocações?
-Alguns cientistas da atualidade proclamam essas possibilidades, esquecendo,
porém, que a vocação ou faculdade é atributo da individualização espiritual,
inacessível aos seus processos de observação.
Os geneticistas podem realizar numerosas demonstrações nas células materiais;
todavia, essas experiências não passarão dessa zona superficial, em se tratando
das conquistas, das provações ou da posição evolutiva dos Espíritos
encarnados.
38 –Se a genética está orientada por elementos psíquicos, como esclarecer as
conclusões tão exatas do mendelismo?
-O mendelismo realizou experiências notáveis, porém, ainda encontra
fenômenos inexplicáveis no processo de suas observações positivas. Faz-se
mister considerar, igualmente, que, em escala decrescente, nos reinos da
Natureza, a genética apresenta resultados felizes nas suas demonstrações, pelo
material simples e primitivo tomado para as suas observações práticas; tais
como os complexos celulares de plantas e de animais, constituídos por
expressões rudimentares. Em escala ascendente, contudo, onde a evolução
psíquica apresenta as suas características de intensidade e realização, a
genética encontrará sempre os fatores espirituais, convocando-a para um
campo mais vasto e mais sublime de operações.
39 –Quais as causas do nascimento de monstruosidades entre os homens e entre os
animais?
-Não podemos olvidar que entre os homens esses fenômenos dolorosos
decorrem do quadro de provações purificadoras, sem nos esquecermos,
igualmente, de que o mundo terrestre ainda é escola preparatória de
aperfeiçoamento.
Os produtos teratológicos constituem luta expiatória, não só para os pais
sensíveis, como para o Espírito encarnado sob penosos resgates do pretérito
delituoso.
Quanto aos animais, temos de reconhecer a necessidade imperiosa das
experiências múltiplas no drama da evolução anímica.
Em tudo, porém, busquemos divisar a feição educativa dos trabalhos do
mundo.
A Terra é uma vasta oficina. Dentro dela operam os prepostos do Senhor, que
podemos considerar como os orientadores técnicos da obra de aperfeiçoamento
e redenção. Em determinadas seções de esforço, os homens são maus alunos
ou trabalhadores rebelados. Nesses núcleos, os prepostos de Jesus podem
edificar o mesmo trabalho de sempre; todavia, encontra a perturbação e a
resistência dos próprios beneficiados, razão pela qual a fonte de energias pura
não pode ser responsabilizada pelos fenômenos que a deturpam, operados pela
indiferença, pela intenção criminosa ou pela perversidade das próprias criaturas
humanas, objeto constante do carinho desvelado do Senhor, em todos os
caminhos dos seus destinos.
40 –A fecundidade e a esterilidade são provas?
-No quadro de interpretações da Terra, esses conceitos podem indicar situações
de prova para as almas que se encontram em experiências edificadores;
todavia, se considerarmos a questão no seu aspecto espiritual; somos obrigados
a reconhecer que a esterilidade não existe para o espírito que, na Terra, ou fora
dela, pode ser fecundo em obras de beleza, de aperfeiçoamento e de redenção.
41 –A idéia de evolução que tem influído na esfera de todas as ciências do mundo,
desde as teorias darwinianas, representa agora uma nova etapa de aproximação entre
os conhecimentos científicos do homem e as verdades do Espiritismo?
-Todas as teorias evolucionistas no orbe terrestre caminham para a
aproximação com as verdades do Espiritismo, no abraço final com a verdade
suprema.
Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
Digitado por: Lúcia Aydir.
PSICOLOGIA
Emmanuel
42 –Como poderemos compreender, pelo Espiritismo, o preceito da Psicologia que
afirma a experiência dos nossos cinco sentidos como todo o fundamento de nossa vida
mental?
-O Espiritismo esclarece que o homem é senhor de um patrimônio mais vasto,
consolidado nas suas experiências de outras vidas, provando que o legítimo
fundamento da vida mental não reside, de maneira absoluta, na contribuição
dos sentidos corporais, mas também nas recordações latentes do pretérito, das
quais os fenômenos da inteligência prematura, na Terra, são os testemunhos
mais eloqüentes.
43 –Estabelecendo a psicologia do mundo como sede da memória, do julgamento e da
imaginação, as partes do cérebro humano, cujas funções não são ainda devidamente
conhecidas pela Ciência, retardam a solução de um problema que só pode ser
satisfeito pelos conhecimentos espiritistas?
-Distante das cogitações de ordem divina, a psicologia terrestre efetua essa
procrastinação, até que consiga atingir o profundo estuário da verdade integral.
44 –Poderá a Psicologia chegar a uma solução cabal do problema das desordens
mentais, denominadas anormalidades psicológicas?
-Movimentando tão-somente os materiais da ciência humana, a Psicologia não
atingirá esse desiderato, conservando-se no terreno das definições e dos
estudos, distantes da causa.
Os conhecimentos do mundo, porém, caminham para a evolução dessa ciência
à luz do Espiritismo, quando, então, seus investigadores poderão alcançar as
soluções precisas.
45 –A psicanálise freudiana, valorizando os poderes desconhecidos do nosso
aparelhamento mental, representa um traço de aproximação entre a Psicologia e o
Espiritismo?
-Essas escolas do mundo constituem sempre grandes tentativas para aquisição
das profundas verdades espirituais, mas os seus mestres, com raras exceções,
se perdem na vaidade dos títulos acadêmicos ou nas falsas apreciações dos
valores convencionais.
Os preconceitos científicos, por enquanto, impossibilitam a aproximação
legítima da Psicologia oficial e do Espiritismo.
Os processos da primeira falam da parte desconhecida do mundo mental, a que
chamam de subconsciente, sem definir essa cripta misteriosa da personalidade
humana, examinando-a apenas na classificação pomposa das palavras.
Entretanto, somente à luz do Espiritismo poderão os métodos psicológicos
aprender que essa zona oculta, da esfera psíquica de cada um, é o reservatório
profundo das experiências do passado, em existências múltiplas da criatura,
arquivo maravilhoso em todas as conquistas do pretérito são depositadas em
energias potenciais, de modo a ressurgirem no momento oportuno.
46 –Como poderemos compreender os chamados complexos ou associações de idéias
no fenômeno mental?
-Sabemos que as associações de idéias não têm causa nas células nervosas,
constituindo antes ações espontâneas do espírito dentro do vasto mecanismo
circunstancial; ações essas, oriundas do seu esforço incessantes, projetadas
através do cérebro mental, que não é mais que um instrumento passivo.
47 –Por que, relativamente ao estudo dos processos mentais, se encontram divididos
no campo da opinião os psicologistas do mundo?
-Os psicologistas humanos, que se encontram ainda distantes das verdades
espirituais, divide-se tão-só pelas manifestações do personalismo, dentro de
suas escolas; mesmo porque, analisando apenas os efeitos,, não investigam as
causas, perdendo-se na complicação das nomenclaturas científicas, sem uma
definição séria e simples do processo mental, onde se sobrelevam as profundas
realidades do espírito.
48 –O Espiritismo esclarecerá a Psicologia quanto ao problema da sede de
inteligência?
-Somente com a cooperação do Espiritismo poderá a ciência psicológica definir
a sede da inteligência humana, não nos complexos nervosos ou glandulares do
corpo perecível, mas no espírito imortal.
49 –Como devemos conceituar o sonho?
-Na maioria das vezes, o sonho constitui atividade reflexa das situações
psicológicas do homem no mecanismo das lutas de cada dia; quando as forças
orgânicas dormitam em repouso indispensável.
Em determinadas circunstâncias, contudo, como nos fenômenos premonitórios,
ou nos de sonambulismo, em que a alma encarnada alcança elevada
porcentagem de desprendimento parcial, o sonho representa a liberdade
relativa do espírito prisioneiro da Terra, quando, então, se poderá verificar a
comunicação inter vivos, e, quanto possível, as visões proféticas, fatos esses
sempre organizados pelos mentores espirituais de elevada hierarquia,
obedecendo a fins superiores, e quando o encarnado em temporária liberdade
pode receber a palavra e a influência diretas de seus amigos e orientadores do
plano invisível.
50 –A vocação é uma lembrança das existências passadas?
-A vocação é o impulso natural oriundo da repetição de análogas experiências,
através de muitas vidas.
Suas características, nas disposições infantis, são o testemunho mais eloqüente
da verdade reencarnacionista.
51 –A loucura é sempre uma prova?
-O desequilíbrio mental é sempre uma provação difícil e dolorosa. Essa
realidade, contudo, podendo representar o resgate de uma dívida do pretérito
escabroso e desconhecido pode, igualmente, constituir uma resultante da
imprevidência de hoje, no presente que passa, fazendo necessária, acima de
todas as exortações, aquela que recomenda a oração e a vigilância.
52 –A alucinação é fenômeno do cérebro ou do espírito?
-A alucinação é sempre um fenômeno intrinsecamente espiritual, mas pode
nascer de perturbações estritamente orgânicas, que se façam reflexas no
aparelho sensorial, viciando o instrumento dos sentidos, por onde o espírito se
manifesta.
53 –Os bons ou maus pensamentos do ser encarnado afetam a organização psíquica
de seus irmãos na Terra, aos quais sejam dirigidas?
Os corações que oram e vigiam, realmente, de acordo com as lições
evangélicas, constroem a sua própria fortaleza, para todos os movimentos de
defesa espontânea.
Os bons pensamentos produzem sempre o máximo bem sobre aqueles que
representam os seus objetivos, por se enquadrarem na essência da Lei Única,
que é o Amor em todas as suas divinas manifestações; os de natureza inferior
podem afetar o seu objeto, em identidade de circunstâncias, quando a criatura
se faz credora desses choques dolorosos, na justiça das compensações.
Sobre todos os feitos dessa natureza, todavia, prevalece a Providência Divina,
que opera a execução de seus desígnios de equidade, com misericórdia e
sabedoria.
Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
Digitado por: Lúcia Aydir.
SOCIOLOGIA
Emmanuel
54 –Com a difusão da luz espiritual, alargará o homem a noção de pátria, de modo a
abranger no mesmo nível todas as nações do mundo?
-A luz espiritual dará aos homens um conceito novo de pátria, de maneira a
proscrever-se o movimento destruidor pelos canhões e balas homicidas.
Quando isso se verifique, o homem aprenderá a valorizar o berço em que
nasceu, pelo trabalho e pelo amor, destruindo-se concomitantemente as
fronteiras materiais; e dando lugar à era nova da grande família humana, em
que as raças serão substituídas pelas almas e em que a pátria será honrada,
não com a morte, mas com a vida bem aplicada e bem vivida.
55 –A desigualdade verificada entre as classes sociais, no universo dos bens terrenos,
perdurará nas épocas do porvir?
-A desigualdade social é o mais elevado testemunho da verdade da
reencarnação, mediante a qual cada espírito tem sua posição definida de
regeneração e resgate. Nesse caso, consideramos que a pobreza, a miséria, a
guerra, a ignorância, como outras calamidades coletivas, são enfermidades do
organismo social, devido à situação de prova da quase generalidade dos seus
membros. Cessada a causa patogênica com a iluminação espiritual de todos em
Jesus-Cristo; a moléstia coletiva estará eliminada dos ambientes humanos.
56 –Pode admitir-se, em Sociologia, o conceito de igualdade absoluta?
-A concepção igualitária absoluta é um erro grave dos sociólogos, em qualquer
departamento da vida. A tirania política poderá tentar uma imposição nesse
sentido, mas não passará das espetaculosas uniformizações simbólicas para
efeitos exteriores, porquanto o verdadeiro valor de um homem está no seu
íntimo, onde cada espírito tem sua posição definida pelo próprio esforço.
Nessa questão existe uma igualdade absoluta de direitos dos homens perante
Deus, que concede a todos os seus filhos uma oportunidade igual nos tesouros
inapreciáveis do tempo. Esses direitos são os da conquista da sabedoria e do
amor, através da vida, pelo cumprimento do sagrado dever do trabalho e do
esforço individual. Eis por que cada criatura terá o seu mapa de méritos nas
sendas evolutivas, constituindo essa situação, nas lutas planetárias, um a
grandiosa progressiva em matéria de raciocínios e sentimento, em que se
elevará naturalmente todo aquele que mobilizar as possibilidades concedidas à
sua existência para o trabalho edificante da iluminação de si mesmo, nas
sagradas expressões do esforço individual.
57 –Poderão os homens resolver sem atritos as chamadas questões proletárias?
-Sim, quando se decidirem a aceitar e aplicar os princípios sagrados do
Evangelho. Os regulamentos apaixonados, as greves, os decretos unilaterais, as
ideologias revolucionárias, são cataplasmas inexpressivas, complicando a chaga
da coletividade.
O socialismo é uma bela expressão de cultura humana, enquanto não resvala
para os pólos do extremismo.
Todos os absurdos das teorias sociais decorrem da ignorância dos homens
relativamente à necessidade de sua cristianização. Conhecemos daqui os maus
dirigentes e os maus dirigidos, não como homens ricos e pobres, mas como
avarentos e a revoltados. Nessas dias Expressões, as criaturas operam o
desequilíbrio de todos os mecanismos do trabalho natural.
A verdade é que todos os homens são proletários da evolução e nenhum
esforço de boa realização na Terra é indigno do espírito encarnado.
Cada máquina exige uma direção especial, e o mecanismo do mundo requer o
infinito de aptidões e de conhecimentos.
Sem a harmonia de cada peça na posição em que se encontra, toda produção é
contraproducente e toda boa tarefa impossível.
Todos os homens são ricos pelas bênçãos de Deus e cada qual deve aproveitar,
com êxito, os “talentos” recebidos, porquanto, sem exceção de um só,
prestarão um dia, ale-túmulo, contas de seus esforços.
Que os trabalhadores da direção saibam amar, e que os da realização nunca
odeiem. Essa é a verdade pela qual compreendemos que todos os problemas do
trabalho, na Terra, representam uma equação de Evangelho.
58 –Reconhecendo-se o Estado como aparelhamento de leis convencionais, é
justificável a sua existência, bem como a das classes armadas, que sustentam no
mundo?
-Na situação (ou condição) atual do mundo e considerando a heterogeneidade
dos caracteres e das expressões evolutivas das criaturas, examinadas
isoladamente, justifica-se a necessidade dos aparelhos estatais nas convenções
políticas, bem como das classes armadas que os mantém no orbe, como
institutos de ordem para a execução das provas individuais, nas contingências
humanas, até que o homem perceba o sentido de concórdia e fraternidade
dentro das leis do Criador; prescindindo então da obrigatoriedade de certas
determinações das leis humanas, convencionais e transitórias.
59 –Tem o Espiritismo um papel especial junto da Sociologia?
-Na hora atual da humanidade terrestre, em que todas as conquistas da
civilização se subvertem nos extremismos, o Espiritismo é o grande iniciador da
Sociologia, por significar o Evangelho redivivo que as religiões literalistas
tentam inumar nos interesses econômicos e na convenção exterior de seus
prosélitos (adeptos).
Restaurando os ensinos de Jesus para o homem e esclarecendo que os valores
legítimos da criatura são os que procedem da consciência e do coração, a
doutrina consoladora dos Espíritos reafirma a verdade de que a cada homem
será dado de acordo com seus méritos, no esforço individual, dentro da
aplicação da lei do trabalho e do bem; razão pela qual representa o melhor
antídoto dos venenos sociais atualmente espalhados no mundo pelas filosofias
políticas do absurdo e da ambição desmedida, restabelecendo a verdade e a
concórdia para os corações.
60 –Como se deverá comportar o espiritista perante a política do mundo?
_O sincero discípulo de Jesus está investido de missão mais sublime, em face
da tarefa política saturada de lutas materiais. Essa é a razão por que não deve
provocar uma situação de evidência para si mesmo nas administrações
transitórias do mundo. E, quando convocado a tais situações pela força das
circunstâncias, deve aceita-las não como galardão para a doutrina que professa,
mas como provação imperiosa e árdua, onde todo êxito é sempre difícil. O
espiritista sincero deve compreender que a iluminação de um mundo,
salientando-se que a tarefa do Evangelho, junto das almas encarnadas na
Terra, é a mais importante de todas, visto constituir e consolar e instruir, em
Jesus, para que todos mobilizem as suas possibilidades divinas no caminho da
vida. Trocá-la por um lugar no banquete dos Estados é inverter o valor dos
ensinos, porque todas as organizações humanas são passageiras em face da
necessidade de renovação de todas as fórmulas do homem na lei do progresso
universal, depreendendo-se daí que a verdadeira construção da felicidade geral
só será efetiva com bases legítimas no espírito das criaturas.
61 –Como devemos encarar a política do racismo?
-Se é justo observarmos nas pátrias o agrupamento de múltiplas coletividades,
pelos laços afins da educação e do sentimento, a política do racismo deve ser
encarada como erro grave, que pretexto algum justifica, porquanto não pode
apresentar base séria nas suas alegações, que mal encobrem o propósito
nefasto de tirania e separatividade.
62 –O “não matarás” alcança o caçador que mata por divertimento e o carrasco que
extermina por obrigação?
-À medida que evolverdes no sentimento evangélico; compreendereis que todos
os matadores se encontram em oposição ao texto sagrado.
No grau dos vossos conhecimentos atuais, entendeis que somente os
assassinos que matam por perversidade estão contra a lei divina. Quando
avançardes mais no caminho, aperfeiçoando o aparelho social, não tolerareis o
carrasco, e, quando estiverdes mais espiritualizados, enxergando nos animais
os irmãos inferiores de vossa vida, a classe dos caçadores não terá razão de
ser.
Lendo, os nossos conceitos, recordareis os animais daninhos e, no íntimo,
haveis de ponderar sobre a necessidade do seu extermínio. É possível, porém,
que não vos lembreis dos homens daninhos e ferozes. O caluniador não
envenena mais que o toque de uma serpente? Com frieza a maquinaria da
guerra incompreensível não é mais impiedosa que o leão selvagem?...
Ponderemos essas verdades e reconheceremos que o homem espiritual do
futuro, com a luz do Evangelho na inteligência e no coração, terá modificado o
seu ambiente de lutas, auxiliando igualmente os esforços evolutivos de seus
companheiros do plano inferior, na vida terrestre.
63 –Considerando a determinação positiva do “não julgueis”, como poderemos
discernir do mal, sem julgamento?
-Entre julgar e discernir, há sempre grande distância. O ato de julgar para a
especificação de conseqüência definitiva pertence à autoridade divina, porém, o
direito da análise está instituído para todos os Espíritos, de modo que,
discernindo o bem e o mal, o erro e a verdade, possam as criaturas traçar as
diretrizes do seu melhor caminho para Deus.
64 –Em face da lei dos homens, quando em presença do processo criminal, deve darse
o voto condenativo, em concordância com o processo-crime, ou absolver o réu em
obediência ao “não julgueis”?
-Na esfera de nossas experiências, consideramos que, à frente dos processos
humanos, ainda quando as suas peças sejam condenatórias, deve-se recordar a
figura do Cristo junto da pecadora apedrejada, pois que Jesus estava também
perante um júri.
“Quem estiver sem pecado atire a primeira pedra” – é a sentença que deveria
lembrar, sempre, a nossa situação comum de Espíritos decaídos, para não
condenar esse ou aquele dos nossos semelhantes. “Vai e não peques mais” –
deve ser a nossa norma de conduta dentro do próprio coração, afastando-se a
erva do mal que nele viceje.
Nos processos públicos, a autoridade judiciária, como peça integrante da
máquina do Estado no desempenho de suas funções especializadas, deve saber
onde se encontra o recurso conveniente para o corretivo ou para a reeducação
do organismo social, mobilizando, nesse mister, os valores de sua experiência e
de suas responsabilidades.
Individualmente, porém, busquemos aprender que se podemos “julgar” alguma
coisa, julguemo-nos, sempre, em primeiro lugar, como o irmão mais próximo
daquele a quem se atribui um crime ou uma falta, a fim de estarmos acordes
com Aquele que é a luz dos nossos corações.
Nas horas comuns da existência, procuremos a luz evangélica para analisar o
erro e a verdade, discernir o bem e o mal; todavia, no instante dos julgamentos
definitivos, entreguemos os processos A Deus, que, antes, de nós, saberá
sempre o melhor caminho da regeneração dos seus filhos trabalhadores.
65 –O homem que guarda responsabilidade nos cargos públicos da Terra responde, no
plano espiritual, pelas ordens que cumpre e faz cumprir?
-A responsabilidade de um cargo público, pelas suas características morais, é
sempre mais importante que a concedida por Deus sobre um patrimônio
material. Daí a verdade que, na vida espiritual, o depositário do bem público
responderá sempre pelas ordens expedidas pela sua autoridade, nas tarefas da
Terra.
66 –O preceito evangélico – “assim, pois, aquele que dentre vós não renunciar a tudo
o que tem, não pode ser meu discípulo” – deve ser interpretado no sentido absoluto?
-Ainda esse ensino do Mestre deve ser considerado no seu divino simbolismo.
A fortuna e a autoridade humanas são também caminhos de experiências e
provas, e o homem que as atirasse fora de si, arbitrariamente, procederia com
a noção da irresponsabilidade, desprezando o ensejo do progresso que a
Providência Divina lhe colocou nas mãos.
Todos os homens são usufrutuários dos bens divinos e os convocados ao
trabalho de administração desses bens devem encarar a sua responsabilidade
como problema dos mais sérios da vida.
Renunciando ao egoísmo, ao orgulho, à fraqueza, às expressões de vaidade, o
homem cumprirá a ordenação evangélica, e, sentindo, a grandeza de Deus,
único dispensador no patrimônio real da vida, será discípulo do Senhor em
quaisquer circunstâncias, por usar as suas possibilidades materiais e espirituais,
sem os característicos envenenados do mundo, como intérprete sincero dos
desígnios divinos para felicidade de todos.
67 –Como interpretar o movimento feminista na atualidade da civilização?
-O homem e a mulher, no instituto conjugal, são como o cérebro e o coração do
organismo doméstico.
Ambos são portadores de uma responsabilidade igual no sagrado colégio da
família; e, se a alma feminina sempre apresentou um coeficiente mais avançado
de espiritualidade na vida, é que, desde cedo, o espírito masculino intoxicou as
fontes da sua liberdade, através de todos os abusos, prejudicando a sua posição
moral no decurso das existências numerosas, em múltiplas experiências
seculares.
A ideologia feminista dos tempos modernos, porém, com as diversas bandeiras
políticas e sociais, pode ser um veneno para a mulher desavisada dos seus
grandes deveres espirituais na face da Terra. Se existe um feminismo legítimo,
esse deve ser o da reeducação da mulher para o lar, nunca para uma ação
contraproducente fora dele. É que os problemas femininos não poderão ser
solucionados pelos códigos do homem, mas somente à luz generosa e divina do
Evangelho.
68 –Como conceituar o estado de espírito do homem moderno, que tanto se preocupa
com o “estar bem na vida”, “ganhar bem” e “trabalhar para enriquecer”?
-Esse propósito do homem viciado, dos tempos atuais. Constitui forte expressão
de ignorância dos valores espirituais na Terra, onde se verifica a inversão de
quase todas as conquistas morais.
Foi esse excesso de inquietação, no mais desenfreado egoísmo, que provocou a
crise moral do mundo, em cujos espetáculos sinistros podemos reconhecer que
o homem físico, da radiotelefonia e do transatlântico, necessita de mais verdade
que dinheiro, de mais luz que de pão.
Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
Digitado por: Lúcia Aydir.
II
CIÊNCIAS ABASTRATAS
Emmanuel
69 –No quadro dos valores espirituais, qual a posição das ciências abstratas como a
Matemática, a Estatística e a Lógica, por exemplo, que requerem o máximo de método
e observação para as suas atividades dedutivas?
-Ainda aqui, observamos a Matemática e a Estatística medindo, calculando e
enumerando o patrimônio das expressões materiais, e a Lógica orientando as
atividades intelectuais do homem, nas contingências de sua vida no planeta.
Não podemos desprezar a cooperação das ciências abstratas nos postulados
educativos, por adestrarem as inteligências, dilatando a espontaneidade nos
espíritos, de maneira a estabelecer a facilidade de compreensão dos valores da
vida planetária, mas temos de reconhecer que as suas atividades, quase todas
circunscritas ao ambiente do mundo, são processos ou meios para que o
homem atinja a ciÊncia da vida em suas mais profundas revelações espirituais,
ciÊncia que simboliza a divina finalidade de todas as investigações e análises
das organizações existentes na Terra.
Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
Digitado por: Lúcia Aydir.
III
CIÊNCIAS ESPECIALIZADAS
Emmanuel
70 –As ciências especializadas com a Astronomia, a Meteorologia, a Botânica e a
Zoologia, foram criadas pelo esforço do espírito humano, na evolução das ciências
fundamentais?
-Como atividades complementares das ciências fundamentais, esses estudos
especializados representam um conjunto de conquistas do espírito humano, no
sagrado labor da entidade abstrata a que chamamos “civilização”.
Tais esforços constituem a catalogação das pesquisas e realizações
propriamente humanas: todavia, convergem para a ciência integral no plano
infinito, onde se irmanarão com os valores morais na glorificação do homem
redimido.
71 –Como julgar a posição da Terra em relação aos outros mundos?
-A grandeza do plano sideral, onde se agita a comunidade dos sistemas, é
demasiado profunda para que possamos assinar-lhe a definição com os
mesquinhos formulários da Terra.
No turbilhão do Infinito, o sistema planetário centralizado pelo nosso Sol é
excessivamente singelo, constituindo um aspecto muito pobre da Criação.
Basta lembrar que Capela, um dos nossos vizinhos mais próximos, é um sol
5.800 vezes maior que o nosso astro do dia, sem esquecermos que a Terra é
1.300.000 vez menor que o nosso Sol.
Nessas cifras grandiosas, compreendemos a extensão da nossa humildade no
Universo, apiedando-nos sinceramente da situação dos conquistadores
humanos de todos os matizes, os quais no afã de açambarcarem patrimônios
materiais, nos dão a impressão de ridículos e vaidosos polichinelos da vida.
72 –Existem planetas de condições piores que as da Terra?
-Existem orbes que oferecem piores perspectivas de existência que o vosso e,
no que se refere a perspectivas, a Terra é um plano alegre e formoso, de
aprendizado. O único elemento que aí destoa da Natureza é justamente o
homem, avassalado pelo egoísmo.
Conhecemos planetas onde os seres que os povoam são obrigados a um esforço
contínuo e penoso para aliciar os elementos essenciais à vida; outros, ainda,
onde numerosas criaturas se encontram em doloroso degredo. Entretanto, no
vosso, sem que haja qualquer sacrifício de vossa parte, tendes gratuitamente
céu azul, fontes fartas, abundância de oxigênio, árvores amigas, frutos e flores,
cor e luz, em santas possibilidades de trabalho, que o homem há renegado em
todos os tempos.
73 –A humanidade terrestre é idêntica a doutros orbes?
-Nas expressões física, semelhante analogia é impossível, em face das leis
substanciais que regem cada plano evolutivo; mas, procuremos entender por
humanidade a família espiritual de todas as criaturas de Deus que povoam o
Universo e, examinada a questão sob esse prisma, veremos a comunidade
terrestre identificada com a coletividade universal.
74 –O homem científico poderá encarar com êxito as possibilidades de uma viagem
interplanetária?
-Pelo menos, enquanto perdurar a sua atitude de confusão, de egoísmo e
rebeldia, a humanidade terrestre são deve alimentar qualquer projeto de
viagem interplanetária.
Que dizermos do homem que, sem dispor a ordem na sai própria casa, quisesse
invadir a residência dos vizinhos? Se tantas vezes as criaturas terrestres têm
menosprezado os bens que a Providência Divina lhes colocou nas mãos, não
seria justo circunscreve-las ao seu âmbito acanhado e mesquinho?
O insulamento da Terra é um bem inapreciável.
Observemos as expressões do progresso humano, movimentadas para a guerra
e para a destruição, nos triunfos da força, e rendamos louvores ao Pai Celestial
por não haver dilatado no orbe terreno os processo de observação das suas
vaidosas criaturas.
75 –Na diversidade de suas experiências, é o Espírito obrigado a adaptar-se às
condições fluídicas de cada orbe?
-Esse é um imperativo para aquisição de seus valores evolutivos dentro das leis
do aperfeiçoamento.
76 –Poderão os fenômenos da meteorologia ser controlados, mais tarde, pelos
homens?
-Os fenômenos meteorológicos, incontroláveis pelas criaturas humanas, não o
são pelos prepostos de Jesus, que buscam dispo-los de acordo com os
ascendentes espirituais a serem observados em todos os processos evolutivos.
Não olvidemos, contudo, que a Terra é uma escola.
Se não é possível conceder, por enquanto, um título de conhecimento total aos
discípulos rebeldes e preguiçosos. Isso será possível um dia, quando a evolução
moral houver atingido o nível indispensável ao aproveitamento dessa ou
daquela força, em benefício de todos.
77 –Os Espíritos se preocupam com a Botânica?
-Na Botânica encontrais as mesmas incógnitas dos princípios, apenas
explicáveis pelos fatores transcendentes, o que prova a atenção do plano
espiritual para com o chamado reino dos vegetais.
Esse departamento da Natureza, campo de evolução como os outros, recebe
igualmente o sagrado influxo do Senhor, através da assistência de seus
mensageiros, desde os pródromos da organização planetária.
Recordai-vos de que o homem é discípulo numa escola que o seu raciocínio já
encontrou organizada pela sabedoria divina e, em nome dAquele que é a
origem sagrada de nossas vidas, amai as árvores e tende cuidado com o
campo, onde florescem as bênçãos do céu.
78 –A Zoologia é também objeto de atenção dos planos espirituais?
-Sem dúvida, também a Zoologia merece o zelo da esfera invisível, mas é
indispensável considerarmos a utilidade de uma advertência aos homens,
convidando-os a examinar detidamente os seus laços de parentesco com os
animais, dentro das linhas evolutivas, sendo justo que procurem colocar os
seres inferiores da vida planetária sob o seu cuidado amigo.
Os reinos da Natureza, aliás, são o campo de operação e trabalho dos homens,
sendo razoável considera-los, mais sob a sua responsabilidade direta que
propriamente dos Espíritos, razão por que responderão perante as leis divinas
pelo que fizerem, em consciência, com os patrimônios da natureza terrestre.
79 –Como interpretar nosso parentesco com os animais?
Considerando que eles igualmente possuem diante do tempo, um porvir de
fecundas realizações, através de numerosas experiências chegarão, um dia, ao
chamado reino hominal, como, por nossa vez, alcançaremos, no escoar dos
milênios, a situação de angelitude. A escala do progresso é sublime e infinita.
No quadro exíguo dos vossos conhecimentos, busquemos uma figura que nos
convoque ao sentimento de solidariedade e de amor que deve imperar em todos
os departamentos da natureza visível e invisível. O mineral é atração. O vegetal
é sensação. O animal é instinto. O homem é razão. O anjo é divindade.
Busquemos reconhecer a infinidade de laços que nos unem nos valores
gradativos da evolução e ergamos em nosso íntimo o santuário eterno da
fraternidade universal.
Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
Digitado por: Lúcia Aydir.
IV
CIÊNCIAS COMBINADAS
Emmanuel
80 –As chamadas ciências combinadas, entre as quais a História, a Geologia e a
Geografia, surgiram no mundo tão-só pelo esforço dos Espíritos aqui encarnados?
-Indiretamente, as criaturas humanas têm recebido, em todas as épocas, a
cooperação do plano espiritual para a edificação dos seus valores mais
legítimos.
As chamadas ciências combinadas são expressões do mesmo quadro de
conhecimentos humanos, com igual convergência para a sabedoria integral, no
plano infinito.
A História, como a conheceis, não é uma estatística dos acontecimentos do
planeta através das palavras?
Todas elas são processos evolutivos para os valores intelectuais do homem, a
caminho das conquistas definitivas de sua personalidade imortal.
81 –Nos planos espirituais a história das civilizações terrestres é conhecida nas
mesmas características em que a conhecemos através dos narradores humanos?
-A descrição dos fatos é aproximadamente a mesma; todavia, os métodos de
apreciação dos acontecimentos e das situações divergem de maneira quase
absoluta.
Muitas vezes os heróis nos livros da Terra são entidades misérrimas na esfera
espiritual. Verifica-se, então, o contrário. Conhecemos Espíritos altíssimos que
vieram do mundo cobertos de virtudes gloriosas, e que não constam de
nenhuma lembrança da Humanidade. Os altares e as galerias patrióticas da
Terra foram sempre comprometidos pela política rasteira das paixões. Poucos
heróis do planeta fazem jus a esse título no mundo da verdade.
É por essa razão que a história do orbe sendo exata, no concernente à
descrição e à cronologia, é ilegítima no que se refere à justiça e à sinceridade.
82 – Os falsos julgamentos da História agravam a situação dos que se desprendem do
mundo, na qualidade de heróis, sem que o sejam?
-As exéquias solenes, os necrológios brilhantes, os pomposos adjetivos que se
concedem aos “mortos”, em troca do ouro da posição convencional que
deixaram, afligem os que partiram pela morte, de maneira intraduzível. Penosa
situação de angústia se estabelece para esses Espíritos sofredores e
perturbados, que se envergonham de si mesmos, experimentando a mais funda
repugnância pelas homenagens recebidas.
Cessada essa fase do julgamento insincero do mundo, freqüentemente se
poderá observar a incoerência dos homens.
O “antigo herói” volta ao orbe com as vestes do mendigo ou do proletário rude,
aprendendo nas lágrimas silenciosas a compor os cânticos do dever e do
trabalho santificantes; todavia, ninguém o vê, porque, na história do mundo,
em todos os tempos, o homem sempre incensou a tirania e raramente fixou o
olhar inquieto na flor carinhosa e humilde da virtude.
83 –É o historiador responsável pelos juízos falsos da História?
-Considerando-se que cada Espírito, encarnado tem sua tarefa especial nesse
ou naquele setor evolutivo, os historiadores que se deixam mergulhar no
interesse econômico das sinecuras políticas; embriagados pelo vinho da
mediocridade; responderão além-túmulo pela exploração comercial da
inteligência que hajam praticado na Terra, adulterando a justiça e o direito,
evitando a verdade, ou fornecendo mentiras ao espírito confiante dos pósteros.
84 –Se um Espírito no plano invisível não é realmente uma criatura santificada, como
receberá as orações de seus devotos, se a história do mundo o canonizou?
-A canonização é um processo muito arrojado das ambições humanas, para ser
considerado perante a verdade espiritual.
Conhecemos inquisidores, verdugos de povos e traidores do bem, conduzidos
ao altar pelo falso julgamento da política humana. A prece dos devotos
invocando o seu socorro muitas vezes sem se lembrarem da paternidade de
Deus, ecoa-lhes no coração perturbado como vozes de acusação terrível e
dolorosa, porquanto reavivam ainda mais a nudez de suas feridas.
Freqüentemente, os Espíritos que se encontram nessa penosa situação rogam a
Jesus a concessão das experiências mais humildes na Terra, a fim de olvidarem
os ruídos nocivos das falsas glórias do planeta, no silêncio das grandes dores
que iluminam e regeneram.
85 –As primeiras formas planetárias obedeceram a um molde especial preexistente?
-Jesus foi o divino escultor da obra geológica do planeta. Junto de seus
prepostos, iluminou a sombra dos princípios com os eflúvios sublimados do seu
amor, que saturaram todas as substâncias do mundo em formação.
Não podemos afirmar que as formas da Natureza, em sua manifestação inicial,
obedecessem a um molde preexistente, no sentido de imitação, porque todas
elas receberam o influxo sagrado do coração do Cristo.
A verdade é que, assim como as vossas construções materiais, todas as obras
viveram previamente no cérebro de um engenheiro ou de um arquiteto, todas
as formas de vida na Terra foram primeiramente concebidas na sua visão
divina.
86 –Tendo sido a Terra formada pelo poder divino, por que passou o planeta por
tantas etapas evolutivas, muitas das quais duraram milhões de anos?
-No infinito do Universo, a evolução do princípio espiritual tem de escapar a
todas as vossas limitações de tempo e de espaço, na tábua dos valores
terrestres.
As aquisições de cada indivíduo resultam da lei do esforço próprio no caminho
ilimitado da criação, destacando-se daí as mais diversas posições evolutivas das
criaturas e compreendendo-se que tempo e espaço são laboratórios divinos,
onde todos os princípios da vida são submetidos às experiências do
aperfeiçoamento, de modo que cada um deva a si mesmo todas as realizações,
no dia de aquisição dos mais altos valores da vida.
87 –De onde foram tirados os elementos para a formação da Terra?
-Sabemos que a aglutinação molecular, bem como o motor transcendente do
mundo, obedeceu ao sopro gerador da vida, oriundo do Todo-Poderoso e
lançado sobre o infinito da criação universal; contudo, achamo-nos ainda na
situação do aluno que encontrou a escola já edificada, cabendo-nos louvar e
buscar, pelo trabalho e pelo aperfeiçoamento, o seu Divino Autor.
88 –Deve o homem terrestre enxergar nas comoções geológicas do globo elementos
de provação para a sua vida?
-Os abalos sísmicos não são simples acidentes da Natureza. O mundo não está
sob a direção de forças cegas. As comoções do globo são instrumentos de
provações coletivas, ríspidas e penosas. Nesses cataclismos, a multidão resgata
igualmente os seus crimes de outrora e cada elemento integrante da mesma
quita-se do pretérito na pauta dos débitos individuais.
89 –Por que razão não existe nos textos sagrados uma notícia positiva das terras
descobertas posteriormente à vinda de Jesus ao planeta?
-Nesse particular, temos de convir que a palavra das profecias, através de
todos os tempos e situações do planeta, como eco das regiões divinas, não teve
em mira senão a edificação do Reino de Deus nos corações, desprezando as
fundações humanas, precárias e perecíveis. Todavia, no desdobramento das
revelações, encontrareis notícias das novas terras, posteriormente descobertas,
informações essas que se encontram sob os véus dos símbolos, como aconteceu
com todas as demais notificações que o Velho e Novo Testamentos legaram ao
homem espiritual.
Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
Digitado por: Lúcia Aydir.
V
CIÊNCIAS APLICADAS
Emmanuel
90 –As ciências aplicadas, como a Agricultura, a Engenharia, a Medicina, a Educação e
a Economia representam o campo de esforço dos Espíritos encarnados, para
amplificação dos conhecimentos do homem, em benefício material da Humanidade?
-As ciências aplicadas são as forças que se mobilizam para as comodidades da
civilização; todavia, apesar de suas características materiais, é dentro de seus
quadros que se organizam os esforços abençoados do Espírito, em provas de
regeneração ou em missões purificadoras, na sua marcha ascensional para o
perfeito.
Entrosando-se com as atividades complementares das demais expressões
científicas do planeta, todas se harmonizam, nas lutas do homem, como
recursos terrenos para o desiderato das finalidades divinas.
91 –No quadro das ciências, as inspirações do plano superior são destinadas a
determinados estudiosos ou lançados de maneira geral para todos os cientistas?
-Nos departamentos da atividade científica existe às vezes, esse ou aquele
missionário, com tarefa especializada e conferida, tão-somente ao seu esforço.
Em se tratando, porém, de idéias e aparelhos novos, nos movimentos
evolutivos, as inspirações do plano espiritual são distribuídas em todas as
correntes do pensamento humano, percebendo-as, contudo, somente aqueles
que se encontram sintonizados com as suas vibrações.
92 –O agricultor, aplicando os conhecimentos da ciência para a melhoria do seu meio
ambiente e elevação do nível social em que se encontra, cumpre, também, missão
espiritual?
-O homem recebeu, igualmente, uma grande tarefa junto ao solo do globo,
fonte de manutenção de sua existência, competindo-lhe o bom serviço de
cultivar e aperfeiçoar o trato da terra, sob a sua ordenação transitória,
porquanto é na oficina do orbe que ele se prepara, de modo geral, para o seu
futuro infinito, cheio de beleza e de realizações definitivas no plano eterno.
93 –O engenheiro, na movimentação dos patrimônios materiais do orbe, alargando as
possibilidades de comunicação entre os povos, é amparado pelas forças espirituais?
-As fontes de proteção do plano invisível amparam todos os esforços generosos
e sinceros que objetivam não só o aperfeiçoamento da escola planetária, como
também o de seus filhos. Assim, temos de reconhecer no engenheiro abnegado
um obreiro do progresso e da fraternidade.
Essa a razão pela qual as grandes obras da engenharia, em sua feição
beneficiária, apesar de materiais, possuem elevada significação pela extensão
de sua utilidade ao espírito coletivo.
94 –Como é considerada nos planos espirituais a medicina terrena?
-A medicina humana, compreendida e aplicada dentro de suas finalidades
superiores, constitui uma nobre missão espiritual.
O médico honesto e sincero, amigo da verdade e dedicado ao bem; é um
apóstolo da Providência Divina, da qual recebe a precisa assistência e
inspiração, sejam quais forem os princípios religiosos por ele esposados na vida.
95 –Em face dos esforços da Medicina, como devemos considerar a saúde?
-Para o homem da Terra, a saúde pode significar o equilíbrio perfeito dos órgãos
materiais; para o plano espiritual, todavia, a saúde é a perfeita harmonia da
alma, para obtenção da qual, muitas vezes, há necessidade da contribuição
preciosa das moléstias e deficiências transitórias da Terra.
96 –Toda moléstia do corpo tem ascendentes espirituais?
-As chagas da alma se manifestam através do envoltório humano,. O corpo
doente reflete o panorama interior do espírito enfermo. A patogenia é um
conjunto de inferioridades do aparelho psíquico.
E é ainda na alma que reside a fonte primária de todos os recursos
medicamentosos definitivos. A assistência farmacêutica do mundo não pode
remover as causas transcendentes do caráter mórbido dos indivíduos. O
remédio eficaz está na ação do próprio espírito enfermiço.
Podeis objetar que as injeções e os comprimidos suprimem a dor; todavia, o
mal ressurgirá mais tarde nas células do corpo. Indagareis, aflitos, quanto às
moléstias incuráveis pela ciência da Terra e eu vos direi que a reencarnação,
em si mesma, nas circunstâncias do mundo envelhecido nos abusos, já
representa uma estação de tratamento e de cura e que há enfermidades d ‘
alma, tão persistentes, que podem reclamar várias estações sucessivas, com a
mesma intensidade nos processos regeneradores.
97 –Se as enfermidades são de origem espiritual, é justo a aplicação dos
medicamentos humanos, a cirurgia, etc, etc?
-O homem deve mobilizar todos os recursos ao seu alcance, em favor do seu
equilíbrio orgânico. Por muito tempo ainda, a Humanidade não poderá
prescindir da contribuição do clínico, do cirurgião e do farmacêutico,
missionários do bem coletivo. O homem tratará da saúde do corpo, até que
aprenda a preserva-lo e defende-lo, conservando a preciosa saúde de sua alma.
Acima de tudo, temos de reconhecer que os serviços de defesa das energias
orgânicas, nos processos humanos, como atualmente se verificam, asseguram a
estabilidade de uma grande oficina de esforços santificadores no mundo.
Quando, porém, o homem espiritual dominar o homem físico, os elementos
medicamentosos da Terra estarão transformados na excelência dos recursos
psíquicos e essa grande oficina achar-se-á elevada a santuário de forças e
possibilidades espirituais junto das almas.
98 –Nos processos de cura, como deveremos compreender o passe?
-Assim como a transfusão de sangue representa uma renovação das forças
físicas, o passe é uma transfusão de energias psíquicas,com a diferença de que
os recursos orgânicos são retirados de um reservatório limitado, e os elementos
psíquicos o são do reservatório ilimitado das forças espirituais.
99 –Como deve ser recebidos e dados o passe?
-O passe poderá obedecer à fórmula que forneça maior porcentagem de
confiança, não só a quem o dá, como a quem o recebe. Devemos esclarecer,
todavia, que o passe é a transmissão de uma força psíquica e espiritual,
dispensando qualquer contacto físico na sua aplicação.
100 –A chamada “benzedura”, conhecida nos meios populares, será uma modalidade
do passe?
-As chamadas “benzeduras”, tão comuns no ambiente popular, sempre que
empregadas na caridade, são expressões humildes do passe regenerador,
vulgarizado nas instituições espirituais de socorro e de assistência.
Jesus nos deu a primeira lição nesse sentido, impondo as mãos divinas sobre os
enfermos e sofredores, no que foi seguido pelos apóstolos do Cristianismo
primitivo.
“Toda boa dádiva e dom perfeito vêm do Alto” – dizia o apóstolo, na profundeza
de suas explanações.
A prática do bem pode assumir as fórmulas mais diversas. Sua essência,
porém, é sempre a mesma diante do Senhor.
101 –Por que não será permitida às entidades espirituais a revelação dos processos de
cura da lepra, do câncer, etc?
-Antes de qualquer consideração, devemos examinar a lei das provações e a
necessidade de sua execução plena.
Na própria natureza da Terra e na organização de fluídos inerentes ao planeta,
residem todos esses recursos, até hoje inapreendidos pela ciência dos homens.
Jesus curava os leprosos com a simples imposição de suas mãos divinas.
O plano espiritual não pode quebrar o ritmo das leis do esforço próprio, como a
direção de uma escola não pode decifrar os problemas relativos à evolução de
seus discípulos.
Além de tudo, a doença incurável traz consigo profundos benefícios. Que seria
das criaturas terrestres sem as moléstias dolorosas que lhes apodrecem a
vaidade? Até onde poderiam ir o orgulho e o personalismo do espírito humano,
sem a constante ameaça de uma carne frágil e atormentada?
Observamos as dádivas de Deus no terreno das grandes descobertas,
mobilizadas para a guerra de extermínio, e contemplemos com simpatia os
hospitais isolados e escuros, onde, tantas vezes, a alma humana se recolhe
para as necessárias meditações.
102 –Podem os espíritos amigos atuar sobre a flora microbiana, nas moléstias
incuráveis, atenuando os sofrimentos da criatura?
-As entidades amigas podem diminuir a intensidade da dor nas doenças
incuráveis, bem como afasta-la completamente, se esse benefício puder ser
levado a efeito no quadro das provas individuais, sob os desígnios sábios e
misericordiosos do plano superior.
103 –No tratamento ministrado pelos Espíritos amigos, a água fluidificada, para um
doente, terá o mesmo efeito em outro enfermo?
-A água pode ser fluidificada, de modo geral, em benefício de todos; todavia,
pode sê-lo em caráter particular para determinado enfermo, e, neste caso, é
conveniente que o uso seja pessoal e exclusivo.
104 –Existem condições especiais para que os Espíritos amigos possam fluidificar a
água pura, como sejam as presenças de médiuns curadores, reuniões de vários
elementos,etc,etc?
-A caridade não pode atender a situações especializadas. A presença de
médiuns curadores, bem como as reuniões especiais, de modo algum podem
constituir o preço do benefício aos doentes, porquanto os recursos dos guias
espirituais, nessa esfera de ação, podem independer do concurso medianímico,
considerando o problema dos méritos individuais.
105 –O fato de um guia espiritual receitar para determinado enfermo, é sinal infalível
de que o doente terá de curar-se?
-O guia espiritual é também um irmão e um amigo, que nunca ferirá as vossas
mais queridas esperanças.
Aconselhando o uso de uma substância medicamentosa, alvitrando essa ou
aquela providência, ele cooperará para as melhoras de um enfermo e, se
possível, para o pleno restabelecimento de sua saúde física, mas não poderá
modificar a lei das provações ou os desígnios supremos dos planos superiores,
na hipótese da desencarnação, porque, dentro da Lei, somente Deus, seu
Criador, pode dispensar.
106 –A eutanásia é um bem, nos casos de moléstia incurável?
-O homem não tem o direito de praticar a eutanásia, em caso algum, ainda que
a mesma seja a demonstração aparente de medida benfazeja.
A agonia prolongada pode ter finalidade preciosa para a alma e a moléstia
incurável pode ser um bem como a única válvula de escoamento das
imperfeições do Espírito da vida imortal. Além do mais, os desígnios divinos são
insondáveis e a ciência precária dos homens não pode decidir nos problemas
transcendentes das necessidades do Espírito.
107 –Um hospital espírita tem utilidade para a família espírita?
-A fundação de um hospital, em cujos processos de tratamento estejam vivos
os princípios do Espiritismo evangélico, constitui realização generosa, na melhor
exaltação dos ensinos consoladores dos mensageiros celestiais.
As edificações dessa natureza, todavia, exigem o máximo de renúncia por parte
dos que as patrocinem, porquanto, dentro delas o médico do mundo é
compelido a esquecer os títulos acadêmicos, para ser um dos mais legítimos
missionários dAquele Médico das Almas que curou os cegos e os leprosos, os
tristes e os endemoninhados, exemplificando o amor e a humildade na
entrosagem de todos os serviços pelo bem dos semelhantes.
Um hospital espírita deve ser um lar de Jesus.
Seu aparelhamento é uma maquinaria divina, exigindo idênticas superioridade
nos operários chamados a movimentar-lhe as peças, de modo a que se não
deturpe a grandeza profunda dos fins.
108 –Onde a base mais elevada para os métodos de educação?
-As noções religiosas, com a exemplificação dos mais altos deveres da vida,
constituem a base de toda a educação no sagrado instituto da família.
109 –O período infantil é o mais importante para a tarefa educativa?
-O período infantil é o mais sério e o mais propício à assimilação dos princípios
educativos.
Até aos sete anos, o Espírito ainda se encontra em fase de adaptação para a
nova existência que lhe compete no mundo. Nessa idade, ainda não existe uma
integração perfeita entre ele e a matéria orgânica. Suas recordações do plano
espiritual são, por isso, mais vivas, tornando-se mais suscetível de renovar o
caráter e a estabelecer novo caminho, na consolidação dos princípios de
responsabilidade, se encontrar nos pais legítimos representantes do colégio
familiar.
Eis por que o lar é tão importante para a edificação do homem, e por que tão
profunda é a missão da mulher perante as leis divinas.
Passada a época infantil, credora de toda vigilância e carinho por parte das
energias paternais, os processos de educação moral, que formam o caráter,
tornam-se mais difíceis com a integração do Espírito em seu mundo orgânico
material, e , atingida a maioridade, se a educação não se houver feito no lar,
então, só o processo violento das provas rudes, no mundo, pode renovar o
pensamento e a concepção das criaturas, porquanto a alma reencarnada terá
retomado todo o seu patrimônio nocivo do pretérito e reincidirá nas mesmas
quedas, se lhe faltou a Luz interior dos sagrados princípios educativos.
110 –Qual a melhor escola de preparação das almas reencarnadas, na Terra?
-A melhor escola ainda é o lar, onde a criatura deve receber as bases do
sentimento e do caráter.
Os estabelecimentos de ensino, propriamente do mundo, podem instruir, mas
só o instituto da família pode educar. É por essa razão que a universidade
poderá fazer o cidadão, mas somente o lar pode edificar o homem.
Na sua grandiosa tarefa de cristianização, essa é a profunda finalidade do
Espiritismo evangélico, no sentido de iluminar a consciência da criatura, a fim
de que o lar se refaça e novo ciclo de progresso espiritual se traduza, entre os
homens, em lares cristãos, para a nova era da Humanidade.
111 –É justa a fundação de institutos para a educação sexual?
-Quando os professores do mundo estiverem plenamente despreocupados das
tabelas administrativas, dos auxílios oficiais, da classificação de salários, das
situações de evidência no magistério, das promoções, etc., para sentirem nos
discípulos os filhos reais do seu coração, serão acertados cogitar-se da fundação
de educandários dessa natureza, porquanto haverá muito amor dentro das
almas, assegurando o êxito das iniciativas.
Os professores do mundo, todavia, considerando o quadro legítimo das
exceções, ainda não passam de servidores do Estado, angustiados na
concorrência do profissionalismo. Na sagrada missão de ensinar, eles instruem
o intelecto, mas, de um modo geral, ainda não sabem iluminar o coração dos
discípulos, por necessitados da própria iluminação.
Examinada a questão desse modo, e atendendo às circunstâncias das posições
evolutivas, consideramos que os pais são os mestres da educação sexual de
seus filhos, indicados naturalmente para essa tarefa, até que o orbe possua ,
por toda parte, as verdadeiras escolas de Jesus, onde a mulher, em qualquer
estado civil, se integre na divina missão da maternidade espiritual de seus
pequenos tutelados e onde o homem, convocado ao labor educativo, se
transforme num centro de paternal amor e amoroso respeito para com os seus
discípulos.
112 –Como renovar os processos de educação para a melhoria do mundo?
-As escolas instrutivas do planeta poderão renovar sempre os seus métodos
pedagógicos, com esses ou aqueles processos novos, de conformidade com a
psicologia infantil, mas a escola educativa do lar só possui uma fonte de
renovação que é p Evangelho, e um só modelo de mestre, que é a
personalidade excelsa do Cristo.
113 –Os pais espiritistas devem ministrar a educação doutrinária a seus filhos ou
podem deixar de faze-lo invocando as razões de que, em matéria de religião, apreciam
mais a plena liberdade dos filhos?
O período infantil, em sua primeira fase, é o mais importante para todas as
bases educativas, e os pais espiritistas cristãos não podem esquecer seus
deveres de orientação aos filhos, nas grandes revelações da vida. Em nenhuma
hipótese, essa primeira etapa das lutas terrestres deve ser encarada com
indiferença.
O pretexto de que a criança deve desenvolver-se com a máxima noção de
liberdade pode dar ensejo a graves perigos. Já se disse, no mundo, que o
menino livre é a semente do celerado. A própria reencarnação não constitui, em
si mesma, restrição considerável à independência absoluta da alma necessitada
de expiação e corretivo?
Além disso, os pais espiritistas devem compreender que qualquer indiferença
nesse particular pode conduzir a criança aos prejuízos religiosos de outrem, ao
apego do convencionalismo, e à ausência de amor à verdade.
Deve nutrir-se o coração infantil com a crença, com a bondade, com a
esperança e com a fé em Deus. Agir contrariamente a essas normas é abrir
para o faltoso de ontem a mesma porta larga para os excessos de toda sorte,
que conduzem ao aniquilamento e ao crime.
Os pais espiritistas devem compreender essa característica de suas obrigações
sagradas, entendendo que o lar não se fez para a contemplação egoística da
espécie, mas, sim, para santuário onde, por vezes, se exige a renúncia e o
sacrifício de uma existência inteira.
114 –A economia deve ser dirigida?
-No que se refere à técnica de produção, à necessidade da repartição e aos
processos de consumo, é mais que justa a direção da economia; porém, nesse
sentido, todo excesso político que prejudique a harmonia na lei das trocas, de
que o progresso depende inteiramente, é um erro condenável, com graves
conseqüências para toda a estrutura do organismo coletivo.
Tais excessos deram causa aos sistemas autárquicos de governos, da
atualidade, onde parecem todos os ideais de justiça econômica e de
fraternidade, em virtude dos erros de visão do mau nacionalismo.
A vida depende de trocas incessantes e toda restrição a esses elevados
princípios de harmonia é uma passagem para a destruição revolucionária, onde
se invertem todos os valores da vida.
Que a economia seja dirigida, mas que as paixões políticas não penetrem os
seus domínios de equilíbrios e reciprocidade, porquanto, na sua influência
nefasta, o “bastar-se a si mesmo” é a ideologia sinistra da ambição e do
egoísmo, onde o fermento da guerra encontra o clima apropriado para as suas
manifestações de violência e extermínio.
Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
Digitado por: Lúcia Aydir.
SEGUNDA PARTE
Emmanuel
FILOSOFIA
115 –É a Filosofia a interpretação sintética de todas as atividades do espírito em
evolução na Terra?
-A Filosofia constitui, de fato, a súmula das atividades evolutivas do Espírito
encarnado, na Terra.
Suas equações são as energias que fecundam a Ciência, espiritualizando-lhe os
princípios, até que unidas umas à outra, indissoluvelmente, penetrem o átrio
divino das verdades eternas.
Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
Digitado por: Lúcia Aydir.
I
VIDA
APRENDIZADO
Emmanuel
116 – O homem físico está sempre ligado ao seu pretérito espiritual?
-Como a maioria das criaturas humana se encontra em lutas expiatórias,
podemos figurar o homem terrestre como alguém a lutar para desfazer-se do
seu próprio cadáver, que é o passado culposo, de modo a ascender para a vida
e para a luz que residem em Deus.
Essa imagem temo-la na semente do mundo que, para desenvolver o embrião,
cheio de vitalidade e beleza, necessita do temporário estacionamento no seio
lodoso da Terra, a fim de se desfazer do seu envoltório, crescendo, em seguida,
para a luz do Sol e cumprindo sua missão sagrada, enfeitada de flores e frutos.
117 –A inteligência, julgada pelo padrão humano, será a súmula de várias
experiências do Espírito sobre a Terra?
-Os valores intelectivos representam a soma de muitas experiências, em várias
vidas do Espírito, no plano material. Uma inteligência profunda significa um
imenso acervo de lutas planetárias. Atingida essa posição, se o homem guarda
consigo uma expressão idêntica de progresso espiritual, pelo sentimento, então
estará apto a elevar-se a novas esferas do Infinito, para a conquista de sua
perfeição.
118 –Como se registram as experiências do Espírito em uma encarnação, para
servirem de patrimônio evolutivo nas encarnações subseqüentes?
-É no próprio patrimônio íntimo que a alma registra as suas experiências, no
aprendizado das lutas da vida, acerca das quais guardará sempre uma
lembrança inata nos trabalhos purificadores do porvir.
119 –Como devemos proceder para dilatar nossa capacidade espiritual?
-Ainda não encontramos uma fórmula mais elevada e mais bela que a do
esforço próprio, dentro da humildade e do amor, no ambiente de trabalho e de
lições da Terra, onde Jesus houve por bem instalar a nossa oficina de
perfectibilidade para a futura elevação dos nossos destinos de espíritos
imortais.
120 –Pode existir inteligência sem desenvolvimento espiritual?
-Diremos, melhor: inteligência humana sem desenvolvimento sentimental,
porque nesse desequilíbrio do sentimento e da razão é que repousa atualmente
a dolorosa realidade do mundo. O grande erro das criaturas humanas foi
entronizar apenas a inteligência, olvidando os valores legítimos do coração nos
caminhos da vida.
121 –O meio ambiente influi no espírito?
-O meio ambiente em que a alma renasceu, muitas vezes constitui a prova
expiatória; com poderosas influências sobre a personalidade, faz-se
indispensável que o coração esclarecido coopere na sua transformação para o
bem, melhorando e elevando as condições materiais e morais de todos os que
vivem na sua zona de influenciação.
122 –Que se deve fazer para o desenvolvimento da intuição?
-O campo do estudo perseverante, com o esforço sincero e a meditação sadia, é
o grande veículo de amplitude da intuição, em todos os seus aspectos.
123 –Deve o crente criar imposições absolutas para si mesmo, no sentido de alcançar
mais depressa a perfeição espiritual?
O crente deve esforçar-se o mais possível, mas, de modo algum, deve nutrir a
pretensão de atingir a superioridade espiritual completa, de uma só vez,
porquanto a vida humana é aprendizado de lutas purificadoras e, no cadinho do
resgate, nem sempre a temperatura pode ser amena, alcançando, por vezes, ao
mais alto grau para o desiderato do acrisolamento.
Em todas as circunstâncias, guarde o cristão a prece e a vigilância; prece ativa,
que é o trabalho do bem, e vigilância, que é a prudência necessária, de modo a
não trair novos compromissos. E, nesse esforço, a alma estará preparada a
estruturar o futuro de si mesma, no caminho eterno do espaço e do tempo, sem
o desalento dos tristes e sem a inquietação dos mais afoitos.
124 -Qual a importância da palavra humana para as conquistas evolutivas do espírito?
-A palavra é um dom divino, quando acompanhada dos atos que a
testemunhem; e é através de seus caracteres falados ou escritos que o homem
recebe o patrimônio de experiências sagradas de quantos o antecederam no
mecanismo evolutivo das civilizações. É por intermédio de seus poderes que se
transmite, de gerações a gerações, o fogo divino do progresso na escola
abençoada da Terra.
125 –Reconhecendo que os nossos amigos do plano espiritual estão sempre ao nosso
lado, em todos os trabalhos e dificuldades, a fim de nos inspirar, quais os maiores
obstáculos que a sua bondade encontra em nós, para que recebamos os seus socorro
indireto, afetuoso e eficiente?
-Os maiores obstáculos psíquicos, antepostos pelo homem terrestre aos seus
amigos e mentores da espiritualidade, são oriundos da ausência de humildade
sincera nos corações; para o exame da própria situação de egoísmo, rebeldia e
necessidade de sofrimento.
126 –As vibrações relativas ao bem e ao mal, emitidas pela alma encarnada no seu
aprendizado terrestre, persistem no Espaço para exame e ponderação do futuro?
-Haveis de convir convosco que existem fenômenos físicos, transcendentes em
demasia, para que possamos examina-los, devidamente, na pauta exígua dos
vossos conhecimentos atuais.
Todavia, em se tratando de vibrações emitidas pelo Espírito encarnado, somos
compelidos a reconhecer que essas vibrações ficam perenemente gravadas na
memória de cada um; e a memória é uma chapa fotográfica, onde as imagens
jamais se confundem. Bastará a manifestação da lembrança, para serem
levadas a efeito todas as ponderações, mais tarde, no capítulo das expressões
do mal e do bem.
127 –O preceito do “corpo são, mentalidade sadia”, poderá ser observado tãosomente
pelo hábito dos esportes e labores atléticos?
-No que se refere ao; “corpo são”, o atletismo tem papel importante e seria de
ação das mais edificantes nos problemas da saúde física, se o homem na sua
vaidade e egoísmo não houvesse viciado, também, a fonte da ginástica e do
esporte, transformando-a em tablado de entronização da violência, do
abastardamento moral da mocidade, iludida com a força bruta e enganada
pelos imperativos da chamada eugenia ou pelas competições estranhas dos
grupos sectários, desviando de suas nobres finalidades um dos grandes
movimentos coletivos em favor da confraternização e da saúde.
Bastará essa observação para compreendermos que a “mentalidade sadia”
somente constituirá uma realidade quando houver um perfeito equilíbrio entre
os movimentos do mundo e as conquistas interiores da alma.
128 –A vida do irracional está revestida igualmente das características missionárias?
-A vida do animal não é propriamente missão, apresentando, porém, uma
finalidade superior que constitui a do seu aperfeiçoamento próprio, através das
experiências benfeitoras do trabalho e da aquisição, em longos e pacientes
esforços, dos princípios sagrados da inteligência.
129 –É um erro alimentar-se o homem com a carne dos irracionais?
-A ingestão das vísceras dos animais é um erro de enormes conseqüências, do
qual derivaram numerosos vícios da nutrição humana. É de lastimar semelhante
situação, mesmo porque, se o estado de materialidade da criatura exige a
cooperação de determinadas vitaminas, esses valores nutritivos podem ser
encontrados nos produtos de origem vegetal, sem a necessidade absoluta dos
matadouros e frigoríficos.
Temos de considerar, porém, a máquina econômica do interesse e da harmonia
coletiva, na qual tantos operários fabricam o seu pão cotidiano. Suas peças não
podem ser destruídas de um dia para o outro, sem perigos graves. Consolemonos
com a visão do porvir, sendo justo trabalharmos, dedicadamente, pelo
advento dos tempos novos em que os homens terrestres poderão dispensar da
alimentação os despojos sangrentos de seus irmãos inferiores.
130 –Operários do aprendizado terrestre, como devemos encarar o texto sagrado do
“lembra-te do dia de sábado para santifica-lo”, quando as obrigações de serviço
proporcionam para isso os domingos?
O descanso dominical deve ser sagrado pelo homem, não por se tratar de um
domingo, mas em virtude da necessidade de se estabelecer uma pausa semanal
aos movimentos da vida física, para o recolhimento espiritual da alma em si
mesma, no caminho das atividades terrestres. O repouso dominical substitui
perfeitamente o sábado antigo, salientando-se que a rigidez da sua observância
foi instituída pelos legisladores hebreus, em virtude da ambição e da
prepotência dos senhores de escravos, numerosos na época, e que, somente
desse modo, atendiam à medida de humanidade, concedendo uma trégua ao
esforço exaustivo que costumava aniquilar a existência de servos fracos e
indefesos.
O descanso semanal deve ser sempre consagrado pelo homem às expressões
de espiritualidade da sua vida, sem se dar, porém, a qualquer excesso no
domínio da letra, nesse particular, porque, após a palavra de Moisés, devemos
ouvir a lição do Senhor, esclarecendo que “o sábado foi feito para o homem e
não o homem par ao sábado”.
Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
Digitado por: Lúcia Aydir.
EXPERIÊNCIA
Emmanuel
131 –Como adquire experiência o Espírito encarnado?
A luta e o trabalho são tão imprescindíveis ao aperfeiçoamento do espírito,
como o pão material é indispensável à manutenção do corpo físico. É
trabalhando e lutando, sofrendo e aprendendo, que a alma adquire as
experiências necessárias na sua marcha para a perfeição.
132 –Há o determinismo e o livre-arbítrio, ao mesmo tempo, na existência humana?
Determinismo e livre-arbítrio coexistem na vida, entrosando-se na estrada dos
destinos, para a elevação e redenção dos homens.
O primeiro é absoluto nas mais baixas camadas evolutivas e o segundo ampliase
com os valores da educação e da experiência. Acresce observar que sobre
ambos pairam as determinações divinas, baseadas na lei do amor, sagrada e
única, da qual a profecia foi sempre o mais eloqüente testemunho.
Não verificais, atualmente, as realizações previstas pelos emissários do Senhor
há dois e quatro milênios, no divino simbolismo das Escrituras?
Estabelecida a verdade de que o homem é livre na pauta de sua educação e de
seus méritos, na lei das provas, cumpre-nos reconhecer que o próprio homem,
à medida que se torna responsável, organiza o determinismo da sua existência,
agravando-o ou amenizando-lhe os rigores, até poder elevar-se definitivamente
aos planos superiores do Universo.
133 –Havendo o determinismo e o livre-arbítrio, ao mesmo tempo, na vida humana,
como compreender a palavra dos guias espirituais quando afirmam não lhes ser
possível influenciar a nossa liberdade?
Não devemos esquecer que falamos de expressão corpórea, em se tratando do
determinismo natural, que prepondera sobre os destinos humanos.
A subordinação da criatura, em suas expressões do mundo físico, é lógica e
natural nas leis das compensações, dentro das provas necessárias, mas, no
íntimo, zona de pura influenciação espiritual, o homem é livre na escola do seu
futuro caminho. Seus amigos do invisível localizam aí o santuário da sua
independência sagrada
Em todas as situações, o homem educado pode reconhecer onde falam as
circunstâncias da vontade de Deus, em seu benefício, e onde falam as que se
formam pela força da sua vaidade pessoal ou do seu egoísmo. Como ele,
portanto, estará sempre o mérito da escolha, nesse particular.
134 –Como pode o homem agravar ou amenizar o determinismo de sua vida?
-A determinação divina as sagrada lei universal é sempre a do bem e da
felicidade, para todas as criaturas.
No lar humano, não vê um pai amoroso e ativo, com um largo programa de
trabalhos pela ventura dos filhos? E cada filho, cessado o esforço da educação
na infância, na preparação para a vida, não deveria ser um colaborador fiel da
generosa providência paterna pelo bem de toda a comunidade familiar?
Entretanto, a maioria dos pais humanos deixa a Terra sem ser compreendida,
apesar de todo o esforço despendido na educação dos filhos.
Nessa imagem muito frágil, em comparação com a paternidade divina, temos
um símile da situação.
O Espírito que, de algum modo, já armazenou certos valores educativos, é
convocado para esse ou aquele trabalho de responsabilidade junto de outros
seres em provação rude, ou em busca de conhecimentos para a aquisição da
liberdade. Esse trabalho deve ser levado a efeito na linha reta do bem, de modo
que esse filho seja o bom cooperador de seu Pai Supremo, que é Deus. O
administrador de uma instituição, o chefe de uma oficina, o escritor de um livro
o mestre de uma escola, tema a sua parcela de independência para colaborar
na obra divina e devem retribuir a confiança espiritual que lhes foi deferida. Os
que se educam e conquistam direitos naturais, inerentes à personalidade,
deixam de obedecer, de modo absoluto, no determinismo da evolução,
porquanto estarão aptos a cooperar no serviço das ordenações, podendo criar
as circunstâncias para a marcha ascensional de seus subordinados ou irmãos
em humanidade, no mecanismo de responsabilidade da consciência esclarecida.
Nesse trabalho de ordenar com Deus, o filho necessita considerar o zelo e o
amor paternos, a fim de não desviar sua tarefa do caminho reto, supondo-se
senhor arbitrário das situações, complicando a vida da família humana, e
adquirindo determinados compromissos, por vezes bastante penosos, porque,
contrariamente ao propósito dos pais, há filhos que desbaratam os “talentos”
colocados em suas mãos, na preguiça, no egoísmo, na vaidade ou no orgulho.
Daí a necessidade de concluirmos com a apologia da Humanidade, salientando
que o homem que atingiu certa parcela de liberdade, está retribuindo a
confiança do Senhor, sempre que age com a sua vontade misericordiosa e
sábia, reconhecendo que o seu esforço individual vale muito, não por ele, mas
pelo amor de Deus que o protege e ilumina na edificação de sua obra imortal.
135 –Se o determinismo divino é o do bem, quem criou o mal?
-O determinismo divino se constitui de uma só lei, que é a do amor para a
comunidade universal. Todavia, confiando em si mesmo, mais do que em Deus,
o homem transforma a sua fragilidade em foco de ações contrárias a essa
mesma lei, efetuando, desse modo, uma intervenção indébita na harmonia
divina.
Eis o mal.
Urge recompor os elos sagrados dessa harmonia sublime.
Eis o resgate.
Vede, pois, que o mal, essencialmente considerado, não pode existir par Deus,
em virtude de representar um desvio do homem, sendo zero na Sabedoria e na
Providência Divinas.
O Criador é sempre o Pai generoso e sábio, justo e amigo, considerando os
filhos transviados como incursos em vastas experiências. Mas, como Jesus e os
seus prepostos são seus cooperadores divinos, e eles próprios instituem as
tarefas contra o desvio das criaturas humanas, focalizam os prejuízos do mal
com a força de suas responsabilidades educativas, a fim de que a Humanidade
siga retamente no seu verdadeiro caminho para Deus.
136 –Existem seres agindo na Terra sob determinação absoluta?
-Os animais e os homens quase selvagens nos dão uma idéia dos seres que
agem no planeta sob determinação absoluta. E essas criaturas servem para
estabelecer a realidade triste da mentalidade do mundo, ainda distante da
fórmula do amor, com que o homem deve ser o legítimo cooperador de Deus,
ordenando com a sua sabedoria paternal.
Sem saberem amar os irracionais e os irmãos mais ignorantes colocados sob a
sua imediata proteção, os homens mais educados da Terra exterminam os
primeiros, para sua alimentação, e escravizam os segundos para objeto de
explorações grosseiras, com exceções, de modo a mobilizar-los a serviço do seu
egoísmo e da sua ambição.
137 – O homem educado deve exercer vigilância sobre o seu grau de liberdade?
-É sobre a independência própria que a criatura humana precisa exercer a
vigilância maior.
Quando o homem educado se permite examinar a conduta de outrem, de modo
leviano ou inconveniente, é sinal que a sua vigilância padece desastrosa
deficiência, porquanto a liberdade de alguém termina sempre onde começa uma
outra liberdade, e cada qual responderá por si, um dia, junto à Verdade Divina.
138 –Em se tratando das questões do determinismo, qualquer ser racional pode estar
sujeito a erros?
-Todo ser racional está sujeito ao erro, mas a ele não se encontra obrigado.
Em plano de provações e de experiências como a Terra, o erro deve ser sempre
levado à conta dessas mesmas experiências, tão logo seja reconhecido pelo seu
autor direto, ou indireto, tratando-se de aproveitar os seus resultados, em
idênticas circunstâncias da vida, sendo louvável que as criaturas abdiquem a
repetição dos experimentos, em favor do seu próprio bem no curso infinito do
tempo.
139 –Se na luta da vida terrestre existem circunstâncias, por toda parte, qual será a
melhor de todas, digna de ser seguida?
Em todas as situações da existência a mente do homem defronta circunstâncias
do determinismo divino e do determinismo humano. A circunstância a ser
seguida, portanto, deve ser sempre a do primeiro, a fim de que o segundo seja
iluminado, destacando-se essa mesma circunstância pelo seu caráter de
benefício geral, muitas vezes com o sacrifício da satisfação egoística da
personalidade. Em virtude dessa característica, o homem está sempre
habilitado, em seu íntimo, a escolher o bem definitivo de todos e o
contentamento transitório do seu “eu”, fortalecendo a fraternidade e a luz, ou
agravando o seu próprio egoísmo.
140 –Os astros influenciam igualmente na vida do homem?
As antigas assertivas astrológicas têm a sua razão de ser. O campo magnético e
as conjunções dos planetas influenciam no complexo celular do homem físico,
em sua formação orgânica e em seu nascimento na Terra; porém, a existência
planetária é sinônima de luta. Se as influências astrais não favorecem a
determinadas criaturas, urge que estas lutem contra os elementos
perturbadores, porque, acima de todas as verdades astrológicas, temos o
Evangelho, e o Evangelho nos ensina que cada qual receberá por suas obras,
achando-se cada homem sob as influências que merece.
141 –Há influências espirituais entre o ser humano e o seu nome, tanto na Terra,
como no Espaço?
-Na Terra ou no plano invisível, temos a simbologia sagrada das palavras;
todavia, o estudo dessas influências requer um grande volume de considerações
especializadas e, como o nosso trabalho humilde é uma apologia ao esforço de
cada um, ainda aqui temos de reconhecer que cada homem recebe as
influências a que fez jus, competindo a cada coração renovar seus próprios
valores, em marcha para realizações cada vez mais altas, pois que o
determinismo de Deus é o do bem, e todos os que se entregarem realmente ao
bem, triunfarão de todos os óbices do mundo.
142 –Poderíamos receber um ensinamento sobre o número sete, tantas vezes
utilizado no ensino das tradições sagradas do Cristianismo?
-Uma opinião isolada nos conduzirá a muitas análises nos domínios da chamada
numerologia fugindo ao escopo de nossas cogitações espirituais.
Os números, como as vibrações, possuem a sua mística natural, mas, em face
de nossos imperativos de educação, temos de convir que todos os números,
como todas as vibrações, serão sagrados para nós, quando houvermos
santificado o coração para Deus, sendo justo, nesse particular, copiarmos a
antiga observação do Cristo sobre o sábado, esclarecendo que os números
foram feitos para os homens, porém, os homens não foram criados para os
números.
143 –Deve acreditar-se na influência oculta de certos objetos, como jóias, etc., que
parecem acompanhados de uma atuação infeliz e fatal?
-Os objetos, mormente os de uso pessoal, têm a sua história viva e por vezes,
podem constituir o ponto de atenção das entidades perturbadas, de seus
antigos possuidores no mundo; razão porque parecem tocados, por vezes, de
singulares influências ocultas, porém, nosso esforço deve ser o da libertação
espiritual, sendo indispensável lutarmos contra os fetiches, para considerar tãosomente
os valores morais do homem na sua jornada para o Perfeito.
144 – Os fenômenos premonitórios atestam a possibilidade da presciência com relação
ao futuro?
-Os Espíritos de nossa esfera não podem devassar o futuro, considerando essa
atividade uma característica dos atributos do Criador Supremo, que é Deus.
Temos de considerar, todavia, que as existências humanas estão subordinadas
a um mapa de provas gerais, onde a personalidade deve movi movimentar-se
com o seu esforço para a iluminação do porvir, e, dentro desse roteiro, os
mentores espirituais mais elevados podem organizar os fatos premonitórios,
quando convenham as demonstrações de que o homem não se resume a um
conglomerado de elementos químicos, de conformidade com a definição do
materialismo dissolvente.
145 –Que dizermos da cartomancia em face do Espiritismo?
-A cartomancia pode enquadrar-se nos fenômenos psíquicos, mas não no
Espiritismo evangélico, onde o cristão deve cultivar os valores do seu mundo
íntimo pela fé viva e pelo amor no coração, buscando servir a Jesus no
santuário de sua alma, não tendo outra vontade que não aquela de se elevar ao
seu amor pelo trabalho e iluminação de si mesmo, sem qualquer preocupação
pelos acontecimentos nocivos que se foram, ou pelos fatos que hão de vir, na
sugestão nem sempre sincera dos que devassam o mundo oculto.
Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
Digitado por: Lúcia Aydir.
TRANSIÇÃO
Emmanuel
146 – É fatal o instante da morte?
-Com exceção do suicídio, todos os casos de desencarnação são determinados
previamente pelas forças espirituais que orientam a atividade do homem sobre
a Terra.
Esclarecendo-vos quanto a essa exceção, devemos considerar que, se o homem
é escravo das condições externas da sua vida no orbe, é livre no mundo íntimo,
razão por que, trazendo no seu mapa de provas a tentação de desertar da vida
expiatória e retificadora, contrai um débito penoso aquele que se arruína,
desmantelando as próprias energias.
A educação e a iluminação do íntimo constituem o amor ao santuário de Deus
em nossa alma. Quem as realiza em si, na profundeza da liberdade interior,
pode modificar o determinismo das condições materiais de sua existência,
alcançando-a para a luz e para o bem. Os que eliminam, contudo, as suas
energias próprias, atentam contra a luz divina que palpita em si mesmos. Daí o
complexo de suas dívidas dolorosas.
E existem ainda os suicido lentos e gradativos, provocados pela ambição ou
pele inércia, pelo abuso ou pela inconsideração, tão perigoso para a vida da
alma, quanto os que se observam, de modo espetacular, entre as lutas do
mundo.
Essa a razão pela qual tantas vezes se batem os instrutores dos encarnados,
pela necessidade permanente de oração e de vigilância, a fim de que os seus
amigos não fracassem nas tentações.
147 –Proporciona a morte mudanças inesperadas e certas modificações rápidas, como
será de desejar?
-A morte não prodigaliza estados miraculosos para a nossa consciência.
Desencarnar é mudar de plano, como alguém que se transferisse de uma cidade
para outra, aí no mundo, sem que o fato lhe altere as enfermidades ou as
virtudes com a simples modificação dos aspectos exteriores. Importa observar
apenas a ampliação desses aspectos, comparando-se o plano terrestre com a
esfera de ação dos desencarnados.
Imaginai um homem que passa de sua aldeia para uma metrópole moderna.
Como se haverá, na hipótese de não se encontrar devidamente preparado em
face dos imperativos da sua nova vida?
A comparação é pobre, mas serve para esclarecer que a morte não é um salto
dentro da Natureza. A alma prosseguirá na sua carreira evolutiva, sem milagres
prodigiosos.
Os dois planos, visível e invisível, se interpenetram no mundo, e, se a criatura
humana é incapaz de perceber o plano da vida imaterial, é que o seu sensório
está habilitado somente a certas percepções, sem que lhe seja possível, por
enquanto, ultrapassar a janela estreita dos cinco sentidos.
148 –Que espera o homem desencarnado, diretamente, nos seus primeiros tempos da
vida de além-túmulo?
-A alma desencarnada procura naturalmente as atividades que lhe eram
prediletas nos círculos da vida material, obedecendo aos laços afins, tal qual se
verifica nas sociedades do vosso mundo.
As vossas cidades não se encontram repletas de associações, de grêmios, de
classes inteiras que se reúnem e se sindicalizam para determinados fins,
conjugando idênticos interesses de vários indivíduos? Aí, não se abraçam os
agiotas, os políticos, os comerciantes, os sacerdotes, objetivando cada grupo a
defesa dos seus interesses próprios?
O homem desencarnado procura ansiosamente, no Espaço, as aglomerações
afins com o seu pensamento, de modo a continuar o mesmo gênero de vida
abandonado na Terra, mas, tratando-se de criaturas apaixonadas e viciosas, a
sua mente reencontrará as obsessões de materialidade, quais as do dinheiro, do
álcool, etc., obsessões que se tornam o seu martírio moral de cada hora, nas
esferas mais próximas da Terra.
Daí a necessidade de encararmos todas as nossas atividades no mundo como a
tarefa de preparação para a vida espiritual, sendo indispensável à nossa
felicidade, além do sepulcro, que tenhamos um coração sempre puro.
149 –Logo após a morte, o homem que se desprende do invólucro material pode
sentir a companhia dos entes amados que o precederam no além-túmulo?
-Se a sua existência terrestre foi o apostolado do trabalho e do amor a Deus, a
transição do plano terrestre para a esfera espiritual será sempre suave.
Nessas condições, poderá encontrar imediatamente aqueles que foram, objeto
de sua afeição no mundo, na hipótese de se encontrarem no mesmo nível de
evolução. Uma felicidade doce e uma alegria perene estabelece-se nesses
corações amigos e afetuosos, depois das amarguras da separação e da
prolongada ausência.
Entretanto, aqueles que se desprendem da Terra, saturados de obsessões pelas
posses efêmeras do mundo e tocados pela sombra das revoltas
incompreensíveis, não encontram tão depressa os entes queridos que os
antecederam na sepultura. Suas percepções restritas à atmosfera escura dos
seus pensamentos e seus valores negativos impossibilitam-lhes as doces
venturas do reencontro.
É por isso que observais, tantas vezes, Espíritos sofredores e perturbadas
fornecendo a impressão de criaturas, desamparadas e esquecidas pela esfera
da bondade superior, mas, que, de fato, são desamparados por si mesmos, pela
sua perseverança no mal, na intenção criminosa e na desobediência aos
sagrados desígnios de Deus.
150 –É possível que os espiritistas venham a sofrer perturbações depois da morte?
-A morte não apresenta perturbações à consciência reta e ao coração amante
da verdade e do amor dos que viveram na Terra tão-somente para o cultivo da
prática do bem, ns suas variadas formas e dentro das mais diversas crenças.
Que o espiritista cristão não considere o seu título de aprendiz de Jesus como
um simples rótulo, ponderando a exortação evangélica – “muito se pedirá de
quem muito recebeu”, preparando-se nos conhecimentos e nas obras do bem,
dentro das experiências do mundo para s sua vida futura, quando a noite do
túmulo houver descerrado aos seus olhos espirituais a visão da verdade, em
marcha para as realizações da vida imortal.
151 –O espírito desencarnado pode sofrer com a cremação dos elementos
cadavéricos?
-Na cremação, faz-se mister exercer a piedade com os cadáveres,
procrastinando por mais horas o ato de destruição das vísceras materiais, pois,
de certo modo, existem sempre muitos ecos de sensibilidade entre o Espírito
desencarnado e o corpo onde se extinguiu o “tônus vital”, nas primeiras horas
seqüentes ao desenlace, em vista dos fluídos orgânicos que ainda solicitam a
alma para as sensações da existência material.
152 –A morte violenta proporciona aos desencarnados sensações diversas da chamada
“morte natural?”.
-A desencarnação por acidentes, os casos fulminantes de desprendimento
proporcionam sensações muito dolorosas à alma desencarnada, em vista da
situação de surpresa ante os acontecimentos supremos e irremediáveis. Quase
sempre, em tais circunstâncias, a criatura não se encontra devidamente
preparada e o imprevisto da situação lhe trazem emoções amargas e terríveis.
Entretanto, essas surpresas tristes não se verificam para as almas, no caso das
enfermidades dolorosas e prolongadas, em que o coração e o raciocínio se
tocam das luzes das meditações sadias, observando as ilusões e os prejuízos do
excessivo apego à Terra, sendo justo considerarmos a utilidade e a necessidade
das dores físicas, nesse particular, porquanto somente com o seu concurso
precioso pode o homem alijar o fardo de suas impressões nocivas do mundo,
para penetrar tranqüilamente os umbrais da vida do Infinito.
153 –Se a hora da morte não houver chegado, poderá o homem perecer sob os
perigos que o ameacem?
-Nos aspectos externos da vida, e desde que o Espírito encarnado proceda de
conformidade com os ditames da consciência retilínea e do coração bemintencionado,
sem a imponderação dos precipitados e sem o egoísmo dos
ambiciosos, toda e qualquer defesa do homem reside em Deus.
154 –Quais as primeiras impressões dos que desencarnam por suicídio?
-A primeira decepção que os aguarda é a realidade da vida que se não extingue
com as transições da morte do corpo físico, vida essa agravada por tormentos
pavorosos, em virtude de sua decisão tocada de suprema rebeldia.
Suicidas há que continuam experimentando os padecimentos físicos da última
hora terrestre, em seu corpo somático, indefinidamente. Anos a fio, sentem as
impressões terríveis do tóxico que lhes aniquilou as energias, a perfuração do
cérebro pelo corpo estranho partido da arma usada no gesto supremo, o peso
das rodas pesadas sob as quais se atiraram na ânsia de desertar da vida, a
passagem das águas silenciosas e tristes sobre os seus despojos, onde
procuraram o olvido criminoso de suas tarefas no mundo e, comumente, a pior
emoção do suicida é a de acompanhar, minuto a minuto, o processo da
decomposição do corpo abandonado no seio da terra, verminado e apodrecido.
De todos os desvios da vida humana, o suicido é, talvez o maior deles pela sua
característica de falso heroísmo, de negação absoluta da lei do amor e de
suprema rebeldia à vontade de Deus, cuja justiça nunca se fez sentir, junto dos
homens, sem a luz da misericórdia.
155 –O receio da morte revela falta de evolução espiritual?
-Nesse sentido, não podemos generalizar semelhante definição.
No que se refere a esses receios, somos obrigados a reconhecer, muitas vezes,
as razões aduzidas pelo amor, sempre sublime na sua manifestação espiritual.
Todavia, não é justo que o crente sincero se encha de pavores ante a idéia de
sua passagem para o plano invisível aos olhos humanos, sendo oportuno o
conselho de uma preparação permanente do homem para a vida nova que a
morte lhe apresentará.
156 –Os Espíritos logo após a sua desencarnação ficam satisfeitos pela possibilidade
de se comunicarem conosco?
-De um modo geral, muito reduzido é o número das criaturas humanas que se
preparam para as emoções da morte, no desenvolvimento dos seus trabalhos
comuns na Terra e, freqüentemente, as meditações da enfermidade não bastam
para uma situação de perfeita tranqüilidade, nos primeiros tempos do alémtúmulo.
Eis o motivo por que tão salutares se fazem a vossas reuniões de
estudo e de evangelização, às quais concorre grande número de irmãos nossos,
ansiosos por uma palavra da Terra, porquanto as impressões que trazem do
mundo não lhes permitem a percepção dos mentores elevados, das mais altas
esferas espirituais.
157 –Os Espíritos desencarnados podem ouvir-nos e ver-nos quando querem? Como
procedem para realizar semelhante desejo?
-Isso é possível, não quando querem, mas quando o mereçam, mesmo porque,
existem espíritos culpados que, somente muitos anos após o desprendimento
do mundo, conseguem a permissão de ouvir a palavra amiga e confortadora dos
seus irmãos ou entes amados, da Terra, a fim de se orientarem no labirinto dos
sofrimentos expiatórios. O comparecimento de uma entidade recémdesencarnada,
às reuniões do Evangelho, já significa uma bênção de Deus para
o seu coração desiludido, porquanto essa circunstância se faz acompanhar dos
mais elevados benefícios para a sua vida interior.
Quanto ao processo do seu contacto convosco, precisamos considerar que os
seres do Além-Túmulo; em sua generalidade, para se comunicarem nos
ambientes do mundo, adaptam-se ao vosso modo de ser, condicionando suas
faculdades à vossa situação fluídica na Terra; razão pela qual nesses instantes,
na forma comum, possuem a vossa capacidade sensorial, restringindo as suas
vibrações de modo a se acomodarem, de novo, ao ambiente terrestre.
158 –Se uma criatura desencarna deixando inimigos na Terra; é possível que continue
perseguindo o seu desafeto, dentro da situação de invisibilidade?
-Isso é possível e quase geral, no capítulo das relações terrestres, porque, se o
amor é o laço que reúne as almas nas alegrias da liberdade, o ódio e a algema
dos forçados, que os prende reciprocamente no cárcere da desventura.
Se alguém partiu odiando, e se no mundo o desafeto faz questão de cultivar os
germens da antipatia e das lembranças cruéis, é mais que natural que, no plano
invisível, perseverem os elementos da aversão e da vindita implacáveis, em
obediência às leis de reciprocidade, depreendendo-se daí a necessidade do
perdão com o inteiro esquecimento do mal, a fim de que a fraternidade pura se
manifeste através da oração e da vigilância, convertendo o ódio em amor e
piedade, com os exemplos mais santos, no Evangelho de Jesus.
159 –No caso das perseguições dos inimigos espirituais, a ação deles se realiza sem o
conhecimento dos nossos guias amorosos e esclarecidos?
-As chamadas atuações do plano invisível, de qualquer natureza, não se
verificam à revelia de Jesus e de seus prepostos, mentores do homem na sua
jornada de experiências para o conhecimento e para a luz.
As perseguições de um inimigo invisível têm um limite e não afetam o seu
objeto senão na pauta de sua necessidade própria, porquanto, sob os olhos
amoráveis dos vossos guias do plano superior, todos esses movimentos têm
uma finalidade sagrada, como a de ensinar-vos a fortaleza moral, a tolerância,
a paciência, a conformação, nos mais sagrados imperativos da fraternidade e do
bem.
160 –Os Espíritos desencarnados se dividem, igualmente, nas esferas mais próximas
da Terra, em seres femininos e masculinos?
-Nas esferas mais próximas do planeta, as almas desencarnadas conservam as
características que lhes eram mais agradáveis nas atividades da existência
material, considerando-se que algumas, que perambulam no mundo com uma
veste orgânica imposta pelas circunstâncias da tarefa a realizar junto às
criaturas terrenas, retomam as suas condições anteriores à reencarnação, então
enriquecidas, se bem souberam cumprir os seus deveres do plano das dores e
das dificuldades materiais.
Dilatando, porém, a questão; devemos ponderar que os espíritos, com esses ou
aqueles traços característicos; estão em marcha para Deus, purificando todos
os sentimentos e embelezando as próprias faculdades, a fim de refletirem a luz
divina, transformando-se, então, nessas ou naquelas condições, em perfeitos
executores dos desígnios do Eterno.
Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
Digitado por: Lúcia Aydir.
II
SENTIMENTO
Emmanuel
ARTE
161 –Que é arte?
-A arte pura é a mais elevada contemplação espiritual por parte das criaturas.
Ela significa a mais profunda exteriorização do ideal, a divina manifestação
desse “mais além” que polariza as esperanças da alma.
O artista verdadeiro é sempre o “médium” das belezas eternas e o seu trabalho,
em todos os tempos, foi tanger as cordas mais vibráteis do sentimento humano,
alçando-o da Terra para o Infinito e abrindo, em todos os caminhos a ânsia dos
corações para Deus, nas suas manifestações supremas de beleza, de sabedoria,
de paz e de amor.
162 –Todo artista pode ser também um missionário de Deus?
-Os artistas, como os chamados sábios do mundo, podem enveredar,
igualmente, pelas cristalizações do convencionalismo terrestre, quando nos seus
corações não palpite a chama dos ideais divinos, mas, na maioria das vezes,
têm sido grandes missionários das idéias, sob a égide do Senhor, em todos os
departamentos da atividade que lhes é próprios, como a literatura, a música, a
pintura, a plástica.
Sempre que a sua arte se desvencilha dos interesses do mundo, transitórios e
perecíveis, para considerar tão-somente a luz espiritual que vem do coração
uníssono como cérebro, nas realizações da vida, então o artista é um dos mais
devotados missionários de Deus, porquanto saberá penetrar os corações na paz
da meditação e do silêncio, alcançando o mais alto sentido da evolução de si
mesmo e de seus irmãos em humanidade.
163 –Pode alguém se fazer artista tão-só pela educação especializada em uma
existência?
-A perfeição técnica, individual de um artista, bem como as suas mais notáveis
características, não constituem a resultantes das atividades de uma vida, mas
de experiências seculares na Terra e na esfera espiritual, porquanto o gênio, em
qualquer sentido, nas manifestações artísticas mais diversas, é a síntese
profunda de vidas numerosas, em que a perseverança e o esforço se casaram
para as mais brilhantes florações da espontaneidade.
164 –Como devemos compreender o gênio?
O gênio constitui a súmula dos mais longos esforços em múltiplas existências de
abnegação e de trabalho, na conquista dos valores espirituais.
Entendendo a vida pelo seu prisma real, muita vez desatende ao círculo
estreito da vida terrestre, no que se refere às suas fórmulas convencionais e
aos seus preconceitos, tornando-se um estranho ao seu próprio meio, por suas
qualidades superiores e inconfundíveis.
Esse é o motivo por que a ciência terrestre, encarcerada nos cânones do
convencionalismo, presume observar no gênio uma psicose condenável,
tratando-o, quase sempre, como a célula enferma do organismo social, para
glorifica-lo, muitas vezes, depois da morte, tão logo possa aprender a grandeza
da sua visão espiritual na paisagem do futuro.
165 –Como poderemos entender o psiquismo dos artistas, tão diferente do que
caracteriza o homem comum?
O artista, de um modo geral, vive quase sempre mais na esfera espiritual que
propriamente no plano terrestre.
Seu psiquismo é sempre a resultante do seu mundo íntimo, cheio de
recordações infinitas das existências passadas, ou das visões sublimes que
conseguiu apreender nos círculos de vida espiritual, antes da sua reencarnação
no mundo.
Seus sentimentos e percepções transcendem aos do homem comum, pela sua
riqueza de experiências no pretérito, situação essa que, por vezes, dá motivos à
falsa apreciação da ciência humana, que lhe classifica os transportes como
neurose ou anormalidade, nos seus erros de interpretação.
É que, em vista da sua posição psíquica especial, o artista nunca cede às
exigências do convencionalismo do planeta, mantendo-se acima dos
preconceitos contemporâneos, salientando-se que, muita vez, na demasia de
inconsiderações pela disciplina, apesar de suas qualidades superiores, pode
entregar-se aos excessos nocivos à liberdade, quando mal dirigida ou
falsamente aproveitada.
Eis por que, em todas as situações, o ideal divino da fé será sempre o antídoto
dos venenos morais, desobstruindo o caminho da alma para as conquistas
elevadas da perfeição.
166 –No caso dos artistas que triunfaram sem qualquer amparo do mundo e se
fizeram notáveis tão-só pelos valores da sua vocação, traduzem suas obras alguma
recordação da vida no Infinito?
-As grandes obras-primas da arte, na maioria das vezes, significam a
concretização dessas lembranças profundas. Todavia, nem sempre constituem
um traço das belezas entrevistas no Além pela mentalidade que as concebeu, e
sim recordações de existências anteriores, entre as lutas e as lágrimas da
Terra.
Certos pintores notáveis, que se fizeram admirados por obras levadas a efeito
sem os modelos humanos, trouxeram à luz nada mais nada menos que as suas
próprias recordações perdidas no tempo, na sombra apagada da paisagem de
vidas que se foram. Relativamente aos escritores, aos amigos da ficção literária,
nem sempre as suas concepções obedecem à fantasia, porquanto são filhas de
lembranças inatas, com as quais recompõem o drama vivido pela sua própria
individualidade nos séculos mortos.
O mundo impressivo dos artistas tem permanentes relações com o passado
espiritual, de onde os extraem o material necessário à construção espiritual de
suas obras.
167 –O grandes músicos, quando compõem peças imortais, podem ser também
influenciados por lembranças de uma existência anterior?
-Essa atuação pode verificar-se no que se refere às possibilidades e às
tendências, mas, no capítulo da composição, os grandes músicos da Terra, com
méritos universais, não obedecem a lembranças do pretérito, e sim a gloriosos
impulsos das forças do Infinito, porquanto a música na Terra é, por excelência,
a arte divina.
As óperas imortais não nasceram do lodo terrestre, mas da profunda harmonia
do Universo, cujos cânticos sublimes foram captados parcialmente pelos
compositores do mundo, em momentos de santificada inspiração.
Apenas desse modo podereis compreender a sagrada influência que a música
nobre opera nas almas, arrebatando-as, em quaisquer ocasiões, às idéias
indecisas da Terra, para as vibrações do íntimo com o Infinito.
168 –Os Espíritos desencarnados cuidam igualmente dos valores artísticos no plano
invisível para os homens?
-Temos de convir que todas as expressões de arte na Terra representam traços
de espiritualidade, muitas vezes estranhos à vida do planeta.
Através dessa realidade, podereis reconhecer que a arte, em qualquer de suas
formas puras, constitui objeto da atenção carinhosa dos invisíveis, com
possibilidades outras que o artista do mundo está muito longe de imaginar.
No Além, é com o seu concurso que se reformam os sentimentos mais
impiedosos, predispondo as entidades infelizes `s experiências expiatórias e
purificadoras. E é crescendo nos seus domínios de perfeição e de beleza que a
alma envolve para Deus, enriquecendo-se nas suas sublimes maravilhas.
169 –A emotividade deve ser disciplinada?
0Qualquer expressão emotiva deve ser disciplinada pela fé, porquanto a sua
expansão livre, na base das incompreensões do mundo, pode fazer-se
acompanhar de graves conseqüências.
170 –Com tantas qualidades superiores para o bem, pode o artista de gênio
transformar-se em instrumento do mal?
-O homem genial é como a inteligência que houvesse atingido as mais perfeitas
condições de técnica realizadora; essa aquisição, porém, não o exime da
necessidade de progredir moralmente, iluminando a fonte do coração.
Em vista de numerosas organizações geniais, não haverem alcançado a
culminância de sentimento é que temos contemplado, muitas vezes, no mundo,
os talentos mais nobres encarcerados em tremendas obsessões, ou anulados
em desvios dolorosos, porquanto, acima de todas as conquistas propriamente
materiais, a criatura deve colocar a fé, como o eterno ideal divino.
171 –De modo geral, todos os homens terão de buscar os valores artísticos para a
personalidade?
-Sim; através de suas vidas numerosas a alma humana buscará a aquisição
desses patrimônios, porquanto é justo que as criaturas terrenas possam levar
da sua escola de provações e de burilamento, que é o planeta, todas as
experiências e valores, suscetíveis de serem encontrados nas lutas da esfera
material.
172 –Existem, de fato, uma arte antiga e uma arte moderna?
-A arte envolve com os homens e, representando a contemplação espiritual de
quantos a exteriorizam, será sempre a manifestação da beleza eterna,
condicionada ao tempo e ao meio de seus expositores.
A arte, pois, será sempre uma só, na sua riqueza de motivos, dentro da
espiritualidade infinita.
Ponderemos, contudo, que, se existe hoje grande número de talentos com a
preocupação excessiva de originalidade, dando curso às expressões mais
extravagantes de primitivismo, esses são os cortejadores irrequietos da glória
mundana que, mais distanciados da arte legítima, nada mais conseguem que
refletir a perturbação dos tempos que passam, apoiando o domínio transitório
da futilidade e da força. Eles, porém. Passarão como passam todas as situações
incertas de um cataclismo, como zangões da sagrada colméia da beleza divina,
que, em vez de espiritualizarem a Natureza, buscam deprimi-la com as suas
concepções extravagantes e doentias.
Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
Digitado por: Lúcia Aydir.
AFEIÇÃO
Emmanuel
173 –Como devemos entender a simpatia e a antipatia?
-A simpatia ou a antipatia tem as suas raízes profundas no espírito, na
sutilíssima entrosagem dos fluídos peculiares a cada um e, quase sempre, de
modo geral, atestam uma renovação de sensações experimentadas pela
criatura, desde o pretérito delituoso, em iguais circunstâncias.
Devemos, porém, considerar que toda antipatia, aparentemente a mais justa,
deve morrer para dar lugar à simpatia que edifica o coração para o trabalho
construtivo e legítimo da fraternidade.
174 –Poderemos obter uma definição da amizade?
-Na gradação dos sentimentos humanos, a amizade sincera é bem o oásis de
repouso para o caminheiro da vida, na sua jornada de aperfeiçoamento.
Quem sabe ser amigo verdadeiro e, sempre, o emissário da ventura e da paz,
alistando-se nas fileiras dos discípulos de Jesus, pela iluminação natural do
espírito que, conquistando as mais vastas simpatias entre os encarnados e as
entidades bondosas do Invisível, sabe irradiar por toda parte as vibrações dos
sentimentos purificadores.
Ter amizade é ter coração que ama e esclarece, que compreende e perdoa, nas
horas mais amargas da vida.
Jesus é o Divino Amigo da Humanidade.
Saibamos compreender a sua afeição sublime e transformaremos os nossos
ambientes afetivos num oceano de paz e consolação perenes.
175 –O instituto da família é organizado no plano espiritual, antes de projetar-se na
Terra?
-O colégio familiar tem suas origens sagradas na esfera espiritual. Em seus
laços, reúnem-se todos aqueles que se comprometeram, no Além, a
desenvolver na Terra uma tarefa construtiva de fraternidade real e definitiva.
Preponderam nesse instituto divino os elos do amor, fundidos nas experiÊncias
de outras eras; todavia, ai acorrem igualmente os ódios e as perseguições do
pretérito obscuro, a fim de se transfundirem em solidariedade fraternal, com
vistas ao futuro.
É nas dificuldades provadas em comum, nas dores e nas experiÊncias recebidas
na mesma estrada de evolução redentora, que se olvidam as amarguras do
passado longínquo, transformando-se todos os sentimentos inferiores em
expressões regeneradas e santificadas.
Purificadas as afeições, acima dos laços do sangue, o sagrado instituto da
família se perpetua no Infinito, através dos laços imperecíveis do Espírito.
176 –As famílias espirituais no plano invisível são agrupadas em falanges e aumentam
ou diminuem, como se verifica na Terra?
-Os núcleos familiares do Além se agrupam, igualmente, em falanges,
continuando aí a obra de iluminação e de redenção de alguns componentes dos
grupos, elementos mais rebeldes ou estacionários, que são impelidos, pelos
seus companheiros afins, aos esforços edificantes, na conquista do amor e da
sabedoria.
De maneira natural, todos esses núcleos se dilatam, à medida que se
aproximam da compreensão do Onipotente, até alcançarem o luminoso plano
de unificação divina, com as aquisições eternas e inalienáveis do Infinito.
177 – As famílias espirituais possuem também um chefe?
-Todas as coletividades espirituais estão reunidas, em suas características
familiares, pelas santas afinidades dalma, e cada uma possuem o seu grande
mentor nos planos mais elevados, de onde promanam as substâncias eternas
do amor e da sabedoria.
178 –Poderíamos receber algum esclarecimento sobre a lei das afinidades entre os
espíritos desencarnados?
-Na Terra, as criaturas humanas muitas vezes revelam as suas afinidades nos
interesses materiais, que podem dissimular a verdadeira posição moral da
personalidade; no mundo dos Espíritos elevados, porém, as afinidades legítimas
se revelam sem qualquer artifício, pelos sentimentos mais puros.
179 –No capítulo das afeições terrenas, o casar ou não casar está fora da vontade dos
seres humanos?
-O matrimônio na Terra é sempre uma resultante de determinadas resoluções,
tomadas na vida do Infinito, antes da reencarnação dos espíritos, seja por
orientação dos mentores mais elevados, quando a entidades não possui a
indispensável educação para manejar as suas próprias faculdades, ou em
conseqüência de compromissos livremente assumidos pelas almas, antes de
suas novas experiências no mundo; razão pela qual os consórcios humanos
estão previstos na existência dos indivíduos, no quadro escuro das provas
expiatórias, ou no acervo de valores das missões que regeneram e santificam.
180 –A indiferença nas manifestações de sensibilidade afetiva, dentro dos processos
de evolução da vida na Terra, nas horas de dor e de alegria, é atitude justificável como
medida de vigilância espiritual?
-A indiferença que se traduz por cristalização dos sentimentos é sempre
perigosa para a vida da alma; todavia, existem atitudes no domínio da
exteriorização emocional, que se justificam pela natureza de suas expressões
educativas.
181 –Como entender o sentimento da cólera nos trâmites da vida humana?
-A cólera não resolve os problemas evolutivos e nada mais significa que um
traço de recordação dos primórdios da vida humana em suas expressões mais
grosseiras.
A energia serena edifica sempre, na construção dos sentimentos purificadores;
mas a cólera impulsiva, nos seus movimentos atrabiliários, é um vinho
envenenado de cuja embriaguez a alma desperta sempre com o coração tocado
de amargosos ressaibos.
182 –O remorso é uma punição?
-O remorso é a força que prepara o arrependimento, como este é a energia que
precede o esforço regenerador. Choque espiritual nas suas características
profundas, o remorso é o interstício para a luz, através do qual recebe o
homem a cooperação indireta de seus amigos do Invisível, a fim de retificar
seus desvios e renovar seus valores morais, na jornada para Deus.
183 –Como se interpreta o ciúme no plano espiritual?
-O ciúme, propriamente considerado nas suas expressões de escândalo e de
violência, é um indício de atraso moral ou de estacionamento no egoísmo,
dolorosa situação que o homem somente vencerá a golpes de muito esforço, na
oração e na vigilância, de modo a enriquecer o seu íntimo com a luz do amor
universal, começando pela piedade para com todos os que sofrem e erram,
guardando também a disposição sadia para cooperar na elevação de cada um.
Só a compreensão da vida, colocando-nos na situação de quem errou ou de
quem sofre, a fim de iluminarmos o raciocínio para a análise serena dos
acontecimentos, poderá aniquilar o ciúme no coração, de modo a cerrar-se a
porta ao perigo, pela qual toda alma pode atirar-se a terríveis tentações, com
largos reflexos nos dias do futuro.
184 –Como devemos efetuar nossa auto-educação, esclarecida pela luz do Evangelho,
nos problemas das atrações sexuais, cujas tendências egoístas tantas vezes nos levam
a atitudes antifraternais?
-Não devemos esquecer que o amor sexual deve ser entendido como o impulso
da vida que conduz o homem às grandes realizações do amor divino, através da
progressividade de sua espiritualização no devotamento e no sacrifício.
Toda vez que experimentardes disposições antifraternais em seu círculo, isso
significa que preponderam em vossa organização psíquica as recordações
prejudiciais, tendentes ao estacionamento na marcha evolutiva.
É aí que urge o esforço da auto-educação, porquanto toda criatura necessita
resolver o problema da renovação de seus próprios valores.
Haveis de observar que Deus não extermina as paixões dos homens, mas fá-las
evoluir, convertendo-as pela dor em sagrados patrimônios da alma, competindo
às criaturas dominar o coração, guias os impulsos, orientar as tendências, na
evolução sublime dos seus sentimentos.
Examinando-se, ainda, o elevado coeficiente de viciação do amor sexual, que os
homens criaram para os seus destinos, somos obrigados a ponderar que, se
muitos contraem débitos penosos, entre os excessos da fortuna, da inteligência
e do poder, outros o fazem pelo sexo, abusando de um dos mais sagrados
pontos de referência de sua vida.
É por esse motivo que observamos, muitas vezes, almas numerosas
aprendendo, entre as angústias sexuais do mundo, a renúncia e o sacrifício, em
marcha para as mais puras aquisições do amor divino.
Depreende-se, pois, que ao invés da educação sexual pela satisfação dos
instintos, é imprescindível que os homens eduquem sua alma para a
compreensão sagrada do sexo.
Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
Digitado por: Lúcia Aydir.
DEVER
Emmanuel
185 –Quais as características de uma boa ação?
-A boa ação é sempre aquela que visa o bem de outrem e de quantos lhe
cercam o esforço na vida.
Nesse problema, o critério do bem geral deve ser a essência de qualquer
atitude. A melhor ação pode, às vezes, padecer a incompreensão alheia, no
instante em que é exteriorizada, mas será sempre vitoriosa, a qualquer tempo,
pelo benefício prestado ao indivíduo ou à coletividade.
186 –O “acaso” deve entrar nas cogitações da vida de um espiritista cristão?
-O acaso, propriamente considerado, não pode entrar nas cogitações do sincero
discípulo da verdade evangélica.
No capítulo do trabalho e do sofrimento, a sua alma esclarecida conhece a
necessidade da própria redenção, com vistas ao passado delituoso e, no que se
refere aos desvios e erros do presente, melhor que ninguém a sua consciência
deve saber da intervenção indébita levada a efeito sobre a lei de amor,
estabelecida por Deus, cumprindo-lhe aguardar, conscientemente, sem
qualquer noção de acaso, os resgates e reparações dolorosas do futuro.
187 –Qual a atitude mental que mais favorecerá o nosso êxito espiritual nos trabalhos
do mundo?
-Essa atitude deve ser a que vos é ensinada pela lei divina, na reencarnação em
que vos encontrais, isto é, a do esquecimento de todo o mal, para recordar
apenas o bem e a sagrada oportunidade de trabalho e edificação, no patrimônio
eterno do tempo.
Esquecer o mal é aniquila-lo, e perdoar a quem o pratica é ensinar o amor,
conquistando afeições sinceras e preciosas.
Daí a necessidade do perdão, no mundo, para que o incêndio do mal possa ser
exterminado, devolvendo-se a paz legítima aos corações.
188 –Como devem proceder aos cônjuges para bem cumprir seus deveres?
-O matrimônio muito freqüentemente, na Terra, constitui um aprova difícil, mas
redentora.
Os cônjuges, desvelados por bem cumprir suas obrigações divinas, devem
observar o máximo de atenção, respeito e carinho mútuo, concentrando-se
ambos no lar, sempre que haja um perigo ameaçando-lhe a felicidade
doméstica, porque na prece e na vigilância espiritual encontrarão sempre as
melhores defesas.
No lar, muitas vezes, quando um dos cônjuges se transvia, a tarefa é de luta e
lágrimas penosas; porém no sacrifício, toda alma se santifica e se ilumina,
transformando-se em modelo no sagrado instituto da família.
Para alcançar a paciência e o heroísmo domésticos, faz-se mister a mais
entranhada fé em Deus, tomando-se como espelho divino a exemplificação de
Jesus, no seu apostolado de abnegação e de dor, à face da Terra.
189 –Que deve fazer a mãe terrestre para cumprir evangelicamente os seus deveres,
conduzindo os filhos para o bem e para a verdade?
-No ambiente doméstico, o coração maternal deve ser o expoente divino de
toda a compreensão espiritual e de todos os sacrifícios pela paz da família.
Dentro dessa esfera de trabalho, na mais santificada tarefa de renúncia pessoal,
a mulher cristã acende a verdadeira luz para o caminho dos filhos através da
vida.
A missão materna resume-se em dar sempre o amor de Deus, o Pai de Infinita
Bondade, que pôs no coração das mães a sagrada essência da vida. Nos labores
do mundo, existem aquelas que se deixam levar pelo egoísmo do ambiente
particularista; contudo, é preciso acordar a tempo, de modo a não viciar a fonte
da ternura.
A mãe terrestre deve compreender antes de tudo, que seus filhos,
primeiramente, são filhos de Deus.
Desde a infância, deve prepara-los para o trabalho e para a luta que os
esperam.
Desde os primeiros anos, deve ensinar a criança a fugir do abismo da liberdade,
controlando-lhe as atitudes e concentrando-lhe as posições mentais, pois que
essa é a ocasião mais propícia à edificação das bases de uma vida.
Deve sentir os filhos de outras mães como se fossem os seus próprios, sem
guardar, de modo algum, a falsa compreensão de que os seus são melhores e
mais altamente aquinhoados que os das outras.
Ensinará a tolerância mais pura, mas não desdenhará a energia quando seja
necessária no processo da educação, reconhecida a heterogeneidade das
tendências e a diversidade dos temperamentos.
Sacrificar-se de todos os modos ao seu alcance, sem quebrar o padrão de
grandeza espiritual de sua tarefa, pela paz dos filhos, ensinando-lhes que toda
dor é respeitável, que todo trabalho edificante é divino, e que todo desperdício
é falta grave.
Ensinar-lhes-á o respeito pelo infortúnio alheio, para que sejam igualmente
amparados no mundo, na hora de amargura que os espera, comum a todos os
espíritos encarnados.
Nos problemas da dor e do trabalho, da provação e da experiência, não deve
dar razão a qualquer queixa dos filhos, sem exame desapaixonado e meticuloso
das questões, levantando-lhes os sentimentos para Deus, sem permitir que
estacionem na futilidade ou nos prejuízos morais das situações transitórias do
mundo.
Será ele no lar o bom conselho sem parcialidade, o estímulo do trabalho e a
fonte de harmonia para todos.
Buscará na piedosa Mãe de Jesus o símbolo das virtudes cristãs, transmitindo
aos que a cercam os dons sublimes da humildade e da perseverança, sem
qualquer preocupação pelas gloriosas efêmeras da vida material.
Cumprindo esse programa de esforço evangélico, na hipótese de fracassarem
todas as suas dedicações e renúncias, compete às mães incompreendidas
entregar o fruto de seu labores a Deus, prescindindo de qualquer julgamento do
mundo, pois que o Pai de Misericórdia saberá apreciar os seus sacrifícios e
abençoarão as suas penas, no instituto sagrado da vida familiar.
190 –Quando os filhos são rebeldes e incorrigíveis, impermeáveis a todos os processos
educativos, como devem proceder aos pais?
-Depois de movimentar todos os processos de amor e de energia no trabalho de
orientação educativa dos filhos, é justo que os responsáveis pelo instituto
familiar, sem descontinuidade da dedicação e do sacrifício, esperem a
manifestação da Providência Divina para o esclarecimento dos filhos
incorrigíveis, compreendendo que essa manifestação deve chegar através de
dores e de provas acerbas, de modo a semear-lhes, com êxito, o campo da
compreensão e do sentimento.
191 –Como poderão os pais despertar no íntimo do filho rebelde as noções sagradas
do dever e das obrigações para com Deus Todo-Poderoso, de quem somos filhos?
-Depois de esgotar todos os recursos a bem dos filhos e depois da prática
sincera de todos os processos amorosos e enérgicos pela sua formação
espiritual, sem êxito algum, é preciso que os pais estimem nesses filhos
adultos, que não lhes apreenderam a palavra e a exemplificação, os irmãos
indiferentes ou endurecidos de sua alma, comparsas do passado delituoso, que
é necessário entregar a Deus, de modo que sejam naturalmente trabalhados
pelos processos tristes e violentos da educação do mundo.
A dor tem possibilidades desconhecidas para penetrar os espíritos, onde a linfa
do amor não conseguiu brotar, não obstante o serviço inestimável do afeto
paternal, humano.
Eis a razão pela qual, em certas circunstâncias da vida, faz-se mister que os
pais estejam revestidos de suprema resignação, reconhecendo no sofrimento
que persegue os filhos a manifestação de uma bondade superior, cujo buril
oculto, constituído por sofrimentos, remodela e aperfeiçoa com vistas ao futuro
espiritual.
192 –A mentira retarda o desenvolvimento do espírito?
-Mentira não é ato de guardar a verdade para o momento oportuno, porquanto
essa atitude mental se justifica na própria lição do Senhor, que recomendava
aos discípulos não atirarem a esmo a semente bendita dos seus ensinos de
amor.
A mentira é a ação capciosa que visa o proveito imediato de si mesmo, em
detrimento dos interesses alheios em sua feição legítima e sagrada; e essa
atitude mental da criatura é das que mais humilham a personalidade humana,
retardando, por todos os modos, a evolução divina do Espírito.
193 –A verdade quando dita com sinceridade e franqueza rudes pode retardar o
progresso espiritual pela dor que causa?
-A verdade é a essência espiritual da vida.
Cada homem ou cada grupo de criaturas possui o seu quinhão de verdades
relativas, com o qual se alimentam as almas nos vários planos evolutivos.
O coração, que retém uma parcela maior, está habilitado a alimentar seus
irmãos a caminho de aquisições mais elevadas; todavia, é imprescindível o
melhor critério amoroso na distribuição dos bens da verdade, porquanto esses
bens devem ser fornecidos de acordo com a capacidade de compreensão do
Espírito a que se destina o ensinamento, de maneira que o esforço não se faça
acompanhar de resultados contraproducentes.
Ainda aqui, podemos examinar os exemplos da natureza material.
A nutrição de um menino deve conter a substância mantenedora da vida, mas
não pode ser análoga à nutrição do adulto. A despreocupação nesse assunto
poderia levar a criança ao aniquilamento, embora as substâncias ministradas
estivessem repletas de elementos vitais.
194 –Devemos contar, de maneira absoluta, com o auxílio dos guias espirituais em
nossas realizações humanas?
-Um guia espiritual poderá cooperar sempre em vossos trabalhos, seja
auxiliando-vos nas dificuldades, de maneira indireta, ou confortando-vos na
dor, estimulando-vos para a edificação moral, imprescindível à iluminação de
cada um; entretanto, não deveis tomas as expressões fraternas por promessa
formal, no terreno das realizações do mundo, porquanto essas realizações
dependem do vosso esforço próprio e se acham entrosadas no mecanismo das
provações indispensáveis ao vosso aperfeiçoamento.
195 –Como poderemos encontrar, dentro de nós mesmos, o elemento esclarecedor de
qualquer dúvida, quanto à qualidade fraternal e excelente do ato que pretendamos
realizar nas lutas cotidianas da vida de relação?
-Aqui, somos compelidos a recordar o antigo preceito do “amar o próximo como
a nós mesmos”.
Em todos os seus atos, o discípulo de Jesus deverá considerar se estaria
satisfeito, recebendo-os de um seu irmão, na mesma qualidade, intensidade e
modalidade com que pretende aplicar o conceito, ou exemplo, aos outros.
Com esse processo introspectivo, cessariam todas as campanhas levianas dos
atos e das palavras, e a comunidade cristã estaria integrada, em conjunto, no
seu legítimo caminho.
196 –Como encaram os guias espirituais as nossas queixas?
-Muitas são consideradas verdadeiras preces dignas de toda a carinhosa
atenção dos amigos desencarnados.
A maioria, porém, não passa de lamentação estéril, a que o homem se
acostumou como a um vício qualquer, porque, se tende nas mãos o remédio
eficaz com o Evangelho de Jesus e com os consoladores esclarecimentos da
doutrina dos Espíritos, a repetição de certas queixas traduz má-vontade na
aplicação legítima do conhecimento espiritista a vós mesmos.
Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
Digitado por: Lúcia Aydir.
III
CULTURA
Emmanuel
RAZÃO
197 –Como se observa, no plano espiritual, o patrimônio da cultura terrestre?
-Todas as expressões da cultura humana são apreciadas, na esfera invisível,
como um repositório sagrado de esforços do homem planetário em seu labores
contínuos e respeitáveis.
Todavia, é preciso encarecer que, neste “outro lado” da vida, a vossa posição
cultural é considerada como processo, não como fim, porquanto este reside na
perfeita sabedoria, síntese gloriosa da alma que se edificou a si mesma, através
de todas as oportunidades de trabalho e de estudo da existência material.
Entre a cultura terrestre e a sabedoria do espírito há singular diferença, que é
preciso considerar. A primeira se modifica todos os dias e varia de concepção
nos indivíduos que se constituem seus expositores, dentro das mais evidentes
características de instabilidade; a segunda, porém, é o conhecimento divino,
puro e inalienável, que a alma vai armazenando no seu caminho, em marcha
para a vida imortal.
198 –Pode o racionalismo garantir a linha de evolução da Terra?
-Para si só, o racionalismo não pode efetuar esse esforço grandioso, mesmo
porque, todos os centros da cultura terrestre têm abusado largamente desse
conceito. Nos seus excessos, observamos uma venerável civilização condenada
a amarguradas ruínas. A razão sem o sentimento é fria e implacável como os
números, e os números podem ser fatores de observação e catalogação da
atividade, mas nunca criaram a vida. A razão é uma base indispensável, mas só
o sentimento cria e edifica. É por esse motivo que as conquistas do humanismo
jamais poderão desaparecer nos processos evolutivos da Humanidade.
199 –Poderá a Razão dispensar a Fé?
-A razão humana é ainda muito frágil e não poderá dispensar a cooperação da
fé que a ilumina, para a solução dos grandes e sagrados problemas da vida.
Em virtude da separação de ambas, nas estradas da vida, é que observamos o
homem terrestre no desfiladeiro terrível da miséria e da destruição.
Pela insânia da razão, sem a luz divina da fé, a força faz as suas derradeiras
tentativas para assenhorear-se de todas as conquistas do mundo.
Falastes demasiadamente de razão e permaneceis na guerra da destruição,
onde só perambulam miseráveis vencidos; revelastes as mais elevadas
demonstrações de inteligência, mas mobilizais todo o conhecimento para o
morticínio sem piedade, pregastes a paz, fabricando os canhões homicidas;
pretendestes haver solucionado os problemas sociais, intensificando a
construção das cadeias e dos prostíbulos.
Esse progresso é o da razão sem a fé, onde os homens se perdem em luta
inglória e sem-fim.
200 –Onde localizar a origem dos desvios da razão humana?
-A origem desse desequilíbrio reside na defecção do sacerdócio, nas várias
igrejas que se fundaram nas concepções do Cristianismo. Ocultando a verdade
para que prevalecessem os interesses econômicos de seus transviados
expositores, as seitas religiosas operaram os desvirtuamento da fé, fixando a
sua atividade, por absoluta ausência de colaboração com o raciocínio, no
caminho infinito de conquistas da vida.
201 –No quadro dos valores racionais, Ciência e Filosofia se integram mutuamente,
objetivando as realizações do espírito?
-Ambas se completam no campo das atividades do mundo, como dois grandes
rios que, servindo a regiões diversas na esfera da produção indispensável à
manutenção da vida, se reúnem em determinado ponto do caminho para
desaguarem, juntos, no mesmo oceano, que é o da sabedoria.
202 –No problema da investigação, há limites para aplicação dos métodos
racionalistas?
-Esses limites existem, não só para a aplicação, como também para a
observação; limites esses que são condicionados pelas forças espirituais que
presidem à evolução planetária, atendendo à conveniência e ao estado de
progresso moral das criaturas.
É por esse motivo que os limites das aplicações e das análises chamadas
positivas sempre acompanham e seguirão sempre o curso da evolução espiritual
das entidades encarnadas na Terra.
203 –Como apreciar os racionalistas que se orgulham de suas realizações terrestres,
nas quais pretendem encontrar valores finais e definitivos?
-Quase sempre, os que se orgulham de alguma coisa caem no egoísmo
isolacionista que os separa do plano universal, mas, os que amam o seu esforço
nas realizações alheias ou a continuidade sagrada das obras dos outros, na sua
atividade própria, jamais conservam pretensões descabidas e nunca restringem
sua esfera de evolução, porquanto as energias profundas da espiritualidade lhes
santificam os esforços sinceros, conduzindo-os aos grandes feitos através dos
elevados caminhos da inspiração.
Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
Digitado por: Lúcia Aydir.
INTELECTUALISMO
Emmanuel
204 –A alma humana poder-se-á elevar para Deus, tão-somente com o progresso
mora, sem os valores intelectivos?
O sentimento e a sabedoria são as duas asas com que a alma se elevará para a
perfeição infinita.
No círculo acanhado do orbe terrestre, ambos são classificados como
adiantamento moral e adiantamento intelectual, mas, como estamos
examinando os valores propriamente do mundo, em particular, devemos
reconhecer que ambos são imprescindíveis ao progresso, sendo justo, porém,
considerar a superioridade do primeiro sobre o segundo, porquanto a parte
intelectual sem a moral pode oferecer numerosas perspectivas de queda, na
repetição das experiências, enquanto que o avanço moral jamais será
excessivo, representando o núcleo mais importante das energias evolutivas.
205 –Podemos ter uma idéia da extensão de nossa capacidade intelectual?
-A capacidade intelectual do homem terrestre é excessivamente reduzida, em
face dos elevados poderes da personalidade espiritual independente dos laços
da matéria.
Os elos da reencarnação fazem o papel de quebra-luz sobre todas as conquistas
anteriores do Espírito reencarnado. Nessa sombra, reside o acervo de
lembranças vagas, de vocações inatas, de numerosas experiências, de valores
naturais e espontâneos, a que chamais subconsciência.
O homem comum é uma representação parcial do homem transcendente, que
será reintegrado nas suas aquisições do passado, depois de haver cumprido a
prova ou a missão exigidas pelas suas condições morais, no mecanismo da
justiça divina.
Aliás, a incapacidade intelectual do homem físico tem sua origem na sua própria
situação, caracterizada pela necessidade de provas amargas.
O cérebro humano é um aparelho frágil e deficiente, onde o Espírito em queda
tem de valorizar as suas realizações de trabalho.
Imaginai a caixa craniana, onde se acomodam células microscópicas,
inteiramente preocupadas com sua sede de oxigênio, sem dispensarem por um
milésimo de segundo; a corrente do sangue que as irriga, a fragilidade dos
filamentos que as reúnem, cujas conexões são de cem milésimos de milímetro,
e tereis assim uma idéia exata da pobreza da máquina pensante de que dispõe
o sábio da Terra para as suas orgulhosas deduções, verificando que, por sua
condição de Espírito caído na luta expiatória, tudo tende a demonstrar ao
homem do mundo a sua posição de humildade, de modo que, em todas as
condições, possa ele cultivar os valores legítimos do sentimento.
206 –Como é considerada, no plano espiritual, a posição atual intelectiva da Terra?
-Os valores intelectuais do planeta, nos tempos modernos, sofrem a humilhação
de todas as forças corruptoras da decadência. A atual geração, que tantas vezes
se entregou à jactância, atribuindo a si mesma as mais altas conquistas no
terreno do raciocínio positivo, operou os mais vastos desequilíbrios nas
correntes evolutivas do orbe, com o seu injustificável divórcio do sentimento.
Nunca os círculos educativos da Terra possuíram tanta facilidade de
amplificação, como agora, em face da evolução das artes gráficas; jamais o
livro e o jornal foram tão largamente difundidos; entretanto, a imprensa, quase
de modo geral, é órgão de escândalo para a comunidade e centro de interesse
econômico para o ambiente particular, enquanto que poucos livros triunfam
sem o bafejo da fortuna privada ou oficial, na hipótese de ventilarem os
problemas elevados da vida.
207 –A decadência intelectual pode prejudicar o desequilíbrio do mundo?
-Sem dúvida. E é por essa razão que observamos na paisagem político-social da
Terra as aberrações, os absurdos teóricos, os extremismos operando a inversão
de todos os valores.
Excessivamente preocupados com as suas extravagâncias, os missionários da
inteligência trocaram o seu labor junto ao espírito por um lugar de domínio,
como os sacerdotes religiosos que permutaram a luz da fé pelas prebendas
tangíveis da situação econômica. Semelhante situação operou naturalmente o
mais alto desequilíbrio no organismo social do planeta, e, como prova real
desse asserto, devemos recordar que a guerra de 1914-1918 custou aos povos
mais intelectualizados do mundo mais de cem mil bilhões de francos,
salientando-se que, com menos de centésima parte dessa importância,
poderiam essas nações haver expulsado o fantasma da sífilis do cenário da
Terra.
208-Há uma tarefa especializada da inteligência no orbe terrestre?
-Assim como numerosos Espíritos recebem a provação da fortuna, do poder
transitório e da autoridade, há os que recebem a incumbência sagrada, em
lutas expiatórias ou em missões santificantes, de desenvolverem a boa tarefa
da inteligência em proveito real da coletividade.
Todavia, assim como o dinheiro e a posição de realce são ambientes de luta,
onde todo êxito espiritual se torna mais porfiado e difícil, o destaque intelectual,
muitas vezes, obscurece no mundo a visão do Espírito encarnado, conduzindo-o
à vaidade injustificável, onde as intenções mais puras ficam aniquiladas.
209 –O escritor de determinada obra será julgado pelos efeitos produzidos pelo seu
labor intelectual na Terra?
-O livro é igualmente como a semeadura. O escritor correto, sincero e bemintencionado
é o lavrador previdente que alcançará a colheita abundante e a
elevada retribuição das leis divinas à sua atividade. O literato fútil, amigo da
insignificância e da vaidade, é bem aquele trabalhador preguiçoso e nulo que
“semeia ventos para colher tempestades”. E o homem de inteligência que vende
a sua pena, a sua opinião e o seu pensamento no mercado da calúnia, do
interesse, da ambição e da maldade, é o agricultor criminoso que humilha as
possibilidades generosas da Terra, que rouba os vizinhos, que não planta e não
permite o desenvolvimento da semeadura alheia, cultivando espinhos e
agravando responsabilidades pelas quais responderá um dia, quando houver
despido a indumentária do mundo, para comparecer ante as verdades do
Infinito.
210 –Os trabalhadores do Espiritismo devem buscar os intelectuais para a
compreensão dos seus deveres espirituais?
-Os operários da doutrina devem estar sempre bem dispostos na oficina do
esclarecimento, todas as vezes que procurados pelos que desejem cooperar
sinceramente nos seus esforços. Mas provocar a atenção dos outros no intuito
de regenera-los, quando todos nós, mesmos os desencarnados, estamos em
função de aperfeiçoamento e aprendizado, não parece muito justo, porque
estamos ainda com um dever essencial, que é o da edificação de nós mesmos.
No labor da Doutrina, temos de convir que o Espiritismo é o Cristianismo
redivivo pelo qual precisamos fornecer o testemunho da verdade e, dentro do
nosso conceito de relatividade, todo o fundamento da verdade da Terra está em
Jesus-Cristo.
A verdade triunfa por si, sem o concurso das frágeis possibilidades humanas.
Alma alguma deverá procura-la supondo-se elemento indispensável à sua
vitória. Com seu órgão no planeta, o Espiritismo não necessita de determinados
homens para consolar e instruir as criaturas, depreendendo-se que os próprios
intelectuais do mundo é que devem buscar, espontaneamente, na fonte de
conhecimentos doutrinários, o benefício de sua iluminação.
211 –Como compreender a noção de personalidade?
-A compreensão da personalidade, no mundo, vem sendo muito desviada de
seus legítimos valores, pelos espíritos excêntricos, altamente preocupados em
se destacarem no vasto mundo das letras. Entendem muitos que “ter
personalidade” é possuir espírito de rebeldia e de contradição na palavra
sempre pronta a criticar os outros, no esquecimento de sua própria situação.
Outros entendem que o “homem de personalidade” deve sair mundo a fora,
buscando posições de notoriedade em falsos triunfos, porquanto exigem o
olvido pleno dos mais sagrados deveres do coração. Poucos se lembraram dos
bens da humildade e da renúncia, para a verdadeira edificação pessoal do
homem, porque, para a esfera da espiritualidade pura, a conquista da
iluminação íntima vale tudo, considerando que todas as expressões da
personalidade prejudicial e inquieta do homem terrestre passarão com o tempo,
quando a morte implacável houver descerrado a visão real da criatura.
212 –O homem sem grandes possibilidades intelectuais é sempre um homem
medíocre?
-O conceito de mediocridade modifica-se no plano de nossas conquistas
universalistas, depois das transições da morte.
Aí no mundo, costumais entronizar o escritor que enganou o público, o político
que ultrajou o direito, o capitalista que se enriqueceu sem escrúpulos de
consciência, colocados na galeria dos homens superiores. Exaltando-lhes os
méritos individuais com extravagâncias louvaminheiras, muitos falais em
“mediocridade”, sem “rebanho”, em “rotina”, em “personalidade superior”.
Para nós, a virtude da resignação dos pais de família, criteriosos e abnegados,
no extenso rebanho de atividades rotineiras da existência terrestre, não se
compara em grandeza com os dotes de espírito do intelectual que gesticula
desesperado de uma tribuna, sem qualquer edificação séria, ou que se
emaranha em confusões palavrosas na esfera literária, sem a preocupação
sincera de aprender com os exemplos da vida.
O trabalhador que passa a vida inteira trabalhando ao Sol no amanho da terra,
fabricando o pão saboroso da vida, tem mais valor para Deus que os artistas de
inteligência viciada, que outra coisa não fazem senão perturbar a marcha divina
das suas leis.
Vede, portanto, que a expressão de intelectualidade vale muito, mas não pode
prescindir dos valores do sentimento em sua essência sublime,
compreendendo-se afinal, que o “homem medíocre” não é o trabalhador das
lides terrestres, amoroso de suas realizações do lar e do sagrado cumprimento
de seus deveres, sobre cuja abnegação erigiu-se a organização maravilhosa do
patrimônio mundano.
213 –Devemos acalentar a preocupação de adquirir os elementos do chamado
magnetismo pessoal?
-Essa preocupação é muito nobre, mas ninguém suponha realiza-la tão-só com
a experiência da leitura de livros pertinentes ao assunto.
Não são poucos os que buscam essa literatura, desejosos de fórmulas mágicas
no caminho do menor esforço.
Todavia, o que indispensável salientar pe que nenhum estudioso pode
conquistar simpatia sem que haja transformado o coração em manancial de
bondade espontânea e sincera. Na vida não basta saber. É imprescindível
compreender. Os livros ensinam, mas só o esforço próprio aperfeiçoa a alma
para a grande e abençoada compreensão. Esqueça a conquista fácil, a operação
mecânica; injustificáveis nas edificações espirituais, e volvei a atenção e o
pensamento para o vosso próprio mundo interior. Muita coisa aí se tem a fazer
e, nesse bom trabalho, a alma se ilumina, naturalmente, aclarando o caminho
de seus irmãos.
214 –Como interpretar os impulsos daqueles que acreditam na influência dos
chamados talismãs da felicidade pessoal?
-Criaturas há que, para manter sua energia espiritual sempre ativa, precisam
concentrar a atenção em algum objeto tangível, visando os estados sugestivos
indispensáveis às suas realizações, como esses crentes que não prescindem de
imagens e símbolos materiais para admitir a eficácia de suas preces.
Ficam certos, porém, de que o talismã para a felicidade pessoal, definitiva, se
constitui de um bom coração sempre afeito à harmonia, à humildade e ao amor,
no integral cumprimento dos desígnios de Deus.
215 –Os chamados “homens de sorte” são guiados pelos Espíritos amigos?
-Aquilo que convencionastes apelidar “sorte” representa uma situação natural
no mapa de serviços do Espírito reencarnado, sem que haja necessidade de
admitirdes a intervenção do plano inviável na execução das experiências
pessoais.
A “Sorte” é também um aprova de responsabilidade no mecanismo da vida,
exigindo muita compreensão da criatura que a recebe, no que se refere à
misericórdia divina, a fim de não desbaratar o patrimônio de possibilidades
sagradas que lhe foi conferido.
216 –O “amor-próprio”, o “brio”, o “caráter”, a “honra”, são atitudes que a sociedade
humana reclama da personalidade; como proceder em tal caso, quando os fatos
colidem com os nossos conhecimentos evangélicos?
-O círculo social exige semelhantes atitudes da personalidade, contudo, essa
mesma sociedade ainda não soube entende-las, senão pela pauta das suas
convenções, quando o amor-próprio, o brio, o caráter e a honra deveriam ser
traços do aperfeiçoamento espiritual e nunca demonstrações de egoísmo, de
vaidade e orgulho, quais se manifestam, comumente, na Terra.
Quando o homem se cristianizar, compreendendo essas posições morais no seu
verdadeiro prisma, não mais se verificará qualquer colisão entre os
acontecimentos da existência comum e os seus conhecimentos do Evangelho,
porquanto o seu esforço será sempre o da cooperação sincera a favor do
reerguimento e da elevação espiritual dos semelhantes.
217 –Qual o modo mais fácil de levar a efeito a vigilância pessoal, para evitar a queda
em tentações?
-A maneira mais simples é o de cada um estabelecer um tribunal de autocrítica,
em consciência própria, procedendo para com outrem, na mesma conduta de
retidão que deseja da ação alheia para consigo próprio.
Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
Digitado por: Lúcia Aydir.
IV
ILUMINAÇÃO
Emmanuel
NECESSIDADE
218 –A propaganda doutrinária para a multiplicação dos prosélitos é a necessidade
imediata do Espiritismo?
-De modo algum. A direção do Espiritismo, na sua feição do Evangelho redivivo,
pertence ao Cristo e seus prepostos, antes de qualquer esforço humano,
precário e perecível. A necessidade imediata dos arraiais espiritistas é a do
conhecimento e aplicação legítima do Evangelho, da parte de todos quantos
militam nas suas fileiras, desejosos de luz e de evolução. O trabalho de cada
uma na iluminação de si mesmo deve ser permanente e metodizado. Os
fenômenos acordam o espírito adormecido na carne, mas não fornecem as luzes
interiores, somente conseguidas à custa de grande esforço e trabalho individual.
A palavra dos guias e mentores do Além ensina, mas não pode constituir
elementos definitivos de redenção, cuja obra exige de cada um sacrifício e
renúncias santificantes, no laborioso aprendizado da vida.
219 –Nos trabalhos espiritistas, onde poderemos encontrar a fonte principal de ensino
que nos oriente para a iluminação? Poderemos obtê-la com as mensagens de nossos
entes queridos, ou apenas com o fato de guardarmos o valor da crença no coração?
-Numerosos filósofos há compreendido as teses e conclusões do Espiritismo no
seu aspecto filosófico, científico e religioso; todavia, para a iluminação do
íntimo, só tende no mundo o Evangelho do Senhor, que nenhum roteiro
doutrinário poderá ultrapassar.
Aliás, o Espiritismo em seus valores cristãos não possui finalidade maior que a
de restaurar a verdade evangélica para os corações desesperados e descrentes
do mundo.
Teorias e fenômenos inexplicáveis sempre houve no mundo. Os escritores e os
cientistas doutrinários poderão movimentar seus conhecimentos na construção
de novos enunciados para as filosofias terrestres, mas a obra definitiva do
Espiritismo é a da edificação da consciência profunda no Evangelho de Jesus-
Cristo.
O plano invisível poderá trazer-vos as mensagens mais comovedoras e
convincentes dos vossos bem-amados; podereis guardar os mais elevados
princípios de crença no vosso mundo impressivo. Todavia, esse é o esforço, a
realização do mecanismo doutrinário em ação, junto de vossa personalidade. Só
o trabalho de auto-evangelização, porém, é firme e imperecível. Só o esforço
individual no Evangelho de Jesus pode iluminar, engrandecer e redimir o
espírito, porquanto, depois de vossa edificação com o exemplo do Mestre,
alcançareis aquela verdade que vos fará livre.
220 –Há alguma diferença entre a crença e a iluminação?
-Todos os homens da Terra, ainda os próprios materialistas, crêem em alguma
coisa. Todavia, são muito poucos os que se iluminam. O que crê, apenas
admite; mas o que se ilumina vibra e sente. O primeiro depende dos elementos
externos, nos quais coloca o objeto a sua crença; o segundo é livre das
influências exteriores, porque há bastante luz no seu próprio íntimo, de modo a
vencer corajosamente nas provações a que foi conduzido no mundo.
É por essa razão que os espiritistas sinceros devem compreender que não basta
acreditar no fenômeno ou na veracidade da comunicação com o Além, para que
os seus sagrados deveres estejam totalmente cumpridos, pois a obrigação
primordial é o esforço, o amor ao trabalho, a serenidade nas provas da vida, o
sacrifício de si mesmo, de modo a entender plenamente a exemplificação de
Jesus-Cristo, buscando a sua luz divina para a execução de todos os trabalhos
que lhes competem no mundo.
221 –A análise pela razão pode cooperar, de modo definitivo, no trabalho de nossa
iluminação espiritual?
-É certo que o homem não pode dispensar a razão para vencer na tarefa
confiada ao seu esforço, no círculo da vida; contudo, faz-se mister considerar
que essa razão vem sendo trabalhada, de muitos séculos no planeta, pelos
vícios de toda sorte.
Temos plena confirmação deste asserto no ultra-racionalismo europeu, cuja
avançada posição evolutiva, ainda agora, não tem vacilado entre a paz e a
guerra, entre o direito e a força, entre a ordem e a agressão.
Mais que em toda parte do orbe, a razão humana ali se elevou às mais altas
culminâncias de realização e, todavia, desequilibrada pela ausência do
sentimento, ressuscita a selvageria e o crime, embora o fausto da civilização.
Reconhecemos, pois, que na atualidade do orbe toda iluminação do homem há
de nascer, antes de tudo, do sentimento. O sábio desesperado do mundo deve
volver-se para Deus como a criança humilde, para cuidar dos legítimos valores
do coração, porque apenas pela reeducação sentimental, nos bastidores do
esforço próprio, se poderá esperar a desejada reforma das criaturas.
222 –Que significa o chamado “toque da alma”, ao qual tantas vezes se referem os
Espíritos amigos?
Quando a sinceridade e a boa vontade se irmanam dentro de um coração, fazse
no santuário íntimo a luz espiritual para a sublime compreensão da verdade.
Esse é o chamado “toque da alma”; impossíveis para quantos perseverem na
lógica convencionalista do mundo, ou nas expressões negativas das situações
provisórias da matéria, em todos os sentidos.
223 –Há tempo determinado na vida do homem terrestre para que se possa ele
entregar, com mais probabilidades de êxito, ao trabalho de iluminação?
-A existência na Terra é um aprendizado excelente e constante. Não há idades
para o serviço de iluminação espiritual. Os pais têm o dever de orientar a
criança, desde os seus primeiros passos, no capítulo das noções evangélicas, e
a velhice não tem o direito de alegar o cansaço orgânico em face desses
estudos de sua necessidade própria.
É certo que as aquisições de um velho, em matéria de conhecimentos novos,
não podem ser tão fáceis como as de um jovem em função de sua
instrumentabilidade sadia, fisicamente falando; os homens mais avançados em
anos têm, contudo, a seu favor as experiências da vida, que facilitam a
compreensão e nobilitam o esforço da iluminação de si mesmos, considerando
que, se a velhice é a noite, a alma terá no amanhã do futuro a alvorada
brilhante de uma vida nova.
224 –As almas desencarnadas continuam igualmente no serviço da iluminação de si
próprias?
Nos planos invisíveis, o Espírito prossegue na mesma tarefa abençoada de
aquisição dos próprios valores, e a reencarnação no mundo tem por objetivo
principal a consecução desse esforço.
Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
Digitado por: Lúcia Aydir.
TRABALHO
Emmanuel
225 –Como entender a salvação da alma e como conquista-la?
-Dentro das claridades espirituais que o Consolador vem espalhando nos
bastidores religiosos e filosóficos do mundo de si mesma, a caminho das mais
elevadas aquisições e realizações no Infinito.
Considerando esse aspecto real do problema de “salvação da alma”, somos
compelidos a reconhecer que, se a Providência Divina movimentou todos os
recursos indispensáveis ao progresso material do homem físico na Terra, o
Evangelho de Jesus é a dádiva suprema do Céu para a redenção do homem
espiritual, em marcha para o amor e sabedoria universais.
-Jesus é o Modelo Supremo.
O Evangelho é o roteiro para a ascensão de todos os Espíritos em luta, o
aprendizado na Terra para os planos superiores do Ilimitado. De sua aplicação
decorre a luz do espírito.
No turbilhão das tarefas de cada dia, lembrai a afirmativa do Senhor: - “Eu sou
o Caminho, a Verdade e a Vida”. Se vos cercam as tentações de autoridade e
poder, de fortuna e inteligência, recordai ainda as suas palavras: - “Ninguém
pode ir ao Pai senão por mim”. E se vos sentis tocados pelo sopro frio da
adversidade e da dor, se estais sobrecarregados de trabalhos no mundo, buscai
ouvi-Lo sempre no imo dalma: - “Quem deseje encontrar o Reino de Deus tome
a sua cruz e siga os meus passos”.
226 –Os guias espirituais têm uma parte ativa na tarefa de nossa iluminação pessoal?
-Essa colaboração apenas se verifica como no caso dos irmãos mais velhos, ou
dos amigos mais idosos nas experiências do mundo.
Os mentores do Além poderão apontar-vos os resultados dos seus próprios
esforços na Terra, ou, então, aclarar os ensinos que o homem já recebeu
através da misericórdia do Cristo e da benevolência dos seus enviados, mas em
hipótese alguma poderão afastar a alma encarnada do trabalho que lhe
compete, na curta permanência das lições do mundo.
Que dizer de um professor que decifrasse os problemas comuns para os alunos?
Além disso, os amigos espirituais não se encontram em estado beatífico. Suas
atividades e deveres são maiores que os vossos. Seus problemas novos são
inúmeros e cada espírito deve buscar em si mesmo a luz necessária à visão
acertada do caminho.
Trabalhai sempre. Essa é a lei para vós outros e para nós que já nos afastamos
do âmbito limitado do circulo carnal. Esforcemo-nos constantemente.
A palavra do guia é agradável e amiga, mas o trabalho de iluminação pertence
a cada um. Na solução dos nossos problemas, nunca esperemos pelos outros,
porque de pensamento voltado para a fonte de sabedoria e misericórdia, que é
Deus, não nos faltará, em tempo algum, a divina inspiração de sua bondade
infinita.
227 –Deus concede o favor a que chamamos graça?
-São tão grandes as expressões da misericórdia divina que nos cercam o
espírito, em qualquer plano da vida, que basta um olhar à natureza física ou
invisível, para sentirmos, em torno de nós, uma aluvião de graças.
O favor divino, porém, como o homem pretende receber no seu
antropomorfismo, não se observa no caminho da vida, pois Deus não pode
assemelhar-se a um monarca humano, cheio de preferências pessoais ou
subornado por motivos de ordem inferior.
A alma, aqui ou alhures, receberá sempre de acordo com o trabalho da
edificação de si mesma. É o próprio espírito que inventa o seu inferno ou cria as
belezas do seu céu. E tal seja o seu procedimento, acelerando o processo de
evolução pelo esforço próprio, poderá Deus dispensar na Lei, em seu favor, pois
a Lei é uma só e Deus o seu Juiz Supremo e Eterno.
228 –A auto-iluminação pode ser conseguida apenas com a tarefa de uma existência
na Terra?
-Uma encarnação é como um dia de trabalho. E para que as experiências se
façam acompanhar de resultados positivos e proveitosos na vida, faz-se
indispensável que os dias de observação e de esforço se sucedam uns aos
outros.
No complexo das vidas diversas, o estudo prepara; todavia, somente a
aplicação sincera dos ensinamentos do Cristo pode proporcionar a paz e a
sabedoria, inerentes ao estado de plena iluminação dos redimidos.
229 –Como entender o trabalho de purificação nos ambientes do mundo?
-A purificação na Terra ainda é qual o lírio alvo, nascendo do lodo das
amarguras e das paixões.
Todos os Espíritos encarnados, porém, devem considerar que se encontram no
planeta como em poderoso cadinho de acrisolamento e regeneração, sendo
indispensável cultivar a flor da iluminação íntima, na angústia da vida humana,
no círculo da família, ou da comunidade social, através da maior severidade
para consigo mesmo e da maior tolerância com os outros, fazendo cada qual,
da sua existência, um apostolado de educação, onde o maior beneficiado seja o
seu próprio espírito.
230 –Como iniciar o trabalho de iluminação da nossa própria alma?
-Esse esforço individual deve começar com o autodomínio, com a disciplina dos
sentimentos egoísticos e inferiores, com o trabalho silencioso da criatura por
exterminar as próprias paixões.
Nesse particular, não podemos prescindir do conhecimento adquirido por outras
almas que nos precederam nas lutas da Terra, com as suas experiências
santificantes – água pura de consolação e de esperança, que poderemos beber
nas páginas de suas memórias ou nos testemunhos de sacrifício que deixaram
no mundo.
Todavia, o conhecimento é a porta amiga que nos conduzirá aos raciocínios
mais puros, porquanto, na reforma definitiva de nosso íntimo, é indispensável o
golpe da ação própria, no sentido de modelarmos o nosso santuário interior, na
sagrada iluminação da vida.
231 –Considerando que numerosos agrupamentos espíritas se formam apenas para
doutrinação das entidades perturbadas, do plano invisível, quais os mais necessitados
de luz: os encarnados ou os desencarnados?
-Tal necessidade é comum a uns e outros. É justo que se preste auxílio fraterno
aos seres perturbados e sofredores, das esferas mais próximas da Terra;
entretanto, é preciso convir que os Espíritos encarnados carecem de maior
porcentagem de iluminação evangélica que os invisíveis, mesmo porque, sem
ela, que auxílio poderão prestar ao irmão ignorante e infeliz? A lição do Senhor
não nos fala do absurdo de um cego a conduzir outros cegos?
Por essa razão é que toda reunião de estudos sinceros, dentro da Doutrina, é
um elemento precioso para estabelecer o roteiro espiritual a quantos deseje o
bom caminho.
A missão da luz é revelar com verdade serena. O coração iluminado não
necessita de muitos recursos da palavra, porque na oficina da fraternidade
bastará o seu sentimento esclarecido no Evangelho. A grande maravilha do
amor é o seu profundo e divino contágio. Por esse motivo, o Espírito encarnado,
para regenerar os seus irmãos da sombra, necessita iluminar-se primeiro.
Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
Digitado por: Lúcia Aydir.
ILUMINAÇÃO
Emmanuel
232 – Em matéria de conhecimento, onde poderemos localizar a maior necessidade do
homem?
-Como nos tempos mais recuados das civilizações mortas, temos de reafirmar
que a maior necessidade da criatura humana ainda é a do conhecimento de si
mesma.
233 –Por que razão o homem da Terra tem sido tão lento na solução do problema do
seu conhecimento próprio?
-Isso é explicável. Somente agora, a alma humana poderá ensimesmar-se o
bastante para compreender as necessidades e os escaninhos da sua
personalidade espiritual.
Antigamente a existência do homem resumia-se na luta com as forças externas,
de modo a criar uma lei de harmonia entre ele próprio e a natureza terrestre.
Muitos séculos decorreram para enfrentar os perigos comuns. A organização da
tribo, da família, das tradições, das experiências coletivas, exigiu muitos séculos
de luta e de infortúnios dolorosos. A ciência das relações, o aproveitamento das
forças materiais que o rodeavam, não requisitaram menor porção de tempo.
Agora, porém, nas culminâncias da sua evolução física, o homem não
necessitará preocupar-se, de modo tão absorvente, com a paisagem que o
cerca, razão pela qual todas as energias espirituais se mobilizam, nos tempos
modernos, em torno das criaturas, convocando-as ao sagrado conhecimento de
si mesmas, dentro dos valores infinitos da vida.
234 –Que dizer dos que propugnam leis para o bem-estar social, por processos
mecânicos de aplicação sem atender à iluminação espiritual dos indivíduos?
-Os estadistas ou condutores de multidões, que procuram agir nesse sentido,
em pouco tempo caem no desencanto de suas utopias políticas e sociais.
A harmonia do mundo não virá por decretos, nem de parlamentos que
caracterizam sua ação por uma força excessivamente passageira. Não vedes
que o mecanismo das leis humanas se modifica todos os dias? Os sistemas de
governo não desaparecem para dar lugar a outros que, por sua vez, terão de
renovar-se com o transcorrer do tempo? Na atualidade do planeta, tendes
observado a desilusão de muitos utopistas dessa natureza, que sonharam com
a igualdade irrestrita das criaturas, sem compreender que, recebendo os
mesmos direitos de trabalho e de aquisição perante Deus, os homens, por suas
próprias ações, são profundamente desiguais entre si, em inteligências, virtude,
compreensão e moralidade.
O homem que se ilumina conquista a ordem e a harmonia para si mesmo. E
para que a coletividade realize semelhante aquisição, para o organismo social,
faz-se imprescindível que todos os seus elementos compreendam os sagrados
deveres de auto-iluminação.
235 –Há outras fontes de conhecimento para a iluminação dos homens, além da
constituída pelos ensinamentos divinos do Evangelho?
-O mundo está repleto de elementos educativos, mormente no referente às
teorias nobilitantes da vida e do homem, pelo trabalho e pela edificação das
faculdades e do caráter.
Mas, em se tratando de iluminação espiritual, não existe fonte alguma além da
exemplificação de Jesus, no seu Evangelho de Verdade e Vida.
Os próprios filósofos que falaram na Terra, antes d’Ele, não eram senão
emissários da sua bondade e sabedoria, vindos à carne de modo a preparar-lhe
a luminosa passagem pelo mundo das sobras, razão por que o modelo de Jesus
é definitivo e único para a realização da luz e da verdade em cada homem.
236 –Como interpretar a ansiedade do proselitismo espírita, em matéria de
fenomenologia, ante essa necessidade de iluminação?
-Os espiritistas sinceros devem compreender que os fenômenos acordam a
alma, como o choque de energias externas que faz despertar uma pessoa
adormecida; mas somente o esforço opera a edificação mora, legítima e
definitiva.
É uma extravagância de conseqüências desagradáveis, atirar-se alguém à
propaganda de uma idéia sem haver fortalecido a si mesmo na seiva de seus
princípios enobrecedores. O espiritismo não constitui uma escola de leviandade.
Identificado com a sua essência consoladora e divina, o homem não pode
acovardar-se ante a intensidade das provações e das experiências. Grandes
erros praticariam as entidades espirituais elevadas, se prometessem aos seus
amigos do mundo uma vida fácil e sem cuidados, solucionando-lhes todos os
problemas e entregando-lhes a chave de todos os estudos.
É egoísmo e insensatez provocar o plano invisível com os pequeninos caprichos
pessoais.
Cada estudioso desenvolva a sua capacidade de trabalho e de iluminação e não
guarde para outrem o que lhe compete fazer em seu próprio benefício.
O Espiritismo, sem Evangelho, pode alcançar as melhores expressões de
nobreza, mas não passará de atividades destinadas a modificar-se ou
desaparecer, como todos os elementos transitórios do mundo. E o espírita que
não cogitou da sua iluminação com Jesus-Cristo, poder ser um cientista e um
filósofo, com as mais elevadas aquisições intelectuais, mas estará sem leme e
sem roteiro no instante da tempestade inevitável da provação e da experiência,
porque só o sentimento divino da fé pode arrebatar o homem das preocupações
inferiores da Terra para os caminhos supremos d os paramos espirituais.
237 –Existe diferença entre doutrinar e evangelizar?
-Há grande diversidade entre ambas as tarefas. Para doutrinar, basta o
conhecimento intelectual dos postulados do Espiritismo; para evangelizar é
necessária a luz do amor no íntimo. Na primeira, bastarão a leitura e o
conhecimento, na segunda, é preciso vibrar e sentir com o Cristo. Por estes
motivos, o doutrinador, muitas vezes não e senão o canal dos ensinamentos,
mas os sinceros evangelizados serão sempre o reservatório da verdade,
habilitado a servir às necessidades de outrem, sem privar-se da fortuna
espiritual de si mesmo.
238 –Para acelerar o esforço de iluminação, a Humanidade necessitará de
determinadas inovações religiosas?
-Toda inovação é indispensável, mesmo porque a lição do Senhor ainda não foi
compreendida. A cristianização das almas humanas ainda não foi além da
primeira etapa.
Alguns séculos antes de Jesus, o plano espiritual, pela boca dos profetas e dos
filósofos, exortava o homem do mundo ao conhecimento de si mesmo. O
Evangelho é a luz interior dessa edificação. Ora, somente agora a criatura
terrestre prepara-se para o conhecimento próprio através da dor; portanto, a
evangelização da alma coletiva, para a nova era de concórdia e de fraternidade,
somente poderá efetuar-se, de modo geral, no terceiro milênio.
É certo que o planeta já possui as suas expressões isoladas de legítimo
evangelismo, raras na verdade, mas consoladora e luminosas. Essas
expressões, porém, são obrigadas às mais altas realizações de renúncia em face
da ignorância e da iniqüidade do mundo. Esses apóstolos desconhecidos são
aquele “sal da Terra” e o seu esforço divino será respeitado pelas gerações
vindouras, como os símbolos vivos da iluminação espiritual com Jesus-Cristo,
bem-aventurados de seu Reino, no qual souberam perseverar até o fim.
Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
Digitado por: Lúcia Aydir.
V
EVOLUÇÃO
Emmanuel
DOR
239 –Entre a dor física e a dor moral, qual das duas faz vibrar mais profundamente o
espírito humano?
-Podemos classificar o sofrimento do espírito como a dor-realidade e o tormento
físico, de qualquer natureza, como a dor-ilusão.
Em verdade, toda dor física colima o despertar da alma para os seus grandiosos
deveres, seja como expressão expiatória, como conseqüência dos abusos
humanos, ou como advertência da natureza material ao dono de um organismo.
Mas, toda dor física é um fenômeno, enquanto que a dor moral é essência.
Daí a razão por que a primeira vem e passa, ainda que se faça acompanhar das
transições de morte dos órgãos materiais, e só a dor espiritual é bastante
grande e profunda para promover o luminoso trabalho do aperfeiçoamento e da
redenção.
240 –De algum modo, pode-se conceber a felicidade na Terra?
-Se todo espírito tem consigo a noção da felicidade; é sinal que ela existe e
espera as almas em alguma parte.
Tal como sonhada pelo homem do mundo, porém, a felicidade não pode existir,
por enquanto, na face do orbe, porque, em sua generalidade, as criaturas
humanas se encontram intoxicadas e não sabem contemplar a grandeza das
paisagens exteriores que as cercam no planeta. Contudo, importa observar que
é no globo terrestre que a criatura edifica as bases da sua ventura real, pelo
trabalho e pelo sacrifício, a caminho das mais sublimes aquisições para o
mundo divino de sua consciência.
241 –Onde o maior auxílio para nossa redenção espiritual?
-No trabalho de nossa redenção individual ou coletiva, a dor é sempre o
elemento amigo e indispensável. E a redenção de um Espírito encarnado, na
Terra, consiste no resgate de todas as dívidas, com a conseqüente aquisição de
valores morais passíveis de serem conquistados nas lutas planetárias, situação
essa que eleva as personalidades espiritual a novos e mais sublimes horizontes
na vida no Infinito.
242 –Por que o Evangelho não nos fala das alegrias da vida humana?
-O Evangelho não podia trazer os cenários do riso mascarado do mundo, mas a
verdade é que todas as lições do Mestre Divino foram efetuadas nas paisagens
da mais perfeita alegria espiritual.
Sua primeira revelação foi nas bodas de Canaã, entre os júbilos sagrados da
família. Seus ensinamentos, à margem das águas do Tiberíades, desdobraramse
entre criaturas simples e alegres, fortalecidas na fé e no trabalho sadio.
Em Jerusalém, contudo, junto das hipocrisias do Templo, ou em face dos seus
algozes empedernidos, o Mestre Divino não poderia sorrir, alentando a mentira
ou desenvolvendo os métodos da ingratidão e da violência.
Eis por que, em seu ambiente natural, toda a história evangélica é sempre um
poema de luz, de amor, de encantamento e de alegria.
243 –Todos os Espíritos que passaram pela Terra tiveram as mesmas características
evolutivas, no que se refere ao problema da dor?
-Todas as entidades espirituais encarnadas no orbe terrestre são Espíritos que
se resgatam ou aprendem nas experiências humanas, após as quedas do
passado, com exceção de Jesus-Cristo, fundamento de toda a verdade neste
mundo, cuja evolução se verificou em linha reta para Deus, e em cujas mãos
angélicas repousa o governo espiritual do planeta, desde os seus primórdios.
244 –Existem lugares de penitência no plano espiritual? E acaso poderá haver
sofrimento eterno para os Espíritos inveterados no erro e na rebeldia?
-Considerando a penitência em sua feição expiatória, existem numerosos
lugares de provações na esfera para vós invisíveis, destinados à regeneração e
preparo de entidades perversas ou renitentes no crime, a fim de conhecerem as
primeiras manifestações do remorso e do arrependimento, etapas iniciais da
obra de redenção.
Quanto à idéia do sofrimento eterno, se houvesse Espíritos eternamente
inveterados no crime, haveria para ele um sofrimento continuado, como o seu
próprio erro. O Pastor, porém, não quer se perca uma só de suas ovelhas. Dia
virá em que a consciência mais denegrida experimentará, no íntimo, a luz
radiosa da alvorada de Seu amor.
245 –Se é justo esperarmos no decurso do nosso roteiro de provações na Terra, por
determinadas dores, devemos sempre cultivar a prece?
-A lei das provas é uma das maiores instituições universais para a distribuição
dos benefícios divinos.
Precisais compreender isso, aceitando todas as dores com nobreza de
sentimento.
A prece não poderá afastar os dissabores e as lições proveitosas da amargura,
constantes do mapa de serviços que cada Espírito deve prestar na sua tarefa
terrena, mas deve ser cultivada no íntimo, como a luz que se acende para o
caminho tenebroso, ou mantida no coração como o alimento indispensável que
se prepara, de modo a satisfazer à necessidade própria, na jornada longa e
difícil, porquanto a oração sincera estabelece a vigilância e constitui o maior
fator de resistência moral, no centro das provações mais escabrosas e mais
rudes.
Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
Digitado por: Lúcia Aydir.
PROVAÇÃO
Emmanuel
246 –Qual a diferença entre provação e expiação?
-A provação é a luta que ensina ao discípulo rebelde e preguiçoso a estrada do
trabalho e da edificação espiritual. A expiação é a pena imposta ao malfeitor
que comete um crime.
247 –A lei da prova e da expiação é inflexível?
-Os tribunais da justiça humana, apesar de imperfeitos, por vezes não comutam
as penas e não beneficiam os delinqüentes com o “sursis”?
A inflexibilidade e a dureza não existem para a misericórdia divina, que,
conforme a conduta do Espírito encarnado, pode dispensar na lei, em benefício
do homem quando a sua existência já demonstre certas expressões do amor
que cobre a multidão dos pecados.
248 –Como se verifica a queda do Espírito?
-Conquistada a consciência e os valores racionais, todos os Espíritos são
investidos de uma responsabilidade, dentro das suas possibilidades de ação;
porém, são raros os que praticam seus legítimos deveres morais, aumentando
os seus direitos divinos no patrimônio universal.
Colocada por Deus no caminho da vida, como discípulo que termina os estudos
básicos, a alma nem sempre sabe agir em correlação com os bens recebidos do
Criador, caindo pelo orgulho e pela vaidade, pela ambição ou pelo egoísmo,
quebrando a harmonia divina pela primeira vez e penetrando em experiências
penosas, a fim de restabelecer o equilíbrio de sua existência.
249 –A queda do Espírito somente se verifica na Terra?
-A Terra é um plano de vida e de evolução como outro qualquer, e, nas esferas
mais variadas, a alma pode cair, em sua rota evolutiva, porquanto precisamos
compreender que a sede de todos os sentimentos bons ou maus, superiores ou
indignos, reside no âmago do espírito imperecível e não na carne que se
apodrecerá com o tempo.
250 –Como se processa a provação coletiva?
-Na provação coletiva verifica-se a convocação dos Espíritos encarnados,
participantes do mesmo débito, com referência ao passado delituoso e obscuro.
O mecanismo da justiça, na lei das compensações, funciona então
espontaneamente, através dos prepostos do Cristo, que convocam os
comparsas na dívida do pretérito para os resgates em comum, razão por que,
muitas vezes, intitulais, “doloroso acaso”, as circunstâncias que reúnem as
criaturas mais díspares no mesmo acidente, que lhes ocasiona a morte do corpo
físico ou as mais variadas mutilações, no quadro dos seus compromissos
individuais.
251 –A incredulidade é uma provocação?
-O ateísmo ou incredulidade absoluta não existe, a não ser no jogo de palavras
dos cérebros desesperados, nas teorias do mundo, porque, no íntimo, todos os
Espíritos se identificam com a idéia de Deus e da sobrevivência do ser, que lhes
é inata. Essa idéia superior pairará acima de todos os negativismos e sairá
vitoriosa de todos os decretos de força que se organizam nos Estados terrenos,
porque constitui a luz da vida e a mais preciosa esperança das almas.
252 –Somente se recebe a ofensa a que se fez jus no cumprimento das provas? E
considerando a intensidade dessa ou daquela provação, poderá alguém reencarnar
fadado ao suicídio e ao crime?
-Receberemos a dor de acordo com as necessidades próprias, com vistas ao
resgate do passado e à situação espiritual do futuro.
No capítulo da ofensa, quando a recebemos de alguém que se encontra dentro
do nosso nível de compreensão e do plano evolutivo, é certo que se trata de
provação bem amarga, indispensável ao nosso processo de regeneração
própria.
Existem, porém, no mundo, as pedradas da ignorância e da má-fé, partidas dos
sentimentos inferiores e convém que o cristão esteja preparado e sereno, de
modo a não recebe-las com sensibilidade doentia, mas com o propósito de
trabalho e esforço próprio, conhecendo que as mesmas fazem parte do seu
plano de vida temporária, aonde veio para se educar, colaborando ao mesmo
tempo na educação de seus semelhantes.
Relativamente ao suicídio é oportuno repetir que a obra de Deus é a do amor e
do bem, de todos os planos da vida, e devemos reconhecer que, se muitos
Espíritos reencarnam com a prova das tentações ao suicídio e ao crime, é
porque esses devem agir como alunos que, havendo perdido uma prova em seu
curso, voltam ao estudo da mesma no ano seguinte, até obterem conhecimento
e superioridade na matéria. Muitas almas efetuam a repetição de um mesmo
esforço e, por vezes, sucumbem na luta, sem perceberem a necessidade de
vigilância, sem que possamos, de modo algum, imputar a Deus o fracasso de
suas esperanças, porque a Providência Divina concede a todos os seres as
mesmas oportunidades de trabalho e de habilitação.
Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
Digitado por: Lúcia Aydir.
VIRTUDE
Emmanuel
253 –A virtude é concessão de Deus, ou é aquisição da criatura?
-A dor, a luta e a experiência constituem uma oportunidade sagrada concedida
por Deus às suas criaturas, em todos os tempos; todavia, a virtude é sempre
sublime e imorredoura aquisição do espírito nas estradas da vida, incorporada
eternamente aos seus valores, conquistados pelo trabalho no esforço próprio.
254 –Que é paciência e como adquiri-la?
-A verdadeira paciência é sempre uma exteriorização da alma que realizou
muito amor em si mesma, para dá-lo a outrem, na exemplificação.
Esse amor é a expressão fraternal que considera todas as criaturas como
irmãos, em quaisquer circunstâncias, sem desdenhar a energia para esclarecer
a incompreensão, quando isso se torne indispensável.
É com a iluminação espiritual do nosso íntimo que adquirimos esses valores
sagrados da tolerância esclarecida. E, para que nos edifiquemos nessa claridade
divina, faz-se mister educar a vontade, curando enfermidades psíquicas
seculares que nos acompanham através das vidas sucessivas, quais sejam as
de abandonarmos o esforço próprio, de adotarmos a indiferença e de nos
queixarmos das forças exteriores, quando o mal reside em nós mesmos.
Para levarmos a efeito uma edificação tão sublime, necessitamos começar pela
disciplina de nós mesmos e pela continência dos nossos impulsos, considerando
a liberdade do mundo interior, de onde o homem deve dominar as correntes da
sua vida.
O adágio popular considera que “o hábito faz a segunda natureza” e nós
devemos aprender que a disciplina antecede a espontaneidade, dentro da qual
pode a alma atingir, mais facilmente, o desiderato da sua redenção.
255 –Devemos nós, os espiritistas, praticar somente a caridade espiritual, ou também
a material?
-A divisa fundamental da codificação kardequiana, formulada no “fora da
caridade não há salvação”, é bastante expressiva para que nos percamos em
minuciosas considerações.
Todo serviço da caridade desinteressada é um reforço divino na obra da
fraternidade humana e da redenção universal.
Urge, contudo, que os espiritistas sinceros, esclarecidos no Evangelho,
procurem compreender a feição educativa dos postulados doutrinários,
reconhecendo que o trabalho imediato dos tempos modernos é o da iluminação
interior do homem, melhorando-se-lhe os valores do coração e da consciência.
Dentro desses imperativos, é lícito encarecermos a excelência dos planos
educativos da evangelização, de modo a formar uma mentalidade espíritacristã,
com vistas ao porvir.
Não podemos desprezar a caridade material que faz do Espiritismo evangélico
um pouso de consolação para todos os infortunados; mas não podemos
esquecer que as expressões religiosas sectárias também organizaram as
edificações materiais para a caridade no mundo, sem olvidar os templos, asilos,
orfanatos e monumentos. Todavia, quase todas as suas obras se desvirtuaram,
em vista do esquecimento da iluminação dos Espíritos encarnados.
A Igreja Romana é um exemplo típico.
Senhora de uma fortuna considerável e havendo construído numerosas obras
tangíveis, de assistência social, sente hoje que as suas edificações são apenas
de pedra, porquanto, em seus estabelecimentos suntuosos, o homem
contemporâneo experimenta os mais dolorosos desenganos.
As obras da caridade material somente alcançam a sua feição divina quando
colimam a espiritualização do homem, renovando-lhe os valores íntimos,
porque, reformada a criatura humana em Jesus-Cristo, teremos na Terra uma
sociedade transformada, onde o lar genuinamente cristão será naturalmente o
asilo de todos os que sofrem.
Depreende-se, pois, que o serviço de cristianização sincera das consciências
constitui a edificação definitiva, para a qual os espiritistas devem voltar os
olhos, antes de tudo, entendendo a vastidão e a complexidade da obra
educativa que lhes compete efetuar, junto de qualquer realização humana, nas
lutas de cada dia, na tarefa do amor e da verdade.
256 –Como interpretar a esmola material?
-No mecanismo de relações comuns, o pedido de uma providência material tem
o seu sentido e a sua utilidade oportuna, como resultante da lei de equilíbrio
que preside o movimento das trocas no organismo da vida.
A esmola material, porém, é índice da ausência de espiritualização nas
características sociais que a fomentam.
Ninguém, decerto, poderá reprovar o ato de pedir e, muito menos, deixará de
louvar a iniciativa de quem dá a esmola material; todavia, é oportuno
considerar que, à medida que o homem se cristianiza, iluminando as suas
energias interiores, mais se afasta da condição de pedinte para alcançar a
condição elevada do mérito, pelas expressões sadias do seu trabalho.
Quem se esforça, nos bastidores da consciência retilínea, dignifica-se e
enriquece o quadro de seus valores individuais.
E o cristão sincero, depois de conquistar os elementos da educação evangélica,
não necessita materializar a idéia da rogativa da esmola material,
compreendendo que, esperando ou sofrendo, agindo ou lutando, nos esforços
da ação e do bem, há de receber, sempre, de acordo com as suas obras e de
conformidade com a promessa do Cristo.
257 –A esperança e a Fé devem ser interpretadas como uma só virtude?
-A Esperança é a filha dileta da Fé. Ambas estão uma para outra, como a luz
reflexa dos planetas está para a luz central e positiva do Sol.
A Esperança é como o luar que se constitui dos bálsamos da crença. A Fé é a
divina claridade da certeza.
258 –No caminho da virtude, o pobre e o rico da Terra podem ser identificados como
discípulos de Jesus?
-O título de discípulo é conferido pelo Divino Mestre a todos os homens de boavontade,
sem distinção de situações, de classes ou de qualquer expressão
sectária.
Com responsabilidade dos bens materiais ou sem ela, o homem é sempre rico
pela sua posição de usufrutuário das graças divinas e, além do mais, temos de
ponderar que, em toda situação, a criatura encontrará responsabilidade na
existência, razão por que os sinceros discípulos do Senhor são iguais aos seus
olhos, sem preferência de qualquer natureza.
259 –No que se refere à prática da caridade, como interpretar o ensinamento de
Jesus: Aquele que tem será concedido em abundância e àquele que não tem, até
mesmo o que tiver, lhe será tirado?
-A palavra de Jesus, em todas as circunstâncias, foi tocada de uma luz oculta,
apresentando reflexos prismáticos, em todos os tempos, para a alma humana,
na sua ascensão para a sabedoria e para o amor.
Antes de tudo, busquemos ajustar o conceito a nós próprios.
Se possuirmos a verdadeira caridade espiritual, se trabalhamos pela nossa
iluminação íntima, irradiando luz, espontaneamente, para o caminho dos nossos
irmãos em luta e aprendizado, mais receberemos das fontes puras dos planos
espirituais mais elevados, porque, depois de valorizarmos a oportunidade
recebida, horizontes infinitos se abrirão no campo ilimitado do Universo, para as
nossas almas, o que não poderá acontecer aos que lançaram mão do sagrado
ensejo de iluminação própria nas estradas da vida, com a mais evidente
despreocupação de seus legítimos deveres, esquecendo o caminho melhor,
trocado, então, pelas sensações efêmeras da existência terrestre, contraindo
novas dívidas e afastando de si mesmo as oportunidades para o futuro, então
mais difíceis e dolorosas.
Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
Digitado por: Lúcia Aydir.
O CONSOLADOR
TERCEIRA PARTE
RELIGIÃO
Emmanuel
260 –Em face da Ciência e da Filosofia como interpretar a Religião nas
atividades da vida?
-Religião é o sentimento Divino, cujas exteriorizações são sempre o Amor, nas
expressões mais sublimes. Enquanto a Ciência e a Filosofia operam o trabalho da
experimentação e do raciocínio, a Religião edifica e ilumina os sentimentos.
As primeiras se irmanam na Sabedoria, a segunda personifica o Amor, as duas
asas divinas com que a alma humana penetrará, um dia, nos pórticos sagrados da
espiritualidade.
Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
Digitado por: Lúcia Aydir.
I
VELHO TESTAMENTO
Emmanuel
REVELAÇÃO
261 – “No princípio era o Verbo...” – Como deveremos entender está afirmativa
do texto sagrado?
-O apóstolo João ainda nos adverte que “o Verbo era Deus e estava com Deus”.
Deus é amor e vida e a mais perfeita expressão do Verbo para o orbe terrestre
era e é Jesus, identificado com a sua misericórdia e sabedoria, desde a
organização primordial do planeta.
Visível ou oculto, o Verbo é o traço da luz divina em todas as coisas e em todos
os seres, nas mais variadas condições do processo de aperfeiçoamento.
262 –Por que razão a palavra das profecias parece dirigida invariavelmente ao
povo de Israel?
-Em todos os textos das profecias, Israel deve ser considerada como o símbolo
de toda a humanidade terrestre, sob a égide sacrossanta do Cristo.
263 –Deve-se atribuir ao judaísmo missão especial, em comparação com as
demais idéias religiosas do tempo antigo?
-Embora as elevadas concepções religiosas que floresceram na Índia e no Egito
e todos os grandes ideais de conhecimento da divindade, que povoaram a antiga Ásia
em todos os tempos, deve-se reconhecer no judaísmo a grande missão da revelação
do Deus único.
Enquanto os cultos religiosos se perdiam na divisão e na multiplicidade,
somente o judaísmo foi bastante forte na energia e na unidade para cultivar o
monoteísmo e estabelecer as bases da lei universalista, sob a luz da inspiração divina.
Por esse motivo, não obstante os compromissos e os débitos penosos que
parecem perpetuar os seus sofrimentos, através das gerações e das pátrias humanas
no doloroso curso dos séculos, o povo de Israel deve merecer o respeito e o amor de
todas as comunidades da Terra, porque somente ele foi bastante grande e unido para
guardar a idéia verdadeira de Deus, através dos martírios da escravidão e do deserto.
264 –Como deve ser considerada, no Espiritismo, a chamadas “Santíssima
Trindade”, da teologia católica?
Os textos primitivos da organização cristã não falam da concepção da Igreja
Romana, quanto à chamada “Santíssima Trindade”.
Devemos esclarecer, ainda, que o ponto de vista católico provém de sutilezas
teológicas sem base séria nos ensinamentos de Jesus.
Por largos anos, antes da Boa Nova, o bramanismo guardava a concepção de
Deus, dividido em três princípios essenciais, que os seus sacerdotes denominavam
Brama, Vishnu e Çiva. (*).
Contudo, a Teologia, que se organizavam sobre os antigos princípios do
politeísmo romano, necessitava apresentar um complexo de enunciados religiosos, de
modo a confundir os espíritos mais simples, mesmo porque sabemos que se a Igreja
foi, a princípio, depositária das tradições cristãs, não tardou muito que o sacerdócio
eliminasse as mais belas expressões do profetismo, inumando o Evangelho sob um
acervo de convenções religiosas e roubando às revelações primitivas a sua feição de
simplicidade e de amor.
Para esse desiderato, as forças que vinham disputar o domínio do Estado, em
face da invasão dos povos considerados bárbaros, se apressaram, no poder, em
transformar os ensinos de Jesus em instrumento da política administrativa,
adulterando os princípios evangélicos nos seus textos primitivos e assimilando velhas
doutrinas como as da Índia legendária, e organizando novidades teológicas, com as
quais o Catolicismo se reduziu a uma força respeitável, mas puramente humana,
distante do Reino de Jesus, que na afirmação do Mestre, simples e profunda, não tem
ainda fundamentos divinos na face da Terra.
(*) –O Padre Alta, em O Cristianismo do Cristo e o de seus vigários, nos diz que a
fórmula do catecismo – 3-Pessoas em Deus – era verdadeira em latim, onde o vocábulo
persona significa forma, aspecto, aparência. É falsa, porém, em francês ou em português, com
acepção de indivíduo. –Nota da Editora.
265 –Como interpretar a antiga sentença – “Deus fez o mundo do nada?”.
-O primeiro instante da matéria está, para os Espíritos da minha esfera, tão
obscura quanto o primeiro momento da energia espiritual nos círculos da vida
universal.
Compreendemos, contudo, que sendo Deus o Verbo da Criação, o “nada” nunca
existiu para o nosso conceito de observação, porquanto o Verbo, para nós outros, é a
luz de toda a Eternidade.
266 –Os dias da Criação, nas antigas referências do Velho Testamento, correspondem
a períodos inteiros da evolução geológica?
-Os dias da atividade do Criador, tal como nos refere o texto sagrado,
correspondem aos largos períodos de evolução geológica, dentro dos milênios
indispensáveis ao trabalho da gênese planetária, salientando-se que, com esses, a
Bíblia encerra outros grandes símbolos inerentes aos tempos imemoriais, das origens
do planeta.
267 –Qual a posição do Velho Testamento no quadro de valores da educação religiosa
do homem?
-No quadro de valores da educação religiosa, na civilização cristã, o Velho
Testamento, apesar de suas expressões altamente simbólicas, poucas vezes acessíveis
ao raciocínio comum, deve ser considerado como a pedra angular, ou como a fontemáter
da revelação divina.
268 –Os dez mandamentos recebidos por Moisés no Sinai, base de toda justiça até
hoje, no mundo, foram alterados pelas seitas religiosas?
-As seitas religiosas, de todos os tempos, pela influenciação de seus sacerdotes,
procuram modificar os textos sagrados; todavia, apesar das alterações transitórias, os
dez mandamentos, transmitidos à Terra por intermédio de Moisés, voltam sempre a
ressurgir na sua pureza primitiva, como base de todo o direito no mundo, sustentáculo
de todos os códigos da justiça terrestre.
269 –Como entender a palavra do Velho Testamento quando nos diz que Deus falou a
Moisés no Sinai?
-Estais atualmente em condições de compreender que Moisés trazia consigo as
mais elevadas faculdades mediúnicas, apesar de suas características de legislador
humano.
É inconcebível que o grande missionário dos judeus e da Humanidade pudesse
ouvir o Espírito de Deus. Estais, porém habilitados a compreender, agora, que a Lei ou
a base da Lei, nos dez mandamentos, foi-lhe ditada pelos emissários de Jesus,
porquanto todos os movimentos de evolução material e espiritual do orbe se
processaram, como até hoje se processam, sob o seu augusto e misericordioso
patrocínio.
270 –Apesar de suas expressões tão humanas, Moisés veio ao mundo como
missionário divino?
-Examinando-se os seus atos enérgicos de homem, há a considerar as
características da época em que se verificou a grande tarefa do missionário hebreu,
legítimo emissário do plano superior, para entregar ao mundo terrestre a grande e
sublime mensagem da primeira revelação.
Com expressões diversas, o grande enviado não poderia dar conta exata de
suas preciosas obrigações, em face da Humanidade ignorante e materialista.
271 –Moises transmitiu ao mundo a lei definitiva?
-O profeta de Israel deu à Terra as bases da Lei divina e imutável, mas não
toda a Lei, integral e definitiva.
Aliás, somos obrigados a reconhecer que os homens receberão sempre as
revelações divinas de conformidade com a sua posição evolutiva.
Até agora, a Humanidade da era cristã recebeu a grande Revelação em três
aspectos essenciais: Moisés trouxe a missão da Justiça; o Evangelho, a revelação
insuperável do Amor, e o Espiritismo em sua feição de Cristianismo redivivo, traz, por
sua vez, a sublime tarefa da Verdade. No centro das três revelações encontra-se
Jesus-Cristo, como o fundamento de toda a luz e de toda a sabedoria. É que, com
Amor, a Lei manifestou-se na Terra no seu esplendor máximo; a Justiça e a Verdade
nada mais são que os instrumentos divinos de sua exteriorização, com aquele Cordeiro
de Deus, alma da redenção de toda a Humanidade. A justiça, portanto, lhe aplanaram
os caminhos, e a Verdade, conseguintemente, esclarece os seus divinos ensinamentos.
Eis por que, com o Espiritismo simbolizando a Terceira Revelação da Lei, o homem
terreno se prepara, aguardando as sublimadas realizações do seu futuro espiritual, nos
milênios por-vindouros.
272 –Qual a significação da lei de talião “olho por olho, dente por dente”, em face da
necessidade da redenção de todos os espíritos pelas reencarnações sucessivas?
-A lei de talião prevalece para todos os espíritos que não edificaram ainda o
santuário do amor nos corações, e que representam a quase totalidade dos seres
humanos.
Presos, ainda, aos milênios do pretérito, não cogitaram de aceitar e aplicar o
Evangelho a si próprios, permanecendo encarcerados em círculos viciosos de dolorosas
reencarnações expiatórias e purificadoras.
Moisés proclamou a Lei antiga; muitos séculos antes do Senhor. Como já dito, o
profeta hebraico apresentava a Revelação com a face divina da Justiça; mas, com
Jesus, o homem do mundo recebeu o código perfeito do Amor. Se Moisés ensinava o
“olho por olho, dente por dente”, Jesus-Cristo esclarecia que o “amor cobre a multidão
dos pecados”.
Daí a verdade de que as criaturas humanas se redimirão pelo amor e se
elevarão a Deus por ele, anulando com o bem; todas as forças que lhes possam
encarcerar o coração nos sofrimentos do mundo.
273 –Qual é verdadeiramente o segundo mandamento? – “Não farás imagens
esculpidas das coisas que estão nos céus”, etc., segundo alguns textos, ou “Não tomar
o seu santo nome em vão”, conforme o ensinamento da igreja católica de Roma?
-A segunda fórmula foi uma tentativa de subversão dos textos primitivos,
levada a efeito pela Igreja Romana, a fim de que o seu sacerdócio encontrasse campo
livre para desenvolvimento das heranças do paganismo, no que se refere às pomposas
demonstrações do culto externo.
274 –Qual a intenção de Moisés no Deuteronômio, recomendando “que ninguém
interrogasse os mortos para saber a verdade?”.
-Antes de tudo, faz-se preciso considerar que a afirmativa tem sido objeto
injusto de largas discussões por parte dos adversários da nova revelação que o
Espiritismo trouxe aos homens, na sua feição de Consolador.
As expressões sectárias, todavia, devem considerar que a época de Moisés não
comportava as indagações do Invisível, porquanto o comércio com os desencarnados
se faria com um material humano excessivamente grosseiro e inferior.
Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
Digitado por: Lúcia Aydir.
PROFETAS
Emmanuel
275 –Os cinco livros maiores da Bíblia encerram símbolos especiais para a educação
religiosa do homem?
-Todos os documentos religiosos da Bíblia se identificam entre si, no todo,
desde a primeira revelação com Moisés, de modo a despertar no homem as
verdadeiras noções do seu dever para com os semelhantes e para com Deus.
276 –A previsão e a predição, nos livros sagrados, dão a entender que os profetas
eram diretamente inspirados pelo Cristo?
-Nos textos sagrados das fontes divinas do Cristianismo, as previsões e
predições se efetuaram sob a ação direta do Senhor, pois só Ele poderia conhecer
bastante os corações, as fraquezas e as necessidades dos seus rebeldes tutelados,
para sondar com precisão as estradas do futuro, sob a misericórdia e a sabedoria de
Deus.
277 –Os Espíritos elevados, como os profetas antigos, devem ser considerados como
anjos ou como Espíritos eleitos?
-Como missionário do Senhor, junto à esfera de atividade propriamente
material, os profetas antigos eram também dos “chamados” à iluminação sementeira.
Para a nossa compreensão, a palavra “ano”, neste passo, deve designar
somente as entidades que já se elevaram ao plano superior; plenamente redimidas,
onde são “escolhidos” na tarefa sagrado d’Aquele cujas palavras não passarão. O
Eleito, porém, é aquele que se elevou para Deus em linha reta, sem as quedas que nos
são comuns, sendo justo afirmar que o orbe terrestre só viu um eleito, que é Jesus-
Cristo.
A compreensão do homem, todavia, em se tratando de angelitude, generalizou
a definição, estendendo-a a todas as almas virtuosas e boas, nos bastidores da sua
literatura, o que justifica, entendendo-se que a palavra “anjo” significa “mensageiro”.
278 – Devemos considerar como profetas somente aqueles a que se referem as
páginas do Velho Testamento?
-Além dos ensinamentos legados por Elias ou um Jeremias, temos de convir que
numerosos missionários do plano superior precederam a vinda do Cristo, distribuindo
no mundo o pão espiritual de suas verdades eternas.
Um Çakyamuni, um Confúcio, um Sócrates, foram igualmente profetas do
Senhor, na gloriosa preparação dos seus caminhos. Se desenvolverem ação distante
do ambiente e dos costumes israelitas, pautaram a missão no mesmo plano
universalista, em que as tribos de Israel foram chamadas a trabalhar, mas
particularmente, pelo progresso religioso do mundo.
279 –Os profetas hebraicos representavam o papel de sacerdotes dos crentes da Lei?
-Em todos os tempos houve a mais funda diferença entre sacerdócio e o
profetismo.
Os antigos profetas de Israel nunca se caracterizaram por qualquer expressão
de servilismo às convenções sociais e aos interesses econômicos, tão ao gosto do
sacerdócio organizado, em todas as eras e em todos os lugares.
Extremamente dedicados ao esforço próprio, não viviam do altar de sua fé, mas
do trabalho edificante, fosse na indumentária dos escravos oprimidos, ou no
insulamento do deserto que as suas aspirações religiosas sabiam povoar de um santo
dinamismo construtivo.
280 –Os profetas do Cristo têm voltado à esfera material para trazer aos homens
novas expressões de luz para o futuro da Humanidade?
-Em tempo algum as coletividades humanas deixaram de receber a sublime
cooperação dos enviados do Senhor, na solução dos grandes problemas do porvir.
Nem sempre a palavra da profecia poderá ser trazida pelas mesmas
individualidades espirituais dos tempos idos; contudo, os profetas de Jesus, isto é, as
poderosas organizações espirituais dos planos superiores, têm estado convosco,
incessantemente, impulsando-vos à evolução em todos os sentidos, multiplicando as
vossas possibilidades de êxito nas experiências difíceis e dolorosas. É verdade que os
novos enviados não precisarão dizer o que já se encontra escrito, em matéria de
revelações religiosas; todavia, agem nos setores da Ciência e da Filosofia, da
Literatura e da Arte, levantando-vos o pensamento abatido para as maravilhosas
construções espirituais do porvir. Igualmente, é certo que os missionários novos não
encontram o deserto de figueiras bravas, onde os seus predecessores se nutriam
apenas de gafanhotos e de mel selvagem, mas ainda são obrigados a viver no deserto
das cidades tumultuosas, entre corações indiferentes e incompreensíveis, cercados
pela ingratidão e pela zombaria dos contemporâneos, que, muitas vezes, lhes impõem
o pelourinho e o sacrifício.
O amor de Jesus, todavia, é a seiva divina que lhes alimenta a fibra de trabalho
e realização, e, sob as suas bênçãos generosas, as grandes almas solitárias
atravessam o mundo, distribuindo a luz do Senhor pelas estradas sombrias.
281 –A leitura do Velho Testamento e do Evangelho, nos círculos familiares, como é de
hábito entre muitos povos europeus, favorece a renovação dos fluídos salutares de paz
na intimidade do coração e do ambiente doméstico?
-Essa leitura é sempre útil, e quando não produz a paz imediata, em vista da
heterogeneidade de condições espirituais daqueles que a ouvem em conjunto, constitui
sempre proveitosa sementeira evangélica, extensiva às entidades do plano invisível,
que a assistem, sendo lícito esperar mais tarde o seu florescimento e frutificação.
Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
Digitado por: Lúcia Aydir.
II
EVANGELHO
Emmanuel
JESUS
282 –Se devemos considerar o Velho Testamento como a pedra angular da Revelação
Divina, qual a posição do Evangelho de Jesus na educação religiosa dos homens?
-O Velho Testamento é o alicerce da Revelação Divina. O Evangelho é o edifício
da redenção das almas. Como tal, devia ser procurada a lição de Jesus, não mais para
qualquer exposição teórica, mas visando cada discípulo o aperfeiçoamento de si
mesmo, desdobrando as edificações do Divino Mestre no terreno definitivo do Espírito.
283 –Com Referência a Jesus, como interpretar o sentido das palavras de João: - “E o
Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e verdade?”.
-Antes de tudo, precisamos compreender que Jesus não foi um filósofo e nem
poderá ser classificado entre os valores propriamente humanos, tendo-se em conta os
valores divinos de sua hierarquia espiritual, na direção das coletividades terrícolas.
Enviado de Deus, Ele foi a representação do Pai junto do rebanho de filhos
transviados do seu amor e da sua sabedoria, cuja tutela lhe foi confiada nas
ordenações sagradas da vida no Infinito.
Diretor angélico do orbe, seu coração não desdenhou a permanência direta
entre os tutelados míseros e ignorantes, dando ensejo às palavras do apóstolo, acima
referidas.
284 –O apóstolo João recebeu missão diferente, na organização do Evangelho,
considerando-se a diversidade de suas exposições em confronto com as narrações de
seus companheiros?
-Ainda aí, temos de considerar a especialização das tarefas, no capítulo das
obrigações conferidas a cada um. As peças nas narrações evangélicas identificam-se
naturalmente, entre si, como partes indispensáveis de um todo, mas somos
compelidos a observar que, se Mateus, Marcos e Lucas receberam a tarefa de
apresentar, nos textos sagrados, o Pastor de Israel na sua feição sublime, a João
coube a tarefa de revelar o Cristo Divino, na sua sagrada missão universalista.
285 –“Jesus-Cristo é sem pai, sem mãe, sem genealogia” – Como interpretar essa
afirmativa, em face da palavra de Mateus?
-Faz-se necessário entendermos a missão universalista do Evangelho de Jesus,
através da palavra de João, para compreender tal afirmativa no tocante à genealogia
do Mestre Divino, cujas sagradas raízes repousam no infinito do amor e de sabedoria
em Deus.
286 –O sacrifício de Jesus deve ser apreciado tão-somente pela dolorosa expressão do
Calvário?
-O Calvário representou o coroamento da obra do Senhor, mas o sacrifício na
sua exemplificação se verificou em todos os dias da sua passagem pelo planeta. E o
cristão deve buscar, antes de tudo, o modelo nos exemplos do Mestre, porque o Cristo
ensinou com amor e humildade o segredo da felicidade espiritual, sendo imprescindível
que todos os discípulos edifiquem no íntimo essas virtudes, com as quais saberão
demonstrar ao calvário de suas dores, no momento oportuno.
287 –Numerosos discípulos do Evangelho consideram que o sacrifício do Gólgota não
teria sido completo sem o máximo de dor material para o Mestre Divino. Como
conceituar essa suposição em face da intensidade do sofrimento moral que a cruz lhe
terá oferecido?
-A dor material é um fenômeno como os dos fogos de artifícios, em face dos
legítimos valores espirituais.
Homens do mundo, que morreram por uma idéia, muitas vezes não chegaram a
experimentar a dor física, sentindo apenas a amargura da incompreensão do seu ideal.
Imaginai, pois, o Cristo, que se sacrificou pela Humanidade inteira, e chegareis
a contempla-Lo na imensidão da sua dor espiritual, augusta e indefinível para a nossa
apreciação restrita e singela.
De modo algum poderíamos fazer um estudo psicológico de Jesus,
estabelecendo dados comparativos entre o Senhor e o homem.
Em sua exemplificação divina, faz-se mister considerar, antes de tudo, o seu
amor, a sua humildade, a sua renúncia por toda a Humanidade.
Examinados esses fatores, a dor material teria significação especial para que a
obra cristã ficasse consagrada? A dor espiritual, grande demais para ser
compreendida, não constitui o ponto essencial da sai perfeita renúncia pelos homens?
Nesse particular, contudo, as criaturas humanas prosseguirão discutindo, como
as crianças que somente admitem as realidades da vida de um adulto, quando se lhe
fornece o conhecimento tomando por imagens o cabedal imediato dos seus
brinquedos.
288 – “Meu Pai e eu somos Um” – Poderemos receber mais alguns esclarecimento
sobre essa afirmativa do Cristo?
-A afirmativa evidenciava a sua perfeita identidade com Deus, na direção de
todos os processos atinentes à marcha evolutiva do planeta terrestre.
289 –São muitos os Espíritos em evolução na Terra, ou nas esferas mais próximas,
que já viram o Cristo, experimentando a glória da sua presença divina?
-Toda a comunidade dos Espíritos encarnados na Terra, ou localizados em suas
esferas de labor espiritual mais ligadas ao planeta, sentem a sagrada influência do
Cristo, através da assistência de seus prepostos; todavia, pouquíssimos alcançarão a
pureza indispensável para a contemplação do Mestre no seu plano divino.
290 –Poder-se-á reconhecer nas parábolas de Jesus a expressão fenomênica das
palavras, guardando a eterna vibração de seu sentimento nos ensinos?
-Sim. As parábolas do Evangelho são como as sementes divinas que
desabrochariam, mais tarde, em árvores de misericórdia e de sabedoria para a
Humanidade.
291 –Como interpretar o Anticristo?
-Podemos simbolizar como Anticristo o conjunto das forças que operam contra o
Evangelho, na Terra e nas esferas vizinhas do homem, mas, não devemos figurar
nesse Anticristo um poder absoluto e definitivo que pudesse neutralizar a ação de
Jesus, porquanto, com tal suposição, negaríamos a previdência e a bondade infinita de
Deus.
Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
Digitado por: Lúcia Aydir.
RELIGIÕES
Emmanuel
292 – Em que sentido deveremos tomar o conceito de religiões?
-Religiões, para todos os homens, deveria compreender-se como sentimento
divino que clarifica o caminho das almas e que cada espírito apreenderá na pauta do
seu nível evolutivo.
Neste sentido, a Religião é sempre a face augusta e soberana da Verdade;
porém, na inquietação que lhes caracteriza a existência na Terra, os homens se
dividiram em numerosas religiões, como se a fé também pudesse ter fronteira, à
semelhança das pátrias materiais; tantas vezes mergulhadas no egoísmo e na ambição
de seus filhos.
Dessa falsa interpretação tem nascido no mundo as lutas antifraternais e as
dissensões religiosas de todos os tempos.
293 –As religiões que surgiram no mundo, antes do Cristo, tinham também por missão
principal a preparação da mentalidade humana para a sua vinda?
-Todas as idéias religiosas, que as criaturas humanas traziam consigo do
pretérito milenário, destinavam-se a preparar o homem para receber e aceitar o
Cordeiro de Deus, com a sua mensagem de amor perene e reforma espiritual
definitiva.
O Cristianismo é a síntese, em simplicidade e luz, de todos os sistemas
religiosos mais antigos, expressões fragmentárias das verdades sublimes trazidas ao
mundo na palavra imorredoura de Jesus.
Os homens, contudo, não obstante todos os elementos de preparação,
continuaram divididos e, e dentro das suas características de rebeldia, procrastinaram
a sua edificação nas lições renovadoras do Evangelho.
294 –Reconhecendo-se que várias seitas nasceram igualmente do Cristianismo,
devemos considera-las cristãs, ou simples expressões religiosas insuladas da verdade
de Jesus?
-Todas as expressões religiosas nascidas do Cristianismo se identificam pela
seiva de amor do tronco que as congrega, apesar dos erros humanos de seus
expositores.
Os sacerdotes das mais diversas castas inventaram os manuais teológicos, os
princípios dogmáticos e as fórmulas políticas; todavia, nenhum esforço humano
conseguiu deslustrar a claridade divina do “amai-vos uns aos outros”, base imortal de
todos os ensinos de Jesus, cuja luminosa essência identifica as castas entre si, em
todas as posições e tarefas especializadas que lhes foram conferidas.
295 –Se as seitas religiosas nascidas do Cristianismo têm uma tarefa especializada,
qual será a das correntes protestantes, oriundas da Reforma?
-A Reforma e os movimentos ou esse lhe seguiram vieram ao mundo com a
missão especial de exumar a “letra” dos Evangelhos, enterrada até então nos arquivos
da intolerância clerical, nos seminários e nos conventos, a fim de que, depois da sua
tarefa, pudesse o Consolador prometido, pela voz do Espiritismo cristão, ensinar aos
homens o “espírito divino” de todas as lições de Jesus.
296 –O Espírito, antes de reencarnar, escolhe também as crenças ou cultos a que se
deverá submeter nas experiências da vida?
-Todos os Espíritos, reencarnados no planeta, trazem consigo a idéia de Deus,
identificando-se de modo geral nesse sagrado princípio.
Os cultos terrestres, porém, são exteriorizações desse princípio divino, dentro
do mundo convencional, depreendendo-se daí que a Verdade é uma só, e que as seitas
terrestres são materiais de experiências e de evolução, dependendo a preferência de
cada um do estado de evolutivo em que se encontre no aprendizado da existência
humana, e salientando-se que a escolha está sempre de pleno acordo com o seu
estado íntimo, seja na viciosa tendência de repousar nas ilusões do culto externo, seja,
pelo esforço sincero de evoluir, na pesquisa incessante da edificação divina.
297 –Considerando que a convenção social confere aos sacerdotes das seitas cristãs
certas prerrogativas na realização de determinados acontecimentos da vida, como
interpretar as palavras de Mateus: - “Tudo o que ligardes na Terra, será ligado no
Céu”, se os sacerdotes, tantas vezes, não se mostram dignos de falar no mundo em
nome de Deus?
-Faz-se indispensável observar que as palavras do Cristo foram dirigidas aos
apóstolos e que a missão de seus companheiros não era restrita ao ambiente das
tribos de Israel, tendo a sua divina continuação além das próprias atividades
terrestres. Até hoje, os discípulos diretos do Senhor têm a sua tarefa sagrada, em
cooperação com o Mestre Divino, junto da Humanidade – a Israel mística dos seus
ensinamentos.
Os méritos dos apóstolos de modo algum poderiam ser automaticamente
transferidos aos sacerdotes degenerados pelos interesses políticos e financeiros de
determinados grupos terrestres, depreendendo-se daí que a Igreja Romana, a que
mais tem abusado desses conceitos, uma vez mais desviou o sentido da lição do
Cristo.
Importa, porém lembrarmos neste particular a promessa de Jesus, de que
estaria sempre entre aqueles que se reunisse sinceramente em seu nome.
Nessas circunstâncias, os discípulos leais devem manter-se em plano superior
ao do convencionalismo terrestre, agindo com a própria consciência e com a melhor
compreensão de responsabilidade, em todos os climas do mundo, porquanto, desse
modo, desde que desenvolvam atuação no bem, pelo bem e para o bem, em nome do
Senhor, terão seu atos evangélicos tocados pela luz sacrossanta das sanções divinas.
298 – Considerando que as religiões incovam o Evangelho de Mateus para justificar a
necessidade do batismo em suas características cerimoniais, como deverá proceder ao
espiritista em face desse assunto?
-Os espiritistas sinceros, na sagrada missão de paternidade, devem
compreender que o batismo, aludido no Evangelho, é o da invocação das bênçãos
divinas para quantos a eles se reúnem no instituto santificado da família.
Longe de quaisquer cerimônias de natureza religiosa, que possam significar
uma continuação dos fetichismos da Igreja Romana, que se aproveitou do símbolo
evangélico para a chamada venda dos sacramentos, o espiritista deve entender o
batismo como o apelo do seu coração ao Pai de Misericórdia, para que os seus esforços
sejam santificados no trabalho de conduzir as almas a elas confiadas no instituto
familiares, compreendendo, além do mais, que esse ato de amor e de compromisso
divino deve ser continuado por toda a vida, na renúncia e no sacrifício, em favor da
perfeita cristianização dos filhos, no apostolado do trabalho e da dedicação.
299 – Qual o procedimento a ser adotado pelos espiritistas na consagração do
casamento, sem ferir as convenções sociais, reflexas dos cultos religiosos?
-Os cultos religiosos, em sua feição dogmática, são igualmente transitórios,
como todas as fórmulas do convencionalismo humano.
Que o espiritista sincero e cristão, assumido os seus compromissos conjugais
perante as leis dos homens, busque honrar a sua promessa e a sua decisão,
santificando o casamento com o rigoroso desempenho de todos os seus deveres
evangélicos, ante os preceitos terrestres e ante a imutável lei divina que vibra em sua
consciência cristianizada.
300 –Como interpretar a missa no culto externo da Igreja Católica?
-Perante o coração sincero e fraternal dos crentes, a missa idealizada pela
igreja de Roma deve ser um ato exterior, respeitável para nós outros, como qualquer
cerimônia convencionalista do mundo, que exija a mútua consideração social no
mecanismo de relações superficiais da Terra.
A Igreja de Roma pretende comemorar, com ela, o sacrifício do Mestre pela
Humanidade; todavia, a cerimônia se efetua de conformidade com aposição social e
financeira do crente.
Ocorrem, dessa maneira, as missas mais variadas, tais como a: “do galo”, a
“nova”, a”particular”, a”pontifical”, a “das almas”, a “seca”, a “cantada”, a “chã”, a
“campal”, etc., adstritas a um prontuário tão convencionalista e tão superficial, , que é
de admirar a adaptação ao seu mistifório, por parte do sacerdote inteligente e afeito à
sinceridade.
301 –As aparições e os chamados milagres relacionados na história da origem das
igrejas são fatos de natureza mediúnica?
-Todos esse acontecimentos, classificados no domínio do sobrenatural, foram
fenômenos psíquicos sobre os quais se edificaram as igrejas conhecidas, fatos esses
que o Espiritismo veio a catalogar e esclarecer, na sua divina missão de Consolador.
302 – Como compreender a afirmativa de Jesus aos Judeus: - “Sois deuses?”.
-Em todo homem repousa a partícula da divindade do Criador, com a qual pode
a criatura terrestre participar dos poderes sagrados da Criação.
O Espírito encarnado ainda não ponderou devidamente o conjunto de
possibilidades divinas guardadas em suas mãos, dons sagrados tantas vezes
convertidos em elementos de ruína e destruição.
Entretanto, os poucos que sabem crescer na sua divindade, pela exemplificação
e pelo ensinamento, são cognominados na Terra santos e heróis, por afirmarem a sua
condição espiritual, sendo justo que todas as criaturas procuram alcançar esses
valores, desenvolvendo para o bem e para a luz, a sua natureza divina.
303 –Qual o sentido do ensinamento evangélico: - “Todos os pecados ser-vos-ão
perdoados, menos os que cometerdes conta o Espírito Santo?”.
-A aquisição do conhecimento espiritual, com a perfeita noção de nossos
deveres, desperta em nosso íntimo a centelha do espírito divino, que se encontra no
âmago de todas as criaturas.
Nesse instante, descerra-se à nossa visão profunda o santuário da luz de Deus,
dentro de nós mesmos, consolidando e orientando as nossas mais legítimas noções de
responsabilidade na vida.
Enquanto o homem se desvia ou fraqueja, distante dessa iluminação, seu erro
justifica-se, de alguma sorte, pela ignorância ou pela cegueira. Todavia, a falta
cometida com a plena consciência do dever, depois da bênção do conhecimento
interior, guardada no coração e no raciocínio, essa significa o “pecado contra o Espírito
Santo”, porque a alma humana estará, então, contra si mesma, repudiando as suas
divinas possibilidades.
É lógico, portanto, que esses erros são os mais graves da vida, porque
consistem no desprezo dos homens pela expressão de Deus, que habita neles.
304 –Qual o espírito destas letras: - “Não cuideis que vim trazer paz à Terra; não vim
trazer a paz, mas a espada”?
-Todos os símbolos do Evangelho, dado o meio em que desabrocharam, são,
quase sempre, fortes e incisivos.
Jesus não vinha trazer ao mundo a palavra de contemporização com as
fraquezas do homem, mas a centelha de luz para que a criatura humana se iluminasse
para os planos divinos.
E a lição sublime do Cristo, ainda e sempre, pode ser conhecida como a
“espada’ renovadora, com a qual deve o homem lutar consigo mesmo, extirpando os
velhos inimigos do seu coração, sempre capitaneados pela ignorância e pela vaidade,
pelo egoísmo e pelo orgulho”.
305 –A afirmativa do Mestre: - “Porque eu vim pôr em dissensão o filho contra seu pai,
a filha contra sua mãe e a nora contra sua sogra” – como deve ser compreendida em
espírito e verdade?
-Ainda aqui, temos de considerar a feição antiga do hebraico, com a sua
maneira vigorosa de expressão.
Seria absurdo admitir que o Senhor viesse estabelecer a perturbação no
sagrado instituto da família humana, nas suas elevadas expressões afetivas, mas, sim,
que os seus ensinamentos consoladores seriam o fermento divino das opiniões,
estabelecendo os movimentos naturais das idéias renovadoras, fazendo luz no íntimo
de cada um, pelo esforço próprio, para felicidade de todos os corações.
306 – “E tudo o que pedirdes na oração, crendo o recebereis” – Esse preceito do
Mestre tem aplicação igualmente, no que se refere aos bens materiais?
-O “seja feita a vossa vontade”, da oração comum, constitui nosso pedido geral
a Deus, cuja Providência, através dos seus mensageiros, nos proverá o espírito ou a
condição de vida do mais útil, conveniente e necessário ao nosso progresso espiritual,
para a sabedoria e para o amor.
O que o homem não deve esquecer, em todos os sentidos e circunstâncias da
vida, é a prece do trabalho e da dedicação, no santuário da existência de lutas
purificadoras, porque Jesus abençoará as suas realizações de esforço sincero.
307 –Por que disse Jesus que “o escândalo é necessário, mas aí daquele por quem o
escândalo vier?”.
-Num pano de vida, onde quase todos se encontram pelo escândalo que
praticaram no pretérito, é justo que o mesmo “escândalo” seja necessário, como
elemento de expiação, de prova ou de aprendizado, porque aos homens falta ainda
aquele “amor que cobre a multidão dos pecados”.
As palavras do ensinamento do Mestre ajustam-se, portanto, de maneira
perfeita, à situação dos encarnados no mundo, sendo lastimáveis os que não vigiam,
por se tornarem, desse modo, instrumentos de tentação nas suas quedas constantes,
através dos longos caminhos.
308 –As palavras de João: - “A luz brilha nas trevas e as trevas não a
compreenderam”, tiveram aplicação somente quando da exemplificação do Cristo, há
dois mil anos, ou essa aplicação é extensiva à nossa era?
-As palavras do apóstolo referiam-se à sua época; todavia, o simbolismo
evangélico do seu enunciado estende-se aos tempos modernos, nos quais a lição do
Senhor permanece incompreendida para a maioria dos corações, que persistem em
não ver a luz, fugindo à verdade.
309 –Em que sentido devemos interpretar as sentenças de João Batista: - “A quem
pertence a esposa é o esposo; mas o amigo do esposo, que com ele está e ouve,
muito se regozija por ouvir a voz do esposo. Pois este gozo eu agora experimento; é
preciso que ele cresça e que eu diminua”?
-O esposo da Humanidade terrestre é Jesus-Cristo, o mesmo Cordeiro de Deus
que arranca as almas humanas dos caminhos escusos da impenitência.
O amigo do esposo é o seu precursor, cuja expressão humana deveria
desaparecer, a fim de que Jesus resplandecesse para o mundo inteiro, no seu
Evangelho de Verdade e Vida.
310 –A transfiguração do Senhor é também um símbolo para a Humanidade?
-Todas as expressões do Evangelho possuem uma significação divina e, no
Tabor, contemplamos a grande lição de que o homem deve viver a sua existência, no
mundo, sabendo que pertence ao Céu, por sua sagrada origem, sendo indispensável,
desse modo, que se desmaterialize, a todos os instantes, para que se desenvolva em
amor e sabedoria, na sagrada exteriorização da virtude celeste, cujos germes lhe
dormitam no coração.
311-Qual o sentido da afirmativa do texto sagrado, acerca de Jesus: - “Não tendo
Deus querido sacrifício, nem oblata, lhe formou um corpo?”.
-Para Deus, o mundo não mais deveria persistir no velho costume de sacrificar
nos altares materiais, em seu nome, razão por que enviou aos homens a palavra do
Cristo, a fim de que a Humanidade aprendesse a sacrificar no altar do coração, na
ascensão divina dos sentimentos para o seu amor.
312 –Como interpretar a afirmativa de João: - “Três são os que fornecem testemunho
no céu: o Pai, o Verbo e o Espírito Santo?”.
-João referia-se ao Criador, a Jesus, que constituía para a Terra a sua mais
perfeita personificação, e à legião dos Espíritos redimidos e santificados que cooperam
com o Divino Mestre, desde os primeiros dias da organização terrestre, sob a
misericórdia de Deus.
313 –Como entender a bem-aventurança conferida por Jesus aos “pobres de espírito?”.
-O ensinamento do Divino Mestre, referia-se às almas simples e singelas,
despidas do “espírito de ambição e de egoísmo” que costumam triunfar nas lutas do
mundo.
Não costumais até hoje denominar os vitoriosos do século, nas questões
puramente materiais, de “homens de espírito?” É por essa razão que, em se dirigindo à
massa popular, aludia o Senhor aos corações despretensiosos e humildes; aptos a lhes
seguirem o ensinamento; sem determinadas preocupações rasteiras da existência
material.
314 –Qual a maior lição que a Humanidade recebeu do Mestre, ao lavrar ele os pés dos
seus discípulos?
-Entregando-se a esse ato, queria o Divino Mestre testemunhar Pás criaturas
humanas a suprema lição da humildade, demonstrando, ainda uma vez, que, na
coletividade cristã, o maior para Deus seria sempre aquele que se fizesse o menor de
todos.
315 –Por que razão Jesus, ao lavar os pés dos discípulos, cingiu-se com uma toalha?
-O Cristo, que não desdenhou a energia fraternal na eliminação dos erros da
criatura humana, afirmando-se como o Filho de Deus nos divinos fundamentos da
Verdade, quis proceder desse modo para revelar-se o escravo pelo amor à
Humanidade, à qual vinha trazer a luz da vida, na abnegação e no sacrifício supremos.
316 –Aceitando Jesus o auxílio de Simão, o cireneu, desejava deixar um novo
ensinamento às criaturas?
-Essa passagem evangélica encerra o ensinamento do Cristo, concernente à
necessidade de cooperação fraternal entre os homens, em todos os trâmites da vida.
317 –A ressurreição de Lázaro, operada pelo Mestre, tem um sentido oculto, como
lição à Humanidade?
-O episódio de Lázaro era um selo divino identificando a passagem do Senhor,
mas também foi o símbolo sagrado da ação do Cristo sobre o homem, testemunhando
que o seu amor arrancava a Humanidade do seu sepulcro de misérias, Humanidade da
qual tem o Senhor dado o sacrifício de suas lágrimas, ressuscitando-a para o sol da
vida eterna, nas sagradas lições do seu Evangelho de amor e de redenção.
318 –Poderemos receber um ensinamento sobre a eucaristia, dado o costume
tradicional da Igreja Romana, que recorda a ceia dos discípulos com o vinho e a
hóstia?
-A verdadeira eucaristia evangélica não é a do pão e do vinho materiais, como
pretende a igreja de Roma, mas, a identificação legítima e total do discípulo com
Jesus, de cujo ensino de amor e sabedoria deve haurir a essência profunda, para
iluminação dos seus sentimentos e do seu raciocínio, através de todos os caminhos da
vida.
319 –Quem terá recebido maior soma de misericórdia n a justiça divina: - Judas, o
discípulo infiel, mas iludido e arrependido, ou o sacerdote maldoso e indiferente, que o
induziu à defecção?
-Quem há recebido mais misericórdia, por mais necessitado e indigente, é o
mau sacerdote de todos os tempos, que, longe de confundir a lição do Cristo uma só
vez, vem praticando a defecção espiritual para com o Divino Mestre, desde muitos
séculos.
320 –Que ensinamentos nos oferece a negação de Pedro?
-A negação de Pedro serve para significar a fragilidade das almas humanas,
perdidas na invigilância e na despreocupação da realidade espiritual, deixando-se
conduzir, indiferentemente, aos torvelinhos mais tenebrosos do sofrimento, sem
cogitarem de um esforço legítimo e sincero, na definitiva edificação de si mesmas.
321 –Qual a edição dos Evangelhos que melhor traduz a fonte original?
-A grafia original dos Evangelhos já representa em si mesma, a própria
tradução do ensino de Jesus, considerando-se que essa tarefa foi delegada aos seus
apóstolos.
Sendo razoável estimarmos, em todas as circunstâncias, os esforços sinceros,
seja qual for o meio onde se desdobram, apenas consideramos que, em todas as
traduções dos ensinamentos do Mestre Divino, se torna imprescindível separar da letra
o espírito.
Poderia objetar que a letra deveria ser simples e clara.
Convenhamos que sim, mas importa observar que os Evangelhos são o roteiro
das almas, e é com a visão espiritual que devem ser lidos; pois, constituindo a cátedra
de Jesus, o discípulo que deles se aproximar com a intenção sincera de aprender
encontra, sob todos os símbolos da letra, a palavra persuasiva e doce, simples e
enérgica, da inspiração do seu Mestre imortal.
Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
Digitado por: Lúcia Aydir.
III
AMOR
Emmanuel
UNIÃO
322 – Há uma gradação do amor, no sei das manifestações da natureza visível e
invisível?
-Sem dúvida, essa gradação existiu em todos os tempos, como gradativa é a
posição de todos os seres na escala infinita do progresso.
O amor é a lei própria da vida e, sob o seu domínio sagrado, todas as criaturas
e todas as coisas se reúnem ao Criador, dentro do plano grandioso da unidade
universal.
Desde as manifestações mais humildes dos reinos inferiores da Natureza,
observamos a exteriorização do amor em sua feição divina. Na poeira cósmica,
sínteses da vida, têm as atrações magnéticas profundas; nos corpos simples, vemos as
chamadas “precipitações” da química; nos reinos mineral e vegetal verificamos o
problema das combinações indispensáveis. Nas expressões da vida animal;
observamos o amor em todo, em gradações infinitas, da violência à ternura, nas
manifestações do irracional.
No caminho dos homens é ainda o amor que preside a todas as atividades da
existência em família e em sociedade.
Reconhecida a sua luz divina em todos os ambientes, observaremos a união
dos seres como um ponto sagrado, de referência dessa lei única que dirige o Universo.
Das expressões de sexualidade, o amor caminha para o supersexualismo,
marchando sempre para as sublimadas emoções da espiritualidade pura, pela renúncia
e pelo trabalho santificantes, até alcançar o amor divino, atributo dos seres angelicais,
que se edificaram para a união com Deus, na execução de seus sagrados desígnios do
Universo.
323 –Será uma verdade a teoria das almas gêmeas?
-No sagrado mistério da vida, cada coração possui no Infinito a alma gêmea da
sua, companheira divina para a viagem à gloriosa imortalidade.
Criadas umas para as outras, as almas gêmeas se buscam, sempre que
separadas. A união perene é-lhes a aspiração suprema e indefinível. Milhares de seres,
se transviados no crime ou na inconsciência, experimentaram a separação das almas
que os sustentam, como a provação mais ríspida e dolorosa, e, no drama das
existências mais obscuras, vemos sempre a atração eterna das almas que se amam
mais intimamente, envolvendo umas para as outras num turbilhão de ansiedades
angustiosas; atração que é superior a todas as expressões convencionais da vida
terrestre. Quando se encontram no acervo real para os seus corações – a da ventura
de sua união pela qual não trocariam todos os impérios do mundo, e a única amargura
que lhes empana a alegria é a perspectiva de uma nova separação pela morte,
perspectiva essa que a luz da Nova Revelação veio dissipar, descerrando para todos os
espíritos, amantes do bem e da verdade, os horizontes eternos da vida.
324 –Existe nos textos sagrados algum elemento de comprovação para a teoria das
almas gêmeas?
-Somos dos primeiros a reconhecer que em todos os textos necessitamos
separar o espírito da letra; contudo, é justo lembrar que nas primeiras páginas do
Antigo Testamento, base da Revelação Divina, está registrada: “e Deus considerou que
o homem não devia ficar só”.
325 –A atração das almas gêmeas é traço característico de todos os planos de luta na
Terra?
-O Universo é o plano infinito que o pensamento divino povoou de ilimitadas e
intraduzíveis belezas.
Para todos nós, o primeiro instante da criação do ser está mergulhado num
suave mistério, assim como também a atração profunda e inexplicável que arrasta
uma alma para outra, no instituto dos trabalhos, das experiências e das provas, no
caminho infinito do Tempo.
A ligação das almas gêmeas repousa, para o nosso conhecimento relativo, nos
desígnios divinos, insondáveis na sua sagrada origem, constituindo a fonte vital do
interesse das criaturas para as edificações da vida.
Separadas ou unidas nas experiências do mundo, as almas irmãs caminham,
ansiosas, pela união e pela harmonia supremas, até que se integrem, no plano
espiritual, onde se reúnem para sempre na mais sublime expressão de amor divino,
finalidades profundas de todas as cogitações do ser, no Dédalo do destino.
326 –A união das almas gêmeas pode constituir restrição ao amor universal?
O amor das almas gêmeas não pode efetuar semelhante restrição, porquanto,
atingida a culminância evolutiva, todas as expressões afetivas se irmanam na
conquista do amor divino. O amor das almas gêmeas, em suma, é aquele que o
Espírito, um dia, sentirá pela Humanidade inteira.
327 –Se todos os seres possuem a sua alma gêmea, qual a alma gêmea de Jesus-
Cristo?
-Não julguemos acertado trazer a figura do Cristo para condiciona-la aos meios
humanos, num paralelismo injustificável, porquanto em Jesus temos de observar a
finalidade sagrada dos gloriosos destinos do espírito.
N’Ele cessou os processos, sendo indispensável reconhecer na sua luz as
realizações que nos compete atingir.
Representando para nós outros a síntese do amor divino, somos compelidos a
considerar que de sua culminância espiritual enlaçou no seu coração magnânimo, com
a mesma dedicação, a Humanidade inteira, depois de realizar o amor supremo.
328 –Perante a teoria das almas gêmeas, como esclarecer a situação dos viúvos que
procuram, novas uniões matrimoniais, alegando a felicidade encontrada no lar
primitivo?
-Não devemos esquecer que a Terra ainda é uma escola de lutas regeneradoras
ou expiatórias, onde o homem pode consorciar-se várias vezes, sem que a sua união
matrimonial se efetue com a alma gêmea da sua, muitas vezes distante da esfera
material.
A criatura transviada, até que se espiritualize para a compreensão desses laços
sublimes, está submetida, no mapa de suas provações, a tais experiências, por vezes
pesadas e dolorosas.
A situação de inquietude e subversão de valores na alma humana justifica essa
provação terrestre, caracterizada pela distância dos Espíritos amados, que se
encontram num plano de compreensão superior, os quais, longe de desdenharem as
boas experiências dos companheiros de seus afetos, buscam facultar-lhes com a
máxima dedicação, de modo a facilitar o seu avanço direto às mais elevadas
conquistas espirituais.
329 –Os Espíritos evolutivos, pelo fato de deixarem algum amado na Terra, ficam
ligados ao planeta pelos laços da saudade?
-Os espíritos superiores não ficam propriamente ligados ao orbe terreno, mas
não perdem o interesse afetivo pelos seres amados que deixaram no mundo, pelos
quais trabalham com ardor, impulsionando-os na estrada das lautas redentoras, em
busca das culminâncias da perfeição.
A saudade, nessas almas santificadas e puras, é muito mais sublime e mais
forte, por nascer de uma sensibilidade superior, salientando-se que, convertida num
interesse divino, opera as grandes abnegações do Céu, que seguem os passos
vacilantes do Espírito encarnado, através de sua peregrinação expiatória ou redentora
na face da Terra.
330 –Somente pela prece a alma encarnada pode auxiliar um Espírito bem-amado que
a antecedeu na jornada do túmulo?
-A oração coopera eficazmente em favor do que partiu, muitas vezes com o
espírito emaranhado na rede das ilusões da existência material. Todavia, o coração
amigo que ficou aí no mundo, pela vibração silenciosa e pelo desejo perseverante de
ser útil ao companheiro que o precedeu na sepultura, para os movimentos da vida, nos
momentos de repouso do corpo, em que a alma evoluída pode gozar de relativa
liberdade, pode encontrar o Espírito sofredor ou errante do amigo desencarnado,
despertar-lhe à vontade no cumprimento do dever, bem como orienta-lo sobre a sua
realidade nova, sem que a sua memória corporal registre o acontecimento na vigília
comum.
Daí nasce à afirmativa de que somente o amor pode atravessar o abismo da
morte.
331 – Como devemos interpretar a sentença – “Há eunucos que se castraram a si
mesmos, por causa do reino dos céus”?
-Almas existem que, para obterem as sagradas realizações de Deus em si
próprias, entrega-se a labores de renúncia, em existência de santificada abnegação.
Nesse mister, é comum abdicarem transitoriamente as ligações humanas, de
modo a acrisolarem os sés afetos e sentimentos em vidas de ascetismo e de longas
disciplinas materiais.
Quase sempre, os que na Terra se fazem eunucos para os reinos do céu, agem
de acordo com os dispositivos sagrados de missões redentoras, nas quais, pelo
sacrifício e pela dedicação, se redimem entes amados ou a alma gêmea da sua,
exilados nos caminhos expiatórios. Numerosos Espíritos recebem de Jesus permissão
para esse gênero de esforços santificantes, porquanto, nessa tarefa, os que se fazem
eunucos, pelos reinos do céu, precipitam os processos de redenção do ser ou dos seres
amados, submersos nas provas e, simultaneamente, pela sua condição de envolvidos,
podem ser mais facilmente transformados, na Terra, em instrumentos da verdade e do
bem, redundando o seu trabalho em benefícios inestimáveis para os entes queridos,
para a coletividade e para si próprios.
Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
Digitado por: Lúcia Aydir.
PERDÃO
Emmanuel
332 – Perdoar e não perdoar significa absolver e condenar?
-Nas mais expressivas lições de Jesus, não existem, propriamente as
condenações implícitas ao sofrimento eterno, como quiseram os inventores de um
inferno mitológico.
Os ensinos evangélicos referem-se ao perdão ou à sua ausência.
Que se faz ao mal devedor a quem já se tolerou muitas vezes? Não havendo
mais solução para as dívidas que se multiplicam, esse homem é obrigado a pagar.
É que se verifica com as almas humanas, cujos débitos, no tribunal da justiça
divina, são resgatados nas reencarnações, de cujo círculo vicioso poderão afastar-se,
cedo ou tarde, pelo esforço no trabalho e boa-vontade no pagamento.
333 –Na lei divina, há perdão sem arrependimento?
-A lei divina é uma só, isto é, a do amor que abrange todas as coisas e todas as
criaturas do Universo ilimitado.
A concessão paternal de Deus, no que se refere à reencarnação para a sagrada
oportunidade de uma nova experiência, já significa, em si, o perdão ou a
magnanimidade da Lei. Todavia, essa oportunidade só é concedida quando o Espírito
deseja regenerar-se e renovar seus valores íntimos pelo esforço nos trabalhos
santificantes.
Eis por que a boa-vontade de cada um é sempre o arrependimento que a
Providência Divina aproveita em favor do aperfeiçoamento individual e coletivo, na
marcha dos seres para as culminâncias da evolução espiritual.
334 –Antes de perdoarmos a alguém, é conveniente o esclarecimento do erro?
-Quem perdoa sinceramente, fá-lo sem condições e olvida a falta no mais
íntimo do coração; todavia, a boa palavra é sempre útil e a ponderação fraterna é
sempre um elemento de luz, clarificando o caminho das almas.
335 –Quando alguém perdoa, deverá mostrar a superioridade de seus sentimentos
para que o culpado seja levado a arrepender-se da falta cometida?
-O perdão sincero é filho espontâneo do amor e, como tal, não exige
reconhecimento de qualquer natureza.
336 –O culpado arrependido pode receber da justiça divina o direito de não passar por
determinadas provas?
-A oportunidade de resgatar a culpa já constitui em sai mesma, um ato de
misericórdia divina, e, daí, o considerarmos o trabalho e o esforço próprio como a luz
maravilhosa da vida.
Entendendo, todavia, a questão à generalidade das provas; devemos concluir
ainda, com o ensinamento de Jesus, que “o amor cobre a multidão dos pecados”,
traçando a linha reta da vida para as criaturas e representando a única força que anula
as exigências da lei de talião, dentro do Universo infinito.
337 – “Concilia-te depressa com o teu adversário” – Essa é a palavra do Evangelho,
mas se o adversário não estiver de acordo como bom desejo de fraternidade, como
efetuar semelhante conciliação?
-Cumpra cada qual o seu dever evangélico, buscando o adversário para a
reconciliação precisa, olvidando a ofensa recebida. Perseverando a atitude rancorosa
daquele, seja a questão esquecida pela fraternidade sincera, porque o propósito de
represália, em si mesmo, já constitui numa chaga viva para quanto o conservam no
coração.
338 –Por que teria Jesus aconselhado perdoar “setenta vezes sete?”.
-A Terra é um plano de experiências e resgates por vezes bastante penosos, e
aquele que se sinta ofendido por alguém, não deve esquecer que ele próprio pode
também errar setenta vezes sete.
339 –Em se falando de perdão, poderemos ser esclarecidos quanto à natureza do ódio?
-O ódio pode traduzir-se nas chamadas aversões instintivas, dentro das quais
há muito de animalidade, que cada homem alijará de si, com os valores da autoeducação,
a fim de que o seu entendimento seja elevado a uma condição superior.
Todavia, na maior parte das vezes, o ódio é o gérmem do amor que foi
sufocado e desvirtuado por um coração sem Evangelho. As grandes expressões
afetivas convertidas nas paixões desorientadas, sem compreensão legítima do amor
sublime, incendeiam-se no íntimo, por vezes, no instante das tempestades morais da
vida, deixando atrás de si as expressões amargas do ódio, como carvões que
enegrecem a alma.
Só a evangelização do homem espiritual poderá conduzir as criaturas a um
plano superior de compreensão, de modo a que jamais as energias afetivas se
convertam em forças destruidoras do coração.
340 –Perdão e esquecimento devem significar a mesma coisa?
-Para a convenção do mundo, o perdão significa renunciar à vingança, sem que
o ofendido precise olvidar plenamente a falta do seu irmão; entretanto, para o espírito
evangelizado, perdão e esquecimento devem caminhar juntos, embora prevaleça para
todos os instantes da existência a necessidade de oração e vigilância.
Aliás, a própria lei da reencarnação nos ensina que só o esquecimento do
passado pode preparar a alvorada da redenção.
341 –Os Espíritos de nossa convivência, na Terra, e que partem para o Além, sem
experimentar a luz do perdão, podem sofrer com as nossas opiniões acusatórias,
relativamente aos atos de sua vida?
-A entidade desencarnada, muito sofre com o juízo ingrato ou precipitado que,
a seu respeito, se formula no mundo.
Imaginai-vos recebendo o julgamento de um irmão de humanidade e avaliai
como desejaríeis a lembrança daquilo que possuís de bom, a fim de que o mal não
prevaleça em vossa estrada, sufocando-vos as melhores esperanças de regeneração.
Em lembrando aquele que vos precedeu no túmulo, tende compaixão dos que
erraram e sedes fraternos.
Rememorar o bem é dar vida à felicidade. Esquecer o erro é exterminar o mal.
Além de tudo, não devemos esquecer de que seremos julgados pela mesma medida
com que julgarmos.
Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
Digitado por: Lúcia Aydir.
FRATERNIDADE
Emmanuel
342 –A resposta de Jesus aos seus discípulos – “Quem é minha mãe e quem são os
meus irmãos”, é um incitamento à edificação da fraternidade universal?
-O Senhor referia-se à precariedade dos laços de sangue, estabelecendo a
fórmula do amor, a qual não deve estar circunscrita ao ambiente particular, mas ligada
ao ambiente universal, em cujas estradas deveremos observar e ajudar,
fraternalmente, a todos os necessitados, desde os aparentemente mais felizes, aos
mais desvalidos da sorte.
343 –Nas leis da fraternidade, como reconhecer na Terra, o Espírito em missão?
-Precisamos considerar que o Espírito em missão experimenta, igualmente; as
suas provas no trabalho a realizar, com a diferença de permanecer menos acessível ao
efeito dos sofrimentos humanos, pela condição de superioridade espiritual.
Podereis, todavia, identificar a missão da alma pelos atos e palavras, na
exemplificação e no ensino da tarefa que foi chamada a cumprir, porque um emissário
de amor deixa em todos os seus passos o luminoso selo do bem.
344 –O “amar ao próximo” deve ser levado até mesmo à sujeição, às ousadias e
brutalidades das criaturas menos educadas na lição evangélica, sendo que o ofendido
deve tolera-lo humildemente, sem o direito de esclarece-las, relativamente aos seus
erros?
-O amor ao próximo inclui o esclarecimento fraterno, a todo tempo em que se
faça útil e necessário. A sujeição passiva ao atrevimento ou à grosseria pode dilatar os
processos da força e da agressividade; mas, ao receber as suas manifestações, saiba o
crente pulveriza-las com o máximo de serenidade e bom senso, a fim de que sejam
exterminada em sua fonte de origem, sem possibilidades de renovação.
Esclarecer é também amar.
Toda a questão reside em bem sabermos explicar, sem expressões de
personalismo prejudicial, ainda que com a maior contribuição de energia, para que o
erro ou o desvio do bem não prevaleça.
Quanto aos processos de esclarecimentos, devem eles dispensar, em qualquer
tempo e situação, o concurso da força física, sendo justo que demonstrem as nuanças
de energia, requeridas pelas circunstâncias, variando, desse modo, de conformidade
com os acontecimentos e com fundamento invariável no bem geral.
345 –O preceito evangélico – “se alguém te bater numa face, apresenta-lhe a outra” –
deve ser observado pelo cristão, mesmo quando seja vítima de agressão corporal não
provocada?
-O homem terrestre, com as suas taras seculares, tem inventado numerosos
recursos humanos para justificar a chamada “legítima defesa”, mas a realidade é que
toda a defesa da criatura está em Deus.
Somos de parecer que, agindo o homem com a chave da fraternidade cristã,
pode-se extinguir o fermento da agressão, com a luz do bem e da serenidade moral.
Acreditando, contudo, no fracasso de todas as tentativas pacificas, o cristão
sincero, na sua feição individual, nunca deverá cair ao nível do agressor, sabendo
estabelecer, em todas as circunstâncias, a diferença entre os seus valores morais e os
instintos animalizados da violência física.
346 –Nas lutas da vida, como levar a fraternidade evangélica àqueles que mais
estimamos, se, por vezes, nosso esforço pode ser mal interpretado, conduzindo-nos a
situações mais penosas?
-De conformidade com os desígnios evangélicos, compete-nos esclarecer os
nossos semelhantes com amor fraternais, em todas as circunstâncias desagradáveis da
existência, como desejaríamos ser assistidos, irmãemente, em situação idêntica dos
que se encontram sem tranqüilidade; mas, se o atrito dos instintos animalizados
prevalece naqueles a quem mais desejamos serenidade e paz, convém deixar-lhes as
energias, depois de nossos esforços supremos em trabalho de purificação, na violência
que escolheram, até que possam experimentar a serenidade mental imprescindível
para se beneficiarem com as manifestações afetuosas do amor e da verdade.
347 –A Terra é escola de fraternidade, ou penitenciária de regeneração?
-A Terra deve ser considerada escola de fraternidade para o aperfeiçoamento e
regeneração dos Espíritos encarnados.
As almas que ai se encontram em tarefas purificadoras, muitas vezes colimam o
resgate de dívidas assaz penosas. Daí o motivo de a maioria encontrar sabor amargo
nos trabalhos do mundo, que se lhes afigura rude penitenciária, cheia de gemidos e de
aflições.
A verdade incontestável é que os aspectos divinos da Natureza serão sempre
magníficos e luminosos; porém, cada espírito os verá pelo prisma do seu coração. Mas,
na dor como na alegria, no trabalho feliz como na experiência escabrosa, todas as
criaturas deverão considerar a reencarnação um processo de sublime aprendizado
fraternal, concedido por Deus aos seus filhos, no caminho do progresso e da redenção.
348 –Onde a causa da indiferença dos homens pela fraternidade sincera, observandose
que há geralmente em todos grandes entusiasmos pela hegemonia material de seus
grupos, suas cidades, clubes e agremiações onde se verifique a evidência pessoal?
-É que as criaturas, de um modo geral, ainda têm muito da tribo, encontrandose
encarcerados nos instintos propriamente humanos, na luta das posições e das
aquisições, dentro de um egoísmo quase feroz, como se guardassem consigo,
indefinidamente, as heranças da vida animal. Todavia; é preciso recordar que, após a
eclosão desses entusiasmos, há sempre o gosto amargo da inutilidade no íntimo dos
espíritos desiludidos da precária hegemonia do mundo, instante esse em que a alma
experimenta a dilatação de suas tendências profundas para o “mais alto”. Nessa hora,
a fraternidade conquista uma nova expressão no íntimo da criatura, a fim de que o
Espírito possa alçar o grande vôo para os mais gloriosos destinos.
349 –Fraternidade e igualdade podem, na Terra, merecer um só conceito?
-Já observamos que o conceito igualitário absoluto é impossível no mundo,
dada a heterogeneidade das tendências, sentimentos e posições evolutivas no círculo
da individualidade. A fraternidade, porém, é a lei da assistência mútua e da
solidariedade comum, sem a qual todo progresso, no planeta, seria praticamente
impossível.
350 –Pode a fraternidade manifestar-se sem a abnegação?
-Fraternidade pode traduzir-se por cooperação sincera e legítima, em todos os
trabalhos da vida, e, em toda cooperação verdadeira, o personalismo não pode
subsistir, salientando-se que quem coopera cede sempre alguma coisa de si mesmo,
dando o testemunho de abnegação, sem a qual a fraternidade não se manifestaria no
mundo, de modo algum.
351 –Como entender o “amor a nós mesmos”, segundo a fórmula do Evangelho?
-O amor a nós mesmos deve ser interpretado como a necessidade de oração e
de vigilância, que todos os homens são obrigados a observar.
Amar a nós mesmos não será a vulgarização de uma nova teoria de autoadoração.
Para nós outros, a egolatria já teve o seu fim, porque o nosso problema é de
iluminação íntima, na marcha para Deus. Esse amor, portanto, deve traduzir-se em
esforço próprio, em auto-educação, em observação do dever, em obediência às leis de
realização e de trabalho, em perseverança na fé, em desejo sincero de aprender com o
único Mestre, que é Jesus-Cristo.
Quem se ilumina, cumpre a missão da luz sobre a Terra. E a luz não necessita
de outros processos para revelar a verdade, senão o de irradiar espontaneamente o
tesouro de si mesma.
Necessitamos encarar essa nova fórmula de amor a nós mesmos, conscientes
de que todo bem conseguido por nós, em proveito do próximo, não é senão o bem de
nossa própria alma, em virtude da realidade de uma só lei, que é a do amor, e um só
dispensador dos bens, que é Deus.
Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
Digitado por: Lúcia Aydir.
IV
ESPIRITISMO
Emmanuel
FÉ
352 – Devemos reconhecer no Espiritismo o Cristianismo Redivivo?
-O Espiritismo evangélico é o Consolador prometido por Jesus, que, pela voz
dos seres redimidos, espalham as luzes divinas por toda a Terra, restabelecendo a
verdade e levantando o véu que cobre os ensinamentos na sua feição de Cristianismo
redivivo, a fim de que os homens despertem para a era grandiosa da compreensão
espiritual com o Cristo.
353 –O espiritismo veio ao mundo para substituir as outras crenças?
-O Consolador, como Jesus, terá de afirmar igualmente: - “Eu não vim destruir
a Lei”.
O Espiritismo não pode guardar a pretensão de exterminar as outras crenças,
parcelas da verdade que a sua doutrina representa, mas, sim, trabalhar para
transforma-las, elevando-lhes as concepções antigas para o clarão da verdade
imoralista.
A missão do Consolador tem que se verificar junto das almas e não ao lado das
gloriolas efêmeras dos triunfos materiais. Esclarecendo o erro religioso, onde quer que
se encontre, e revelando a verdadeira luz, pelos atos e pelos ensinamentos, o
espiritista sincero, enriquecendo os valores da fé, representa o operário da
regeneração do Templo do Senhor, onde os homens se agrupam em vários
departamentos, ante altares diversos, mas onde existe um só Mestre, que é Jesus-
Cristo.
354 –Poder-se-á definir o que é ter fé?
-Ter fé é guardar no coração a luminosa certeza em Deus, certeza que
ultrapassou o âmbito da crença religiosa, fazendo o coração repousar numa energia
constante de realização divina da personalidade.
Conseguir a fé é alcançar a possibilidade de não mais dizer “eu creio”, mas
afirmar “eu sei”, com todos os valores da razão tocados pela luz do sentimento. Essa
fé não pode estagnar em nenhuma circunstância da vida e sabe trabalhar sempre,
intensificando a amplitude de sua iluminação, pela dor ou pela responsabilidade, pelo
esforço e pelo dever cumprido.
Traduzindo a certeza na assistência de Deus, ela exprime a confiança que sabe
enfrentar todas as lutas e problemas, com a luz divina no coração, e significa a
humildade redentora que edifica no íntimo do espírito a disposição sincera do discípulo,
relativamente ao “faça-se no escravo a vontade do Senhor”.
355 –Será fé acreditar sem raciocínio?
-Acreditar é uma expressão de crença, dentro da qual os legítimos valores da fé
em si mesma. Admitir as afirmativas mais estranhas, sem um exame minucioso, é
caminhar para o desfiladeiro do absurdo, onde os fantasmas dogmáticos conduzem as
criaturas a todos os despautérios. Mas também interferir nos problemas essenciais da
vida, sem que a razão esteja iluminada pelo sentimento, é buscar o mesmo declive
onde os fantasmas impiedosos da negação conduzem as almas a muitos crimes.
356 –A dúvida racionada, no coração sincero, é uma base para a fé?
-Toda dúvida que se manifesta na alma cheia de boa-vontade, que não se
precipita em definições apriorísticas dentro de sua sinceridade, ou que não busca a
malícia para contribuir em suas cogitações, é um elemento benéfico para a alma, na
marcha da inteligência e do coração rumo à luz sublimada da fé.
357 –É justa a preocupação dominante em muitos estudiosos do Espiritismo, pelas
revelações do plano superior, a título de enriquecimento da fé?
-Toda curiosidade sadia é natural. O homem, no entanto, deve compreender
que a solução desses problemas lhe chegará naturalmente, depois de resolvida a sua
situação de devedor ante os seus semelhantes, fazendo-se, então, credor das
revelações divinas.
358 –Para os Espíritos desencarnados, que já adquiriram muitos valores em matéria de
fé, qual o melhor bem da vida humana?
-A vida humana, nas suas características de trabalho pela redenção espiritual,
apresenta muitos bens preciosos aos nossos olhos, na sequência das lutas, esforços e
sacrifícios de cada espírito. Para nós outros, porém, o tesouro maior da existência
terrestre reside na consciência reta e pura, iluminada pela fé e edificada no
cumprimento de todos os deveres mais elevados.
359 –Nas cogitações da fé, o Espírito encarnado deve restringir suas divagações ao
limite necessário às suas experiências na Terra?
-Pelo menos, é justo que somente cogite das expressões transcendentes ao seu
meio, depois de realizar todo o esforço de iluminação que o mundo lhe pode
proporcionar nos seus processos de depuração e aperfeiçoamento.
360 –Qual deve ser a ação do espiritista em face dos dogmas religiosos?
-Os novos discípulos do Evangelho devem compreender que os dogmas
passaram. E as religiões literalistas, que os construíram, sempre o fizeram
simplesmente em obediência a disposições políticas, no governo das massas.
Dentro das novas expressões evolutivas, porém, os espiritistas devem evitar as
expressões dogmáticas, compreendendo que a Doutrina é progressiva, esquivando-se
a qualquer pretensão de infalibilidade, em face da grandeza inultrapassável do
Evangelho.
361 –Na propaganda da fé, é justo que os espíritas ou os médiuns estejam
preocupados em converter aos princípios da Doutrina os homens de posição destacada
no mundo, como os juízes, os médicos, os professores, os literatos, os políticos, etc.?
-Os espiritistas cristãos devem pensar muito na iluminação de si mesmos, antes
de qualquer prurido, no intuito de converter os outros.
E, ao tratar-se dos homens destacados no convencionalismo terrestre, esse
cuidado deve ser ainda maior, porquanto há no mundo um conceito soberano de
“força” para todas as criaturas que se encontram nos embates espirituais para a
obtenção dos títulos de progresso. Essa “força” viverá entre os homens até que as
almas humanas se compenetrem da necessidade do reino de Jesus em seu coração,
trabalhando por sua realização plena. Os homens do poder temporal, com exceções,
muitas vezes aceitam somente os postulados que a “força” sanciona ou os princípios
com que a mesma concorda. Enceguecidos temporariamente pelos véus da vaidade e
da fantasia, que a “força” lhes proporciona, faz-se mister deixa-los em liberdade nas
suas experiências. Dia virá em que brilharão na Terra os eternos direitos da verdade e
do bem, anulando essa “força” transitória. Ainda aqui, tendes o exemplo do Divino
Mestre para todos os tempos, não teve a preocupação de converter ao Evangelho os
Pilatos e os Ãntipas do seu tempo.
Além do mais, o Espiritismo, na sua feição de Cristianismo redivivo, não deve
nutrir a pretensão de disputar um lugar no banquete dos Estados do mundo, quando
sabe muito bem que a sua missão divina há de cumprir-se junto das almas, nos
legítimos fundamentos do Reino de Jesus.
Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
Digitado por: Lúcia Aydir.
PROSÉLITOS
Emmanuel
362 –Poderemos receber um novo ensino sobre os deveres que competem aos
espiritistas?
-Não devemos especificar os deveres do espiritista cristão, porque palavra
alguma poderá superar a exemplificação do Cristo, que todo discípulo deve tomar
como roteiro da sua vida.
Que o espiritista, nas suas atividades comuns, dispense o máximo de
indulgência para com os seus semelhantes, sem nenhuma para consigo mesmo,
porque antes de cogitar da iluminação dos outros, deverá buscar a iluminação de si
mesmo, no cumprimento de suas obrigações.
363 –Como se justifica a existência de certas lutas antifraternas dentro dos grupos
espiritistas?
-OS agrupamentos espiritistas necessitam entender que o seu aparelhamento
não pode ser análogo ao das associações propriamente humanas.
Um grêmio espírita-cristão deve ter, mais que tudo, a característica familiar,
onde o amor e a simplicidade figurem na manifestação de todos os sentimentos.
Em uma entidade doutrinária, quando surgem as dissensões e lutas internas,
revelando partidarismos e hostilidades, é sinal de ausência do Evangelho nos corações,
demonstrando-se pelo excesso de material humano e pressagiando o naufrágio das
intenções mais generosas.
Nesses núcleos de estudo, nenhuma realização se fará sem fraternidade e
humildade legítimas, sendo imprescindível que todos os companheiros entre si, vigiem
na boa-vontade e na sinceridade, a fim de não transformarem a excelência do seu
patrimônio espiritual numa reprodução dos conventículos católicos, inutilizados pela
intriga e pelo fingimento.
364 –O espiritista para evoluir na Doutrina necessita estudar e meditar por si mesmo,
ou será suficiente frequentar as organizações doutrinárias, esperando a palavra dos
guias?
-É indispensável a cada um o esforço próprio no estudo, meditação, cultivo e
aplicação da Doutrina, em toda a intimidade de sua vida.
A frequência às sessões ou o fato de presenciar esse ou aquele fenômeno,
aceitando-lhe a veracidade, não traduz aquisição de conhecimentos.
Um guia espiritual pode ser um bom amigo, mas nunca poderá desempenhar os
vossos deveres próprios, nem vos arrancar das provas e das experiências
imprescindíveis à vossa iluminação.
Daí surge a necessidade de vos preparardes individualmente, na Doutrina, para
viverdes tais experiências com dignidade espiritual, no instante oportuno.
365 –Como deveremos receber os ataques da crítica?
-Os espiritistas devem receber a crítica dos campos de opinião contrária, como
máximo de serenidade moral, reconhecendo-lhe a utilidade essencial.
Essas críticas se apresentam, quase sempre, com finalidade preciosa, qual a de
selecionar, naturalmente as contribuições da propaganda doutrinária, afastando os
elementos perturbadores e confusos, e valorizando a cooperação legítima e sincera,
porque todo ataque à verdade pura serve apenas para destacar e exaltar essa mesma
verdade.
366 –Como deverá agir o espírita sincero, quando encontre perante certas
extravagâncias doutrinárias?
-À luz da fraternidade pura, jamais neguemos o concurso da boa palavra e da
contribuição direta, sempre que oportuno, em benefício do esclarecimento de todos,
guardando, todavia, o cuidado de nunca transigir com os verdadeiros princípios
evangélicos, sem, contudo ferir os sentimentos das pessoas. E se as pessoas
perseverarem na incompreensão, cuide cada trabalhador da sua tarefa, porque Jesus
afirmou que o trigo cresceria ao lado do joio, em sua seara santa, mas Ele, o
Cultivador da Verdade Divina, saberia escolher o bom grão na época da ceifa.
367 –É justo que, a propósito de tudo, busque o espiritista tanger os assuntos do
Espiritismo nas suas conversações comuns?
-O crente sincero precisa compenetrar-se da oportunidade, no tempo e no
ambiente, com relação aos assuntos doutrinários, porquanto, qualquer inconsideração
nesse particular, pode conduzir a fanatismo detestável, sem nenhum caráter
construtivo.
De modo algum se deverá provocar as manifestações mediúnicas, cuja
legitimidade reside nas suas características de espontaneidade, mesmo porque o
programa espiritual das sessões está com os mentores que as orientam do plano
invisível, exigindo-se de cada estudioso a mais elevada porcentagem de esforço
próprio na aquisição do conhecimento, porquanto o plano espiritual distribuirá sempre,
de acordo com as necessidades e os méritos de cada um. Forçar o fenômeno
mediúnico é tisnar uma fonte de água pura com a vasa das paixões egoísticas da
Terra, ou com as suas injustificáveis inquietações.
369 –É aconselhável a evocação direta de determinados Espíritos?
-Não somos dos que aconselham a evocação direta e pessoal, em caso algum.
Se essa evocação é passível de êxito, sua exequilibilidade somente pode ser
examinada no plano espiritual. Daí a necessidade de sermos espontâneos, porquanto,
no complexo dos fenômenos espiríticos, a solução de muitas incógnitas espera o
avanço moral dos aprendizes sinceros da Doutrina. O estudioso bem-intencionado,
portanto, deve pedir sem exigir, orar sem reclamar, observar sem pressa,
considerando que a esfera espiritual lhe conhece os méritos e retribuirá os seus
esforços de acordo com a necessidade de sua posição evolutiva e segundo o
merecimento do seu coração.
Podereis objetar que Allan Kardec se interessou pela evocação direta,
procedendo a realizações dessa natureza, mas precisamos ponderar, no seu esforço, a
tarefa excepcional do Codificador, aliada a necessidade de méritos ainda distantes da
esfera de atividade dos aprendizes comuns.
370 –Seria lícito investigarmos, com os Espíritos amigos, as nossas vidas passadas?
Essas revelações, quando ocorrem, traduzem responsabilidade para os que as
recebem?
-Se estais submersos em esquecimento temporário, esse olvido é indispensável
à valorização de vossas iniciativas. Não deveis provocar esse gênero de revelações,
porquanto os amigos espirituais conhecem melhores as vossas necessidades e poderão
provê-las em tempo oportuno, sem quebrar o preceito da espontaneidade exigida para
esse fim.
O conhecimento do pretérito, através das revelações ou das lembranças, chega
sempre que a criatura se faz credora de um benefício como esse, o qual se faz
acompanhar, por sua vez, de responsabilidades muito grandes no plano do
conhecimento; tanto assim que, para muitos, essas reminiscências costumam
constituir um privilégio doloroso, no ambiente das inquietações e ilusões da Terra.
371 –Devem ser intensificadas no Espiritismo as sessões de fenômenos mediúnicos?
-São muito poucos ainda, os núcleos espiritistas que se podem entregar à
prática mediúnica com plena consciência do serviço que têm em mãos; motivo por que
é aconselhável a intensificação das reuniões de leitura, meditação e comentário geral
para as ilações morais imprescindíveis no aparelhamento doutrinário, a fim de que
numerosos centros bem-intencionados não venham a cair no desânimo ou na
incompreensão, por cauda de um prematuro comércio com as energias do plano
invisível.
Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
Digitado por: Lúcia Aydir.
PRÁTICA
Emmanuel
372 –Como deveremos entender a sessão espírita?
-A sessão espírita deveria ser, em toda parte, uma cópia fiel do cenáculo
fraterno, simples e humilde do Tiberíades, onde o Evangelho do Senhor fosse refletido
em espírito e verdade, sem qualquer convenção do mundo, de modo que, entrelaçados
todos os pensamentos na mesma finalidade amorosa e sincera, pudesse a assembléia
constituir aquela reunião de dois ou mais corações em nome do Cristo, onde o esforço
dos discípulos será sempre santificado pela presença do seu amor.
373 –Como deve ser conduzida uma sessão espírita, de sua abertura ao
encerramento?
-Nesse sentido, há que considerar a excelência da codificação kardequiana;
contudo, será sempre útil a lembrança de que as reuniões doutrinárias devem observar
o máximo de simplicidade, como as assembléias humildes e sinceras do Cristianismo
primitivo, abstendo-se de qualquer expressão que apele mais para os sentidos
materiais que para a alma profunda, a grande esquecida de todos os tempos da
Humanidade.
374 –Nas sessões, os dirigentes e os médiuns têm uma tarefa definida e diferente
entre si?
-Nas reuniões doutrinárias, os papéis do orientador e do instrumento
mediúnicos devem estar sempre identificados na mesma expressão de fraternidade e
de amor, acima de tudo; mas, existem características a assinalar, para que os serviços
espirituais produzam os mais elevados efeitos, salientando-se que os dirigentes das
sessões devem ser o raciocínio e a lógica, enquanto o médium deve representar a
fonte de água pura do sentimento. É por isso que, nas reuniões onde os orientadores
não cogitam da lógica e onde os médiuns não possuem fé e desprendimento, a boa
tarefa é impossível, porque a confusão natural estabelecerá a esterilidade no campo
dos corações.
375 –Os agrupamentos espiritistas podem ser organizados sem a contribuição dos
médiuns?
-Nas reuniões doutrinárias, os médiuns são úteis, mas não indispensáveis,
porque somos obrigados a ponderar que todos os homens são médiuns, ainda mesmo
sem tarefas definidas, nesse particular, podendo cada qual sentir e interpretar, no
plano intuitivo, a palavra amorosa e sábia de seus guias espirituais, no imo da
consciência.
376 –Há estudiosos da Doutrina que se afastam das reuniões, quando as mesmas não
apresentam fenômenos. Como se deve proceder para com eles?
-Os que assim procedem testemunham, por si mesmo, plena inabilitação para o
verdadeiro trabalho do Espiritismo sincero. Se preferirem as emoções transitórias dos
nervos ao serviço da auto-iluminação, é melhor que se afastem temporariamente dos
estudos sérios da Doutrina, antes de assumirem qualquer compromisso. A
compreensão do Espiritismo ainda não está bastante desenvolvida em seu mundo
interior, e é justo que prossigam em experiências para alcança-la.
O êxito dos esforços do plano espiritual, em favor do Cristianismo redivivo, não
depende da quantidade de homens que o busquem, mas da qualidade dos trabalhos
que militam em suas fileiras.
378 –Por que motivo à doutrinação e a evangelização nas reuniões espiritistas
beneficiam igualmente os desencarnados, se a estes seria mais justo o aproveitamento
das lições recebidas no plano espiritual?
-Grande número de almas desencarnadas nas ilusões da vida física, guardadas
quase que integralmente no íntimo, conservam-se, por algum tempo, incapazes de
aprender as vibrações; do plano espiritual superior, sendo conduzidas por seus guias e
amigos redimidos às reuniões fraternas do Espiritismo evangélico, onde, sob as vistas
amoráveis desses mesmos mentores do plano invisível, se processam os dispositivos
da lei de cooperação e benefícios mútuos, que rege os fenômenos da vida nos dois
planos.
379 –Como deverá agir o estudioso para identificar as entidades que se comunicam?
-Os Espíritos que se revelam, através das organizações mediúnicas, devem ser
identificados por suas idéias e pela essência espiritual de suas palavras.
Determinados médiuns, com tarefas especializadas podem ser auxiliares
preciosos à identificação pessoal, seja no fenômeno literário, nas equações da ciência,
ou satisfazendo a certos requisitos da investigação; todavia, essa não é a regra geral,
salientando-se que as entidades espirituais, muitas vezes, não encontram senão um
material deficiente que as obriga tão-só ao indispensável, no que se refere à
comunicação.
Devemos entender, contudo, que a linguagem do Espírito é universal, pelos fios
invisíveis do pensamento, o que, aliás, não invalida a necessidade de um estudo atento
acerca de todas as idéias lançadas nas mensagens, guardando-se muito cuidado no
capítulo dos nomes ilustres que porventura as subscrevem.
Nas manifestações de toda natureza, porém, o crente ou o estudioso do
problema da identificação, não pode dispensar aquele sentido espiritual de observação
que lhe falará sempre no imo da consciência.
380 –É justo que o espiritista, depois de sofrer pela morte a separação de um ente
amado, provoque a comunicação dele nas sessões medianímicas?
-O espiritista sincero deve buscar o conforto moral, em tais casos, na própria fé
que lhe deve edificar intimamente o coração.
Não é justo provocar ou forçar a comunicação com esse ou aquele
desencarnado. Além de não conhecerdes as possibilidades de sua nova condição na
esfera espiritual; deveis atender ao problema dos vossos méritos.
O homem pode desejar isso ou aquilo, mas há uma Providência que dispõe no
assunto, examinando o mérito de quem pede e a utilidade da concessão.
Qualquer comunicado com o Invisível deve ser espontâneo, e o espiritista
cristão deve encontrar na sua fé o mais alto recurso de cessação do egoísmo humano,
ponderando quanto à necessidade de repouso daqueles a quem amou, e esperando a
sua palavra direta, quando e como julguem os mentores espirituais convenientes e
oportunos.
381 –Muita gente procura o Espiritismo, queixando-se de perseguições do Invisível. Os
que reclamam contra essas perturbações estão, de algum modo, abandonados se seus
guias espirituais?
-A proteção da Providência Divina estende-a a todas as criaturas.
A perseguição de entidades sofredoras e perturbadas justifica-se no quadro das
provações redentoras, mas, os que reclamam contra o assédio das forças inferiores
dos planos adstritos ao orbe terrestre, devem consultar o próprio coração antes de
formularem as suas queixas, de modo a observar se o Espírito perturbador não está
neles mesmos.
Há obsessores terríveis do homem, denominados “orgulho”, “vaidade”,
“preguiça”, “avareza”, “ignorância” ou “má-vontade”, e convém examinar se não se é
vítima dessas energias perversoras que, muitas vezes, habitam o coração da criatura,
enceguecendo-a para a compreensão da luz de Deus. Contra esses elementos
destruidores faz-se preciso um novo gênero de preces, que se constitui de trabalho, fé,
esforço e boa -vontade.
Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
Digitado por: Lúcia Aydir.
V
MEDIUNIDADE
Emmanuel
DESENVOLVIMENTO
382- Qual a verdadeira definição da mediunidade?
-A mediunidade é aquela luz eu seria derramada sobre toda carne e prometida
pelo Divino Mestre aos tempos do Consolador, atualmente em curso na Terra.
A missão mediúnica se tem os seus percalços e as suas lutas dolorosas, é uma
das mais belas oportunidades de progresso e de redenção concedidas por Deus aos
seus filhos misérrimos.
Sendo luz que brilha na carne, a mediunidade é atributo do Espírito, patrimônio
da alma imortal, elemento renovador da posição moral da criatura terrena,
enriquecendo todos os seus valores no capítulo da virtude e da inteligência, sempre
que se encontre ligada aos princípios evangélicos na sua trajetória pela face do mundo.
383 –É justo considerarmos todos os homens como médiuns?
-Todos os homens têm o seu grau de mediunidade, nas mais variadas posições
evolutivas, e esse atributo do espírito representa, ainda, a alvorada de novas
percepções para o homem do futuro, quando, pelo avanço da mentalidade do mundo,
as criaturas humanas verão alargar-se a janela acanhada dos seus cinco sentidos.
Na atualidade, porém, temos de reconhecer que no campo imenso das
potencialidades psíquicas do homem existem os médiuns com tarefa definida,
precursores das novas aquisições humanas. É certo que essas tarefas reclamam
sacrifícios e se constituem, muitas vezes, de provações ásperas; todavia, se o operário
busca a substância evangélica para a execução de seus deveres, é ele o trabalhador
que faz jus ao acréscimo de misericórdia prometido pelo Mestre a todos os discípulos
de boa-vontade.
384 –Dever-se-á provocar o desenvolvimento da mediunidade?
-Ninguém deverá forçar o desenvolvimento dessa ou daquela faculdade,
porque, nesse terreno, toda a espontaneidade é necessária; observando-se, contudo, a
floração mediúnica espontânea, nas expressões mais simples, deve-se aceitar o evento
com as melhores disposições de trabalho e boa-vontade, seja essa possibilidade
psíquica a mais humilde de todas.
A mediunidade não deve ser fruto de precipitação nesse ou naquele setor da
atividade doutrinária, porquanto, em tal assunto, toda a espontaneidade é
indispensável, considerando-se que as tarefas mediúnicas são dirigidas pelos mentores
do plano espiritual.
385 –A mulher ou o homem, em particular, possuem disposições especiais para o
desenvolvimento mediúnico?
-No capítulo do mediunismo não existem propriamente privilégios para os que
se encontram em determinada situação; porém, vence nos seu labores quem detiver a
maior porcentagem de sentimento. E a mulher, pela evolução de sua sensibilidade em
todos os climas e situações, através dos tempos, está, na atualidade, em esfera
superior à do homem, para interpretar, com mais precisão o sentido de beleza, as
mensagens dos planos Invisíveis.
386 –Qual a mediunidade mais preciosa para o bom serviço à Doutrina?
-Não existe mediunidade mais preciosa uma que a outra.
Qualquer uma é campo aberto às mais belas realizações espirituais, sendo justo
que o médium, com a tarefa definida se encha de espírito missionário, com dedicação
sincera e fraternidade pura, para que o seu mandato não seja traído na
improdutividade.
387 –Qual a maior necessidade do médium?
-A primeira necessidade do médium é evangelizar-se a si mesmo antes de se
entregas às grandes tarefas doutrinárias, pois, de outro modo poderá esbarrar sempre
com o fantasma do personalismo, em detrimento de sua missão.
388 –Nos trabalhos mediúnicos temos de considerar, igualmente, os imperativos da
especialização?
-O homem do mundo, no círculo de obrigações que lhe competem na vida,
deverá sair da generalidade para produzir o útil e o agradável, nas esferas de suas
possibilidades individuais.
Em mediunidade, devemos submeter-nos aos mesmos princípios. O homem
enciclopédico, em faculdade, ainda não apareceu, senão em gérmem, nas
organizações geniais que raramente surgem na Terra, e temos de considerar que a
mediunidade somente agora começa a aparecer no conjunto de atributos do homem
transcendente.
A especialização na tarefa mediúnica é mais que necessária e somente de sua
compreensão poderá nascer a harmonia na grande obra de vulgarização da verdade a
realizar.
389 –A mediunidade pode ser retirada em determinadas circunstâncias da vida?
-Os atributos medianímicos são como os talentos do Evangelho. Se o patrimônio
divino é desviado de seus fins, o mal servo torna-se indigno da confiança do Senhor da
seara da verdade e do amor. Multiplicados no bem, os talentos mediúnicos crescerão
para Jesus, sob as bênçãos divinas; todavia, se sofrem os insultos do egoísmo; do
orgulho; da vaidade ou da exploração inferior, podem deixar o intermediário do
invisível entre as sombras pesadas do estacionamento, nas mais dolorosas
perspectivas de expiação, em vista do acréscimo de seus débitos irrefletidos.
390 –É justo que um médium confie em si mesmo para a provocação de fenômenos,
organizando trabalhos especiais com o fim de converter os descrentes?
-Onde o médium em tão elevada condição de pureza e merecimento, para
contar com as suas próprias forças na produção desse ou daquele fenômeno? Ninguém
vale, na terra, senão pela expressão da misericórdia divina que o acompanha, e a
sabedoria do plano superior conhece minuciosamente as necessidades e méritos de
cada um. A tentativa de tais trabalhos é um erro grave. Um fenômeno não edifica a fé
sincera, somente conseguida pelo esforço e boa-vontade pessoal na meditação e no
trabalho interior. Os descrentes chegarão à Verdade, algum dia, e a Verdade é Jesus.
Anteciparmo-nos à ação do Mestre não seria testemunho de confusão? Organizar
sessões medianímicas com objetivo de arrebanhar prosélitos é agir com demasiada
leviandade. O que é santo e divino ficaria exposto aos julgamentos precipitados dos
mais ignorantes e ao assalto destruidor dos mais perversos, como se a Verdade de
Jesus fosse objeto de espetáculos, nos picadeiros de um circo.
391 – Os irracionais possuem mediunidade?
-Os irracionais não possuem faculdades mediúnicas propriamente ditas.
Contudo, têm percepções psíquicas embrionárias, condizentes ao seu estado evolutivo,
através das quais podem indiciar as entidades deliberadamente perturbadoras, com
fins inferiores, para estabelecer a perplexidade naqueles que os acompanham em
determinadas circunstâncias.
Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
Digitado por: Lúcia Aydir.
PREPARAÇÃO
Emmanuel
392 –Pode contar um médium, de maneira absoluta, com os seus guias espirituais,
dispensando os estudos?
Os mentores de um médium, por mais dedicados e evoluídos, não lhe poderão
tolher a vontade e nem lhe afastar o coração das lutas indispensáveis da vida, em
cujos benefícios todos os homens resgatam o passado delituoso e obscuros,
conquistando méritos novos.
O médium tem obrigação de estudar muito, observar intensamente e trabalhar
em todos os instantes pela sua própria iluminação. Somente desse modo poderá
habilitar-se para o desempenho da tarefa que lhe foi confiada, cooperando eficazmente
com os Espíritos sinceros e devotados ao bem e á verdade.
Se um médium espera muito dos seus guias, é lícito que os seus mentores
espirituais muito esperam do seu esforço. E como todo progresso humano, para ser
continuado, não pode prescindir de suas bases já edificadas no espaço, sempre que
possível, criando o hábito de conviver com o espírito luminoso e benefício dos
instrutores da Humanidade, sob a égide de Jesus, sempre vivo no mundo, através dos
seus livros e da sua exemplificação.
O costume de tudo aguardar de um guia pode transformar-se em vício
detestável, infirmando as possibilidades mais preciosas da alma. Chegando-se a esse
desvirtuamento, atinge-se o declive das mistificações e das extravagâncias
doutrinárias, tornando-se o médium preguiçoso e leviano responsável pelo desvio de
sua tarefa sagrada.
393 –Como entender a obsessão: É prova, inevitável, ou acidente que se possa afastar
facilmente, anulando-se os efeitos?
-A obsessão é sempre uma prova, nunca um acontecimento eventual. No seu
exame, contudo, precisamos considerar os méritos da vítima e a dispensa da
misericórdia divina a todos os que sofrem.
Para atenuar ou afastar os seus efeitos, é imprescindível o sentimento do amor
universal no coração daquele que fala em nome de Jesus. Não bastarão as fórmulas
doutrinárias. É indispensável a dedicação, pela fraternidade mais pura. Os que se
entregam à tarefa da cura das obsessões precisam ponderar, antes de tudo, a
necessidade de iluminação interior do médium perturbado, porquanto na sua educação
espiritual reside a própria cura. Se a execução desse esforço não se efetua, tende
cuidado, porque, então, os efeitos serão extensivos a todos os centros de força
orgânica e psíquica. O obsidiado que entrega o corpo, sem resistência moral, as
entidades ignorantes e perturbadas, é como o artista que entregasse seu violino
precioso a um malfeitor, o qual, um dia, poderá renunciar à posse do instrumento que lhe
não pertence, deixando-o esfacelado, sem que o legítimo, mas imprevidente dono, possa utilizalo
nas finalidades sagradas da vida.
394 –Será sempre útil, para a cura de um obsidiado, a doutrinação do Espírito perturbado, por
parte de um espiritista convicto?
-A cooperação do companheiro vale muito e faz sempre grande bem,
principalmente ao desencarnado; mas a cura completa do médium não depende tão-só
desse recurso, porque, se é fácil, às vezes, o esclarecimento da entidade infeliz e
sofredora, a doutrinação do encarnado é a mais difícil de todas, visto requisitar os
valores do seu sentimento e da sua boa-vontade, sem o que a cura psíquica se torna
inexeqüível.
395 – Pode a obsessão transformar-se em loucura?
-Qualquer obsessão pode transformar-se em loucura, não só quando a lei das
provações assim o exige, como também na hipótese de o obsidiado entregar-se
voluntariamente ao assédio das forças noviças que o cercam, preferindo esse gênero
de experiências.
396 –Tratando-se da necessidade de preparação para a tarefa mediúnica, é justo
acreditarmos na movimentação de fluídos maléficos em prejuízo do próximo?
-É o caso de vos perguntarmos e não haveis movimentação as energias
maléficas, no decurso da vida, contra a vossa própria felicidade.
Num orbe como a Terra, onde a porcentagem de forças inferiores supera quase
que esmagadoramente os valores legítimos do bem, a movimentação de fluídos
maléficos é mais que natural; no entanto, urge ensinar aos que operam, nesse campo
de maldade, que os seus esforços efetuam a sementeira infeliz, cujos espinhos, mais
tarde, se voltarão contra eles próprios, em amargurados choques de retorno, fazendose
mister, igualmente, educar as vítimas de hoje na verdadeira fé em Jesus, de modo
a compreenderem o problema dos méritos na tarefa do mundo.
A aflição do presente pode ser um bem a expressar-se em conquistas preciosas
o futuro, e, se Deus permite a influência dessas energias inferiores, em determinadas
fases da existência terrestre, é que a medida tem sua finalidade profunda, ao serviço
divino da regeneração individual.
397 –Por que razão alguns médiuns parecem sofrer com os fenômenos da
incorporação, enquanto outros manifestam o mesmo fenômeno, naturalmente?
-Nas expressões de mediunismo existem características inerentes a cada
intermediário entre os homens e os desencarnados; entretanto, a falta de naturalidade
do aparelho mediúnico, no instante de exercer suas faculdades, é quase sempre
resultante da falta de educação psíquica.
398 –É natural que, em plenas reuniões de estudo, os médiuns se deixem influenciar
por entidades perturbadoras que costumam quebrar o ritmo de proveitosos e sinceros
trabalhos de educação?
-Tal interferência não é natural e deve ser muito estranhável para todos os
estudiosos de boa-vontade.
Se o médium que se entregou à atuação noviça é insciente dos seus deveres à
luz dos ensinamentos doutrinários, trata-se de um obsidiado que requer o máximo de
contribuição fraterna; mas, se o acontecimento se verifica através de companheiro
portador do conhecimento exato de suas obrigações, no círculo de atividades da
Doutrina, é justo responsabiliza-lo pela perturbação, porque o fato, então, será oriundo
da sua invigilância e imprevidência, em relação aos deveres sagrados que competem a
cada um de nós, no esforço do bem e da verdade.
399 –Quando a opinião irônica ou insultuosa ataca uma expressão da verdade, no
campo mediúnico, é justo buscarmos o apoio dos Espíritos amigos para revidar?
-Vossa inquietação no mundo costuma conduzir-vos a muitos despautérios.
Semelhante solicitação aos desencarnados seria um deles. Os valores de um
campo mediúnico triunfam por si mesmos, pela essência de amor e de verdade, de
consolação e de luz que contenham, e seria injustificável convocar os Espíritos para
discutir com os homens, quando já se demasiam as polêmicas dos estudiosos humanos
entre si.
Além do mais, os que não aceitam a palavra sincera e fraternal dos
mensageiros do plano superior, terão igualmente, de buscar o túmulo algum dia, e é
inútil perder tempo com palavras, quando temos tanto o que fazer no ambiente de
nossas próprias edificações.
400 –Poderá admitir-se que um médium se socorra de outro médium para obter o
amparo dos seus amigos espirituais?
-É justo que um amigo se valha da estima fraternal de um companheiro de
crença, para assuntos de confiança íntima e recíproca, mas, na função mediúnica, o
portador dessa ou daquela faculdade deve buscar em seu próprio valor o elemento de
ligação com os seus mentores do plano invisível, sendo contraproducente procurar
amparo nesse particular, fora das suas próprias possibilidades, porque, de outro modo,
seria repousar numa fé alheia, quando a fé precisa partir do íntimo de cada um, no
mecanismo da vida.
Além do mais, cada médium possui a sua esfera de ação no âmbito que lhe foi
assinalado. Abandonar a própria confiança para valer-se de outrem, seria
sobrecarregar os ombros de um companheiro de luta, esquecendo a cruz redentora
que cada Espírito encarnado deverá carregar em busca da claridade divina.
401 –A mistificação sofrida por um médium significa ausência de amparo dos mentores
do plano espiritual?
-A mistificação experimentada por um médium traz, sempre, uma finalidade
útil, que é a de afasta-lo do amor-próprio, da preguiça no estudo de suas necessidades
próprias, da vaidade pessoal ou dos excessos de confiança em si mesmo.
Os fatos de mistificação não ocorrem à revelia dos seus mentores mais
elevados, que, somente assim, o conduzem à vigilância precisa e às realizações da
humildade e da prudência no seu mundo subjetivo.
402 –Seria justo aceitar remuneração financeira no exercício da mediunidade?
-Quando um médium se resolva a transformar suas faculdades em fonte de
renda material, será melhor esquecer suas possibilidades psíquicas e não se aventurar
pelo terreno delicado dos estudos espirituais.
A remuneração financeira, no trato das questões profundas da alma, estabelece
um comércio criminoso, do qual o médium deverá esperar no futuro os resgates mais
dolorosos.
A mediunidade não é ofício do mundo, e os Espíritos esclarecidos, na verdade e
no bem, conhecem, mais que os seus irmãos de carne, as necessidades dos seus
intermediários.
403 –É razoável que os médiuns cogitem da solução de assuntos materiais junto dos
seus mentores do plano invisível?
-Não se deve esquecer que o campo de atividades materiais é a escola sagrada
dos Espíritos incorporados no orbe terrestre. Se não é possível aos amigos espirituais
quebrarem a lei da liberdade própria de seus irmãos, não é lícito que o médium cogite
da solução de problemas materiais junto dos Espíritos amigos. O mundo é o caminho
no qual a alma deve provar a experiência, testemunhar a fé, desenvolver as
tendências superiores, conhecer o bem, aprender o melhor, enriquecer os dotes
individuais.
O médium que se arrisca a desviar suas faculdades psíquicas, para o terreno da
materialidade do mundo, este em marcha para as manifestações grosseiras dos planos
inferiores, onde poderá contrair os débitos mais penosos.
404 –Deve o médium sacrificar o cumprimento de suas obrigações no trabalho
cotidiano e no ambiente sagrado da família, em favor da propaganda doutrinária?
O médium somente deve dar aos serviços da Doutrina a cota de tempo de que
possa dispor, entre os labores sagrados do pão de cada dia e o cumprimento dos seus
elevados deveres familiares.
A execução dessas obrigações é sagrada e urge não cair no declive das
situações parasitárias, ou do fanatismo religioso.
No trabalho da verdade, Jesus caminha antes de qualquer esforço humano e
ninguém deve guardar a pretensão de converter alguém, quando nas tarefas do
mundo há sempre oportunidade para o preciso conhecimento de si mesmo.
Que médium algum se engane em tais perspectivas. Antes sofrer a
incompreensão dos companheiros, que transigir com os princípios, caindo na
irresponsabilidade ou nas penosas dívidas de consciência.
405 –Poder-se-á admitir que os espiritistas se valham de um apostolado mediúnico,
para solução de todas as dificuldades da vida?
-O médium não deve ser sobrecarregado com exigências de seus companheiros,
relativamente às dificuldades da sorte. É justo que seus irmãos se socorram das suas
faculdades, em circunstâncias excepcionais da existência, como nos casos de
enfermidades e outros que se lhe assemelhem. Todavia, cercar um médium de
solicitações de toda natureza é desvirtuar a tarefa de um amigo, eliminando as suas
possibilidades mais preciosas e, além do mais, não se deverá repetir no Espiritismo
sincero a atitude mental dos católicos-romanos, que se abandonam junto à “imagem”
de um “santo”, olvidando todos os valores do esforço próprio.
Os núcleos espiritistas precisam considerar que em seus trabalhos há quem os
acompanhe do plano superior e que receberão sempre o concurso espiritual de seus
irmãos libertos da carne, dependendo a satisfação desse ou daquele problema
particular dos méritos de cada um. Proceder em contrário é eliminar o aparelho
mediúnico, fornecendo doloroso testemunho de incompreensão.
406 – Quando um investigador busque valer-se dos serviços de um médium, é justo
que submeta o aparelho medianímico a toda sorte de experiência, a fim de certificar-se
dos seus pontos de vista?
-Depende do caráter dessas mesmas experiências e, quaisquer que elas sejam,
o médium necessita de muito cuidado, porquanto, no caminho das aquisições
espirituais, cada investigador encontra o material que procura. E quem se aproxima de
uma fonte espiritual, tisnando-a com a má-fé e a insinceridade, não pode, por certo,
saciar a sede com uma água pura.
407 – Para que alguém se certifique da verdade do Espiritismo, bastará recorrer a um
bom médium?
-Os estudiosos do Espiritismo, ainda sem convicção valorosa e séria no terreno
da fé, precisam reconhecer que em trabalhos dessa ordem não basta o recurso de um
bom médium. Faz-se mister que o investigador, a par de uma curiosidade sadia,
possua valores morais imprescindíveis, como a sinceridade e o amor do bem, servindo
a uma existência reta e fértil de ações puras.
408 – Seria proveitosa a criação de associações de auxílio material aos médiuns?
-No Espiritismo é sempre de bom aviso evitar-se a consecução de iniciativas
tendentes a estabelecer uma nova classe sacerdotal no mundo.
Os médiuns, nesse ou naquele setor da sociedade humana, devem o mesmo
tributo ao trabalho, à luta e ao sofrimento, indispensáveis à conquista do agasalho e
do pão material. Ao demais, temos de considerar, acima de toda proteção precária do
mundo, o amparo de Jesus aos seus trabalhadores de boa-vontade. Toda expressão de
sacrifício sincero está eivada de luz divina, todo trabalho sincero é elevação e toda dor
é luz, quando suportada com serenidade e confiança no Mestre dos mestres.
409 –Como deverá proceder ao médium sincero para a valorização do seu apostolado?
-O médium sincero necessita compreender que, antes de cogitar da doutrinação
dos Espíritos, ou de seus companheiros de luta na Terra, faz-se mister a iluminação de
si próprio pelo conhecimento, pelo cumprimento dos deveres mais elevados e pelo
esforço de si mesmo na assimilação perfeita dos princípios doutrinários.
No desdobramento dessa tarefa, jamais deve descuidar-se da vigilância,
buscando aproveitar as possibilidades que Jesus lhe concedeu na edificação do
trabalho estável e útil. Não deve cultivar o sofrimento pelas queixas descabidas e
demasiadas e nem recorrer, a todo instante, à assistência dos seus guias, como se
perseverasse em manter uma atitude de criança inexperiente.
O estudo da Doutrina e, sobretudo, o cultivo da auto-evangelização deve ser
ininterrupto. O médium sincero sabe vigiar, fugindo da exploração material ou
sentimental, compreendendo, em todas as ocasiões, que o mais necessitado de
misericórdia é ele próprio, a fim de dar pleno testemunho do seu apostolado.
410 –onde o maior escolho do apostolado mediúnico?
-O primeiro inimigo do médium reside dentro dele mesmo. Freqüentemente é
personalismo, é a ambição, a ignorância ou a rebeldia no voluntário desconhecimento
dos seus deveres à luz do Evangelho, fatores de inferioridade moral que, não raro, o
conduzem a invigilância, à leviandade e à confusão dos campos improdutivos.
Contra esse inimigo é preciso movimentar as energias íntimas pelo estudo, pelo
cultivo da humildade, pela boa-vontade, com o melhor esforço de auto-educação, à
claridade do Evangelho.
O segundo inimigo mais poderoso do apostolado mediúnico não reside no
campo das atividades contrárias à expansão da Doutrina, mas no próprio selo das
organizações espiritistas, constituindo-se daquele que se convenceu quanto aos
fenômenos, sem se converter ao Evangelho pelo coração, trazendo para as fileiras do
Consolador os seus caprichos pessoais, as suas paixões inferiores, tendências nocivas,
opiniões cristalizadas no endurecimento do coração, sem reconhecer a realidade de
suas deficiências e a exigüidade dos seus cabedais íntimos. Habituados ao
estacionamento, esses irmãos infelizes desdenham o esforço próprio – única estrada
de edificação definitiva e sincera – para recorrerem aos espíritos amigos nas menos
dificuldades da vida, como se o apostolado mediúnico fosse uma cadeira de
cartomante. Incapazes do trabalho interior pela edificação própria na fé e na confiança
em Deus, dizem-se necessitados de conforto. Se desatendidos em seus caprichos
inferiores e nas suas questões pessoais, estão sempre prontos para acusar e
escarnecer. Falam da caridade, humilhando todos os princípios fraternos; não
conhecem outro interesse além do que lhes lastreia o seu próprio egoísmo. São
irônicos, acusadores e procedem quase sempre como crianças levianas e inquietas.
Esses são também aqueles elementos da confusão, que não penetram o tempo de
Jesus e nem permitem a entrada de seus irmãos.
Esse gênero de inimigos do apostolado mediúnico é muito comum e insistente
nos seus processos de insinuação, sendo indispensável que o missionário do bem e da
luz se resguarde na prece e na vigilância. E como a verdade deve sempre surgir no
instante oportuno, para que o campo do apostolado não se esterilize, faz-se
imprescindível fugir deles.
411 – Onde a luz definitiva para a vitória do apostolado mediúnico?
-Essa claridade divina está no Evangelho de Jesus, com o qual o missionário
deve estar plenamente identificado para a realização sagrada da sua tarefa. O médium
sem Evangelho pode fornecer as mais elevadas informações ao quadro das filosofias e
ciências fragmentárias da Terra; pode ser um profissional de nomeada, um agente de
experiências do invisível, mas não poderá ser um apóstolo pelo coração. Só a aplicação
com o Divino Mestre prepara no íntimo do trabalhador a fibra da iluminação para o
amor, e da resistência contra as energias destruidoras, porque o médium evangelizado
sabe cultivar a humildade no amor ao trabalho de cada dia, na tolerância esclarecida,
no esforço educativo de si mesmo, na significação da vida, sabendo, igualmente,
levantar-se para a defesa da sua tarefa de amor, defendendo a verdade sem transigir
com os princípios no momento oportuno.
O apostolado mediúnico, portanto, não se constitui tão-somente da
movimentação das energias psíquicas em suas expressões fenomênicas e mecânicas,
porque exige o trabalho e o sacrifício do coração, onde a luz da comprovação e da
referência é a que nasce do entendimento e da aplicação com Jesus-Cristo.
Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
Digitado por: Lúcia Aydir.