Translate

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

O Consolador-Francisco Cândido Xavier

 

Índice do Blog

“O CONSOLADOR”

EMMANUEL

FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

NOTA

NOTA À PRIMEIRA EDIÇÃO.

DEFINIÇÃO

Na reunião de 31 de outubro de 1939, no grupo espírita “Luis Gonzaga”, de

Pedro Leopoldo, um amigo do plano espiritual lembrou aos seus componentes a

discussão de temas doutrinários, por meio de perguntas nossas à entidade de

Emmanuel, a fim de ampliar-se à esfera dos nossos conhecimentos.

Consultado sobre o assunto, o Espírito Emmanuel estabeleceu um programa de

trabalhos a ser executado pelo nosso esforço, que foi iniciado pelas duas questões

seguintes:

-Apresentando o Espiritismo, na sua feição de Consolador prometido pelo

Cristo, três aspectos diferentes: científico, filosófico, religioso, qual desses aspectos é o

maior?

-Podemos tomar o Espiritismo, simbolizado desse modo, como um triângulo de

forças espirituais.

“A ciência e a Filosofia vinculam à Terra essa figura simbólica, porém, a Religião

é o ângulo divino que a liga ao céu. No seu aspecto científico e filosófico, a doutrina

será sempre um campo nobre de investigações humanas, como outros movimentos

coletivos, de natureza intelectual, que visam o aperfeiçoamento da Humanidade. No

aspecto religioso, todavia, repousa a sua grandeza divina, por constituir a restauração

do Evangelho de Jesus-Cristo, estabelecendo a renovação definitiva do homem, para a

grandeza do seu imenso futuro espiritual”.

-A fim de intensificar os nossos conhecimentos, relativamente ao triplicar

aspecto do Espiritismo, poderemos continuar com as nossas indagações?

- “Podemos perguntar, sem que possamos nutrir a pretensão de vos responder

com as soluções definitivas, embora cooperemos convosco da melhor vontade”.

“Aliás, é pelo amparo recíproco que alcançaremos as expressões mais altas dos

valores intelectivos e sentimentais”.

Além do túmulo, o Espírito desencarnado não encontra os milagres da

sabedoria, e as novas realidades do plano imortalista transcendem aos quadros do

conhecimento contemporâneo, conservando-se numa esfera quase inacessível às

cogitações humana, em face da ausência de comparações analógicas, único meio de

impressão na tábua de valores restritos da mente humana.

Além do mais, ainda nos encontramos num plano evolutivo, sem que possamos

trazer ao vosso círculo de aprendizado as últimas equações, nesse ou naquele setor de

investigação e de análise. É por essa razão que somente poderemos cooperar convosco

sem a presunção da palavra derradeira. Considerada a nossa contribuição nesse

conceito indispensável de relatividade, buscaremos concorrer com a nossa modesta

parcela de experiência, sem nos determos no exame técnico das questões científicas,

ou no objeto das polêmicas da Filosofia e das religiões, sobejamente movimentados

nos bastidores da opinião, para considerarmos tão-somente a luz espiritual que se

irradia de todas as coisas e o ascendente místico de todas as atividades do espírito

humano dentro de sua abençoada escola terrestre, sob a proteção misericordiosa de

Deus ““.

*

As questões apresentadas foram as mais diversas e numerosas. Todos os

componentes do Grupo, bem como outros amigos espiritistas de diferentes pontos,

cooperaram no acervo das perguntas, ora manifestando as suas necessidades de

esclarecimento íntimo, no estudo do Evangelho, ora interessados em assuntos novos

que as respostas de Emmanuel suscitavam.

Em seguida, o autor espiritual selecionou as questões, deu-lhes uma ordem,

catalogou-as em cada assunto particularizado, e eis ai o novo livro.

Que as palavras sábias e consoladoras de Emmanuel proporcionem a todos os

companheiros de doutrina o mesmo bem espiritual que nos fizeram, são os votos dos

modestos trabalhadores do Grupo Espírita “Luis Gonzaga”, de Pedro Leopoldo, Minas

Gerais.

Pedro Leopoldo, 8 de março de 1940.

Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Digitado por: Lúcia Aydir.

PRIMEIRA PARTE

CIÊNCIA

EMMANUEL

1 – Tem o Espiritismo absoluta necessidade da ciência terrestre?

-Essa necessidade de modo algum pode ser absoluta. O concurso científico é

sempre útil, quando oriundo da consciência esclarecida e da sinceridade do

coração.Importa considerar, todavia, que a ciência do mundo se não deseja

continuar no papel de comparsa da tirania e da destruição, tem absoluta

necessidade do Espiritismo, cuja finalidade divina é a iluminação dos

sentimentos, na sagrada melhoria das características morais do homem.

I

CIÊNCIAS FUNDAMENTAIS

Emmanuel

2 – Se reconhecermos a Química, a Física, a Biologia, a Psicologia e a Sociologia como

as cinco ciências fundamentais, qual será a posição da ciência da vida, em relação às

demais?

-A Química e a Física, estudando a ação íntima dos corpos, suas relações entre

si e as suas propriedades, constituem a catalogação dos valores da ciência

material. A Psicologia e a Sociologia, examinando a paisagem dos sentimentos

e os problemas sociais, representam a tábua de classificação das conquistas da

ciência intelectual. No centro de todas está a Biologia, significando a ciência da

vida em suas profundezas, revelando a transcendência da origem – o Espírito, o

Verbo Divino.

Até agora, a Biologia está igualmente encarcerada nas escolas materialistas da

Terra, porém, nas suas expressões mais legítimas, evolverá para Deus, com as

suas demonstrações sublimes, cumprindo-nos reconhecer que, mesmo na

atualidade, seus enigmas profundos, são os mais nobres apelos à realidade

espiritual e ao exame das fontes divinas da existência.

Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Digitado por: Lúcia Aydir.

QUÍMICA

Emmanuel

3 – No campo da Química, as forças do plano espiritual auxiliam o homem terrestre?

-Os prepostos de Jesus espalham-se por todos os setores do trabalho humano

e, em todos os tempos, cooperam com o homem no seu esforço de

aperfeiçoamento; aliás, os estudiosos e os cientistas do planeta não criaram os

fenômenos químicos, que sempre existiram desde a aurora dos tempos,

afirmando uma inteligência superior.

Os homens, em verdade, aprenderam a química com a Natureza, copiaram as

suas associações, desenvolvendo a sua esfera de estudos e inventaram uma

nomenclatura, reduzindo os valores químicos, sem lhes aprender a origem

divina.

4 – Nos estudos da Química, avaliam-se em cerca de um quarto de milhão as

substâncias da Terra, que podem ser reduzidas, aproximadamente, como originárias

de noventa elementos. Quando os estudos dessa ciência forem ampliados, poderão

reduzir-se, ainda mais, as fontes de origem?

-A Química necessita apresentar essa divisão de elementos para a catalogação

dos valores educativos, com vistas às investigações de natureza científica, no

mundo; contudo,, se na sua base estão os átomos, na mais vasta expressão de

diversidade, mesmo assim tenderá sempre para a unidade substancial, em

remontando com as verdades espirituais às suas fontes de origem.

Aliás, em se tratando das individualizações químicas, já conheceis que o

hidrogênio, no quadro dos conhecimentos terrestres, é o elemento mais simples

de todos. Seu átomo é a forma primordial da matéria planetária, porque

composto de um só elétron, de onde partem as demais individuações no

mecanismo evolutivo da matéria, em suas expressões rudimentares.

5 –Nos chamados movimentos brownianos e nas afinidades moleculares poderemos

observar manifestações de espiritualidade?

-Nos chamados movimentos brownianos, bem como nas atrações moleculares,

ainda não poderemos ver, propriamente, manifestações de espiritualidade,

como princípio de inteligência, mas fenômenos rudimentares da vida em suas

demonstrações de energia potencial, na evolução da matéria, a caminho dos

princípios anímicos, sob a bênção de luz da natureza divina.

6 –Houve uma unidade material para a formação das várias expressões orgânicas

existentes na Terra?

-Assim como o químico humano encontra no hidrogênio a fórmula mais simples

para estabelecer a rota de suas comparações substanciais, os espíritos que

cooperaram com o Cristo, nos primórdios da organização planetária,

encontraram, no protoplasma, o ponto de início para a sua atividade

realizadora, tomando-o como base essencial de todas as células vivas do

organismo terrestre.

7 -Existe uma lei de progresso para a individualização química?

-Na conceituação dos valores espirituais, a Lei é de evolução para todos os

seres e coisas do Universo. As individualizações químicas possuem igualmente a

sua rota para obtenção das primeiras expressões anímicas, sendo justo

observarmos que, no círculo industrial, a individualização é trabalhada pelos

processos mais grosseiros, até que possa ser aproveitada pelo agente invisível

na química biológica, onde entra em novo circulo vital, na ascensão para o seu

destino.

8 –Qual a diferença observada pelos Espíritos entre a química biológica e a industrial:

-Na primeira preponderam os ascendentes espirituais, em todas as

organizações; ao passo que na segunda todos os fatores podem ser de atuação

propriamente material.

Nisso reside a grande diferença. É que, na intimidade da célula orgânica, o

fenômeno da vida submete-se a um agente divino, em sua natureza profunda,

e, nos compostos industriais, as combinações químicas podem obedecer a um

agente humano.

9 –A radioatividade opera a destruição ou a evolução da matéria?

-Através da radioatividade, verifica-se a evolução da matéria. È nesse contínuo

desgaste que se observam os processos de transformação das individualizações

químicas, convertidas em energia, movimento, eletricidade, luz, na ascensão

para novas modalidades evolutivas, em obediência às leis que regem o

Universo.

10 –Onde a fonte de energia para a matéria, de vez que a radioatividade opera

incessantemente, trabalhando as suas forças?

-O Sol é essa fonte vital para todos os núcleos da vida planetária. Todos os

seres, como todos os centros em que se processam as forças embrionárias da

vida, recebem a renovação constante de suas energias através da chuva

incessante dos átomos, que a sede do sistema envia à sua família de mundos,

equilibrados na sua atração, dentro do Infinito.

11 –Como deveremos compreender a assertiva dos químicos “nada se cria, nada se

perde”?

-Em verdade, o espírito humano não cria a vida, atributo de Deus, fonte da

criação infinita e incessante; contudo, se o homem não pode criar o fluido da

vida, nada se perde da obra de Deus em torno dele, porque todas as

substâncias se transformam na evolução para mais alto.

12 –Em face da exatidão com que se efetuam as combinações naturais da química

orgânica, como entender as diversas expressões da natureza em seus primórdios?

-As expressões diversas da Natureza terrestre, em suas primitivas agregações

moleculares, obedeceram ao pensamento divino dos prepostos de Jesus,

quando nas manifestações iniciais da vida sobre a crosta do orbe.

Remontando a essas origens profundas, podeis observar, então, o esforço dos

Espíritos sábios do plano invisível, na manipulação dos valores da química

biológica nos primórdios da vida planetária, estabelecendo a caracterização

definitiva dos processos da Natureza na fixação das espécies, prevendo todo

mecanismo da evolução no futuro, e entregando o seu trabalho às leis da

seleção natural que, sob a égide de Jesus, prosseguiram no aperfeiçoamento da

obra terrestre através do tempo.

13 –As forças espirituais organizaram igualmente a atmosfera do mundo?

-Isso é indubitável. A inteligência com que foram dispostos os elementos do

cenário, para o desenvolvimento da vida no planeta, vo-lo comprova.

A algumas dezenas de quilômetros foram colocados os revestimentos do

ozônio, destinados a filtrar os raios solares; dosando-lhes a natureza para a

proteção da vida.

Da atmosfera recebe a maior porcentagem de nutrição para o entretenimento

das células.

E como o nosso escopo não é o de citações eruditas, nem o de redizer os

preceitos científicos do mundo, lembremos que um homem, na manutenção da

sua vida orgânica. Necessita de regular quantidade de oxigênio, quinze gramas

de azoto (alimentar) e quinhentos gramas de carbono (alimentar). O oxigênio é

uma dádiva de Deus para todas as criaturas ; quanto ao azoto e ao carbono, é

pela obtenção que o homem luta afanosamente na Terra, recordando-nos a

exortação dos textos sagrados ao espírito que faliu – “comerás o pão com o

suor do teu rosto”.

O problema básico da nutrição, nessa conta de química, é uma reafirmação da

generosidade paterna do Criador e do estado expiatório em que se encontram

as almas reencarnadas neste mundo.

14 –Como compreender a afirmativa dos astrônomos relativamente à morte térmica

do planeta?

-É certo que todo organismo material se transformará, um dia, revestindo

novas formas. As energias do Sol, como as forças telúricas do orbe terrestre,

serão esgotadas aqui, para surgirem noutra parte. Alguns astrônomos calculam

a morte térmica do planeta para daqui a um milhão de anos, aproximadamente.

Já se disse, porém, que a vida é p eterno presente. E o nosso primeiro dever

não é o de contar o tempo, demarcando, em bases inseguras, a duração das

obras conhecidamente sagrada para as edificações definitivas do nosso espírito,

as quais são inacessíveis a todas as transformações da matéria, em face do

Infinito.

Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Digitado por: Lúcia Aydir.

FÍSICA

Emmanuel

15 –Existem Espíritos especialmente encarregados da execução das leis físicas no

planeta terrestre?

-Essa verdade é incontestável, e o homem poderá examinar e estudar

constantemente, auferindo o melhor proveito na sua rotina de esforços

perseverantes; porém, todas as definições do materialismo serão inúteis em

face da realidade irrefutável dos fatores transcendentais, em todos os grandes

fenômenos físicos da Natureza.

16 –As novas revelações científicas positivadas pelos professores Thomson,

Rutherford, Ramsay e Soddy, entre outros, no campo da Física, sobre os átomos e os

elétrons, são possíveis de fornecer o exato conhecimento de todas as etapas da

evolução anímica?

-A ciência, propriamente humana, poderá estabelecer bases convencionais, mas

não a sabe legítima, em sua origem divina, porquanto os átomos e os elétrons

são fases de caracterização da matéria, sem constituírem o princípio nessa

escala sem-fim, que se verifica, igualmente, para o plano dos infinitamente

pequenos.

17 –Como são considerados, no plano espiritual os conhecimentos atuais da Física na

Terra?

-As noções modernas da Física aproximam-se, cada vez mais, do conhecimento

das leis universais, em cujo ápice repousa a diretriz divina que governa todos

os mundos.

Os sistemas antigos envelheceram. As concepções de ontem deram lugar a

novas deduções. Estudos recentes da matéria vos fazem conhecer que os seus

elementos se dissociam pela análise, que o átomo não é indivisível, que toda

expressão material pode ser convertida em força e que toda energia volta ao

reservatório do éter universal. Com o tempo, as fórmulas acadêmicas se

renovarão em outros conceitos da realidade transcendente, e os físicos da Terra

não poderão dispensar Deus nas suas ilações, reintegrando a Natureza na sua

posição de campo passivo, onde a inteligência divina se manifesta.

18 –Onde o ponto imediato de observação para que a Física reconheça a existência de

Deus?

-Desde o ponto inicial de suas observações, a Física é obrigada a reconhecer a

existência de Deus em seus divinos atributos. Para demonstrar o sistema do

mundo, o cientista não recorreu ao chamado “eixo imaginário”? ilações mais

altas, no domínio do transcendente.

A mecânica celeste prova a irrefutabilidade da teoria do movimento. O planeta

move-se na imensidade. A matéria vibra nas suas mais diversificadas

expressões.

Quem gerou o movimento? Quem forneceu o primeiro impulso vibratório no

organismo universal?

A Ciência esclarece que a energia faz o movimento mas a força é cega e a

matéria não tem características de espontaneidade.

Só na inteligência divina encontramos a origem de toda coordenação e de toda

coordenação e de todo equilíbrio, razão pela qual, nas suas questões mais

íntimas, a Física da Terra não poderá prescindir da lógica com Deus.

19 –As noções de física conhecidas pelos homens são definições reais ou definitivas?

-Os homens possuem da matéria a conceituação possível de ser fornecida pela

sua mente, compreendo-se que o aspecto real do mundo não é aquele que os

olhos mortais podem abranger, porquanto as percepções humanas estão

condicionadas ao plano sensorial, sem que o homem consiga ultrapassar o

domínio de determinadas vibrações.

Mergulhadas nas vibrações pesadas dos círculos da carne, as criaturas têm

notícias muito imperfeitas do Universo, em razão da exigüidade dos seus pobres

cinco sentidos.

É por isso que o homem terá sempre um limite nas suas observações da

matéria, força e movimento, não só pela deficiência de percepção sensorial,

como também pela estrutura do olho, onde a sabedoria divina delimitou as

possibilidades humanas de análise, de modo a valorizar os esforços e iniciativas

da criatura.

20 –Como poderemos compreender o éter?

-Nos círculos científicos do planeta muito se tem falado do éter, sem que possa

alguém fornecer uma imagem perfeita da sua realidade, nas convenções

conhecidas.

E, de fato, o homem não pode imagina-lo, dentro das percepções acanhadas

da sua metade. Por nossa vez, não poderemos proporcionar a vos outros uma

noção mais avançada, em vista da ausência de termos de analogia.

Se, como desencarnados, começamos a examina-lo na sua essência profunda,

para os homens da Terra o éter é quase uma abstração. De qualquer modo,

porém, busquemos entende-lo como fluído sagrado da vida, que se encontra

em todo o cosmo; fluído essencial do Universo, que, em todas as direções, é o

veículo do pensamento divino.

21 –Pode a Física oferecer-nos elementos para apreciar o plano divino da evolução?

-Também aí podereis observar a profunda beleza das leis universais. Ao sopro

inteligente da vontade divina, condensa-se a matéria cósmica no organismo do

Universo. Surgem as grandes massas das nebulosas e, em seguida, a família

dos mundos, regendo-se em seus movimentos pelas leis do equilíbrio, dentro da

atração, no corpo infinito do cosmo.

O ciclo da evolução apresenta aí um dos seus aspectos mais belos. Sob a

diretriz divina, a matéria produz a força, a força gera o movimento, o

movimento faz surgir o equilíbrio da atração e a atração se transforma em

amor, identificando-se todos os planos da vida na mesma lei de unidade

estabelecida no Universo pela sabedoria divina.

22 –A substância é igual em todos os mundos? como compreender a revelação dos

espectroscópios?

-Reconhecido o axioma de que o Universo obedece a uma lei de unidade, somos

obrigados a reconhecer que o que se encontra no todo existe igualmente nas

partes.

Contudo, o espectroscópio não vos poderá revelar todas as substâncias que se

encontram nos outros mundos, e não podemos esquecer que a Terra é um

apartamento muito singelo dentro do edifício universal, sem que possamos

conhecer, pelos seus detalhes, a grandeza infinita da obra do Criador.

23 –Existe uma lei de equilíbrio e uma lei de fluídos?

-As grandes leis gerais do equilíbrio têm as suas sede sagrada em Deus, fonte

perene de toda vida; E, em se falando da lei de fluídos, cada orbe a possui de

conformidade com a sua organização planetária.

Com relação ao plano terrestre, somente Jesus e os seus mensageiros mais

elevados conhecem os seus processos, com a devida plenitude, constituindo

essa lei um campo divino de estudos, não só para a mentalidade humana, como

também para os seres desencarnados que já se redimiram do labores mais

grosseiros junto dos círculos da carne, a fim de evolutirem nas esferas mais

próximos do cenário terrestre.

24 –As leis da gravitação são análogas em todos os planetas?

-As leis da gravitação não podem ser as mesmas para todos os planetas,

mesmo porque, em face da vossa evolução científica, já compreendeis que os

princípios newtonianos foram substituídos, de algum modo, pelos conceitos de

relatividade, conceitos esses que, por sua vez, seguirão, o curso progressivo do

conhecimento.

25 –O teledinamismo é aplicado nas relações entre os planos visíveis e invisíveis?

-Sendo o teledinamismo a ação de forças que atuam, à distância, cumpre-nos

esclarecer que, no fenômeno das comunicações, muitas vezes entram em jogo

as ações teledinâmicas, imprescindíveis a certas expressões de mediunismo.

26 –Ante os princípios da Física, como poderemos compreender o magnetismo e quais

as sas características no intercâmbio entre encarnados e desencarnados?

-O magnetismo é um fenômeno da vida, por constituir manifestação natural em

todos os seres.

Se a ciência do mundo já atingiu o campo de equações notáveis nas

experiências relativas ao assunto, provando a generalidade e a delicadeza dos

fenômenos magnéticos, deveis compreender que as exteriorizações dessa

natureza, nas relações entre os dois mundos, são sempre mais elevadas e sutis,

em virtude de serem, aí, uma expressão de vida superior.

Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Digitado por: Lúcia Aydir.

BIOLOGIA

Emmanuel

27 –Como devemos compreender a Natureza?

-A Natureza é sempre o livro divino, onde as mãos de Deus escrevem a história

de sua sabedoria, livro da vida que constitui a escola de progresso espiritual do

homem, evolvendo constantemente com o esforço e a dedicação de seus

discípulos.

28 –As manifestações de vida nos vários reinos da Natureza, abrangendo o homem,

significam a expressão do Verbo Divino, em escala gradativa nos processos de

aperfeiçoamento da Terra?

-Sim, em todos os reinos da Natureza palpita a vibração de Deus, como o Verbo

Divino da Criação Infinita, e, no quadro sem-fim do trabalho da experiência,

todos os princípios, como todos os indivíduos, catalogam os seus valores e

aquisições sagradas para a vida imortal.

29 –Os Espíritos cooperam no desenvolvimento do embrião do corpo em que se vão

reencarnar? E, em caso afirmativo, chegam a operar nos complexos celulares da

herança física, para que os corpos futuros sejam dotados de certos elementos aptos a

satisfazerem as circunstâncias da prova ou missão que hajam de cumprir?

-No caso dos espíritos envolvidos, senhores de realizações próprias,

inalienáveis, essa cooperação quase sempre se verifica, junto ao esforço dos

prepostos de Jesus, que operam nesse sentido, com vistas ao porvir de suas

lutas no ambiente material. Temos de considerar, todavia, que os espíritos

rebeldes, ou indiferentes, desprovidos dos valores próprios indispensáveis, têm

de aceitar a deliberação dos prepostos referidos, os quais escolhem as

substâncias que merecem ou que lhes são imprescindíveis no processo de

resgate ou de evolução.

30 –Há órgãos no corpo espiritual?

-Dentro das leis substanciais que regem a vida terrestre, extensiva às esferas

espirituais mais próximas do planeta, já o corpo físico; executadas certas

alterações impostas pela prova ou tarefa a realizar, é uma exteriorização

aproximada do corpo perispiritual, exteriorização essa que se subordina aos

imperativos da matéria mais grosseira, no mecanismo de heranças celulares, as

quais, por sua vez, se enquadram nas indispensáveis provações ou

testemunhos de cada indivíduo.

31 –A reencarnação inicia-se com as primeiras manifestações de vida do embrião

humano?

-Desde o instante primeiro de tais manifestações, a entidade espiritual

experimenta os efeitos de sua nova condição. Imposta reconhecer, todavia, que

o espírito mais lúcido, em contraposição com os mais obscurecidos e

ignorantes, goza de quase inteira liberdade, até a consolidação total dos laços

materiais com o novo nascimento na esfera do mundo.

32 –Quando o embrião está sendo formado, existe uma interpenetração de fluídos

entre a gestante e a entidade então ligada ao feto? Existem conseqüências

verificáveis?

-Essa interpenetração de fluídos é natural e justa, ocasionando, não raras

vezes, fenômenos sutilíssimos, como os chamados “sinais de nascença” que

somente mais tarde, poderão ser entendidos pela ciência do mundo,

enriquecendo o quadro de valores da Biologia, no estudo profundo das origens.

33 –O Espírito, em cada uma de suas encarnações, faz recapitulação das suas etapas

evolutivas, assim como se verifica com o embrião material que recorda, antes do

nascimento, toda a evolução da sua espécie?

-Essa recapitulação se verifica, na maioria dos casos, pela oportunidade que

oferece à alma encarnada de se portar retamente, nas mesmas circunstâncias do

passado culposo; porém, não constitui regra geral, salientando-se que, quanto

maiores as aquisições de sabedoria e de amor, mais afastado se encontrará o

Espírito, em aprendizado na Terra, dessa rememoração das experiências materiais,

de cuja intimidade dolorosa poderá então prescindir, pela sua expressão superior

de espiritualidade.

34 –A denominada árvore genealógica dos seres humanos tem idêntica significação no

plano espiritual?

-Na esfera espiritual persiste o mesmo esforço na conservação e dilatação dos

afetos familiares e, ora nos trabalhos regeneradores da Terra, ora na luz

santificante dos planos siderais, transformam-se as paixões ou sentimentos

ilegítimos em sagrados liames do espírito.

A árvore genealógica, porém, como se conhece na luta planetária, não se

transporta ao plano invisível, porque, aí, os vínculos de sangue são substituídos

pelas atrações dos sentimentos de amor sublime, purificados no patrimônio das

experiências e lutas vividas em comum.

35 –A genética está submetida a leis puramente materiais?

-As leis da genética encontram-se presididas por numerosos agentes psíquicos

que a ciência da Terra está longe de formular, dentro dos seus postulados

materialistas. Esses agentes psíquicos, muitas vezes, são movimentados pelos

mensageiros do plano espiritual; encarregados dessa ou daquela missão junto

às correntes da profunda fonte da vida. Eis por que, aos geneticistas,

comumente se deparam incógnitas inesperadas, que deslocam o centro de suas

anteriores ilações.

36 –Pode a genética estatuir medidas que melhorem o homem?

-Fisicamente falando, a própria natureza do orbe vem melhorando o homem,

continuadamente, nos seus processos de seleção natural. Nesse sentido, a

genética só poderá agir copiando a própria natureza material. Se essa ciência,

contudo, investigar os fatores espirituais, aderindo aos elevados princípios que

objetivaram a iluminação das almas humanas, então poderá criar um vasto

serviço de melhoramento e regeneração do homem espiritual no mundo,

mesmo porque, de outro modo, poderá ser uma notável mentora da eugenia,

uma grande escultora das formas celulares, mas estará sempre fria para o

espírito humano, podendo transformar-se em títere abominável nas mãos

impiedosas dos políticos racistas.

37 –As combinações de “genes”, aconselhadas pela genética, podem imprimir no

homem certas faculdades ou certas vocações?

-Alguns cientistas da atualidade proclamam essas possibilidades, esquecendo,

porém, que a vocação ou faculdade é atributo da individualização espiritual,

inacessível aos seus processos de observação.

Os geneticistas podem realizar numerosas demonstrações nas células materiais;

todavia, essas experiências não passarão dessa zona superficial, em se tratando

das conquistas, das provações ou da posição evolutiva dos Espíritos

encarnados.

38 –Se a genética está orientada por elementos psíquicos, como esclarecer as

conclusões tão exatas do mendelismo?

-O mendelismo realizou experiências notáveis, porém, ainda encontra

fenômenos inexplicáveis no processo de suas observações positivas. Faz-se

mister considerar, igualmente, que, em escala decrescente, nos reinos da

Natureza, a genética apresenta resultados felizes nas suas demonstrações, pelo

material simples e primitivo tomado para as suas observações práticas; tais

como os complexos celulares de plantas e de animais, constituídos por

expressões rudimentares. Em escala ascendente, contudo, onde a evolução

psíquica apresenta as suas características de intensidade e realização, a

genética encontrará sempre os fatores espirituais, convocando-a para um

campo mais vasto e mais sublime de operações.

39 –Quais as causas do nascimento de monstruosidades entre os homens e entre os

animais?

-Não podemos olvidar que entre os homens esses fenômenos dolorosos

decorrem do quadro de provações purificadoras, sem nos esquecermos,

igualmente, de que o mundo terrestre ainda é escola preparatória de

aperfeiçoamento.

Os produtos teratológicos constituem luta expiatória, não só para os pais

sensíveis, como para o Espírito encarnado sob penosos resgates do pretérito

delituoso.

Quanto aos animais, temos de reconhecer a necessidade imperiosa das

experiências múltiplas no drama da evolução anímica.

Em tudo, porém, busquemos divisar a feição educativa dos trabalhos do

mundo.

A Terra é uma vasta oficina. Dentro dela operam os prepostos do Senhor, que

podemos considerar como os orientadores técnicos da obra de aperfeiçoamento

e redenção. Em determinadas seções de esforço, os homens são maus alunos

ou trabalhadores rebelados. Nesses núcleos, os prepostos de Jesus podem

edificar o mesmo trabalho de sempre; todavia, encontra a perturbação e a

resistência dos próprios beneficiados, razão pela qual a fonte de energias pura

não pode ser responsabilizada pelos fenômenos que a deturpam, operados pela

indiferença, pela intenção criminosa ou pela perversidade das próprias criaturas

humanas, objeto constante do carinho desvelado do Senhor, em todos os

caminhos dos seus destinos.

40 –A fecundidade e a esterilidade são provas?

-No quadro de interpretações da Terra, esses conceitos podem indicar situações

de prova para as almas que se encontram em experiências edificadores;

todavia, se considerarmos a questão no seu aspecto espiritual; somos obrigados

a reconhecer que a esterilidade não existe para o espírito que, na Terra, ou fora

dela, pode ser fecundo em obras de beleza, de aperfeiçoamento e de redenção.

41 –A idéia de evolução que tem influído na esfera de todas as ciências do mundo,

desde as teorias darwinianas, representa agora uma nova etapa de aproximação entre

os conhecimentos científicos do homem e as verdades do Espiritismo?

-Todas as teorias evolucionistas no orbe terrestre caminham para a

aproximação com as verdades do Espiritismo, no abraço final com a verdade

suprema.

Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Digitado por: Lúcia Aydir.

PSICOLOGIA

Emmanuel

42 –Como poderemos compreender, pelo Espiritismo, o preceito da Psicologia que

afirma a experiência dos nossos cinco sentidos como todo o fundamento de nossa vida

mental?

-O Espiritismo esclarece que o homem é senhor de um patrimônio mais vasto,

consolidado nas suas experiências de outras vidas, provando que o legítimo

fundamento da vida mental não reside, de maneira absoluta, na contribuição

dos sentidos corporais, mas também nas recordações latentes do pretérito, das

quais os fenômenos da inteligência prematura, na Terra, são os testemunhos

mais eloqüentes.

43 –Estabelecendo a psicologia do mundo como sede da memória, do julgamento e da

imaginação, as partes do cérebro humano, cujas funções não são ainda devidamente

conhecidas pela Ciência, retardam a solução de um problema que só pode ser

satisfeito pelos conhecimentos espiritistas?

-Distante das cogitações de ordem divina, a psicologia terrestre efetua essa

procrastinação, até que consiga atingir o profundo estuário da verdade integral.

44 –Poderá a Psicologia chegar a uma solução cabal do problema das desordens

mentais, denominadas anormalidades psicológicas?

-Movimentando tão-somente os materiais da ciência humana, a Psicologia não

atingirá esse desiderato, conservando-se no terreno das definições e dos

estudos, distantes da causa.

Os conhecimentos do mundo, porém, caminham para a evolução dessa ciência

à luz do Espiritismo, quando, então, seus investigadores poderão alcançar as

soluções precisas.

45 –A psicanálise freudiana, valorizando os poderes desconhecidos do nosso

aparelhamento mental, representa um traço de aproximação entre a Psicologia e o

Espiritismo?

-Essas escolas do mundo constituem sempre grandes tentativas para aquisição

das profundas verdades espirituais, mas os seus mestres, com raras exceções,

se perdem na vaidade dos títulos acadêmicos ou nas falsas apreciações dos

valores convencionais.

Os preconceitos científicos, por enquanto, impossibilitam a aproximação

legítima da Psicologia oficial e do Espiritismo.

Os processos da primeira falam da parte desconhecida do mundo mental, a que

chamam de subconsciente, sem definir essa cripta misteriosa da personalidade

humana, examinando-a apenas na classificação pomposa das palavras.

Entretanto, somente à luz do Espiritismo poderão os métodos psicológicos

aprender que essa zona oculta, da esfera psíquica de cada um, é o reservatório

profundo das experiências do passado, em existências múltiplas da criatura,

arquivo maravilhoso em todas as conquistas do pretérito são depositadas em

energias potenciais, de modo a ressurgirem no momento oportuno.

46 –Como poderemos compreender os chamados complexos ou associações de idéias

no fenômeno mental?

-Sabemos que as associações de idéias não têm causa nas células nervosas,

constituindo antes ações espontâneas do espírito dentro do vasto mecanismo

circunstancial; ações essas, oriundas do seu esforço incessantes, projetadas

através do cérebro mental, que não é mais que um instrumento passivo.

47 –Por que, relativamente ao estudo dos processos mentais, se encontram divididos

no campo da opinião os psicologistas do mundo?

-Os psicologistas humanos, que se encontram ainda distantes das verdades

espirituais, divide-se tão-só pelas manifestações do personalismo, dentro de

suas escolas; mesmo porque, analisando apenas os efeitos,, não investigam as

causas, perdendo-se na complicação das nomenclaturas científicas, sem uma

definição séria e simples do processo mental, onde se sobrelevam as profundas

realidades do espírito.

48 –O Espiritismo esclarecerá a Psicologia quanto ao problema da sede de

inteligência?

-Somente com a cooperação do Espiritismo poderá a ciência psicológica definir

a sede da inteligência humana, não nos complexos nervosos ou glandulares do

corpo perecível, mas no espírito imortal.

49 –Como devemos conceituar o sonho?

-Na maioria das vezes, o sonho constitui atividade reflexa das situações

psicológicas do homem no mecanismo das lutas de cada dia; quando as forças

orgânicas dormitam em repouso indispensável.

Em determinadas circunstâncias, contudo, como nos fenômenos premonitórios,

ou nos de sonambulismo, em que a alma encarnada alcança elevada

porcentagem de desprendimento parcial, o sonho representa a liberdade

relativa do espírito prisioneiro da Terra, quando, então, se poderá verificar a

comunicação inter vivos, e, quanto possível, as visões proféticas, fatos esses

sempre organizados pelos mentores espirituais de elevada hierarquia,

obedecendo a fins superiores, e quando o encarnado em temporária liberdade

pode receber a palavra e a influência diretas de seus amigos e orientadores do

plano invisível.

50 –A vocação é uma lembrança das existências passadas?

-A vocação é o impulso natural oriundo da repetição de análogas experiências,

através de muitas vidas.

Suas características, nas disposições infantis, são o testemunho mais eloqüente

da verdade reencarnacionista.

51 –A loucura é sempre uma prova?

-O desequilíbrio mental é sempre uma provação difícil e dolorosa. Essa

realidade, contudo, podendo representar o resgate de uma dívida do pretérito

escabroso e desconhecido pode, igualmente, constituir uma resultante da

imprevidência de hoje, no presente que passa, fazendo necessária, acima de

todas as exortações, aquela que recomenda a oração e a vigilância.

52 –A alucinação é fenômeno do cérebro ou do espírito?

-A alucinação é sempre um fenômeno intrinsecamente espiritual, mas pode

nascer de perturbações estritamente orgânicas, que se façam reflexas no

aparelho sensorial, viciando o instrumento dos sentidos, por onde o espírito se

manifesta.

53 –Os bons ou maus pensamentos do ser encarnado afetam a organização psíquica

de seus irmãos na Terra, aos quais sejam dirigidas?

Os corações que oram e vigiam, realmente, de acordo com as lições

evangélicas, constroem a sua própria fortaleza, para todos os movimentos de

defesa espontânea.

Os bons pensamentos produzem sempre o máximo bem sobre aqueles que

representam os seus objetivos, por se enquadrarem na essência da Lei Única,

que é o Amor em todas as suas divinas manifestações; os de natureza inferior

podem afetar o seu objeto, em identidade de circunstâncias, quando a criatura

se faz credora desses choques dolorosos, na justiça das compensações.

Sobre todos os feitos dessa natureza, todavia, prevalece a Providência Divina,

que opera a execução de seus desígnios de equidade, com misericórdia e

sabedoria.

Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Digitado por: Lúcia Aydir.

SOCIOLOGIA

Emmanuel

54 –Com a difusão da luz espiritual, alargará o homem a noção de pátria, de modo a

abranger no mesmo nível todas as nações do mundo?

-A luz espiritual dará aos homens um conceito novo de pátria, de maneira a

proscrever-se o movimento destruidor pelos canhões e balas homicidas.

Quando isso se verifique, o homem aprenderá a valorizar o berço em que

nasceu, pelo trabalho e pelo amor, destruindo-se concomitantemente as

fronteiras materiais; e dando lugar à era nova da grande família humana, em

que as raças serão substituídas pelas almas e em que a pátria será honrada,

não com a morte, mas com a vida bem aplicada e bem vivida.

55 –A desigualdade verificada entre as classes sociais, no universo dos bens terrenos,

perdurará nas épocas do porvir?

-A desigualdade social é o mais elevado testemunho da verdade da

reencarnação, mediante a qual cada espírito tem sua posição definida de

regeneração e resgate. Nesse caso, consideramos que a pobreza, a miséria, a

guerra, a ignorância, como outras calamidades coletivas, são enfermidades do

organismo social, devido à situação de prova da quase generalidade dos seus

membros. Cessada a causa patogênica com a iluminação espiritual de todos em

Jesus-Cristo; a moléstia coletiva estará eliminada dos ambientes humanos.

56 –Pode admitir-se, em Sociologia, o conceito de igualdade absoluta?

-A concepção igualitária absoluta é um erro grave dos sociólogos, em qualquer

departamento da vida. A tirania política poderá tentar uma imposição nesse

sentido, mas não passará das espetaculosas uniformizações simbólicas para

efeitos exteriores, porquanto o verdadeiro valor de um homem está no seu

íntimo, onde cada espírito tem sua posição definida pelo próprio esforço.

Nessa questão existe uma igualdade absoluta de direitos dos homens perante

Deus, que concede a todos os seus filhos uma oportunidade igual nos tesouros

inapreciáveis do tempo. Esses direitos são os da conquista da sabedoria e do

amor, através da vida, pelo cumprimento do sagrado dever do trabalho e do

esforço individual. Eis por que cada criatura terá o seu mapa de méritos nas

sendas evolutivas, constituindo essa situação, nas lutas planetárias, um a

grandiosa progressiva em matéria de raciocínios e sentimento, em que se

elevará naturalmente todo aquele que mobilizar as possibilidades concedidas à

sua existência para o trabalho edificante da iluminação de si mesmo, nas

sagradas expressões do esforço individual.

57 –Poderão os homens resolver sem atritos as chamadas questões proletárias?

-Sim, quando se decidirem a aceitar e aplicar os princípios sagrados do

Evangelho. Os regulamentos apaixonados, as greves, os decretos unilaterais, as

ideologias revolucionárias, são cataplasmas inexpressivas, complicando a chaga

da coletividade.

O socialismo é uma bela expressão de cultura humana, enquanto não resvala

para os pólos do extremismo.

Todos os absurdos das teorias sociais decorrem da ignorância dos homens

relativamente à necessidade de sua cristianização. Conhecemos daqui os maus

dirigentes e os maus dirigidos, não como homens ricos e pobres, mas como

avarentos e a revoltados. Nessas dias Expressões, as criaturas operam o

desequilíbrio de todos os mecanismos do trabalho natural.

A verdade é que todos os homens são proletários da evolução e nenhum

esforço de boa realização na Terra é indigno do espírito encarnado.

Cada máquina exige uma direção especial, e o mecanismo do mundo requer o

infinito de aptidões e de conhecimentos.

Sem a harmonia de cada peça na posição em que se encontra, toda produção é

contraproducente e toda boa tarefa impossível.

Todos os homens são ricos pelas bênçãos de Deus e cada qual deve aproveitar,

com êxito, os “talentos” recebidos, porquanto, sem exceção de um só,

prestarão um dia, ale-túmulo, contas de seus esforços.

Que os trabalhadores da direção saibam amar, e que os da realização nunca

odeiem. Essa é a verdade pela qual compreendemos que todos os problemas do

trabalho, na Terra, representam uma equação de Evangelho.

58 –Reconhecendo-se o Estado como aparelhamento de leis convencionais, é

justificável a sua existência, bem como a das classes armadas, que sustentam no

mundo?

-Na situação (ou condição) atual do mundo e considerando a heterogeneidade

dos caracteres e das expressões evolutivas das criaturas, examinadas

isoladamente, justifica-se a necessidade dos aparelhos estatais nas convenções

políticas, bem como das classes armadas que os mantém no orbe, como

institutos de ordem para a execução das provas individuais, nas contingências

humanas, até que o homem perceba o sentido de concórdia e fraternidade

dentro das leis do Criador; prescindindo então da obrigatoriedade de certas

determinações das leis humanas, convencionais e transitórias.

59 –Tem o Espiritismo um papel especial junto da Sociologia?

-Na hora atual da humanidade terrestre, em que todas as conquistas da

civilização se subvertem nos extremismos, o Espiritismo é o grande iniciador da

Sociologia, por significar o Evangelho redivivo que as religiões literalistas

tentam inumar nos interesses econômicos e na convenção exterior de seus

prosélitos (adeptos).

Restaurando os ensinos de Jesus para o homem e esclarecendo que os valores

legítimos da criatura são os que procedem da consciência e do coração, a

doutrina consoladora dos Espíritos reafirma a verdade de que a cada homem

será dado de acordo com seus méritos, no esforço individual, dentro da

aplicação da lei do trabalho e do bem; razão pela qual representa o melhor

antídoto dos venenos sociais atualmente espalhados no mundo pelas filosofias

políticas do absurdo e da ambição desmedida, restabelecendo a verdade e a

concórdia para os corações.

60 –Como se deverá comportar o espiritista perante a política do mundo?

_O sincero discípulo de Jesus está investido de missão mais sublime, em face

da tarefa política saturada de lutas materiais. Essa é a razão por que não deve

provocar uma situação de evidência para si mesmo nas administrações

transitórias do mundo. E, quando convocado a tais situações pela força das

circunstâncias, deve aceita-las não como galardão para a doutrina que professa,

mas como provação imperiosa e árdua, onde todo êxito é sempre difícil. O

espiritista sincero deve compreender que a iluminação de um mundo,

salientando-se que a tarefa do Evangelho, junto das almas encarnadas na

Terra, é a mais importante de todas, visto constituir e consolar e instruir, em

Jesus, para que todos mobilizem as suas possibilidades divinas no caminho da

vida. Trocá-la por um lugar no banquete dos Estados é inverter o valor dos

ensinos, porque todas as organizações humanas são passageiras em face da

necessidade de renovação de todas as fórmulas do homem na lei do progresso

universal, depreendendo-se daí que a verdadeira construção da felicidade geral

só será efetiva com bases legítimas no espírito das criaturas.

61 –Como devemos encarar a política do racismo?

-Se é justo observarmos nas pátrias o agrupamento de múltiplas coletividades,

pelos laços afins da educação e do sentimento, a política do racismo deve ser

encarada como erro grave, que pretexto algum justifica, porquanto não pode

apresentar base séria nas suas alegações, que mal encobrem o propósito

nefasto de tirania e separatividade.

62 –O “não matarás” alcança o caçador que mata por divertimento e o carrasco que

extermina por obrigação?

-À medida que evolverdes no sentimento evangélico; compreendereis que todos

os matadores se encontram em oposição ao texto sagrado.

No grau dos vossos conhecimentos atuais, entendeis que somente os

assassinos que matam por perversidade estão contra a lei divina. Quando

avançardes mais no caminho, aperfeiçoando o aparelho social, não tolerareis o

carrasco, e, quando estiverdes mais espiritualizados, enxergando nos animais

os irmãos inferiores de vossa vida, a classe dos caçadores não terá razão de

ser.

Lendo, os nossos conceitos, recordareis os animais daninhos e, no íntimo,

haveis de ponderar sobre a necessidade do seu extermínio. É possível, porém,

que não vos lembreis dos homens daninhos e ferozes. O caluniador não

envenena mais que o toque de uma serpente? Com frieza a maquinaria da

guerra incompreensível não é mais impiedosa que o leão selvagem?...

Ponderemos essas verdades e reconheceremos que o homem espiritual do

futuro, com a luz do Evangelho na inteligência e no coração, terá modificado o

seu ambiente de lutas, auxiliando igualmente os esforços evolutivos de seus

companheiros do plano inferior, na vida terrestre.

63 –Considerando a determinação positiva do “não julgueis”, como poderemos

discernir do mal, sem julgamento?

-Entre julgar e discernir, há sempre grande distância. O ato de julgar para a

especificação de conseqüência definitiva pertence à autoridade divina, porém, o

direito da análise está instituído para todos os Espíritos, de modo que,

discernindo o bem e o mal, o erro e a verdade, possam as criaturas traçar as

diretrizes do seu melhor caminho para Deus.

64 –Em face da lei dos homens, quando em presença do processo criminal, deve darse

o voto condenativo, em concordância com o processo-crime, ou absolver o réu em

obediência ao “não julgueis”?

-Na esfera de nossas experiências, consideramos que, à frente dos processos

humanos, ainda quando as suas peças sejam condenatórias, deve-se recordar a

figura do Cristo junto da pecadora apedrejada, pois que Jesus estava também

perante um júri.

“Quem estiver sem pecado atire a primeira pedra” – é a sentença que deveria

lembrar, sempre, a nossa situação comum de Espíritos decaídos, para não

condenar esse ou aquele dos nossos semelhantes. “Vai e não peques mais” –

deve ser a nossa norma de conduta dentro do próprio coração, afastando-se a

erva do mal que nele viceje.

Nos processos públicos, a autoridade judiciária, como peça integrante da

máquina do Estado no desempenho de suas funções especializadas, deve saber

onde se encontra o recurso conveniente para o corretivo ou para a reeducação

do organismo social, mobilizando, nesse mister, os valores de sua experiência e

de suas responsabilidades.

Individualmente, porém, busquemos aprender que se podemos “julgar” alguma

coisa, julguemo-nos, sempre, em primeiro lugar, como o irmão mais próximo

daquele a quem se atribui um crime ou uma falta, a fim de estarmos acordes

com Aquele que é a luz dos nossos corações.

Nas horas comuns da existência, procuremos a luz evangélica para analisar o

erro e a verdade, discernir o bem e o mal; todavia, no instante dos julgamentos

definitivos, entreguemos os processos A Deus, que, antes, de nós, saberá

sempre o melhor caminho da regeneração dos seus filhos trabalhadores.

65 –O homem que guarda responsabilidade nos cargos públicos da Terra responde, no

plano espiritual, pelas ordens que cumpre e faz cumprir?

-A responsabilidade de um cargo público, pelas suas características morais, é

sempre mais importante que a concedida por Deus sobre um patrimônio

material. Daí a verdade que, na vida espiritual, o depositário do bem público

responderá sempre pelas ordens expedidas pela sua autoridade, nas tarefas da

Terra.

66 –O preceito evangélico – “assim, pois, aquele que dentre vós não renunciar a tudo

o que tem, não pode ser meu discípulo” – deve ser interpretado no sentido absoluto?

-Ainda esse ensino do Mestre deve ser considerado no seu divino simbolismo.

A fortuna e a autoridade humanas são também caminhos de experiências e

provas, e o homem que as atirasse fora de si, arbitrariamente, procederia com

a noção da irresponsabilidade, desprezando o ensejo do progresso que a

Providência Divina lhe colocou nas mãos.

Todos os homens são usufrutuários dos bens divinos e os convocados ao

trabalho de administração desses bens devem encarar a sua responsabilidade

como problema dos mais sérios da vida.

Renunciando ao egoísmo, ao orgulho, à fraqueza, às expressões de vaidade, o

homem cumprirá a ordenação evangélica, e, sentindo, a grandeza de Deus,

único dispensador no patrimônio real da vida, será discípulo do Senhor em

quaisquer circunstâncias, por usar as suas possibilidades materiais e espirituais,

sem os característicos envenenados do mundo, como intérprete sincero dos

desígnios divinos para felicidade de todos.

67 –Como interpretar o movimento feminista na atualidade da civilização?

-O homem e a mulher, no instituto conjugal, são como o cérebro e o coração do

organismo doméstico.

Ambos são portadores de uma responsabilidade igual no sagrado colégio da

família; e, se a alma feminina sempre apresentou um coeficiente mais avançado

de espiritualidade na vida, é que, desde cedo, o espírito masculino intoxicou as

fontes da sua liberdade, através de todos os abusos, prejudicando a sua posição

moral no decurso das existências numerosas, em múltiplas experiências

seculares.

A ideologia feminista dos tempos modernos, porém, com as diversas bandeiras

políticas e sociais, pode ser um veneno para a mulher desavisada dos seus

grandes deveres espirituais na face da Terra. Se existe um feminismo legítimo,

esse deve ser o da reeducação da mulher para o lar, nunca para uma ação

contraproducente fora dele. É que os problemas femininos não poderão ser

solucionados pelos códigos do homem, mas somente à luz generosa e divina do

Evangelho.

68 –Como conceituar o estado de espírito do homem moderno, que tanto se preocupa

com o “estar bem na vida”, “ganhar bem” e “trabalhar para enriquecer”?

-Esse propósito do homem viciado, dos tempos atuais. Constitui forte expressão

de ignorância dos valores espirituais na Terra, onde se verifica a inversão de

quase todas as conquistas morais.

Foi esse excesso de inquietação, no mais desenfreado egoísmo, que provocou a

crise moral do mundo, em cujos espetáculos sinistros podemos reconhecer que

o homem físico, da radiotelefonia e do transatlântico, necessita de mais verdade

que dinheiro, de mais luz que de pão.

Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Digitado por: Lúcia Aydir.

II

CIÊNCIAS ABASTRATAS

Emmanuel

69 –No quadro dos valores espirituais, qual a posição das ciências abstratas como a

Matemática, a Estatística e a Lógica, por exemplo, que requerem o máximo de método

e observação para as suas atividades dedutivas?

-Ainda aqui, observamos a Matemática e a Estatística medindo, calculando e

enumerando o patrimônio das expressões materiais, e a Lógica orientando as

atividades intelectuais do homem, nas contingências de sua vida no planeta.

Não podemos desprezar a cooperação das ciências abstratas nos postulados

educativos, por adestrarem as inteligências, dilatando a espontaneidade nos

espíritos, de maneira a estabelecer a facilidade de compreensão dos valores da

vida planetária, mas temos de reconhecer que as suas atividades, quase todas

circunscritas ao ambiente do mundo, são processos ou meios para que o

homem atinja a ciÊncia da vida em suas mais profundas revelações espirituais,

ciÊncia que simboliza a divina finalidade de todas as investigações e análises

das organizações existentes na Terra.

Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Digitado por: Lúcia Aydir.

III

CIÊNCIAS ESPECIALIZADAS

Emmanuel

70 –As ciências especializadas com a Astronomia, a Meteorologia, a Botânica e a

Zoologia, foram criadas pelo esforço do espírito humano, na evolução das ciências

fundamentais?

-Como atividades complementares das ciências fundamentais, esses estudos

especializados representam um conjunto de conquistas do espírito humano, no

sagrado labor da entidade abstrata a que chamamos “civilização”.

Tais esforços constituem a catalogação das pesquisas e realizações

propriamente humanas: todavia, convergem para a ciência integral no plano

infinito, onde se irmanarão com os valores morais na glorificação do homem

redimido.

71 –Como julgar a posição da Terra em relação aos outros mundos?

-A grandeza do plano sideral, onde se agita a comunidade dos sistemas, é

demasiado profunda para que possamos assinar-lhe a definição com os

mesquinhos formulários da Terra.

No turbilhão do Infinito, o sistema planetário centralizado pelo nosso Sol é

excessivamente singelo, constituindo um aspecto muito pobre da Criação.

Basta lembrar que Capela, um dos nossos vizinhos mais próximos, é um sol

5.800 vezes maior que o nosso astro do dia, sem esquecermos que a Terra é

1.300.000 vez menor que o nosso Sol.

Nessas cifras grandiosas, compreendemos a extensão da nossa humildade no

Universo, apiedando-nos sinceramente da situação dos conquistadores

humanos de todos os matizes, os quais no afã de açambarcarem patrimônios

materiais, nos dão a impressão de ridículos e vaidosos polichinelos da vida.

72 –Existem planetas de condições piores que as da Terra?

-Existem orbes que oferecem piores perspectivas de existência que o vosso e,

no que se refere a perspectivas, a Terra é um plano alegre e formoso, de

aprendizado. O único elemento que aí destoa da Natureza é justamente o

homem, avassalado pelo egoísmo.

Conhecemos planetas onde os seres que os povoam são obrigados a um esforço

contínuo e penoso para aliciar os elementos essenciais à vida; outros, ainda,

onde numerosas criaturas se encontram em doloroso degredo. Entretanto, no

vosso, sem que haja qualquer sacrifício de vossa parte, tendes gratuitamente

céu azul, fontes fartas, abundância de oxigênio, árvores amigas, frutos e flores,

cor e luz, em santas possibilidades de trabalho, que o homem há renegado em

todos os tempos.

73 –A humanidade terrestre é idêntica a doutros orbes?

-Nas expressões física, semelhante analogia é impossível, em face das leis

substanciais que regem cada plano evolutivo; mas, procuremos entender por

humanidade a família espiritual de todas as criaturas de Deus que povoam o

Universo e, examinada a questão sob esse prisma, veremos a comunidade

terrestre identificada com a coletividade universal.

74 –O homem científico poderá encarar com êxito as possibilidades de uma viagem

interplanetária?

-Pelo menos, enquanto perdurar a sua atitude de confusão, de egoísmo e

rebeldia, a humanidade terrestre são deve alimentar qualquer projeto de

viagem interplanetária.

Que dizermos do homem que, sem dispor a ordem na sai própria casa, quisesse

invadir a residência dos vizinhos? Se tantas vezes as criaturas terrestres têm

menosprezado os bens que a Providência Divina lhes colocou nas mãos, não

seria justo circunscreve-las ao seu âmbito acanhado e mesquinho?

O insulamento da Terra é um bem inapreciável.

Observemos as expressões do progresso humano, movimentadas para a guerra

e para a destruição, nos triunfos da força, e rendamos louvores ao Pai Celestial

por não haver dilatado no orbe terreno os processo de observação das suas

vaidosas criaturas.

75 –Na diversidade de suas experiências, é o Espírito obrigado a adaptar-se às

condições fluídicas de cada orbe?

-Esse é um imperativo para aquisição de seus valores evolutivos dentro das leis

do aperfeiçoamento.

76 –Poderão os fenômenos da meteorologia ser controlados, mais tarde, pelos

homens?

-Os fenômenos meteorológicos, incontroláveis pelas criaturas humanas, não o

são pelos prepostos de Jesus, que buscam dispo-los de acordo com os

ascendentes espirituais a serem observados em todos os processos evolutivos.

Não olvidemos, contudo, que a Terra é uma escola.

Se não é possível conceder, por enquanto, um título de conhecimento total aos

discípulos rebeldes e preguiçosos. Isso será possível um dia, quando a evolução

moral houver atingido o nível indispensável ao aproveitamento dessa ou

daquela força, em benefício de todos.

77 –Os Espíritos se preocupam com a Botânica?

-Na Botânica encontrais as mesmas incógnitas dos princípios, apenas

explicáveis pelos fatores transcendentes, o que prova a atenção do plano

espiritual para com o chamado reino dos vegetais.

Esse departamento da Natureza, campo de evolução como os outros, recebe

igualmente o sagrado influxo do Senhor, através da assistência de seus

mensageiros, desde os pródromos da organização planetária.

Recordai-vos de que o homem é discípulo numa escola que o seu raciocínio já

encontrou organizada pela sabedoria divina e, em nome dAquele que é a

origem sagrada de nossas vidas, amai as árvores e tende cuidado com o

campo, onde florescem as bênçãos do céu.

78 –A Zoologia é também objeto de atenção dos planos espirituais?

-Sem dúvida, também a Zoologia merece o zelo da esfera invisível, mas é

indispensável considerarmos a utilidade de uma advertência aos homens,

convidando-os a examinar detidamente os seus laços de parentesco com os

animais, dentro das linhas evolutivas, sendo justo que procurem colocar os

seres inferiores da vida planetária sob o seu cuidado amigo.

Os reinos da Natureza, aliás, são o campo de operação e trabalho dos homens,

sendo razoável considera-los, mais sob a sua responsabilidade direta que

propriamente dos Espíritos, razão por que responderão perante as leis divinas

pelo que fizerem, em consciência, com os patrimônios da natureza terrestre.

79 –Como interpretar nosso parentesco com os animais?

Considerando que eles igualmente possuem diante do tempo, um porvir de

fecundas realizações, através de numerosas experiências chegarão, um dia, ao

chamado reino hominal, como, por nossa vez, alcançaremos, no escoar dos

milênios, a situação de angelitude. A escala do progresso é sublime e infinita.

No quadro exíguo dos vossos conhecimentos, busquemos uma figura que nos

convoque ao sentimento de solidariedade e de amor que deve imperar em todos

os departamentos da natureza visível e invisível. O mineral é atração. O vegetal

é sensação. O animal é instinto. O homem é razão. O anjo é divindade.

Busquemos reconhecer a infinidade de laços que nos unem nos valores

gradativos da evolução e ergamos em nosso íntimo o santuário eterno da

fraternidade universal.

Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Digitado por: Lúcia Aydir.

IV

CIÊNCIAS COMBINADAS

Emmanuel

80 –As chamadas ciências combinadas, entre as quais a História, a Geologia e a

Geografia, surgiram no mundo tão-só pelo esforço dos Espíritos aqui encarnados?

-Indiretamente, as criaturas humanas têm recebido, em todas as épocas, a

cooperação do plano espiritual para a edificação dos seus valores mais

legítimos.

As chamadas ciências combinadas são expressões do mesmo quadro de

conhecimentos humanos, com igual convergência para a sabedoria integral, no

plano infinito.

A História, como a conheceis, não é uma estatística dos acontecimentos do

planeta através das palavras?

Todas elas são processos evolutivos para os valores intelectuais do homem, a

caminho das conquistas definitivas de sua personalidade imortal.

81 –Nos planos espirituais a história das civilizações terrestres é conhecida nas

mesmas características em que a conhecemos através dos narradores humanos?

-A descrição dos fatos é aproximadamente a mesma; todavia, os métodos de

apreciação dos acontecimentos e das situações divergem de maneira quase

absoluta.

Muitas vezes os heróis nos livros da Terra são entidades misérrimas na esfera

espiritual. Verifica-se, então, o contrário. Conhecemos Espíritos altíssimos que

vieram do mundo cobertos de virtudes gloriosas, e que não constam de

nenhuma lembrança da Humanidade. Os altares e as galerias patrióticas da

Terra foram sempre comprometidos pela política rasteira das paixões. Poucos

heróis do planeta fazem jus a esse título no mundo da verdade.

É por essa razão que a história do orbe sendo exata, no concernente à

descrição e à cronologia, é ilegítima no que se refere à justiça e à sinceridade.

82 – Os falsos julgamentos da História agravam a situação dos que se desprendem do

mundo, na qualidade de heróis, sem que o sejam?

-As exéquias solenes, os necrológios brilhantes, os pomposos adjetivos que se

concedem aos “mortos”, em troca do ouro da posição convencional que

deixaram, afligem os que partiram pela morte, de maneira intraduzível. Penosa

situação de angústia se estabelece para esses Espíritos sofredores e

perturbados, que se envergonham de si mesmos, experimentando a mais funda

repugnância pelas homenagens recebidas.

Cessada essa fase do julgamento insincero do mundo, freqüentemente se

poderá observar a incoerência dos homens.

O “antigo herói” volta ao orbe com as vestes do mendigo ou do proletário rude,

aprendendo nas lágrimas silenciosas a compor os cânticos do dever e do

trabalho santificantes; todavia, ninguém o vê, porque, na história do mundo,

em todos os tempos, o homem sempre incensou a tirania e raramente fixou o

olhar inquieto na flor carinhosa e humilde da virtude.

83 –É o historiador responsável pelos juízos falsos da História?

-Considerando-se que cada Espírito, encarnado tem sua tarefa especial nesse

ou naquele setor evolutivo, os historiadores que se deixam mergulhar no

interesse econômico das sinecuras políticas; embriagados pelo vinho da

mediocridade; responderão além-túmulo pela exploração comercial da

inteligência que hajam praticado na Terra, adulterando a justiça e o direito,

evitando a verdade, ou fornecendo mentiras ao espírito confiante dos pósteros.

84 –Se um Espírito no plano invisível não é realmente uma criatura santificada, como

receberá as orações de seus devotos, se a história do mundo o canonizou?

-A canonização é um processo muito arrojado das ambições humanas, para ser

considerado perante a verdade espiritual.

Conhecemos inquisidores, verdugos de povos e traidores do bem, conduzidos

ao altar pelo falso julgamento da política humana. A prece dos devotos

invocando o seu socorro muitas vezes sem se lembrarem da paternidade de

Deus, ecoa-lhes no coração perturbado como vozes de acusação terrível e

dolorosa, porquanto reavivam ainda mais a nudez de suas feridas.

Freqüentemente, os Espíritos que se encontram nessa penosa situação rogam a

Jesus a concessão das experiências mais humildes na Terra, a fim de olvidarem

os ruídos nocivos das falsas glórias do planeta, no silêncio das grandes dores

que iluminam e regeneram.

85 –As primeiras formas planetárias obedeceram a um molde especial preexistente?

-Jesus foi o divino escultor da obra geológica do planeta. Junto de seus

prepostos, iluminou a sombra dos princípios com os eflúvios sublimados do seu

amor, que saturaram todas as substâncias do mundo em formação.

Não podemos afirmar que as formas da Natureza, em sua manifestação inicial,

obedecessem a um molde preexistente, no sentido de imitação, porque todas

elas receberam o influxo sagrado do coração do Cristo.

A verdade é que, assim como as vossas construções materiais, todas as obras

viveram previamente no cérebro de um engenheiro ou de um arquiteto, todas

as formas de vida na Terra foram primeiramente concebidas na sua visão

divina.

86 –Tendo sido a Terra formada pelo poder divino, por que passou o planeta por

tantas etapas evolutivas, muitas das quais duraram milhões de anos?

-No infinito do Universo, a evolução do princípio espiritual tem de escapar a

todas as vossas limitações de tempo e de espaço, na tábua dos valores

terrestres.

As aquisições de cada indivíduo resultam da lei do esforço próprio no caminho

ilimitado da criação, destacando-se daí as mais diversas posições evolutivas das

criaturas e compreendendo-se que tempo e espaço são laboratórios divinos,

onde todos os princípios da vida são submetidos às experiências do

aperfeiçoamento, de modo que cada um deva a si mesmo todas as realizações,

no dia de aquisição dos mais altos valores da vida.

87 –De onde foram tirados os elementos para a formação da Terra?

-Sabemos que a aglutinação molecular, bem como o motor transcendente do

mundo, obedeceu ao sopro gerador da vida, oriundo do Todo-Poderoso e

lançado sobre o infinito da criação universal; contudo, achamo-nos ainda na

situação do aluno que encontrou a escola já edificada, cabendo-nos louvar e

buscar, pelo trabalho e pelo aperfeiçoamento, o seu Divino Autor.

88 –Deve o homem terrestre enxergar nas comoções geológicas do globo elementos

de provação para a sua vida?

-Os abalos sísmicos não são simples acidentes da Natureza. O mundo não está

sob a direção de forças cegas. As comoções do globo são instrumentos de

provações coletivas, ríspidas e penosas. Nesses cataclismos, a multidão resgata

igualmente os seus crimes de outrora e cada elemento integrante da mesma

quita-se do pretérito na pauta dos débitos individuais.

89 –Por que razão não existe nos textos sagrados uma notícia positiva das terras

descobertas posteriormente à vinda de Jesus ao planeta?

-Nesse particular, temos de convir que a palavra das profecias, através de

todos os tempos e situações do planeta, como eco das regiões divinas, não teve

em mira senão a edificação do Reino de Deus nos corações, desprezando as

fundações humanas, precárias e perecíveis. Todavia, no desdobramento das

revelações, encontrareis notícias das novas terras, posteriormente descobertas,

informações essas que se encontram sob os véus dos símbolos, como aconteceu

com todas as demais notificações que o Velho e Novo Testamentos legaram ao

homem espiritual.

Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Digitado por: Lúcia Aydir.

V

CIÊNCIAS APLICADAS

Emmanuel

90 –As ciências aplicadas, como a Agricultura, a Engenharia, a Medicina, a Educação e

a Economia representam o campo de esforço dos Espíritos encarnados, para

amplificação dos conhecimentos do homem, em benefício material da Humanidade?

-As ciências aplicadas são as forças que se mobilizam para as comodidades da

civilização; todavia, apesar de suas características materiais, é dentro de seus

quadros que se organizam os esforços abençoados do Espírito, em provas de

regeneração ou em missões purificadoras, na sua marcha ascensional para o

perfeito.

Entrosando-se com as atividades complementares das demais expressões

científicas do planeta, todas se harmonizam, nas lutas do homem, como

recursos terrenos para o desiderato das finalidades divinas.

91 –No quadro das ciências, as inspirações do plano superior são destinadas a

determinados estudiosos ou lançados de maneira geral para todos os cientistas?

-Nos departamentos da atividade científica existe às vezes, esse ou aquele

missionário, com tarefa especializada e conferida, tão-somente ao seu esforço.

Em se tratando, porém, de idéias e aparelhos novos, nos movimentos

evolutivos, as inspirações do plano espiritual são distribuídas em todas as

correntes do pensamento humano, percebendo-as, contudo, somente aqueles

que se encontram sintonizados com as suas vibrações.

92 –O agricultor, aplicando os conhecimentos da ciência para a melhoria do seu meio

ambiente e elevação do nível social em que se encontra, cumpre, também, missão

espiritual?

-O homem recebeu, igualmente, uma grande tarefa junto ao solo do globo,

fonte de manutenção de sua existência, competindo-lhe o bom serviço de

cultivar e aperfeiçoar o trato da terra, sob a sua ordenação transitória,

porquanto é na oficina do orbe que ele se prepara, de modo geral, para o seu

futuro infinito, cheio de beleza e de realizações definitivas no plano eterno.

93 –O engenheiro, na movimentação dos patrimônios materiais do orbe, alargando as

possibilidades de comunicação entre os povos, é amparado pelas forças espirituais?

-As fontes de proteção do plano invisível amparam todos os esforços generosos

e sinceros que objetivam não só o aperfeiçoamento da escola planetária, como

também o de seus filhos. Assim, temos de reconhecer no engenheiro abnegado

um obreiro do progresso e da fraternidade.

Essa a razão pela qual as grandes obras da engenharia, em sua feição

beneficiária, apesar de materiais, possuem elevada significação pela extensão

de sua utilidade ao espírito coletivo.

94 –Como é considerada nos planos espirituais a medicina terrena?

-A medicina humana, compreendida e aplicada dentro de suas finalidades

superiores, constitui uma nobre missão espiritual.

O médico honesto e sincero, amigo da verdade e dedicado ao bem; é um

apóstolo da Providência Divina, da qual recebe a precisa assistência e

inspiração, sejam quais forem os princípios religiosos por ele esposados na vida.

95 –Em face dos esforços da Medicina, como devemos considerar a saúde?

-Para o homem da Terra, a saúde pode significar o equilíbrio perfeito dos órgãos

materiais; para o plano espiritual, todavia, a saúde é a perfeita harmonia da

alma, para obtenção da qual, muitas vezes, há necessidade da contribuição

preciosa das moléstias e deficiências transitórias da Terra.

96 –Toda moléstia do corpo tem ascendentes espirituais?

-As chagas da alma se manifestam através do envoltório humano,. O corpo

doente reflete o panorama interior do espírito enfermo. A patogenia é um

conjunto de inferioridades do aparelho psíquico.

E é ainda na alma que reside a fonte primária de todos os recursos

medicamentosos definitivos. A assistência farmacêutica do mundo não pode

remover as causas transcendentes do caráter mórbido dos indivíduos. O

remédio eficaz está na ação do próprio espírito enfermiço.

Podeis objetar que as injeções e os comprimidos suprimem a dor; todavia, o

mal ressurgirá mais tarde nas células do corpo. Indagareis, aflitos, quanto às

moléstias incuráveis pela ciência da Terra e eu vos direi que a reencarnação,

em si mesma, nas circunstâncias do mundo envelhecido nos abusos, já

representa uma estação de tratamento e de cura e que há enfermidades d ‘

alma, tão persistentes, que podem reclamar várias estações sucessivas, com a

mesma intensidade nos processos regeneradores.

97 –Se as enfermidades são de origem espiritual, é justo a aplicação dos

medicamentos humanos, a cirurgia, etc, etc?

-O homem deve mobilizar todos os recursos ao seu alcance, em favor do seu

equilíbrio orgânico. Por muito tempo ainda, a Humanidade não poderá

prescindir da contribuição do clínico, do cirurgião e do farmacêutico,

missionários do bem coletivo. O homem tratará da saúde do corpo, até que

aprenda a preserva-lo e defende-lo, conservando a preciosa saúde de sua alma.

Acima de tudo, temos de reconhecer que os serviços de defesa das energias

orgânicas, nos processos humanos, como atualmente se verificam, asseguram a

estabilidade de uma grande oficina de esforços santificadores no mundo.

Quando, porém, o homem espiritual dominar o homem físico, os elementos

medicamentosos da Terra estarão transformados na excelência dos recursos

psíquicos e essa grande oficina achar-se-á elevada a santuário de forças e

possibilidades espirituais junto das almas.

98 –Nos processos de cura, como deveremos compreender o passe?

-Assim como a transfusão de sangue representa uma renovação das forças

físicas, o passe é uma transfusão de energias psíquicas,com a diferença de que

os recursos orgânicos são retirados de um reservatório limitado, e os elementos

psíquicos o são do reservatório ilimitado das forças espirituais.

99 –Como deve ser recebidos e dados o passe?

-O passe poderá obedecer à fórmula que forneça maior porcentagem de

confiança, não só a quem o dá, como a quem o recebe. Devemos esclarecer,

todavia, que o passe é a transmissão de uma força psíquica e espiritual,

dispensando qualquer contacto físico na sua aplicação.

100 –A chamada “benzedura”, conhecida nos meios populares, será uma modalidade

do passe?

-As chamadas “benzeduras”, tão comuns no ambiente popular, sempre que

empregadas na caridade, são expressões humildes do passe regenerador,

vulgarizado nas instituições espirituais de socorro e de assistência.

Jesus nos deu a primeira lição nesse sentido, impondo as mãos divinas sobre os

enfermos e sofredores, no que foi seguido pelos apóstolos do Cristianismo

primitivo.

“Toda boa dádiva e dom perfeito vêm do Alto” – dizia o apóstolo, na profundeza

de suas explanações.

A prática do bem pode assumir as fórmulas mais diversas. Sua essência,

porém, é sempre a mesma diante do Senhor.

101 –Por que não será permitida às entidades espirituais a revelação dos processos de

cura da lepra, do câncer, etc?

-Antes de qualquer consideração, devemos examinar a lei das provações e a

necessidade de sua execução plena.

Na própria natureza da Terra e na organização de fluídos inerentes ao planeta,

residem todos esses recursos, até hoje inapreendidos pela ciência dos homens.

Jesus curava os leprosos com a simples imposição de suas mãos divinas.

O plano espiritual não pode quebrar o ritmo das leis do esforço próprio, como a

direção de uma escola não pode decifrar os problemas relativos à evolução de

seus discípulos.

Além de tudo, a doença incurável traz consigo profundos benefícios. Que seria

das criaturas terrestres sem as moléstias dolorosas que lhes apodrecem a

vaidade? Até onde poderiam ir o orgulho e o personalismo do espírito humano,

sem a constante ameaça de uma carne frágil e atormentada?

Observamos as dádivas de Deus no terreno das grandes descobertas,

mobilizadas para a guerra de extermínio, e contemplemos com simpatia os

hospitais isolados e escuros, onde, tantas vezes, a alma humana se recolhe

para as necessárias meditações.

102 –Podem os espíritos amigos atuar sobre a flora microbiana, nas moléstias

incuráveis, atenuando os sofrimentos da criatura?

-As entidades amigas podem diminuir a intensidade da dor nas doenças

incuráveis, bem como afasta-la completamente, se esse benefício puder ser

levado a efeito no quadro das provas individuais, sob os desígnios sábios e

misericordiosos do plano superior.

103 –No tratamento ministrado pelos Espíritos amigos, a água fluidificada, para um

doente, terá o mesmo efeito em outro enfermo?

-A água pode ser fluidificada, de modo geral, em benefício de todos; todavia,

pode sê-lo em caráter particular para determinado enfermo, e, neste caso, é

conveniente que o uso seja pessoal e exclusivo.

104 –Existem condições especiais para que os Espíritos amigos possam fluidificar a

água pura, como sejam as presenças de médiuns curadores, reuniões de vários

elementos,etc,etc?

-A caridade não pode atender a situações especializadas. A presença de

médiuns curadores, bem como as reuniões especiais, de modo algum podem

constituir o preço do benefício aos doentes, porquanto os recursos dos guias

espirituais, nessa esfera de ação, podem independer do concurso medianímico,

considerando o problema dos méritos individuais.

105 –O fato de um guia espiritual receitar para determinado enfermo, é sinal infalível

de que o doente terá de curar-se?

-O guia espiritual é também um irmão e um amigo, que nunca ferirá as vossas

mais queridas esperanças.

Aconselhando o uso de uma substância medicamentosa, alvitrando essa ou

aquela providência, ele cooperará para as melhoras de um enfermo e, se

possível, para o pleno restabelecimento de sua saúde física, mas não poderá

modificar a lei das provações ou os desígnios supremos dos planos superiores,

na hipótese da desencarnação, porque, dentro da Lei, somente Deus, seu

Criador, pode dispensar.

106 –A eutanásia é um bem, nos casos de moléstia incurável?

-O homem não tem o direito de praticar a eutanásia, em caso algum, ainda que

a mesma seja a demonstração aparente de medida benfazeja.

A agonia prolongada pode ter finalidade preciosa para a alma e a moléstia

incurável pode ser um bem como a única válvula de escoamento das

imperfeições do Espírito da vida imortal. Além do mais, os desígnios divinos são

insondáveis e a ciência precária dos homens não pode decidir nos problemas

transcendentes das necessidades do Espírito.

107 –Um hospital espírita tem utilidade para a família espírita?

-A fundação de um hospital, em cujos processos de tratamento estejam vivos

os princípios do Espiritismo evangélico, constitui realização generosa, na melhor

exaltação dos ensinos consoladores dos mensageiros celestiais.

As edificações dessa natureza, todavia, exigem o máximo de renúncia por parte

dos que as patrocinem, porquanto, dentro delas o médico do mundo é

compelido a esquecer os títulos acadêmicos, para ser um dos mais legítimos

missionários dAquele Médico das Almas que curou os cegos e os leprosos, os

tristes e os endemoninhados, exemplificando o amor e a humildade na

entrosagem de todos os serviços pelo bem dos semelhantes.

Um hospital espírita deve ser um lar de Jesus.

Seu aparelhamento é uma maquinaria divina, exigindo idênticas superioridade

nos operários chamados a movimentar-lhe as peças, de modo a que se não

deturpe a grandeza profunda dos fins.

108 –Onde a base mais elevada para os métodos de educação?

-As noções religiosas, com a exemplificação dos mais altos deveres da vida,

constituem a base de toda a educação no sagrado instituto da família.

109 –O período infantil é o mais importante para a tarefa educativa?

-O período infantil é o mais sério e o mais propício à assimilação dos princípios

educativos.

Até aos sete anos, o Espírito ainda se encontra em fase de adaptação para a

nova existência que lhe compete no mundo. Nessa idade, ainda não existe uma

integração perfeita entre ele e a matéria orgânica. Suas recordações do plano

espiritual são, por isso, mais vivas, tornando-se mais suscetível de renovar o

caráter e a estabelecer novo caminho, na consolidação dos princípios de

responsabilidade, se encontrar nos pais legítimos representantes do colégio

familiar.

Eis por que o lar é tão importante para a edificação do homem, e por que tão

profunda é a missão da mulher perante as leis divinas.

Passada a época infantil, credora de toda vigilância e carinho por parte das

energias paternais, os processos de educação moral, que formam o caráter,

tornam-se mais difíceis com a integração do Espírito em seu mundo orgânico

material, e , atingida a maioridade, se a educação não se houver feito no lar,

então, só o processo violento das provas rudes, no mundo, pode renovar o

pensamento e a concepção das criaturas, porquanto a alma reencarnada terá

retomado todo o seu patrimônio nocivo do pretérito e reincidirá nas mesmas

quedas, se lhe faltou a Luz interior dos sagrados princípios educativos.

110 –Qual a melhor escola de preparação das almas reencarnadas, na Terra?

-A melhor escola ainda é o lar, onde a criatura deve receber as bases do

sentimento e do caráter.

Os estabelecimentos de ensino, propriamente do mundo, podem instruir, mas

só o instituto da família pode educar. É por essa razão que a universidade

poderá fazer o cidadão, mas somente o lar pode edificar o homem.

Na sua grandiosa tarefa de cristianização, essa é a profunda finalidade do

Espiritismo evangélico, no sentido de iluminar a consciência da criatura, a fim

de que o lar se refaça e novo ciclo de progresso espiritual se traduza, entre os

homens, em lares cristãos, para a nova era da Humanidade.

111 –É justa a fundação de institutos para a educação sexual?

-Quando os professores do mundo estiverem plenamente despreocupados das

tabelas administrativas, dos auxílios oficiais, da classificação de salários, das

situações de evidência no magistério, das promoções, etc., para sentirem nos

discípulos os filhos reais do seu coração, serão acertados cogitar-se da fundação

de educandários dessa natureza, porquanto haverá muito amor dentro das

almas, assegurando o êxito das iniciativas.

Os professores do mundo, todavia, considerando o quadro legítimo das

exceções, ainda não passam de servidores do Estado, angustiados na

concorrência do profissionalismo. Na sagrada missão de ensinar, eles instruem

o intelecto, mas, de um modo geral, ainda não sabem iluminar o coração dos

discípulos, por necessitados da própria iluminação.

Examinada a questão desse modo, e atendendo às circunstâncias das posições

evolutivas, consideramos que os pais são os mestres da educação sexual de

seus filhos, indicados naturalmente para essa tarefa, até que o orbe possua ,

por toda parte, as verdadeiras escolas de Jesus, onde a mulher, em qualquer

estado civil, se integre na divina missão da maternidade espiritual de seus

pequenos tutelados e onde o homem, convocado ao labor educativo, se

transforme num centro de paternal amor e amoroso respeito para com os seus

discípulos.

112 –Como renovar os processos de educação para a melhoria do mundo?

-As escolas instrutivas do planeta poderão renovar sempre os seus métodos

pedagógicos, com esses ou aqueles processos novos, de conformidade com a

psicologia infantil, mas a escola educativa do lar só possui uma fonte de

renovação que é p Evangelho, e um só modelo de mestre, que é a

personalidade excelsa do Cristo.

113 –Os pais espiritistas devem ministrar a educação doutrinária a seus filhos ou

podem deixar de faze-lo invocando as razões de que, em matéria de religião, apreciam

mais a plena liberdade dos filhos?

O período infantil, em sua primeira fase, é o mais importante para todas as

bases educativas, e os pais espiritistas cristãos não podem esquecer seus

deveres de orientação aos filhos, nas grandes revelações da vida. Em nenhuma

hipótese, essa primeira etapa das lutas terrestres deve ser encarada com

indiferença.

O pretexto de que a criança deve desenvolver-se com a máxima noção de

liberdade pode dar ensejo a graves perigos. Já se disse, no mundo, que o

menino livre é a semente do celerado. A própria reencarnação não constitui, em

si mesma, restrição considerável à independência absoluta da alma necessitada

de expiação e corretivo?

Além disso, os pais espiritistas devem compreender que qualquer indiferença

nesse particular pode conduzir a criança aos prejuízos religiosos de outrem, ao

apego do convencionalismo, e à ausência de amor à verdade.

Deve nutrir-se o coração infantil com a crença, com a bondade, com a

esperança e com a fé em Deus. Agir contrariamente a essas normas é abrir

para o faltoso de ontem a mesma porta larga para os excessos de toda sorte,

que conduzem ao aniquilamento e ao crime.

Os pais espiritistas devem compreender essa característica de suas obrigações

sagradas, entendendo que o lar não se fez para a contemplação egoística da

espécie, mas, sim, para santuário onde, por vezes, se exige a renúncia e o

sacrifício de uma existência inteira.

114 –A economia deve ser dirigida?

-No que se refere à técnica de produção, à necessidade da repartição e aos

processos de consumo, é mais que justa a direção da economia; porém, nesse

sentido, todo excesso político que prejudique a harmonia na lei das trocas, de

que o progresso depende inteiramente, é um erro condenável, com graves

conseqüências para toda a estrutura do organismo coletivo.

Tais excessos deram causa aos sistemas autárquicos de governos, da

atualidade, onde parecem todos os ideais de justiça econômica e de

fraternidade, em virtude dos erros de visão do mau nacionalismo.

A vida depende de trocas incessantes e toda restrição a esses elevados

princípios de harmonia é uma passagem para a destruição revolucionária, onde

se invertem todos os valores da vida.

Que a economia seja dirigida, mas que as paixões políticas não penetrem os

seus domínios de equilíbrios e reciprocidade, porquanto, na sua influência

nefasta, o “bastar-se a si mesmo” é a ideologia sinistra da ambição e do

egoísmo, onde o fermento da guerra encontra o clima apropriado para as suas

manifestações de violência e extermínio.

Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Digitado por: Lúcia Aydir.

SEGUNDA PARTE

Emmanuel

FILOSOFIA

115 –É a Filosofia a interpretação sintética de todas as atividades do espírito em

evolução na Terra?

-A Filosofia constitui, de fato, a súmula das atividades evolutivas do Espírito

encarnado, na Terra.

Suas equações são as energias que fecundam a Ciência, espiritualizando-lhe os

princípios, até que unidas umas à outra, indissoluvelmente, penetrem o átrio

divino das verdades eternas.

Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Digitado por: Lúcia Aydir.

I

VIDA

APRENDIZADO

Emmanuel

116 – O homem físico está sempre ligado ao seu pretérito espiritual?

-Como a maioria das criaturas humana se encontra em lutas expiatórias,

podemos figurar o homem terrestre como alguém a lutar para desfazer-se do

seu próprio cadáver, que é o passado culposo, de modo a ascender para a vida

e para a luz que residem em Deus.

Essa imagem temo-la na semente do mundo que, para desenvolver o embrião,

cheio de vitalidade e beleza, necessita do temporário estacionamento no seio

lodoso da Terra, a fim de se desfazer do seu envoltório, crescendo, em seguida,

para a luz do Sol e cumprindo sua missão sagrada, enfeitada de flores e frutos.

117 –A inteligência, julgada pelo padrão humano, será a súmula de várias

experiências do Espírito sobre a Terra?

-Os valores intelectivos representam a soma de muitas experiências, em várias

vidas do Espírito, no plano material. Uma inteligência profunda significa um

imenso acervo de lutas planetárias. Atingida essa posição, se o homem guarda

consigo uma expressão idêntica de progresso espiritual, pelo sentimento, então

estará apto a elevar-se a novas esferas do Infinito, para a conquista de sua

perfeição.

118 –Como se registram as experiências do Espírito em uma encarnação, para

servirem de patrimônio evolutivo nas encarnações subseqüentes?

-É no próprio patrimônio íntimo que a alma registra as suas experiências, no

aprendizado das lutas da vida, acerca das quais guardará sempre uma

lembrança inata nos trabalhos purificadores do porvir.

119 –Como devemos proceder para dilatar nossa capacidade espiritual?

-Ainda não encontramos uma fórmula mais elevada e mais bela que a do

esforço próprio, dentro da humildade e do amor, no ambiente de trabalho e de

lições da Terra, onde Jesus houve por bem instalar a nossa oficina de

perfectibilidade para a futura elevação dos nossos destinos de espíritos

imortais.

120 –Pode existir inteligência sem desenvolvimento espiritual?

-Diremos, melhor: inteligência humana sem desenvolvimento sentimental,

porque nesse desequilíbrio do sentimento e da razão é que repousa atualmente

a dolorosa realidade do mundo. O grande erro das criaturas humanas foi

entronizar apenas a inteligência, olvidando os valores legítimos do coração nos

caminhos da vida.

121 –O meio ambiente influi no espírito?

-O meio ambiente em que a alma renasceu, muitas vezes constitui a prova

expiatória; com poderosas influências sobre a personalidade, faz-se

indispensável que o coração esclarecido coopere na sua transformação para o

bem, melhorando e elevando as condições materiais e morais de todos os que

vivem na sua zona de influenciação.

122 –Que se deve fazer para o desenvolvimento da intuição?

-O campo do estudo perseverante, com o esforço sincero e a meditação sadia, é

o grande veículo de amplitude da intuição, em todos os seus aspectos.

123 –Deve o crente criar imposições absolutas para si mesmo, no sentido de alcançar

mais depressa a perfeição espiritual?

O crente deve esforçar-se o mais possível, mas, de modo algum, deve nutrir a

pretensão de atingir a superioridade espiritual completa, de uma só vez,

porquanto a vida humana é aprendizado de lutas purificadoras e, no cadinho do

resgate, nem sempre a temperatura pode ser amena, alcançando, por vezes, ao

mais alto grau para o desiderato do acrisolamento.

Em todas as circunstâncias, guarde o cristão a prece e a vigilância; prece ativa,

que é o trabalho do bem, e vigilância, que é a prudência necessária, de modo a

não trair novos compromissos. E, nesse esforço, a alma estará preparada a

estruturar o futuro de si mesma, no caminho eterno do espaço e do tempo, sem

o desalento dos tristes e sem a inquietação dos mais afoitos.

124 -Qual a importância da palavra humana para as conquistas evolutivas do espírito?

-A palavra é um dom divino, quando acompanhada dos atos que a

testemunhem; e é através de seus caracteres falados ou escritos que o homem

recebe o patrimônio de experiências sagradas de quantos o antecederam no

mecanismo evolutivo das civilizações. É por intermédio de seus poderes que se

transmite, de gerações a gerações, o fogo divino do progresso na escola

abençoada da Terra.

125 –Reconhecendo que os nossos amigos do plano espiritual estão sempre ao nosso

lado, em todos os trabalhos e dificuldades, a fim de nos inspirar, quais os maiores

obstáculos que a sua bondade encontra em nós, para que recebamos os seus socorro

indireto, afetuoso e eficiente?

-Os maiores obstáculos psíquicos, antepostos pelo homem terrestre aos seus

amigos e mentores da espiritualidade, são oriundos da ausência de humildade

sincera nos corações; para o exame da própria situação de egoísmo, rebeldia e

necessidade de sofrimento.

126 –As vibrações relativas ao bem e ao mal, emitidas pela alma encarnada no seu

aprendizado terrestre, persistem no Espaço para exame e ponderação do futuro?

-Haveis de convir convosco que existem fenômenos físicos, transcendentes em

demasia, para que possamos examina-los, devidamente, na pauta exígua dos

vossos conhecimentos atuais.

Todavia, em se tratando de vibrações emitidas pelo Espírito encarnado, somos

compelidos a reconhecer que essas vibrações ficam perenemente gravadas na

memória de cada um; e a memória é uma chapa fotográfica, onde as imagens

jamais se confundem. Bastará a manifestação da lembrança, para serem

levadas a efeito todas as ponderações, mais tarde, no capítulo das expressões

do mal e do bem.

127 –O preceito do “corpo são, mentalidade sadia”, poderá ser observado tãosomente

pelo hábito dos esportes e labores atléticos?

-No que se refere ao; “corpo são”, o atletismo tem papel importante e seria de

ação das mais edificantes nos problemas da saúde física, se o homem na sua

vaidade e egoísmo não houvesse viciado, também, a fonte da ginástica e do

esporte, transformando-a em tablado de entronização da violência, do

abastardamento moral da mocidade, iludida com a força bruta e enganada

pelos imperativos da chamada eugenia ou pelas competições estranhas dos

grupos sectários, desviando de suas nobres finalidades um dos grandes

movimentos coletivos em favor da confraternização e da saúde.

Bastará essa observação para compreendermos que a “mentalidade sadia”

somente constituirá uma realidade quando houver um perfeito equilíbrio entre

os movimentos do mundo e as conquistas interiores da alma.

128 –A vida do irracional está revestida igualmente das características missionárias?

-A vida do animal não é propriamente missão, apresentando, porém, uma

finalidade superior que constitui a do seu aperfeiçoamento próprio, através das

experiências benfeitoras do trabalho e da aquisição, em longos e pacientes

esforços, dos princípios sagrados da inteligência.

129 –É um erro alimentar-se o homem com a carne dos irracionais?

-A ingestão das vísceras dos animais é um erro de enormes conseqüências, do

qual derivaram numerosos vícios da nutrição humana. É de lastimar semelhante

situação, mesmo porque, se o estado de materialidade da criatura exige a

cooperação de determinadas vitaminas, esses valores nutritivos podem ser

encontrados nos produtos de origem vegetal, sem a necessidade absoluta dos

matadouros e frigoríficos.

Temos de considerar, porém, a máquina econômica do interesse e da harmonia

coletiva, na qual tantos operários fabricam o seu pão cotidiano. Suas peças não

podem ser destruídas de um dia para o outro, sem perigos graves. Consolemonos

com a visão do porvir, sendo justo trabalharmos, dedicadamente, pelo

advento dos tempos novos em que os homens terrestres poderão dispensar da

alimentação os despojos sangrentos de seus irmãos inferiores.

130 –Operários do aprendizado terrestre, como devemos encarar o texto sagrado do

“lembra-te do dia de sábado para santifica-lo”, quando as obrigações de serviço

proporcionam para isso os domingos?

O descanso dominical deve ser sagrado pelo homem, não por se tratar de um

domingo, mas em virtude da necessidade de se estabelecer uma pausa semanal

aos movimentos da vida física, para o recolhimento espiritual da alma em si

mesma, no caminho das atividades terrestres. O repouso dominical substitui

perfeitamente o sábado antigo, salientando-se que a rigidez da sua observância

foi instituída pelos legisladores hebreus, em virtude da ambição e da

prepotência dos senhores de escravos, numerosos na época, e que, somente

desse modo, atendiam à medida de humanidade, concedendo uma trégua ao

esforço exaustivo que costumava aniquilar a existência de servos fracos e

indefesos.

O descanso semanal deve ser sempre consagrado pelo homem às expressões

de espiritualidade da sua vida, sem se dar, porém, a qualquer excesso no

domínio da letra, nesse particular, porque, após a palavra de Moisés, devemos

ouvir a lição do Senhor, esclarecendo que “o sábado foi feito para o homem e

não o homem par ao sábado”.

Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Digitado por: Lúcia Aydir.

EXPERIÊNCIA

Emmanuel

131 –Como adquire experiência o Espírito encarnado?

A luta e o trabalho são tão imprescindíveis ao aperfeiçoamento do espírito,

como o pão material é indispensável à manutenção do corpo físico. É

trabalhando e lutando, sofrendo e aprendendo, que a alma adquire as

experiências necessárias na sua marcha para a perfeição.

132 –Há o determinismo e o livre-arbítrio, ao mesmo tempo, na existência humana?

Determinismo e livre-arbítrio coexistem na vida, entrosando-se na estrada dos

destinos, para a elevação e redenção dos homens.

O primeiro é absoluto nas mais baixas camadas evolutivas e o segundo ampliase

com os valores da educação e da experiência. Acresce observar que sobre

ambos pairam as determinações divinas, baseadas na lei do amor, sagrada e

única, da qual a profecia foi sempre o mais eloqüente testemunho.

Não verificais, atualmente, as realizações previstas pelos emissários do Senhor

há dois e quatro milênios, no divino simbolismo das Escrituras?

Estabelecida a verdade de que o homem é livre na pauta de sua educação e de

seus méritos, na lei das provas, cumpre-nos reconhecer que o próprio homem,

à medida que se torna responsável, organiza o determinismo da sua existência,

agravando-o ou amenizando-lhe os rigores, até poder elevar-se definitivamente

aos planos superiores do Universo.

133 –Havendo o determinismo e o livre-arbítrio, ao mesmo tempo, na vida humana,

como compreender a palavra dos guias espirituais quando afirmam não lhes ser

possível influenciar a nossa liberdade?

Não devemos esquecer que falamos de expressão corpórea, em se tratando do

determinismo natural, que prepondera sobre os destinos humanos.

A subordinação da criatura, em suas expressões do mundo físico, é lógica e

natural nas leis das compensações, dentro das provas necessárias, mas, no

íntimo, zona de pura influenciação espiritual, o homem é livre na escola do seu

futuro caminho. Seus amigos do invisível localizam aí o santuário da sua

independência sagrada

Em todas as situações, o homem educado pode reconhecer onde falam as

circunstâncias da vontade de Deus, em seu benefício, e onde falam as que se

formam pela força da sua vaidade pessoal ou do seu egoísmo. Como ele,

portanto, estará sempre o mérito da escolha, nesse particular.

134 –Como pode o homem agravar ou amenizar o determinismo de sua vida?

-A determinação divina as sagrada lei universal é sempre a do bem e da

felicidade, para todas as criaturas.

No lar humano, não vê um pai amoroso e ativo, com um largo programa de

trabalhos pela ventura dos filhos? E cada filho, cessado o esforço da educação

na infância, na preparação para a vida, não deveria ser um colaborador fiel da

generosa providência paterna pelo bem de toda a comunidade familiar?

Entretanto, a maioria dos pais humanos deixa a Terra sem ser compreendida,

apesar de todo o esforço despendido na educação dos filhos.

Nessa imagem muito frágil, em comparação com a paternidade divina, temos

um símile da situação.

O Espírito que, de algum modo, já armazenou certos valores educativos, é

convocado para esse ou aquele trabalho de responsabilidade junto de outros

seres em provação rude, ou em busca de conhecimentos para a aquisição da

liberdade. Esse trabalho deve ser levado a efeito na linha reta do bem, de modo

que esse filho seja o bom cooperador de seu Pai Supremo, que é Deus. O

administrador de uma instituição, o chefe de uma oficina, o escritor de um livro

o mestre de uma escola, tema a sua parcela de independência para colaborar

na obra divina e devem retribuir a confiança espiritual que lhes foi deferida. Os

que se educam e conquistam direitos naturais, inerentes à personalidade,

deixam de obedecer, de modo absoluto, no determinismo da evolução,

porquanto estarão aptos a cooperar no serviço das ordenações, podendo criar

as circunstâncias para a marcha ascensional de seus subordinados ou irmãos

em humanidade, no mecanismo de responsabilidade da consciência esclarecida.

Nesse trabalho de ordenar com Deus, o filho necessita considerar o zelo e o

amor paternos, a fim de não desviar sua tarefa do caminho reto, supondo-se

senhor arbitrário das situações, complicando a vida da família humana, e

adquirindo determinados compromissos, por vezes bastante penosos, porque,

contrariamente ao propósito dos pais, há filhos que desbaratam os “talentos”

colocados em suas mãos, na preguiça, no egoísmo, na vaidade ou no orgulho.

Daí a necessidade de concluirmos com a apologia da Humanidade, salientando

que o homem que atingiu certa parcela de liberdade, está retribuindo a

confiança do Senhor, sempre que age com a sua vontade misericordiosa e

sábia, reconhecendo que o seu esforço individual vale muito, não por ele, mas

pelo amor de Deus que o protege e ilumina na edificação de sua obra imortal.

135 –Se o determinismo divino é o do bem, quem criou o mal?

-O determinismo divino se constitui de uma só lei, que é a do amor para a

comunidade universal. Todavia, confiando em si mesmo, mais do que em Deus,

o homem transforma a sua fragilidade em foco de ações contrárias a essa

mesma lei, efetuando, desse modo, uma intervenção indébita na harmonia

divina.

Eis o mal.

Urge recompor os elos sagrados dessa harmonia sublime.

Eis o resgate.

Vede, pois, que o mal, essencialmente considerado, não pode existir par Deus,

em virtude de representar um desvio do homem, sendo zero na Sabedoria e na

Providência Divinas.

O Criador é sempre o Pai generoso e sábio, justo e amigo, considerando os

filhos transviados como incursos em vastas experiências. Mas, como Jesus e os

seus prepostos são seus cooperadores divinos, e eles próprios instituem as

tarefas contra o desvio das criaturas humanas, focalizam os prejuízos do mal

com a força de suas responsabilidades educativas, a fim de que a Humanidade

siga retamente no seu verdadeiro caminho para Deus.

136 –Existem seres agindo na Terra sob determinação absoluta?

-Os animais e os homens quase selvagens nos dão uma idéia dos seres que

agem no planeta sob determinação absoluta. E essas criaturas servem para

estabelecer a realidade triste da mentalidade do mundo, ainda distante da

fórmula do amor, com que o homem deve ser o legítimo cooperador de Deus,

ordenando com a sua sabedoria paternal.

Sem saberem amar os irracionais e os irmãos mais ignorantes colocados sob a

sua imediata proteção, os homens mais educados da Terra exterminam os

primeiros, para sua alimentação, e escravizam os segundos para objeto de

explorações grosseiras, com exceções, de modo a mobilizar-los a serviço do seu

egoísmo e da sua ambição.

137 – O homem educado deve exercer vigilância sobre o seu grau de liberdade?

-É sobre a independência própria que a criatura humana precisa exercer a

vigilância maior.

Quando o homem educado se permite examinar a conduta de outrem, de modo

leviano ou inconveniente, é sinal que a sua vigilância padece desastrosa

deficiência, porquanto a liberdade de alguém termina sempre onde começa uma

outra liberdade, e cada qual responderá por si, um dia, junto à Verdade Divina.

138 –Em se tratando das questões do determinismo, qualquer ser racional pode estar

sujeito a erros?

-Todo ser racional está sujeito ao erro, mas a ele não se encontra obrigado.

Em plano de provações e de experiências como a Terra, o erro deve ser sempre

levado à conta dessas mesmas experiências, tão logo seja reconhecido pelo seu

autor direto, ou indireto, tratando-se de aproveitar os seus resultados, em

idênticas circunstâncias da vida, sendo louvável que as criaturas abdiquem a

repetição dos experimentos, em favor do seu próprio bem no curso infinito do

tempo.

139 –Se na luta da vida terrestre existem circunstâncias, por toda parte, qual será a

melhor de todas, digna de ser seguida?

Em todas as situações da existência a mente do homem defronta circunstâncias

do determinismo divino e do determinismo humano. A circunstância a ser

seguida, portanto, deve ser sempre a do primeiro, a fim de que o segundo seja

iluminado, destacando-se essa mesma circunstância pelo seu caráter de

benefício geral, muitas vezes com o sacrifício da satisfação egoística da

personalidade. Em virtude dessa característica, o homem está sempre

habilitado, em seu íntimo, a escolher o bem definitivo de todos e o

contentamento transitório do seu “eu”, fortalecendo a fraternidade e a luz, ou

agravando o seu próprio egoísmo.

140 –Os astros influenciam igualmente na vida do homem?

As antigas assertivas astrológicas têm a sua razão de ser. O campo magnético e

as conjunções dos planetas influenciam no complexo celular do homem físico,

em sua formação orgânica e em seu nascimento na Terra; porém, a existência

planetária é sinônima de luta. Se as influências astrais não favorecem a

determinadas criaturas, urge que estas lutem contra os elementos

perturbadores, porque, acima de todas as verdades astrológicas, temos o

Evangelho, e o Evangelho nos ensina que cada qual receberá por suas obras,

achando-se cada homem sob as influências que merece.

141 –Há influências espirituais entre o ser humano e o seu nome, tanto na Terra,

como no Espaço?

-Na Terra ou no plano invisível, temos a simbologia sagrada das palavras;

todavia, o estudo dessas influências requer um grande volume de considerações

especializadas e, como o nosso trabalho humilde é uma apologia ao esforço de

cada um, ainda aqui temos de reconhecer que cada homem recebe as

influências a que fez jus, competindo a cada coração renovar seus próprios

valores, em marcha para realizações cada vez mais altas, pois que o

determinismo de Deus é o do bem, e todos os que se entregarem realmente ao

bem, triunfarão de todos os óbices do mundo.

142 –Poderíamos receber um ensinamento sobre o número sete, tantas vezes

utilizado no ensino das tradições sagradas do Cristianismo?

-Uma opinião isolada nos conduzirá a muitas análises nos domínios da chamada

numerologia fugindo ao escopo de nossas cogitações espirituais.

Os números, como as vibrações, possuem a sua mística natural, mas, em face

de nossos imperativos de educação, temos de convir que todos os números,

como todas as vibrações, serão sagrados para nós, quando houvermos

santificado o coração para Deus, sendo justo, nesse particular, copiarmos a

antiga observação do Cristo sobre o sábado, esclarecendo que os números

foram feitos para os homens, porém, os homens não foram criados para os

números.

143 –Deve acreditar-se na influência oculta de certos objetos, como jóias, etc., que

parecem acompanhados de uma atuação infeliz e fatal?

-Os objetos, mormente os de uso pessoal, têm a sua história viva e por vezes,

podem constituir o ponto de atenção das entidades perturbadas, de seus

antigos possuidores no mundo; razão porque parecem tocados, por vezes, de

singulares influências ocultas, porém, nosso esforço deve ser o da libertação

espiritual, sendo indispensável lutarmos contra os fetiches, para considerar tãosomente

os valores morais do homem na sua jornada para o Perfeito.

144 – Os fenômenos premonitórios atestam a possibilidade da presciência com relação

ao futuro?

-Os Espíritos de nossa esfera não podem devassar o futuro, considerando essa

atividade uma característica dos atributos do Criador Supremo, que é Deus.

Temos de considerar, todavia, que as existências humanas estão subordinadas

a um mapa de provas gerais, onde a personalidade deve movi movimentar-se

com o seu esforço para a iluminação do porvir, e, dentro desse roteiro, os

mentores espirituais mais elevados podem organizar os fatos premonitórios,

quando convenham as demonstrações de que o homem não se resume a um

conglomerado de elementos químicos, de conformidade com a definição do

materialismo dissolvente.

145 –Que dizermos da cartomancia em face do Espiritismo?

-A cartomancia pode enquadrar-se nos fenômenos psíquicos, mas não no

Espiritismo evangélico, onde o cristão deve cultivar os valores do seu mundo

íntimo pela fé viva e pelo amor no coração, buscando servir a Jesus no

santuário de sua alma, não tendo outra vontade que não aquela de se elevar ao

seu amor pelo trabalho e iluminação de si mesmo, sem qualquer preocupação

pelos acontecimentos nocivos que se foram, ou pelos fatos que hão de vir, na

sugestão nem sempre sincera dos que devassam o mundo oculto.

Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Digitado por: Lúcia Aydir.

TRANSIÇÃO

Emmanuel

146 – É fatal o instante da morte?

-Com exceção do suicídio, todos os casos de desencarnação são determinados

previamente pelas forças espirituais que orientam a atividade do homem sobre

a Terra.

Esclarecendo-vos quanto a essa exceção, devemos considerar que, se o homem

é escravo das condições externas da sua vida no orbe, é livre no mundo íntimo,

razão por que, trazendo no seu mapa de provas a tentação de desertar da vida

expiatória e retificadora, contrai um débito penoso aquele que se arruína,

desmantelando as próprias energias.

A educação e a iluminação do íntimo constituem o amor ao santuário de Deus

em nossa alma. Quem as realiza em si, na profundeza da liberdade interior,

pode modificar o determinismo das condições materiais de sua existência,

alcançando-a para a luz e para o bem. Os que eliminam, contudo, as suas

energias próprias, atentam contra a luz divina que palpita em si mesmos. Daí o

complexo de suas dívidas dolorosas.

E existem ainda os suicido lentos e gradativos, provocados pela ambição ou

pele inércia, pelo abuso ou pela inconsideração, tão perigoso para a vida da

alma, quanto os que se observam, de modo espetacular, entre as lutas do

mundo.

Essa a razão pela qual tantas vezes se batem os instrutores dos encarnados,

pela necessidade permanente de oração e de vigilância, a fim de que os seus

amigos não fracassem nas tentações.

147 –Proporciona a morte mudanças inesperadas e certas modificações rápidas, como

será de desejar?

-A morte não prodigaliza estados miraculosos para a nossa consciência.

Desencarnar é mudar de plano, como alguém que se transferisse de uma cidade

para outra, aí no mundo, sem que o fato lhe altere as enfermidades ou as

virtudes com a simples modificação dos aspectos exteriores. Importa observar

apenas a ampliação desses aspectos, comparando-se o plano terrestre com a

esfera de ação dos desencarnados.

Imaginai um homem que passa de sua aldeia para uma metrópole moderna.

Como se haverá, na hipótese de não se encontrar devidamente preparado em

face dos imperativos da sua nova vida?

A comparação é pobre, mas serve para esclarecer que a morte não é um salto

dentro da Natureza. A alma prosseguirá na sua carreira evolutiva, sem milagres

prodigiosos.

Os dois planos, visível e invisível, se interpenetram no mundo, e, se a criatura

humana é incapaz de perceber o plano da vida imaterial, é que o seu sensório

está habilitado somente a certas percepções, sem que lhe seja possível, por

enquanto, ultrapassar a janela estreita dos cinco sentidos.

148 –Que espera o homem desencarnado, diretamente, nos seus primeiros tempos da

vida de além-túmulo?

-A alma desencarnada procura naturalmente as atividades que lhe eram

prediletas nos círculos da vida material, obedecendo aos laços afins, tal qual se

verifica nas sociedades do vosso mundo.

As vossas cidades não se encontram repletas de associações, de grêmios, de

classes inteiras que se reúnem e se sindicalizam para determinados fins,

conjugando idênticos interesses de vários indivíduos? Aí, não se abraçam os

agiotas, os políticos, os comerciantes, os sacerdotes, objetivando cada grupo a

defesa dos seus interesses próprios?

O homem desencarnado procura ansiosamente, no Espaço, as aglomerações

afins com o seu pensamento, de modo a continuar o mesmo gênero de vida

abandonado na Terra, mas, tratando-se de criaturas apaixonadas e viciosas, a

sua mente reencontrará as obsessões de materialidade, quais as do dinheiro, do

álcool, etc., obsessões que se tornam o seu martírio moral de cada hora, nas

esferas mais próximas da Terra.

Daí a necessidade de encararmos todas as nossas atividades no mundo como a

tarefa de preparação para a vida espiritual, sendo indispensável à nossa

felicidade, além do sepulcro, que tenhamos um coração sempre puro.

149 –Logo após a morte, o homem que se desprende do invólucro material pode

sentir a companhia dos entes amados que o precederam no além-túmulo?

-Se a sua existência terrestre foi o apostolado do trabalho e do amor a Deus, a

transição do plano terrestre para a esfera espiritual será sempre suave.

Nessas condições, poderá encontrar imediatamente aqueles que foram, objeto

de sua afeição no mundo, na hipótese de se encontrarem no mesmo nível de

evolução. Uma felicidade doce e uma alegria perene estabelece-se nesses

corações amigos e afetuosos, depois das amarguras da separação e da

prolongada ausência.

Entretanto, aqueles que se desprendem da Terra, saturados de obsessões pelas

posses efêmeras do mundo e tocados pela sombra das revoltas

incompreensíveis, não encontram tão depressa os entes queridos que os

antecederam na sepultura. Suas percepções restritas à atmosfera escura dos

seus pensamentos e seus valores negativos impossibilitam-lhes as doces

venturas do reencontro.

É por isso que observais, tantas vezes, Espíritos sofredores e perturbadas

fornecendo a impressão de criaturas, desamparadas e esquecidas pela esfera

da bondade superior, mas, que, de fato, são desamparados por si mesmos, pela

sua perseverança no mal, na intenção criminosa e na desobediência aos

sagrados desígnios de Deus.

150 –É possível que os espiritistas venham a sofrer perturbações depois da morte?

-A morte não apresenta perturbações à consciência reta e ao coração amante

da verdade e do amor dos que viveram na Terra tão-somente para o cultivo da

prática do bem, ns suas variadas formas e dentro das mais diversas crenças.

Que o espiritista cristão não considere o seu título de aprendiz de Jesus como

um simples rótulo, ponderando a exortação evangélica – “muito se pedirá de

quem muito recebeu”, preparando-se nos conhecimentos e nas obras do bem,

dentro das experiências do mundo para s sua vida futura, quando a noite do

túmulo houver descerrado aos seus olhos espirituais a visão da verdade, em

marcha para as realizações da vida imortal.

151 –O espírito desencarnado pode sofrer com a cremação dos elementos

cadavéricos?

-Na cremação, faz-se mister exercer a piedade com os cadáveres,

procrastinando por mais horas o ato de destruição das vísceras materiais, pois,

de certo modo, existem sempre muitos ecos de sensibilidade entre o Espírito

desencarnado e o corpo onde se extinguiu o “tônus vital”, nas primeiras horas

seqüentes ao desenlace, em vista dos fluídos orgânicos que ainda solicitam a

alma para as sensações da existência material.

152 –A morte violenta proporciona aos desencarnados sensações diversas da chamada

“morte natural?”.

-A desencarnação por acidentes, os casos fulminantes de desprendimento

proporcionam sensações muito dolorosas à alma desencarnada, em vista da

situação de surpresa ante os acontecimentos supremos e irremediáveis. Quase

sempre, em tais circunstâncias, a criatura não se encontra devidamente

preparada e o imprevisto da situação lhe trazem emoções amargas e terríveis.

Entretanto, essas surpresas tristes não se verificam para as almas, no caso das

enfermidades dolorosas e prolongadas, em que o coração e o raciocínio se

tocam das luzes das meditações sadias, observando as ilusões e os prejuízos do

excessivo apego à Terra, sendo justo considerarmos a utilidade e a necessidade

das dores físicas, nesse particular, porquanto somente com o seu concurso

precioso pode o homem alijar o fardo de suas impressões nocivas do mundo,

para penetrar tranqüilamente os umbrais da vida do Infinito.

153 –Se a hora da morte não houver chegado, poderá o homem perecer sob os

perigos que o ameacem?

-Nos aspectos externos da vida, e desde que o Espírito encarnado proceda de

conformidade com os ditames da consciência retilínea e do coração bemintencionado,

sem a imponderação dos precipitados e sem o egoísmo dos

ambiciosos, toda e qualquer defesa do homem reside em Deus.

154 –Quais as primeiras impressões dos que desencarnam por suicídio?

-A primeira decepção que os aguarda é a realidade da vida que se não extingue

com as transições da morte do corpo físico, vida essa agravada por tormentos

pavorosos, em virtude de sua decisão tocada de suprema rebeldia.

Suicidas há que continuam experimentando os padecimentos físicos da última

hora terrestre, em seu corpo somático, indefinidamente. Anos a fio, sentem as

impressões terríveis do tóxico que lhes aniquilou as energias, a perfuração do

cérebro pelo corpo estranho partido da arma usada no gesto supremo, o peso

das rodas pesadas sob as quais se atiraram na ânsia de desertar da vida, a

passagem das águas silenciosas e tristes sobre os seus despojos, onde

procuraram o olvido criminoso de suas tarefas no mundo e, comumente, a pior

emoção do suicida é a de acompanhar, minuto a minuto, o processo da

decomposição do corpo abandonado no seio da terra, verminado e apodrecido.

De todos os desvios da vida humana, o suicido é, talvez o maior deles pela sua

característica de falso heroísmo, de negação absoluta da lei do amor e de

suprema rebeldia à vontade de Deus, cuja justiça nunca se fez sentir, junto dos

homens, sem a luz da misericórdia.

155 –O receio da morte revela falta de evolução espiritual?

-Nesse sentido, não podemos generalizar semelhante definição.

No que se refere a esses receios, somos obrigados a reconhecer, muitas vezes,

as razões aduzidas pelo amor, sempre sublime na sua manifestação espiritual.

Todavia, não é justo que o crente sincero se encha de pavores ante a idéia de

sua passagem para o plano invisível aos olhos humanos, sendo oportuno o

conselho de uma preparação permanente do homem para a vida nova que a

morte lhe apresentará.

156 –Os Espíritos logo após a sua desencarnação ficam satisfeitos pela possibilidade

de se comunicarem conosco?

-De um modo geral, muito reduzido é o número das criaturas humanas que se

preparam para as emoções da morte, no desenvolvimento dos seus trabalhos

comuns na Terra e, freqüentemente, as meditações da enfermidade não bastam

para uma situação de perfeita tranqüilidade, nos primeiros tempos do alémtúmulo.

Eis o motivo por que tão salutares se fazem a vossas reuniões de

estudo e de evangelização, às quais concorre grande número de irmãos nossos,

ansiosos por uma palavra da Terra, porquanto as impressões que trazem do

mundo não lhes permitem a percepção dos mentores elevados, das mais altas

esferas espirituais.

157 –Os Espíritos desencarnados podem ouvir-nos e ver-nos quando querem? Como

procedem para realizar semelhante desejo?

-Isso é possível, não quando querem, mas quando o mereçam, mesmo porque,

existem espíritos culpados que, somente muitos anos após o desprendimento

do mundo, conseguem a permissão de ouvir a palavra amiga e confortadora dos

seus irmãos ou entes amados, da Terra, a fim de se orientarem no labirinto dos

sofrimentos expiatórios. O comparecimento de uma entidade recémdesencarnada,

às reuniões do Evangelho, já significa uma bênção de Deus para

o seu coração desiludido, porquanto essa circunstância se faz acompanhar dos

mais elevados benefícios para a sua vida interior.

Quanto ao processo do seu contacto convosco, precisamos considerar que os

seres do Além-Túmulo; em sua generalidade, para se comunicarem nos

ambientes do mundo, adaptam-se ao vosso modo de ser, condicionando suas

faculdades à vossa situação fluídica na Terra; razão pela qual nesses instantes,

na forma comum, possuem a vossa capacidade sensorial, restringindo as suas

vibrações de modo a se acomodarem, de novo, ao ambiente terrestre.

158 –Se uma criatura desencarna deixando inimigos na Terra; é possível que continue

perseguindo o seu desafeto, dentro da situação de invisibilidade?

-Isso é possível e quase geral, no capítulo das relações terrestres, porque, se o

amor é o laço que reúne as almas nas alegrias da liberdade, o ódio e a algema

dos forçados, que os prende reciprocamente no cárcere da desventura.

Se alguém partiu odiando, e se no mundo o desafeto faz questão de cultivar os

germens da antipatia e das lembranças cruéis, é mais que natural que, no plano

invisível, perseverem os elementos da aversão e da vindita implacáveis, em

obediência às leis de reciprocidade, depreendendo-se daí a necessidade do

perdão com o inteiro esquecimento do mal, a fim de que a fraternidade pura se

manifeste através da oração e da vigilância, convertendo o ódio em amor e

piedade, com os exemplos mais santos, no Evangelho de Jesus.

159 –No caso das perseguições dos inimigos espirituais, a ação deles se realiza sem o

conhecimento dos nossos guias amorosos e esclarecidos?

-As chamadas atuações do plano invisível, de qualquer natureza, não se

verificam à revelia de Jesus e de seus prepostos, mentores do homem na sua

jornada de experiências para o conhecimento e para a luz.

As perseguições de um inimigo invisível têm um limite e não afetam o seu

objeto senão na pauta de sua necessidade própria, porquanto, sob os olhos

amoráveis dos vossos guias do plano superior, todos esses movimentos têm

uma finalidade sagrada, como a de ensinar-vos a fortaleza moral, a tolerância,

a paciência, a conformação, nos mais sagrados imperativos da fraternidade e do

bem.

160 –Os Espíritos desencarnados se dividem, igualmente, nas esferas mais próximas

da Terra, em seres femininos e masculinos?

-Nas esferas mais próximas do planeta, as almas desencarnadas conservam as

características que lhes eram mais agradáveis nas atividades da existência

material, considerando-se que algumas, que perambulam no mundo com uma

veste orgânica imposta pelas circunstâncias da tarefa a realizar junto às

criaturas terrenas, retomam as suas condições anteriores à reencarnação, então

enriquecidas, se bem souberam cumprir os seus deveres do plano das dores e

das dificuldades materiais.

Dilatando, porém, a questão; devemos ponderar que os espíritos, com esses ou

aqueles traços característicos; estão em marcha para Deus, purificando todos

os sentimentos e embelezando as próprias faculdades, a fim de refletirem a luz

divina, transformando-se, então, nessas ou naquelas condições, em perfeitos

executores dos desígnios do Eterno.

Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Digitado por: Lúcia Aydir.

II

SENTIMENTO

Emmanuel

ARTE

161 –Que é arte?

-A arte pura é a mais elevada contemplação espiritual por parte das criaturas.

Ela significa a mais profunda exteriorização do ideal, a divina manifestação

desse “mais além” que polariza as esperanças da alma.

O artista verdadeiro é sempre o “médium” das belezas eternas e o seu trabalho,

em todos os tempos, foi tanger as cordas mais vibráteis do sentimento humano,

alçando-o da Terra para o Infinito e abrindo, em todos os caminhos a ânsia dos

corações para Deus, nas suas manifestações supremas de beleza, de sabedoria,

de paz e de amor.

162 –Todo artista pode ser também um missionário de Deus?

-Os artistas, como os chamados sábios do mundo, podem enveredar,

igualmente, pelas cristalizações do convencionalismo terrestre, quando nos seus

corações não palpite a chama dos ideais divinos, mas, na maioria das vezes,

têm sido grandes missionários das idéias, sob a égide do Senhor, em todos os

departamentos da atividade que lhes é próprios, como a literatura, a música, a

pintura, a plástica.

Sempre que a sua arte se desvencilha dos interesses do mundo, transitórios e

perecíveis, para considerar tão-somente a luz espiritual que vem do coração

uníssono como cérebro, nas realizações da vida, então o artista é um dos mais

devotados missionários de Deus, porquanto saberá penetrar os corações na paz

da meditação e do silêncio, alcançando o mais alto sentido da evolução de si

mesmo e de seus irmãos em humanidade.

163 –Pode alguém se fazer artista tão-só pela educação especializada em uma

existência?

-A perfeição técnica, individual de um artista, bem como as suas mais notáveis

características, não constituem a resultantes das atividades de uma vida, mas

de experiências seculares na Terra e na esfera espiritual, porquanto o gênio, em

qualquer sentido, nas manifestações artísticas mais diversas, é a síntese

profunda de vidas numerosas, em que a perseverança e o esforço se casaram

para as mais brilhantes florações da espontaneidade.

164 –Como devemos compreender o gênio?

O gênio constitui a súmula dos mais longos esforços em múltiplas existências de

abnegação e de trabalho, na conquista dos valores espirituais.

Entendendo a vida pelo seu prisma real, muita vez desatende ao círculo

estreito da vida terrestre, no que se refere às suas fórmulas convencionais e

aos seus preconceitos, tornando-se um estranho ao seu próprio meio, por suas

qualidades superiores e inconfundíveis.

Esse é o motivo por que a ciência terrestre, encarcerada nos cânones do

convencionalismo, presume observar no gênio uma psicose condenável,

tratando-o, quase sempre, como a célula enferma do organismo social, para

glorifica-lo, muitas vezes, depois da morte, tão logo possa aprender a grandeza

da sua visão espiritual na paisagem do futuro.

165 –Como poderemos entender o psiquismo dos artistas, tão diferente do que

caracteriza o homem comum?

O artista, de um modo geral, vive quase sempre mais na esfera espiritual que

propriamente no plano terrestre.

Seu psiquismo é sempre a resultante do seu mundo íntimo, cheio de

recordações infinitas das existências passadas, ou das visões sublimes que

conseguiu apreender nos círculos de vida espiritual, antes da sua reencarnação

no mundo.

Seus sentimentos e percepções transcendem aos do homem comum, pela sua

riqueza de experiências no pretérito, situação essa que, por vezes, dá motivos à

falsa apreciação da ciência humana, que lhe classifica os transportes como

neurose ou anormalidade, nos seus erros de interpretação.

É que, em vista da sua posição psíquica especial, o artista nunca cede às

exigências do convencionalismo do planeta, mantendo-se acima dos

preconceitos contemporâneos, salientando-se que, muita vez, na demasia de

inconsiderações pela disciplina, apesar de suas qualidades superiores, pode

entregar-se aos excessos nocivos à liberdade, quando mal dirigida ou

falsamente aproveitada.

Eis por que, em todas as situações, o ideal divino da fé será sempre o antídoto

dos venenos morais, desobstruindo o caminho da alma para as conquistas

elevadas da perfeição.

166 –No caso dos artistas que triunfaram sem qualquer amparo do mundo e se

fizeram notáveis tão-só pelos valores da sua vocação, traduzem suas obras alguma

recordação da vida no Infinito?

-As grandes obras-primas da arte, na maioria das vezes, significam a

concretização dessas lembranças profundas. Todavia, nem sempre constituem

um traço das belezas entrevistas no Além pela mentalidade que as concebeu, e

sim recordações de existências anteriores, entre as lutas e as lágrimas da

Terra.

Certos pintores notáveis, que se fizeram admirados por obras levadas a efeito

sem os modelos humanos, trouxeram à luz nada mais nada menos que as suas

próprias recordações perdidas no tempo, na sombra apagada da paisagem de

vidas que se foram. Relativamente aos escritores, aos amigos da ficção literária,

nem sempre as suas concepções obedecem à fantasia, porquanto são filhas de

lembranças inatas, com as quais recompõem o drama vivido pela sua própria

individualidade nos séculos mortos.

O mundo impressivo dos artistas tem permanentes relações com o passado

espiritual, de onde os extraem o material necessário à construção espiritual de

suas obras.

167 –O grandes músicos, quando compõem peças imortais, podem ser também

influenciados por lembranças de uma existência anterior?

-Essa atuação pode verificar-se no que se refere às possibilidades e às

tendências, mas, no capítulo da composição, os grandes músicos da Terra, com

méritos universais, não obedecem a lembranças do pretérito, e sim a gloriosos

impulsos das forças do Infinito, porquanto a música na Terra é, por excelência,

a arte divina.

As óperas imortais não nasceram do lodo terrestre, mas da profunda harmonia

do Universo, cujos cânticos sublimes foram captados parcialmente pelos

compositores do mundo, em momentos de santificada inspiração.

Apenas desse modo podereis compreender a sagrada influência que a música

nobre opera nas almas, arrebatando-as, em quaisquer ocasiões, às idéias

indecisas da Terra, para as vibrações do íntimo com o Infinito.

168 –Os Espíritos desencarnados cuidam igualmente dos valores artísticos no plano

invisível para os homens?

-Temos de convir que todas as expressões de arte na Terra representam traços

de espiritualidade, muitas vezes estranhos à vida do planeta.

Através dessa realidade, podereis reconhecer que a arte, em qualquer de suas

formas puras, constitui objeto da atenção carinhosa dos invisíveis, com

possibilidades outras que o artista do mundo está muito longe de imaginar.

No Além, é com o seu concurso que se reformam os sentimentos mais

impiedosos, predispondo as entidades infelizes `s experiências expiatórias e

purificadoras. E é crescendo nos seus domínios de perfeição e de beleza que a

alma envolve para Deus, enriquecendo-se nas suas sublimes maravilhas.

169 –A emotividade deve ser disciplinada?

0Qualquer expressão emotiva deve ser disciplinada pela fé, porquanto a sua

expansão livre, na base das incompreensões do mundo, pode fazer-se

acompanhar de graves conseqüências.

170 –Com tantas qualidades superiores para o bem, pode o artista de gênio

transformar-se em instrumento do mal?

-O homem genial é como a inteligência que houvesse atingido as mais perfeitas

condições de técnica realizadora; essa aquisição, porém, não o exime da

necessidade de progredir moralmente, iluminando a fonte do coração.

Em vista de numerosas organizações geniais, não haverem alcançado a

culminância de sentimento é que temos contemplado, muitas vezes, no mundo,

os talentos mais nobres encarcerados em tremendas obsessões, ou anulados

em desvios dolorosos, porquanto, acima de todas as conquistas propriamente

materiais, a criatura deve colocar a fé, como o eterno ideal divino.

171 –De modo geral, todos os homens terão de buscar os valores artísticos para a

personalidade?

-Sim; através de suas vidas numerosas a alma humana buscará a aquisição

desses patrimônios, porquanto é justo que as criaturas terrenas possam levar

da sua escola de provações e de burilamento, que é o planeta, todas as

experiências e valores, suscetíveis de serem encontrados nas lutas da esfera

material.

172 –Existem, de fato, uma arte antiga e uma arte moderna?

-A arte envolve com os homens e, representando a contemplação espiritual de

quantos a exteriorizam, será sempre a manifestação da beleza eterna,

condicionada ao tempo e ao meio de seus expositores.

A arte, pois, será sempre uma só, na sua riqueza de motivos, dentro da

espiritualidade infinita.

Ponderemos, contudo, que, se existe hoje grande número de talentos com a

preocupação excessiva de originalidade, dando curso às expressões mais

extravagantes de primitivismo, esses são os cortejadores irrequietos da glória

mundana que, mais distanciados da arte legítima, nada mais conseguem que

refletir a perturbação dos tempos que passam, apoiando o domínio transitório

da futilidade e da força. Eles, porém. Passarão como passam todas as situações

incertas de um cataclismo, como zangões da sagrada colméia da beleza divina,

que, em vez de espiritualizarem a Natureza, buscam deprimi-la com as suas

concepções extravagantes e doentias.

Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Digitado por: Lúcia Aydir.

AFEIÇÃO

Emmanuel

173 –Como devemos entender a simpatia e a antipatia?

-A simpatia ou a antipatia tem as suas raízes profundas no espírito, na

sutilíssima entrosagem dos fluídos peculiares a cada um e, quase sempre, de

modo geral, atestam uma renovação de sensações experimentadas pela

criatura, desde o pretérito delituoso, em iguais circunstâncias.

Devemos, porém, considerar que toda antipatia, aparentemente a mais justa,

deve morrer para dar lugar à simpatia que edifica o coração para o trabalho

construtivo e legítimo da fraternidade.

174 –Poderemos obter uma definição da amizade?

-Na gradação dos sentimentos humanos, a amizade sincera é bem o oásis de

repouso para o caminheiro da vida, na sua jornada de aperfeiçoamento.

Quem sabe ser amigo verdadeiro e, sempre, o emissário da ventura e da paz,

alistando-se nas fileiras dos discípulos de Jesus, pela iluminação natural do

espírito que, conquistando as mais vastas simpatias entre os encarnados e as

entidades bondosas do Invisível, sabe irradiar por toda parte as vibrações dos

sentimentos purificadores.

Ter amizade é ter coração que ama e esclarece, que compreende e perdoa, nas

horas mais amargas da vida.

Jesus é o Divino Amigo da Humanidade.

Saibamos compreender a sua afeição sublime e transformaremos os nossos

ambientes afetivos num oceano de paz e consolação perenes.

175 –O instituto da família é organizado no plano espiritual, antes de projetar-se na

Terra?

-O colégio familiar tem suas origens sagradas na esfera espiritual. Em seus

laços, reúnem-se todos aqueles que se comprometeram, no Além, a

desenvolver na Terra uma tarefa construtiva de fraternidade real e definitiva.

Preponderam nesse instituto divino os elos do amor, fundidos nas experiÊncias

de outras eras; todavia, ai acorrem igualmente os ódios e as perseguições do

pretérito obscuro, a fim de se transfundirem em solidariedade fraternal, com

vistas ao futuro.

É nas dificuldades provadas em comum, nas dores e nas experiÊncias recebidas

na mesma estrada de evolução redentora, que se olvidam as amarguras do

passado longínquo, transformando-se todos os sentimentos inferiores em

expressões regeneradas e santificadas.

Purificadas as afeições, acima dos laços do sangue, o sagrado instituto da

família se perpetua no Infinito, através dos laços imperecíveis do Espírito.

176 –As famílias espirituais no plano invisível são agrupadas em falanges e aumentam

ou diminuem, como se verifica na Terra?

-Os núcleos familiares do Além se agrupam, igualmente, em falanges,

continuando aí a obra de iluminação e de redenção de alguns componentes dos

grupos, elementos mais rebeldes ou estacionários, que são impelidos, pelos

seus companheiros afins, aos esforços edificantes, na conquista do amor e da

sabedoria.

De maneira natural, todos esses núcleos se dilatam, à medida que se

aproximam da compreensão do Onipotente, até alcançarem o luminoso plano

de unificação divina, com as aquisições eternas e inalienáveis do Infinito.

177 – As famílias espirituais possuem também um chefe?

-Todas as coletividades espirituais estão reunidas, em suas características

familiares, pelas santas afinidades dalma, e cada uma possuem o seu grande

mentor nos planos mais elevados, de onde promanam as substâncias eternas

do amor e da sabedoria.

178 –Poderíamos receber algum esclarecimento sobre a lei das afinidades entre os

espíritos desencarnados?

-Na Terra, as criaturas humanas muitas vezes revelam as suas afinidades nos

interesses materiais, que podem dissimular a verdadeira posição moral da

personalidade; no mundo dos Espíritos elevados, porém, as afinidades legítimas

se revelam sem qualquer artifício, pelos sentimentos mais puros.

179 –No capítulo das afeições terrenas, o casar ou não casar está fora da vontade dos

seres humanos?

-O matrimônio na Terra é sempre uma resultante de determinadas resoluções,

tomadas na vida do Infinito, antes da reencarnação dos espíritos, seja por

orientação dos mentores mais elevados, quando a entidades não possui a

indispensável educação para manejar as suas próprias faculdades, ou em

conseqüência de compromissos livremente assumidos pelas almas, antes de

suas novas experiências no mundo; razão pela qual os consórcios humanos

estão previstos na existência dos indivíduos, no quadro escuro das provas

expiatórias, ou no acervo de valores das missões que regeneram e santificam.

180 –A indiferença nas manifestações de sensibilidade afetiva, dentro dos processos

de evolução da vida na Terra, nas horas de dor e de alegria, é atitude justificável como

medida de vigilância espiritual?

-A indiferença que se traduz por cristalização dos sentimentos é sempre

perigosa para a vida da alma; todavia, existem atitudes no domínio da

exteriorização emocional, que se justificam pela natureza de suas expressões

educativas.

181 –Como entender o sentimento da cólera nos trâmites da vida humana?

-A cólera não resolve os problemas evolutivos e nada mais significa que um

traço de recordação dos primórdios da vida humana em suas expressões mais

grosseiras.

A energia serena edifica sempre, na construção dos sentimentos purificadores;

mas a cólera impulsiva, nos seus movimentos atrabiliários, é um vinho

envenenado de cuja embriaguez a alma desperta sempre com o coração tocado

de amargosos ressaibos.

182 –O remorso é uma punição?

-O remorso é a força que prepara o arrependimento, como este é a energia que

precede o esforço regenerador. Choque espiritual nas suas características

profundas, o remorso é o interstício para a luz, através do qual recebe o

homem a cooperação indireta de seus amigos do Invisível, a fim de retificar

seus desvios e renovar seus valores morais, na jornada para Deus.

183 –Como se interpreta o ciúme no plano espiritual?

-O ciúme, propriamente considerado nas suas expressões de escândalo e de

violência, é um indício de atraso moral ou de estacionamento no egoísmo,

dolorosa situação que o homem somente vencerá a golpes de muito esforço, na

oração e na vigilância, de modo a enriquecer o seu íntimo com a luz do amor

universal, começando pela piedade para com todos os que sofrem e erram,

guardando também a disposição sadia para cooperar na elevação de cada um.

Só a compreensão da vida, colocando-nos na situação de quem errou ou de

quem sofre, a fim de iluminarmos o raciocínio para a análise serena dos

acontecimentos, poderá aniquilar o ciúme no coração, de modo a cerrar-se a

porta ao perigo, pela qual toda alma pode atirar-se a terríveis tentações, com

largos reflexos nos dias do futuro.

184 –Como devemos efetuar nossa auto-educação, esclarecida pela luz do Evangelho,

nos problemas das atrações sexuais, cujas tendências egoístas tantas vezes nos levam

a atitudes antifraternais?

-Não devemos esquecer que o amor sexual deve ser entendido como o impulso

da vida que conduz o homem às grandes realizações do amor divino, através da

progressividade de sua espiritualização no devotamento e no sacrifício.

Toda vez que experimentardes disposições antifraternais em seu círculo, isso

significa que preponderam em vossa organização psíquica as recordações

prejudiciais, tendentes ao estacionamento na marcha evolutiva.

É aí que urge o esforço da auto-educação, porquanto toda criatura necessita

resolver o problema da renovação de seus próprios valores.

Haveis de observar que Deus não extermina as paixões dos homens, mas fá-las

evoluir, convertendo-as pela dor em sagrados patrimônios da alma, competindo

às criaturas dominar o coração, guias os impulsos, orientar as tendências, na

evolução sublime dos seus sentimentos.

Examinando-se, ainda, o elevado coeficiente de viciação do amor sexual, que os

homens criaram para os seus destinos, somos obrigados a ponderar que, se

muitos contraem débitos penosos, entre os excessos da fortuna, da inteligência

e do poder, outros o fazem pelo sexo, abusando de um dos mais sagrados

pontos de referência de sua vida.

É por esse motivo que observamos, muitas vezes, almas numerosas

aprendendo, entre as angústias sexuais do mundo, a renúncia e o sacrifício, em

marcha para as mais puras aquisições do amor divino.

Depreende-se, pois, que ao invés da educação sexual pela satisfação dos

instintos, é imprescindível que os homens eduquem sua alma para a

compreensão sagrada do sexo.

Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Digitado por: Lúcia Aydir.

DEVER

Emmanuel

185 –Quais as características de uma boa ação?

-A boa ação é sempre aquela que visa o bem de outrem e de quantos lhe

cercam o esforço na vida.

Nesse problema, o critério do bem geral deve ser a essência de qualquer

atitude. A melhor ação pode, às vezes, padecer a incompreensão alheia, no

instante em que é exteriorizada, mas será sempre vitoriosa, a qualquer tempo,

pelo benefício prestado ao indivíduo ou à coletividade.

186 –O “acaso” deve entrar nas cogitações da vida de um espiritista cristão?

-O acaso, propriamente considerado, não pode entrar nas cogitações do sincero

discípulo da verdade evangélica.

No capítulo do trabalho e do sofrimento, a sua alma esclarecida conhece a

necessidade da própria redenção, com vistas ao passado delituoso e, no que se

refere aos desvios e erros do presente, melhor que ninguém a sua consciência

deve saber da intervenção indébita levada a efeito sobre a lei de amor,

estabelecida por Deus, cumprindo-lhe aguardar, conscientemente, sem

qualquer noção de acaso, os resgates e reparações dolorosas do futuro.

187 –Qual a atitude mental que mais favorecerá o nosso êxito espiritual nos trabalhos

do mundo?

-Essa atitude deve ser a que vos é ensinada pela lei divina, na reencarnação em

que vos encontrais, isto é, a do esquecimento de todo o mal, para recordar

apenas o bem e a sagrada oportunidade de trabalho e edificação, no patrimônio

eterno do tempo.

Esquecer o mal é aniquila-lo, e perdoar a quem o pratica é ensinar o amor,

conquistando afeições sinceras e preciosas.

Daí a necessidade do perdão, no mundo, para que o incêndio do mal possa ser

exterminado, devolvendo-se a paz legítima aos corações.

188 –Como devem proceder aos cônjuges para bem cumprir seus deveres?

-O matrimônio muito freqüentemente, na Terra, constitui um aprova difícil, mas

redentora.

Os cônjuges, desvelados por bem cumprir suas obrigações divinas, devem

observar o máximo de atenção, respeito e carinho mútuo, concentrando-se

ambos no lar, sempre que haja um perigo ameaçando-lhe a felicidade

doméstica, porque na prece e na vigilância espiritual encontrarão sempre as

melhores defesas.

No lar, muitas vezes, quando um dos cônjuges se transvia, a tarefa é de luta e

lágrimas penosas; porém no sacrifício, toda alma se santifica e se ilumina,

transformando-se em modelo no sagrado instituto da família.

Para alcançar a paciência e o heroísmo domésticos, faz-se mister a mais

entranhada fé em Deus, tomando-se como espelho divino a exemplificação de

Jesus, no seu apostolado de abnegação e de dor, à face da Terra.

189 –Que deve fazer a mãe terrestre para cumprir evangelicamente os seus deveres,

conduzindo os filhos para o bem e para a verdade?

-No ambiente doméstico, o coração maternal deve ser o expoente divino de

toda a compreensão espiritual e de todos os sacrifícios pela paz da família.

Dentro dessa esfera de trabalho, na mais santificada tarefa de renúncia pessoal,

a mulher cristã acende a verdadeira luz para o caminho dos filhos através da

vida.

A missão materna resume-se em dar sempre o amor de Deus, o Pai de Infinita

Bondade, que pôs no coração das mães a sagrada essência da vida. Nos labores

do mundo, existem aquelas que se deixam levar pelo egoísmo do ambiente

particularista; contudo, é preciso acordar a tempo, de modo a não viciar a fonte

da ternura.

A mãe terrestre deve compreender antes de tudo, que seus filhos,

primeiramente, são filhos de Deus.

Desde a infância, deve prepara-los para o trabalho e para a luta que os

esperam.

Desde os primeiros anos, deve ensinar a criança a fugir do abismo da liberdade,

controlando-lhe as atitudes e concentrando-lhe as posições mentais, pois que

essa é a ocasião mais propícia à edificação das bases de uma vida.

Deve sentir os filhos de outras mães como se fossem os seus próprios, sem

guardar, de modo algum, a falsa compreensão de que os seus são melhores e

mais altamente aquinhoados que os das outras.

Ensinará a tolerância mais pura, mas não desdenhará a energia quando seja

necessária no processo da educação, reconhecida a heterogeneidade das

tendências e a diversidade dos temperamentos.

Sacrificar-se de todos os modos ao seu alcance, sem quebrar o padrão de

grandeza espiritual de sua tarefa, pela paz dos filhos, ensinando-lhes que toda

dor é respeitável, que todo trabalho edificante é divino, e que todo desperdício

é falta grave.

Ensinar-lhes-á o respeito pelo infortúnio alheio, para que sejam igualmente

amparados no mundo, na hora de amargura que os espera, comum a todos os

espíritos encarnados.

Nos problemas da dor e do trabalho, da provação e da experiência, não deve

dar razão a qualquer queixa dos filhos, sem exame desapaixonado e meticuloso

das questões, levantando-lhes os sentimentos para Deus, sem permitir que

estacionem na futilidade ou nos prejuízos morais das situações transitórias do

mundo.

Será ele no lar o bom conselho sem parcialidade, o estímulo do trabalho e a

fonte de harmonia para todos.

Buscará na piedosa Mãe de Jesus o símbolo das virtudes cristãs, transmitindo

aos que a cercam os dons sublimes da humildade e da perseverança, sem

qualquer preocupação pelas gloriosas efêmeras da vida material.

Cumprindo esse programa de esforço evangélico, na hipótese de fracassarem

todas as suas dedicações e renúncias, compete às mães incompreendidas

entregar o fruto de seu labores a Deus, prescindindo de qualquer julgamento do

mundo, pois que o Pai de Misericórdia saberá apreciar os seus sacrifícios e

abençoarão as suas penas, no instituto sagrado da vida familiar.

190 –Quando os filhos são rebeldes e incorrigíveis, impermeáveis a todos os processos

educativos, como devem proceder aos pais?

-Depois de movimentar todos os processos de amor e de energia no trabalho de

orientação educativa dos filhos, é justo que os responsáveis pelo instituto

familiar, sem descontinuidade da dedicação e do sacrifício, esperem a

manifestação da Providência Divina para o esclarecimento dos filhos

incorrigíveis, compreendendo que essa manifestação deve chegar através de

dores e de provas acerbas, de modo a semear-lhes, com êxito, o campo da

compreensão e do sentimento.

191 –Como poderão os pais despertar no íntimo do filho rebelde as noções sagradas

do dever e das obrigações para com Deus Todo-Poderoso, de quem somos filhos?

-Depois de esgotar todos os recursos a bem dos filhos e depois da prática

sincera de todos os processos amorosos e enérgicos pela sua formação

espiritual, sem êxito algum, é preciso que os pais estimem nesses filhos

adultos, que não lhes apreenderam a palavra e a exemplificação, os irmãos

indiferentes ou endurecidos de sua alma, comparsas do passado delituoso, que

é necessário entregar a Deus, de modo que sejam naturalmente trabalhados

pelos processos tristes e violentos da educação do mundo.

A dor tem possibilidades desconhecidas para penetrar os espíritos, onde a linfa

do amor não conseguiu brotar, não obstante o serviço inestimável do afeto

paternal, humano.

Eis a razão pela qual, em certas circunstâncias da vida, faz-se mister que os

pais estejam revestidos de suprema resignação, reconhecendo no sofrimento

que persegue os filhos a manifestação de uma bondade superior, cujo buril

oculto, constituído por sofrimentos, remodela e aperfeiçoa com vistas ao futuro

espiritual.

192 –A mentira retarda o desenvolvimento do espírito?

-Mentira não é ato de guardar a verdade para o momento oportuno, porquanto

essa atitude mental se justifica na própria lição do Senhor, que recomendava

aos discípulos não atirarem a esmo a semente bendita dos seus ensinos de

amor.

A mentira é a ação capciosa que visa o proveito imediato de si mesmo, em

detrimento dos interesses alheios em sua feição legítima e sagrada; e essa

atitude mental da criatura é das que mais humilham a personalidade humana,

retardando, por todos os modos, a evolução divina do Espírito.

193 –A verdade quando dita com sinceridade e franqueza rudes pode retardar o

progresso espiritual pela dor que causa?

-A verdade é a essência espiritual da vida.

Cada homem ou cada grupo de criaturas possui o seu quinhão de verdades

relativas, com o qual se alimentam as almas nos vários planos evolutivos.

O coração, que retém uma parcela maior, está habilitado a alimentar seus

irmãos a caminho de aquisições mais elevadas; todavia, é imprescindível o

melhor critério amoroso na distribuição dos bens da verdade, porquanto esses

bens devem ser fornecidos de acordo com a capacidade de compreensão do

Espírito a que se destina o ensinamento, de maneira que o esforço não se faça

acompanhar de resultados contraproducentes.

Ainda aqui, podemos examinar os exemplos da natureza material.

A nutrição de um menino deve conter a substância mantenedora da vida, mas

não pode ser análoga à nutrição do adulto. A despreocupação nesse assunto

poderia levar a criança ao aniquilamento, embora as substâncias ministradas

estivessem repletas de elementos vitais.

194 –Devemos contar, de maneira absoluta, com o auxílio dos guias espirituais em

nossas realizações humanas?

-Um guia espiritual poderá cooperar sempre em vossos trabalhos, seja

auxiliando-vos nas dificuldades, de maneira indireta, ou confortando-vos na

dor, estimulando-vos para a edificação moral, imprescindível à iluminação de

cada um; entretanto, não deveis tomas as expressões fraternas por promessa

formal, no terreno das realizações do mundo, porquanto essas realizações

dependem do vosso esforço próprio e se acham entrosadas no mecanismo das

provações indispensáveis ao vosso aperfeiçoamento.

195 –Como poderemos encontrar, dentro de nós mesmos, o elemento esclarecedor de

qualquer dúvida, quanto à qualidade fraternal e excelente do ato que pretendamos

realizar nas lutas cotidianas da vida de relação?

-Aqui, somos compelidos a recordar o antigo preceito do “amar o próximo como

a nós mesmos”.

Em todos os seus atos, o discípulo de Jesus deverá considerar se estaria

satisfeito, recebendo-os de um seu irmão, na mesma qualidade, intensidade e

modalidade com que pretende aplicar o conceito, ou exemplo, aos outros.

Com esse processo introspectivo, cessariam todas as campanhas levianas dos

atos e das palavras, e a comunidade cristã estaria integrada, em conjunto, no

seu legítimo caminho.

196 –Como encaram os guias espirituais as nossas queixas?

-Muitas são consideradas verdadeiras preces dignas de toda a carinhosa

atenção dos amigos desencarnados.

A maioria, porém, não passa de lamentação estéril, a que o homem se

acostumou como a um vício qualquer, porque, se tende nas mãos o remédio

eficaz com o Evangelho de Jesus e com os consoladores esclarecimentos da

doutrina dos Espíritos, a repetição de certas queixas traduz má-vontade na

aplicação legítima do conhecimento espiritista a vós mesmos.

Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Digitado por: Lúcia Aydir.

III

CULTURA

Emmanuel

RAZÃO

197 –Como se observa, no plano espiritual, o patrimônio da cultura terrestre?

-Todas as expressões da cultura humana são apreciadas, na esfera invisível,

como um repositório sagrado de esforços do homem planetário em seu labores

contínuos e respeitáveis.

Todavia, é preciso encarecer que, neste “outro lado” da vida, a vossa posição

cultural é considerada como processo, não como fim, porquanto este reside na

perfeita sabedoria, síntese gloriosa da alma que se edificou a si mesma, através

de todas as oportunidades de trabalho e de estudo da existência material.

Entre a cultura terrestre e a sabedoria do espírito há singular diferença, que é

preciso considerar. A primeira se modifica todos os dias e varia de concepção

nos indivíduos que se constituem seus expositores, dentro das mais evidentes

características de instabilidade; a segunda, porém, é o conhecimento divino,

puro e inalienável, que a alma vai armazenando no seu caminho, em marcha

para a vida imortal.

198 –Pode o racionalismo garantir a linha de evolução da Terra?

-Para si só, o racionalismo não pode efetuar esse esforço grandioso, mesmo

porque, todos os centros da cultura terrestre têm abusado largamente desse

conceito. Nos seus excessos, observamos uma venerável civilização condenada

a amarguradas ruínas. A razão sem o sentimento é fria e implacável como os

números, e os números podem ser fatores de observação e catalogação da

atividade, mas nunca criaram a vida. A razão é uma base indispensável, mas só

o sentimento cria e edifica. É por esse motivo que as conquistas do humanismo

jamais poderão desaparecer nos processos evolutivos da Humanidade.

199 –Poderá a Razão dispensar a Fé?

-A razão humana é ainda muito frágil e não poderá dispensar a cooperação da

fé que a ilumina, para a solução dos grandes e sagrados problemas da vida.

Em virtude da separação de ambas, nas estradas da vida, é que observamos o

homem terrestre no desfiladeiro terrível da miséria e da destruição.

Pela insânia da razão, sem a luz divina da fé, a força faz as suas derradeiras

tentativas para assenhorear-se de todas as conquistas do mundo.

Falastes demasiadamente de razão e permaneceis na guerra da destruição,

onde só perambulam miseráveis vencidos; revelastes as mais elevadas

demonstrações de inteligência, mas mobilizais todo o conhecimento para o

morticínio sem piedade, pregastes a paz, fabricando os canhões homicidas;

pretendestes haver solucionado os problemas sociais, intensificando a

construção das cadeias e dos prostíbulos.

Esse progresso é o da razão sem a fé, onde os homens se perdem em luta

inglória e sem-fim.

200 –Onde localizar a origem dos desvios da razão humana?

-A origem desse desequilíbrio reside na defecção do sacerdócio, nas várias

igrejas que se fundaram nas concepções do Cristianismo. Ocultando a verdade

para que prevalecessem os interesses econômicos de seus transviados

expositores, as seitas religiosas operaram os desvirtuamento da fé, fixando a

sua atividade, por absoluta ausência de colaboração com o raciocínio, no

caminho infinito de conquistas da vida.

201 –No quadro dos valores racionais, Ciência e Filosofia se integram mutuamente,

objetivando as realizações do espírito?

-Ambas se completam no campo das atividades do mundo, como dois grandes

rios que, servindo a regiões diversas na esfera da produção indispensável à

manutenção da vida, se reúnem em determinado ponto do caminho para

desaguarem, juntos, no mesmo oceano, que é o da sabedoria.

202 –No problema da investigação, há limites para aplicação dos métodos

racionalistas?

-Esses limites existem, não só para a aplicação, como também para a

observação; limites esses que são condicionados pelas forças espirituais que

presidem à evolução planetária, atendendo à conveniência e ao estado de

progresso moral das criaturas.

É por esse motivo que os limites das aplicações e das análises chamadas

positivas sempre acompanham e seguirão sempre o curso da evolução espiritual

das entidades encarnadas na Terra.

203 –Como apreciar os racionalistas que se orgulham de suas realizações terrestres,

nas quais pretendem encontrar valores finais e definitivos?

-Quase sempre, os que se orgulham de alguma coisa caem no egoísmo

isolacionista que os separa do plano universal, mas, os que amam o seu esforço

nas realizações alheias ou a continuidade sagrada das obras dos outros, na sua

atividade própria, jamais conservam pretensões descabidas e nunca restringem

sua esfera de evolução, porquanto as energias profundas da espiritualidade lhes

santificam os esforços sinceros, conduzindo-os aos grandes feitos através dos

elevados caminhos da inspiração.

Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Digitado por: Lúcia Aydir.

INTELECTUALISMO

Emmanuel

204 –A alma humana poder-se-á elevar para Deus, tão-somente com o progresso

mora, sem os valores intelectivos?

O sentimento e a sabedoria são as duas asas com que a alma se elevará para a

perfeição infinita.

No círculo acanhado do orbe terrestre, ambos são classificados como

adiantamento moral e adiantamento intelectual, mas, como estamos

examinando os valores propriamente do mundo, em particular, devemos

reconhecer que ambos são imprescindíveis ao progresso, sendo justo, porém,

considerar a superioridade do primeiro sobre o segundo, porquanto a parte

intelectual sem a moral pode oferecer numerosas perspectivas de queda, na

repetição das experiências, enquanto que o avanço moral jamais será

excessivo, representando o núcleo mais importante das energias evolutivas.

205 –Podemos ter uma idéia da extensão de nossa capacidade intelectual?

-A capacidade intelectual do homem terrestre é excessivamente reduzida, em

face dos elevados poderes da personalidade espiritual independente dos laços

da matéria.

Os elos da reencarnação fazem o papel de quebra-luz sobre todas as conquistas

anteriores do Espírito reencarnado. Nessa sombra, reside o acervo de

lembranças vagas, de vocações inatas, de numerosas experiências, de valores

naturais e espontâneos, a que chamais subconsciência.

O homem comum é uma representação parcial do homem transcendente, que

será reintegrado nas suas aquisições do passado, depois de haver cumprido a

prova ou a missão exigidas pelas suas condições morais, no mecanismo da

justiça divina.

Aliás, a incapacidade intelectual do homem físico tem sua origem na sua própria

situação, caracterizada pela necessidade de provas amargas.

O cérebro humano é um aparelho frágil e deficiente, onde o Espírito em queda

tem de valorizar as suas realizações de trabalho.

Imaginai a caixa craniana, onde se acomodam células microscópicas,

inteiramente preocupadas com sua sede de oxigênio, sem dispensarem por um

milésimo de segundo; a corrente do sangue que as irriga, a fragilidade dos

filamentos que as reúnem, cujas conexões são de cem milésimos de milímetro,

e tereis assim uma idéia exata da pobreza da máquina pensante de que dispõe

o sábio da Terra para as suas orgulhosas deduções, verificando que, por sua

condição de Espírito caído na luta expiatória, tudo tende a demonstrar ao

homem do mundo a sua posição de humildade, de modo que, em todas as

condições, possa ele cultivar os valores legítimos do sentimento.

206 –Como é considerada, no plano espiritual, a posição atual intelectiva da Terra?

-Os valores intelectuais do planeta, nos tempos modernos, sofrem a humilhação

de todas as forças corruptoras da decadência. A atual geração, que tantas vezes

se entregou à jactância, atribuindo a si mesma as mais altas conquistas no

terreno do raciocínio positivo, operou os mais vastos desequilíbrios nas

correntes evolutivas do orbe, com o seu injustificável divórcio do sentimento.

Nunca os círculos educativos da Terra possuíram tanta facilidade de

amplificação, como agora, em face da evolução das artes gráficas; jamais o

livro e o jornal foram tão largamente difundidos; entretanto, a imprensa, quase

de modo geral, é órgão de escândalo para a comunidade e centro de interesse

econômico para o ambiente particular, enquanto que poucos livros triunfam

sem o bafejo da fortuna privada ou oficial, na hipótese de ventilarem os

problemas elevados da vida.

207 –A decadência intelectual pode prejudicar o desequilíbrio do mundo?

-Sem dúvida. E é por essa razão que observamos na paisagem político-social da

Terra as aberrações, os absurdos teóricos, os extremismos operando a inversão

de todos os valores.

Excessivamente preocupados com as suas extravagâncias, os missionários da

inteligência trocaram o seu labor junto ao espírito por um lugar de domínio,

como os sacerdotes religiosos que permutaram a luz da fé pelas prebendas

tangíveis da situação econômica. Semelhante situação operou naturalmente o

mais alto desequilíbrio no organismo social do planeta, e, como prova real

desse asserto, devemos recordar que a guerra de 1914-1918 custou aos povos

mais intelectualizados do mundo mais de cem mil bilhões de francos,

salientando-se que, com menos de centésima parte dessa importância,

poderiam essas nações haver expulsado o fantasma da sífilis do cenário da

Terra.

208-Há uma tarefa especializada da inteligência no orbe terrestre?

-Assim como numerosos Espíritos recebem a provação da fortuna, do poder

transitório e da autoridade, há os que recebem a incumbência sagrada, em

lutas expiatórias ou em missões santificantes, de desenvolverem a boa tarefa

da inteligência em proveito real da coletividade.

Todavia, assim como o dinheiro e a posição de realce são ambientes de luta,

onde todo êxito espiritual se torna mais porfiado e difícil, o destaque intelectual,

muitas vezes, obscurece no mundo a visão do Espírito encarnado, conduzindo-o

à vaidade injustificável, onde as intenções mais puras ficam aniquiladas.

209 –O escritor de determinada obra será julgado pelos efeitos produzidos pelo seu

labor intelectual na Terra?

-O livro é igualmente como a semeadura. O escritor correto, sincero e bemintencionado

é o lavrador previdente que alcançará a colheita abundante e a

elevada retribuição das leis divinas à sua atividade. O literato fútil, amigo da

insignificância e da vaidade, é bem aquele trabalhador preguiçoso e nulo que

“semeia ventos para colher tempestades”. E o homem de inteligência que vende

a sua pena, a sua opinião e o seu pensamento no mercado da calúnia, do

interesse, da ambição e da maldade, é o agricultor criminoso que humilha as

possibilidades generosas da Terra, que rouba os vizinhos, que não planta e não

permite o desenvolvimento da semeadura alheia, cultivando espinhos e

agravando responsabilidades pelas quais responderá um dia, quando houver

despido a indumentária do mundo, para comparecer ante as verdades do

Infinito.

210 –Os trabalhadores do Espiritismo devem buscar os intelectuais para a

compreensão dos seus deveres espirituais?

-Os operários da doutrina devem estar sempre bem dispostos na oficina do

esclarecimento, todas as vezes que procurados pelos que desejem cooperar

sinceramente nos seus esforços. Mas provocar a atenção dos outros no intuito

de regenera-los, quando todos nós, mesmos os desencarnados, estamos em

função de aperfeiçoamento e aprendizado, não parece muito justo, porque

estamos ainda com um dever essencial, que é o da edificação de nós mesmos.

No labor da Doutrina, temos de convir que o Espiritismo é o Cristianismo

redivivo pelo qual precisamos fornecer o testemunho da verdade e, dentro do

nosso conceito de relatividade, todo o fundamento da verdade da Terra está em

Jesus-Cristo.

A verdade triunfa por si, sem o concurso das frágeis possibilidades humanas.

Alma alguma deverá procura-la supondo-se elemento indispensável à sua

vitória. Com seu órgão no planeta, o Espiritismo não necessita de determinados

homens para consolar e instruir as criaturas, depreendendo-se que os próprios

intelectuais do mundo é que devem buscar, espontaneamente, na fonte de

conhecimentos doutrinários, o benefício de sua iluminação.

211 –Como compreender a noção de personalidade?

-A compreensão da personalidade, no mundo, vem sendo muito desviada de

seus legítimos valores, pelos espíritos excêntricos, altamente preocupados em

se destacarem no vasto mundo das letras. Entendem muitos que “ter

personalidade” é possuir espírito de rebeldia e de contradição na palavra

sempre pronta a criticar os outros, no esquecimento de sua própria situação.

Outros entendem que o “homem de personalidade” deve sair mundo a fora,

buscando posições de notoriedade em falsos triunfos, porquanto exigem o

olvido pleno dos mais sagrados deveres do coração. Poucos se lembraram dos

bens da humildade e da renúncia, para a verdadeira edificação pessoal do

homem, porque, para a esfera da espiritualidade pura, a conquista da

iluminação íntima vale tudo, considerando que todas as expressões da

personalidade prejudicial e inquieta do homem terrestre passarão com o tempo,

quando a morte implacável houver descerrado a visão real da criatura.

212 –O homem sem grandes possibilidades intelectuais é sempre um homem

medíocre?

-O conceito de mediocridade modifica-se no plano de nossas conquistas

universalistas, depois das transições da morte.

Aí no mundo, costumais entronizar o escritor que enganou o público, o político

que ultrajou o direito, o capitalista que se enriqueceu sem escrúpulos de

consciência, colocados na galeria dos homens superiores. Exaltando-lhes os

méritos individuais com extravagâncias louvaminheiras, muitos falais em

“mediocridade”, sem “rebanho”, em “rotina”, em “personalidade superior”.

Para nós, a virtude da resignação dos pais de família, criteriosos e abnegados,

no extenso rebanho de atividades rotineiras da existência terrestre, não se

compara em grandeza com os dotes de espírito do intelectual que gesticula

desesperado de uma tribuna, sem qualquer edificação séria, ou que se

emaranha em confusões palavrosas na esfera literária, sem a preocupação

sincera de aprender com os exemplos da vida.

O trabalhador que passa a vida inteira trabalhando ao Sol no amanho da terra,

fabricando o pão saboroso da vida, tem mais valor para Deus que os artistas de

inteligência viciada, que outra coisa não fazem senão perturbar a marcha divina

das suas leis.

Vede, portanto, que a expressão de intelectualidade vale muito, mas não pode

prescindir dos valores do sentimento em sua essência sublime,

compreendendo-se afinal, que o “homem medíocre” não é o trabalhador das

lides terrestres, amoroso de suas realizações do lar e do sagrado cumprimento

de seus deveres, sobre cuja abnegação erigiu-se a organização maravilhosa do

patrimônio mundano.

213 –Devemos acalentar a preocupação de adquirir os elementos do chamado

magnetismo pessoal?

-Essa preocupação é muito nobre, mas ninguém suponha realiza-la tão-só com

a experiência da leitura de livros pertinentes ao assunto.

Não são poucos os que buscam essa literatura, desejosos de fórmulas mágicas

no caminho do menor esforço.

Todavia, o que indispensável salientar pe que nenhum estudioso pode

conquistar simpatia sem que haja transformado o coração em manancial de

bondade espontânea e sincera. Na vida não basta saber. É imprescindível

compreender. Os livros ensinam, mas só o esforço próprio aperfeiçoa a alma

para a grande e abençoada compreensão. Esqueça a conquista fácil, a operação

mecânica; injustificáveis nas edificações espirituais, e volvei a atenção e o

pensamento para o vosso próprio mundo interior. Muita coisa aí se tem a fazer

e, nesse bom trabalho, a alma se ilumina, naturalmente, aclarando o caminho

de seus irmãos.

214 –Como interpretar os impulsos daqueles que acreditam na influência dos

chamados talismãs da felicidade pessoal?

-Criaturas há que, para manter sua energia espiritual sempre ativa, precisam

concentrar a atenção em algum objeto tangível, visando os estados sugestivos

indispensáveis às suas realizações, como esses crentes que não prescindem de

imagens e símbolos materiais para admitir a eficácia de suas preces.

Ficam certos, porém, de que o talismã para a felicidade pessoal, definitiva, se

constitui de um bom coração sempre afeito à harmonia, à humildade e ao amor,

no integral cumprimento dos desígnios de Deus.

215 –Os chamados “homens de sorte” são guiados pelos Espíritos amigos?

-Aquilo que convencionastes apelidar “sorte” representa uma situação natural

no mapa de serviços do Espírito reencarnado, sem que haja necessidade de

admitirdes a intervenção do plano inviável na execução das experiências

pessoais.

A “Sorte” é também um aprova de responsabilidade no mecanismo da vida,

exigindo muita compreensão da criatura que a recebe, no que se refere à

misericórdia divina, a fim de não desbaratar o patrimônio de possibilidades

sagradas que lhe foi conferido.

216 –O “amor-próprio”, o “brio”, o “caráter”, a “honra”, são atitudes que a sociedade

humana reclama da personalidade; como proceder em tal caso, quando os fatos

colidem com os nossos conhecimentos evangélicos?

-O círculo social exige semelhantes atitudes da personalidade, contudo, essa

mesma sociedade ainda não soube entende-las, senão pela pauta das suas

convenções, quando o amor-próprio, o brio, o caráter e a honra deveriam ser

traços do aperfeiçoamento espiritual e nunca demonstrações de egoísmo, de

vaidade e orgulho, quais se manifestam, comumente, na Terra.

Quando o homem se cristianizar, compreendendo essas posições morais no seu

verdadeiro prisma, não mais se verificará qualquer colisão entre os

acontecimentos da existência comum e os seus conhecimentos do Evangelho,

porquanto o seu esforço será sempre o da cooperação sincera a favor do

reerguimento e da elevação espiritual dos semelhantes.

217 –Qual o modo mais fácil de levar a efeito a vigilância pessoal, para evitar a queda

em tentações?

-A maneira mais simples é o de cada um estabelecer um tribunal de autocrítica,

em consciência própria, procedendo para com outrem, na mesma conduta de

retidão que deseja da ação alheia para consigo próprio.

Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Digitado por: Lúcia Aydir.

IV

ILUMINAÇÃO

Emmanuel

NECESSIDADE

218 –A propaganda doutrinária para a multiplicação dos prosélitos é a necessidade

imediata do Espiritismo?

-De modo algum. A direção do Espiritismo, na sua feição do Evangelho redivivo,

pertence ao Cristo e seus prepostos, antes de qualquer esforço humano,

precário e perecível. A necessidade imediata dos arraiais espiritistas é a do

conhecimento e aplicação legítima do Evangelho, da parte de todos quantos

militam nas suas fileiras, desejosos de luz e de evolução. O trabalho de cada

uma na iluminação de si mesmo deve ser permanente e metodizado. Os

fenômenos acordam o espírito adormecido na carne, mas não fornecem as luzes

interiores, somente conseguidas à custa de grande esforço e trabalho individual.

A palavra dos guias e mentores do Além ensina, mas não pode constituir

elementos definitivos de redenção, cuja obra exige de cada um sacrifício e

renúncias santificantes, no laborioso aprendizado da vida.

219 –Nos trabalhos espiritistas, onde poderemos encontrar a fonte principal de ensino

que nos oriente para a iluminação? Poderemos obtê-la com as mensagens de nossos

entes queridos, ou apenas com o fato de guardarmos o valor da crença no coração?

-Numerosos filósofos há compreendido as teses e conclusões do Espiritismo no

seu aspecto filosófico, científico e religioso; todavia, para a iluminação do

íntimo, só tende no mundo o Evangelho do Senhor, que nenhum roteiro

doutrinário poderá ultrapassar.

Aliás, o Espiritismo em seus valores cristãos não possui finalidade maior que a

de restaurar a verdade evangélica para os corações desesperados e descrentes

do mundo.

Teorias e fenômenos inexplicáveis sempre houve no mundo. Os escritores e os

cientistas doutrinários poderão movimentar seus conhecimentos na construção

de novos enunciados para as filosofias terrestres, mas a obra definitiva do

Espiritismo é a da edificação da consciência profunda no Evangelho de Jesus-

Cristo.

O plano invisível poderá trazer-vos as mensagens mais comovedoras e

convincentes dos vossos bem-amados; podereis guardar os mais elevados

princípios de crença no vosso mundo impressivo. Todavia, esse é o esforço, a

realização do mecanismo doutrinário em ação, junto de vossa personalidade. Só

o trabalho de auto-evangelização, porém, é firme e imperecível. Só o esforço

individual no Evangelho de Jesus pode iluminar, engrandecer e redimir o

espírito, porquanto, depois de vossa edificação com o exemplo do Mestre,

alcançareis aquela verdade que vos fará livre.

220 –Há alguma diferença entre a crença e a iluminação?

-Todos os homens da Terra, ainda os próprios materialistas, crêem em alguma

coisa. Todavia, são muito poucos os que se iluminam. O que crê, apenas

admite; mas o que se ilumina vibra e sente. O primeiro depende dos elementos

externos, nos quais coloca o objeto a sua crença; o segundo é livre das

influências exteriores, porque há bastante luz no seu próprio íntimo, de modo a

vencer corajosamente nas provações a que foi conduzido no mundo.

É por essa razão que os espiritistas sinceros devem compreender que não basta

acreditar no fenômeno ou na veracidade da comunicação com o Além, para que

os seus sagrados deveres estejam totalmente cumpridos, pois a obrigação

primordial é o esforço, o amor ao trabalho, a serenidade nas provas da vida, o

sacrifício de si mesmo, de modo a entender plenamente a exemplificação de

Jesus-Cristo, buscando a sua luz divina para a execução de todos os trabalhos

que lhes competem no mundo.

221 –A análise pela razão pode cooperar, de modo definitivo, no trabalho de nossa

iluminação espiritual?

-É certo que o homem não pode dispensar a razão para vencer na tarefa

confiada ao seu esforço, no círculo da vida; contudo, faz-se mister considerar

que essa razão vem sendo trabalhada, de muitos séculos no planeta, pelos

vícios de toda sorte.

Temos plena confirmação deste asserto no ultra-racionalismo europeu, cuja

avançada posição evolutiva, ainda agora, não tem vacilado entre a paz e a

guerra, entre o direito e a força, entre a ordem e a agressão.

Mais que em toda parte do orbe, a razão humana ali se elevou às mais altas

culminâncias de realização e, todavia, desequilibrada pela ausência do

sentimento, ressuscita a selvageria e o crime, embora o fausto da civilização.

Reconhecemos, pois, que na atualidade do orbe toda iluminação do homem há

de nascer, antes de tudo, do sentimento. O sábio desesperado do mundo deve

volver-se para Deus como a criança humilde, para cuidar dos legítimos valores

do coração, porque apenas pela reeducação sentimental, nos bastidores do

esforço próprio, se poderá esperar a desejada reforma das criaturas.

222 –Que significa o chamado “toque da alma”, ao qual tantas vezes se referem os

Espíritos amigos?

Quando a sinceridade e a boa vontade se irmanam dentro de um coração, fazse

no santuário íntimo a luz espiritual para a sublime compreensão da verdade.

Esse é o chamado “toque da alma”; impossíveis para quantos perseverem na

lógica convencionalista do mundo, ou nas expressões negativas das situações

provisórias da matéria, em todos os sentidos.

223 –Há tempo determinado na vida do homem terrestre para que se possa ele

entregar, com mais probabilidades de êxito, ao trabalho de iluminação?

-A existência na Terra é um aprendizado excelente e constante. Não há idades

para o serviço de iluminação espiritual. Os pais têm o dever de orientar a

criança, desde os seus primeiros passos, no capítulo das noções evangélicas, e

a velhice não tem o direito de alegar o cansaço orgânico em face desses

estudos de sua necessidade própria.

É certo que as aquisições de um velho, em matéria de conhecimentos novos,

não podem ser tão fáceis como as de um jovem em função de sua

instrumentabilidade sadia, fisicamente falando; os homens mais avançados em

anos têm, contudo, a seu favor as experiências da vida, que facilitam a

compreensão e nobilitam o esforço da iluminação de si mesmos, considerando

que, se a velhice é a noite, a alma terá no amanhã do futuro a alvorada

brilhante de uma vida nova.

224 –As almas desencarnadas continuam igualmente no serviço da iluminação de si

próprias?

Nos planos invisíveis, o Espírito prossegue na mesma tarefa abençoada de

aquisição dos próprios valores, e a reencarnação no mundo tem por objetivo

principal a consecução desse esforço.

Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Digitado por: Lúcia Aydir.

TRABALHO

Emmanuel

225 –Como entender a salvação da alma e como conquista-la?

-Dentro das claridades espirituais que o Consolador vem espalhando nos

bastidores religiosos e filosóficos do mundo de si mesma, a caminho das mais

elevadas aquisições e realizações no Infinito.

Considerando esse aspecto real do problema de “salvação da alma”, somos

compelidos a reconhecer que, se a Providência Divina movimentou todos os

recursos indispensáveis ao progresso material do homem físico na Terra, o

Evangelho de Jesus é a dádiva suprema do Céu para a redenção do homem

espiritual, em marcha para o amor e sabedoria universais.

-Jesus é o Modelo Supremo.

O Evangelho é o roteiro para a ascensão de todos os Espíritos em luta, o

aprendizado na Terra para os planos superiores do Ilimitado. De sua aplicação

decorre a luz do espírito.

No turbilhão das tarefas de cada dia, lembrai a afirmativa do Senhor: - “Eu sou

o Caminho, a Verdade e a Vida”. Se vos cercam as tentações de autoridade e

poder, de fortuna e inteligência, recordai ainda as suas palavras: - “Ninguém

pode ir ao Pai senão por mim”. E se vos sentis tocados pelo sopro frio da

adversidade e da dor, se estais sobrecarregados de trabalhos no mundo, buscai

ouvi-Lo sempre no imo dalma: - “Quem deseje encontrar o Reino de Deus tome

a sua cruz e siga os meus passos”.

226 –Os guias espirituais têm uma parte ativa na tarefa de nossa iluminação pessoal?

-Essa colaboração apenas se verifica como no caso dos irmãos mais velhos, ou

dos amigos mais idosos nas experiências do mundo.

Os mentores do Além poderão apontar-vos os resultados dos seus próprios

esforços na Terra, ou, então, aclarar os ensinos que o homem já recebeu

através da misericórdia do Cristo e da benevolência dos seus enviados, mas em

hipótese alguma poderão afastar a alma encarnada do trabalho que lhe

compete, na curta permanência das lições do mundo.

Que dizer de um professor que decifrasse os problemas comuns para os alunos?

Além disso, os amigos espirituais não se encontram em estado beatífico. Suas

atividades e deveres são maiores que os vossos. Seus problemas novos são

inúmeros e cada espírito deve buscar em si mesmo a luz necessária à visão

acertada do caminho.

Trabalhai sempre. Essa é a lei para vós outros e para nós que já nos afastamos

do âmbito limitado do circulo carnal. Esforcemo-nos constantemente.

A palavra do guia é agradável e amiga, mas o trabalho de iluminação pertence

a cada um. Na solução dos nossos problemas, nunca esperemos pelos outros,

porque de pensamento voltado para a fonte de sabedoria e misericórdia, que é

Deus, não nos faltará, em tempo algum, a divina inspiração de sua bondade

infinita.

227 –Deus concede o favor a que chamamos graça?

-São tão grandes as expressões da misericórdia divina que nos cercam o

espírito, em qualquer plano da vida, que basta um olhar à natureza física ou

invisível, para sentirmos, em torno de nós, uma aluvião de graças.

O favor divino, porém, como o homem pretende receber no seu

antropomorfismo, não se observa no caminho da vida, pois Deus não pode

assemelhar-se a um monarca humano, cheio de preferências pessoais ou

subornado por motivos de ordem inferior.

A alma, aqui ou alhures, receberá sempre de acordo com o trabalho da

edificação de si mesma. É o próprio espírito que inventa o seu inferno ou cria as

belezas do seu céu. E tal seja o seu procedimento, acelerando o processo de

evolução pelo esforço próprio, poderá Deus dispensar na Lei, em seu favor, pois

a Lei é uma só e Deus o seu Juiz Supremo e Eterno.

228 –A auto-iluminação pode ser conseguida apenas com a tarefa de uma existência

na Terra?

-Uma encarnação é como um dia de trabalho. E para que as experiências se

façam acompanhar de resultados positivos e proveitosos na vida, faz-se

indispensável que os dias de observação e de esforço se sucedam uns aos

outros.

No complexo das vidas diversas, o estudo prepara; todavia, somente a

aplicação sincera dos ensinamentos do Cristo pode proporcionar a paz e a

sabedoria, inerentes ao estado de plena iluminação dos redimidos.

229 –Como entender o trabalho de purificação nos ambientes do mundo?

-A purificação na Terra ainda é qual o lírio alvo, nascendo do lodo das

amarguras e das paixões.

Todos os Espíritos encarnados, porém, devem considerar que se encontram no

planeta como em poderoso cadinho de acrisolamento e regeneração, sendo

indispensável cultivar a flor da iluminação íntima, na angústia da vida humana,

no círculo da família, ou da comunidade social, através da maior severidade

para consigo mesmo e da maior tolerância com os outros, fazendo cada qual,

da sua existência, um apostolado de educação, onde o maior beneficiado seja o

seu próprio espírito.

230 –Como iniciar o trabalho de iluminação da nossa própria alma?

-Esse esforço individual deve começar com o autodomínio, com a disciplina dos

sentimentos egoísticos e inferiores, com o trabalho silencioso da criatura por

exterminar as próprias paixões.

Nesse particular, não podemos prescindir do conhecimento adquirido por outras

almas que nos precederam nas lutas da Terra, com as suas experiências

santificantes – água pura de consolação e de esperança, que poderemos beber

nas páginas de suas memórias ou nos testemunhos de sacrifício que deixaram

no mundo.

Todavia, o conhecimento é a porta amiga que nos conduzirá aos raciocínios

mais puros, porquanto, na reforma definitiva de nosso íntimo, é indispensável o

golpe da ação própria, no sentido de modelarmos o nosso santuário interior, na

sagrada iluminação da vida.

231 –Considerando que numerosos agrupamentos espíritas se formam apenas para

doutrinação das entidades perturbadas, do plano invisível, quais os mais necessitados

de luz: os encarnados ou os desencarnados?

-Tal necessidade é comum a uns e outros. É justo que se preste auxílio fraterno

aos seres perturbados e sofredores, das esferas mais próximas da Terra;

entretanto, é preciso convir que os Espíritos encarnados carecem de maior

porcentagem de iluminação evangélica que os invisíveis, mesmo porque, sem

ela, que auxílio poderão prestar ao irmão ignorante e infeliz? A lição do Senhor

não nos fala do absurdo de um cego a conduzir outros cegos?

Por essa razão é que toda reunião de estudos sinceros, dentro da Doutrina, é

um elemento precioso para estabelecer o roteiro espiritual a quantos deseje o

bom caminho.

A missão da luz é revelar com verdade serena. O coração iluminado não

necessita de muitos recursos da palavra, porque na oficina da fraternidade

bastará o seu sentimento esclarecido no Evangelho. A grande maravilha do

amor é o seu profundo e divino contágio. Por esse motivo, o Espírito encarnado,

para regenerar os seus irmãos da sombra, necessita iluminar-se primeiro.

Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Digitado por: Lúcia Aydir.

ILUMINAÇÃO

Emmanuel

232 – Em matéria de conhecimento, onde poderemos localizar a maior necessidade do

homem?

-Como nos tempos mais recuados das civilizações mortas, temos de reafirmar

que a maior necessidade da criatura humana ainda é a do conhecimento de si

mesma.

233 –Por que razão o homem da Terra tem sido tão lento na solução do problema do

seu conhecimento próprio?

-Isso é explicável. Somente agora, a alma humana poderá ensimesmar-se o

bastante para compreender as necessidades e os escaninhos da sua

personalidade espiritual.

Antigamente a existência do homem resumia-se na luta com as forças externas,

de modo a criar uma lei de harmonia entre ele próprio e a natureza terrestre.

Muitos séculos decorreram para enfrentar os perigos comuns. A organização da

tribo, da família, das tradições, das experiências coletivas, exigiu muitos séculos

de luta e de infortúnios dolorosos. A ciência das relações, o aproveitamento das

forças materiais que o rodeavam, não requisitaram menor porção de tempo.

Agora, porém, nas culminâncias da sua evolução física, o homem não

necessitará preocupar-se, de modo tão absorvente, com a paisagem que o

cerca, razão pela qual todas as energias espirituais se mobilizam, nos tempos

modernos, em torno das criaturas, convocando-as ao sagrado conhecimento de

si mesmas, dentro dos valores infinitos da vida.

234 –Que dizer dos que propugnam leis para o bem-estar social, por processos

mecânicos de aplicação sem atender à iluminação espiritual dos indivíduos?

-Os estadistas ou condutores de multidões, que procuram agir nesse sentido,

em pouco tempo caem no desencanto de suas utopias políticas e sociais.

A harmonia do mundo não virá por decretos, nem de parlamentos que

caracterizam sua ação por uma força excessivamente passageira. Não vedes

que o mecanismo das leis humanas se modifica todos os dias? Os sistemas de

governo não desaparecem para dar lugar a outros que, por sua vez, terão de

renovar-se com o transcorrer do tempo? Na atualidade do planeta, tendes

observado a desilusão de muitos utopistas dessa natureza, que sonharam com

a igualdade irrestrita das criaturas, sem compreender que, recebendo os

mesmos direitos de trabalho e de aquisição perante Deus, os homens, por suas

próprias ações, são profundamente desiguais entre si, em inteligências, virtude,

compreensão e moralidade.

O homem que se ilumina conquista a ordem e a harmonia para si mesmo. E

para que a coletividade realize semelhante aquisição, para o organismo social,

faz-se imprescindível que todos os seus elementos compreendam os sagrados

deveres de auto-iluminação.

235 –Há outras fontes de conhecimento para a iluminação dos homens, além da

constituída pelos ensinamentos divinos do Evangelho?

-O mundo está repleto de elementos educativos, mormente no referente às

teorias nobilitantes da vida e do homem, pelo trabalho e pela edificação das

faculdades e do caráter.

Mas, em se tratando de iluminação espiritual, não existe fonte alguma além da

exemplificação de Jesus, no seu Evangelho de Verdade e Vida.

Os próprios filósofos que falaram na Terra, antes d’Ele, não eram senão

emissários da sua bondade e sabedoria, vindos à carne de modo a preparar-lhe

a luminosa passagem pelo mundo das sobras, razão por que o modelo de Jesus

é definitivo e único para a realização da luz e da verdade em cada homem.

236 –Como interpretar a ansiedade do proselitismo espírita, em matéria de

fenomenologia, ante essa necessidade de iluminação?

-Os espiritistas sinceros devem compreender que os fenômenos acordam a

alma, como o choque de energias externas que faz despertar uma pessoa

adormecida; mas somente o esforço opera a edificação mora, legítima e

definitiva.

É uma extravagância de conseqüências desagradáveis, atirar-se alguém à

propaganda de uma idéia sem haver fortalecido a si mesmo na seiva de seus

princípios enobrecedores. O espiritismo não constitui uma escola de leviandade.

Identificado com a sua essência consoladora e divina, o homem não pode

acovardar-se ante a intensidade das provações e das experiências. Grandes

erros praticariam as entidades espirituais elevadas, se prometessem aos seus

amigos do mundo uma vida fácil e sem cuidados, solucionando-lhes todos os

problemas e entregando-lhes a chave de todos os estudos.

É egoísmo e insensatez provocar o plano invisível com os pequeninos caprichos

pessoais.

Cada estudioso desenvolva a sua capacidade de trabalho e de iluminação e não

guarde para outrem o que lhe compete fazer em seu próprio benefício.

O Espiritismo, sem Evangelho, pode alcançar as melhores expressões de

nobreza, mas não passará de atividades destinadas a modificar-se ou

desaparecer, como todos os elementos transitórios do mundo. E o espírita que

não cogitou da sua iluminação com Jesus-Cristo, poder ser um cientista e um

filósofo, com as mais elevadas aquisições intelectuais, mas estará sem leme e

sem roteiro no instante da tempestade inevitável da provação e da experiência,

porque só o sentimento divino da fé pode arrebatar o homem das preocupações

inferiores da Terra para os caminhos supremos d os paramos espirituais.

237 –Existe diferença entre doutrinar e evangelizar?

-Há grande diversidade entre ambas as tarefas. Para doutrinar, basta o

conhecimento intelectual dos postulados do Espiritismo; para evangelizar é

necessária a luz do amor no íntimo. Na primeira, bastarão a leitura e o

conhecimento, na segunda, é preciso vibrar e sentir com o Cristo. Por estes

motivos, o doutrinador, muitas vezes não e senão o canal dos ensinamentos,

mas os sinceros evangelizados serão sempre o reservatório da verdade,

habilitado a servir às necessidades de outrem, sem privar-se da fortuna

espiritual de si mesmo.

238 –Para acelerar o esforço de iluminação, a Humanidade necessitará de

determinadas inovações religiosas?

-Toda inovação é indispensável, mesmo porque a lição do Senhor ainda não foi

compreendida. A cristianização das almas humanas ainda não foi além da

primeira etapa.

Alguns séculos antes de Jesus, o plano espiritual, pela boca dos profetas e dos

filósofos, exortava o homem do mundo ao conhecimento de si mesmo. O

Evangelho é a luz interior dessa edificação. Ora, somente agora a criatura

terrestre prepara-se para o conhecimento próprio através da dor; portanto, a

evangelização da alma coletiva, para a nova era de concórdia e de fraternidade,

somente poderá efetuar-se, de modo geral, no terceiro milênio.

É certo que o planeta já possui as suas expressões isoladas de legítimo

evangelismo, raras na verdade, mas consoladora e luminosas. Essas

expressões, porém, são obrigadas às mais altas realizações de renúncia em face

da ignorância e da iniqüidade do mundo. Esses apóstolos desconhecidos são

aquele “sal da Terra” e o seu esforço divino será respeitado pelas gerações

vindouras, como os símbolos vivos da iluminação espiritual com Jesus-Cristo,

bem-aventurados de seu Reino, no qual souberam perseverar até o fim.

Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Digitado por: Lúcia Aydir.

V

EVOLUÇÃO

Emmanuel

DOR

239 –Entre a dor física e a dor moral, qual das duas faz vibrar mais profundamente o

espírito humano?

-Podemos classificar o sofrimento do espírito como a dor-realidade e o tormento

físico, de qualquer natureza, como a dor-ilusão.

Em verdade, toda dor física colima o despertar da alma para os seus grandiosos

deveres, seja como expressão expiatória, como conseqüência dos abusos

humanos, ou como advertência da natureza material ao dono de um organismo.

Mas, toda dor física é um fenômeno, enquanto que a dor moral é essência.

Daí a razão por que a primeira vem e passa, ainda que se faça acompanhar das

transições de morte dos órgãos materiais, e só a dor espiritual é bastante

grande e profunda para promover o luminoso trabalho do aperfeiçoamento e da

redenção.

240 –De algum modo, pode-se conceber a felicidade na Terra?

-Se todo espírito tem consigo a noção da felicidade; é sinal que ela existe e

espera as almas em alguma parte.

Tal como sonhada pelo homem do mundo, porém, a felicidade não pode existir,

por enquanto, na face do orbe, porque, em sua generalidade, as criaturas

humanas se encontram intoxicadas e não sabem contemplar a grandeza das

paisagens exteriores que as cercam no planeta. Contudo, importa observar que

é no globo terrestre que a criatura edifica as bases da sua ventura real, pelo

trabalho e pelo sacrifício, a caminho das mais sublimes aquisições para o

mundo divino de sua consciência.

241 –Onde o maior auxílio para nossa redenção espiritual?

-No trabalho de nossa redenção individual ou coletiva, a dor é sempre o

elemento amigo e indispensável. E a redenção de um Espírito encarnado, na

Terra, consiste no resgate de todas as dívidas, com a conseqüente aquisição de

valores morais passíveis de serem conquistados nas lutas planetárias, situação

essa que eleva as personalidades espiritual a novos e mais sublimes horizontes

na vida no Infinito.

242 –Por que o Evangelho não nos fala das alegrias da vida humana?

-O Evangelho não podia trazer os cenários do riso mascarado do mundo, mas a

verdade é que todas as lições do Mestre Divino foram efetuadas nas paisagens

da mais perfeita alegria espiritual.

Sua primeira revelação foi nas bodas de Canaã, entre os júbilos sagrados da

família. Seus ensinamentos, à margem das águas do Tiberíades, desdobraramse

entre criaturas simples e alegres, fortalecidas na fé e no trabalho sadio.

Em Jerusalém, contudo, junto das hipocrisias do Templo, ou em face dos seus

algozes empedernidos, o Mestre Divino não poderia sorrir, alentando a mentira

ou desenvolvendo os métodos da ingratidão e da violência.

Eis por que, em seu ambiente natural, toda a história evangélica é sempre um

poema de luz, de amor, de encantamento e de alegria.

243 –Todos os Espíritos que passaram pela Terra tiveram as mesmas características

evolutivas, no que se refere ao problema da dor?

-Todas as entidades espirituais encarnadas no orbe terrestre são Espíritos que

se resgatam ou aprendem nas experiências humanas, após as quedas do

passado, com exceção de Jesus-Cristo, fundamento de toda a verdade neste

mundo, cuja evolução se verificou em linha reta para Deus, e em cujas mãos

angélicas repousa o governo espiritual do planeta, desde os seus primórdios.

244 –Existem lugares de penitência no plano espiritual? E acaso poderá haver

sofrimento eterno para os Espíritos inveterados no erro e na rebeldia?

-Considerando a penitência em sua feição expiatória, existem numerosos

lugares de provações na esfera para vós invisíveis, destinados à regeneração e

preparo de entidades perversas ou renitentes no crime, a fim de conhecerem as

primeiras manifestações do remorso e do arrependimento, etapas iniciais da

obra de redenção.

Quanto à idéia do sofrimento eterno, se houvesse Espíritos eternamente

inveterados no crime, haveria para ele um sofrimento continuado, como o seu

próprio erro. O Pastor, porém, não quer se perca uma só de suas ovelhas. Dia

virá em que a consciência mais denegrida experimentará, no íntimo, a luz

radiosa da alvorada de Seu amor.

245 –Se é justo esperarmos no decurso do nosso roteiro de provações na Terra, por

determinadas dores, devemos sempre cultivar a prece?

-A lei das provas é uma das maiores instituições universais para a distribuição

dos benefícios divinos.

Precisais compreender isso, aceitando todas as dores com nobreza de

sentimento.

A prece não poderá afastar os dissabores e as lições proveitosas da amargura,

constantes do mapa de serviços que cada Espírito deve prestar na sua tarefa

terrena, mas deve ser cultivada no íntimo, como a luz que se acende para o

caminho tenebroso, ou mantida no coração como o alimento indispensável que

se prepara, de modo a satisfazer à necessidade própria, na jornada longa e

difícil, porquanto a oração sincera estabelece a vigilância e constitui o maior

fator de resistência moral, no centro das provações mais escabrosas e mais

rudes.

Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Digitado por: Lúcia Aydir.

PROVAÇÃO

Emmanuel

246 –Qual a diferença entre provação e expiação?

-A provação é a luta que ensina ao discípulo rebelde e preguiçoso a estrada do

trabalho e da edificação espiritual. A expiação é a pena imposta ao malfeitor

que comete um crime.

247 –A lei da prova e da expiação é inflexível?

-Os tribunais da justiça humana, apesar de imperfeitos, por vezes não comutam

as penas e não beneficiam os delinqüentes com o “sursis”?

A inflexibilidade e a dureza não existem para a misericórdia divina, que,

conforme a conduta do Espírito encarnado, pode dispensar na lei, em benefício

do homem quando a sua existência já demonstre certas expressões do amor

que cobre a multidão dos pecados.

248 –Como se verifica a queda do Espírito?

-Conquistada a consciência e os valores racionais, todos os Espíritos são

investidos de uma responsabilidade, dentro das suas possibilidades de ação;

porém, são raros os que praticam seus legítimos deveres morais, aumentando

os seus direitos divinos no patrimônio universal.

Colocada por Deus no caminho da vida, como discípulo que termina os estudos

básicos, a alma nem sempre sabe agir em correlação com os bens recebidos do

Criador, caindo pelo orgulho e pela vaidade, pela ambição ou pelo egoísmo,

quebrando a harmonia divina pela primeira vez e penetrando em experiências

penosas, a fim de restabelecer o equilíbrio de sua existência.

249 –A queda do Espírito somente se verifica na Terra?

-A Terra é um plano de vida e de evolução como outro qualquer, e, nas esferas

mais variadas, a alma pode cair, em sua rota evolutiva, porquanto precisamos

compreender que a sede de todos os sentimentos bons ou maus, superiores ou

indignos, reside no âmago do espírito imperecível e não na carne que se

apodrecerá com o tempo.

250 –Como se processa a provação coletiva?

-Na provação coletiva verifica-se a convocação dos Espíritos encarnados,

participantes do mesmo débito, com referência ao passado delituoso e obscuro.

O mecanismo da justiça, na lei das compensações, funciona então

espontaneamente, através dos prepostos do Cristo, que convocam os

comparsas na dívida do pretérito para os resgates em comum, razão por que,

muitas vezes, intitulais, “doloroso acaso”, as circunstâncias que reúnem as

criaturas mais díspares no mesmo acidente, que lhes ocasiona a morte do corpo

físico ou as mais variadas mutilações, no quadro dos seus compromissos

individuais.

251 –A incredulidade é uma provocação?

-O ateísmo ou incredulidade absoluta não existe, a não ser no jogo de palavras

dos cérebros desesperados, nas teorias do mundo, porque, no íntimo, todos os

Espíritos se identificam com a idéia de Deus e da sobrevivência do ser, que lhes

é inata. Essa idéia superior pairará acima de todos os negativismos e sairá

vitoriosa de todos os decretos de força que se organizam nos Estados terrenos,

porque constitui a luz da vida e a mais preciosa esperança das almas.

252 –Somente se recebe a ofensa a que se fez jus no cumprimento das provas? E

considerando a intensidade dessa ou daquela provação, poderá alguém reencarnar

fadado ao suicídio e ao crime?

-Receberemos a dor de acordo com as necessidades próprias, com vistas ao

resgate do passado e à situação espiritual do futuro.

No capítulo da ofensa, quando a recebemos de alguém que se encontra dentro

do nosso nível de compreensão e do plano evolutivo, é certo que se trata de

provação bem amarga, indispensável ao nosso processo de regeneração

própria.

Existem, porém, no mundo, as pedradas da ignorância e da má-fé, partidas dos

sentimentos inferiores e convém que o cristão esteja preparado e sereno, de

modo a não recebe-las com sensibilidade doentia, mas com o propósito de

trabalho e esforço próprio, conhecendo que as mesmas fazem parte do seu

plano de vida temporária, aonde veio para se educar, colaborando ao mesmo

tempo na educação de seus semelhantes.

Relativamente ao suicídio é oportuno repetir que a obra de Deus é a do amor e

do bem, de todos os planos da vida, e devemos reconhecer que, se muitos

Espíritos reencarnam com a prova das tentações ao suicídio e ao crime, é

porque esses devem agir como alunos que, havendo perdido uma prova em seu

curso, voltam ao estudo da mesma no ano seguinte, até obterem conhecimento

e superioridade na matéria. Muitas almas efetuam a repetição de um mesmo

esforço e, por vezes, sucumbem na luta, sem perceberem a necessidade de

vigilância, sem que possamos, de modo algum, imputar a Deus o fracasso de

suas esperanças, porque a Providência Divina concede a todos os seres as

mesmas oportunidades de trabalho e de habilitação.

Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Digitado por: Lúcia Aydir.

VIRTUDE

Emmanuel

253 –A virtude é concessão de Deus, ou é aquisição da criatura?

-A dor, a luta e a experiência constituem uma oportunidade sagrada concedida

por Deus às suas criaturas, em todos os tempos; todavia, a virtude é sempre

sublime e imorredoura aquisição do espírito nas estradas da vida, incorporada

eternamente aos seus valores, conquistados pelo trabalho no esforço próprio.

254 –Que é paciência e como adquiri-la?

-A verdadeira paciência é sempre uma exteriorização da alma que realizou

muito amor em si mesma, para dá-lo a outrem, na exemplificação.

Esse amor é a expressão fraternal que considera todas as criaturas como

irmãos, em quaisquer circunstâncias, sem desdenhar a energia para esclarecer

a incompreensão, quando isso se torne indispensável.

É com a iluminação espiritual do nosso íntimo que adquirimos esses valores

sagrados da tolerância esclarecida. E, para que nos edifiquemos nessa claridade

divina, faz-se mister educar a vontade, curando enfermidades psíquicas

seculares que nos acompanham através das vidas sucessivas, quais sejam as

de abandonarmos o esforço próprio, de adotarmos a indiferença e de nos

queixarmos das forças exteriores, quando o mal reside em nós mesmos.

Para levarmos a efeito uma edificação tão sublime, necessitamos começar pela

disciplina de nós mesmos e pela continência dos nossos impulsos, considerando

a liberdade do mundo interior, de onde o homem deve dominar as correntes da

sua vida.

O adágio popular considera que “o hábito faz a segunda natureza” e nós

devemos aprender que a disciplina antecede a espontaneidade, dentro da qual

pode a alma atingir, mais facilmente, o desiderato da sua redenção.

255 –Devemos nós, os espiritistas, praticar somente a caridade espiritual, ou também

a material?

-A divisa fundamental da codificação kardequiana, formulada no “fora da

caridade não há salvação”, é bastante expressiva para que nos percamos em

minuciosas considerações.

Todo serviço da caridade desinteressada é um reforço divino na obra da

fraternidade humana e da redenção universal.

Urge, contudo, que os espiritistas sinceros, esclarecidos no Evangelho,

procurem compreender a feição educativa dos postulados doutrinários,

reconhecendo que o trabalho imediato dos tempos modernos é o da iluminação

interior do homem, melhorando-se-lhe os valores do coração e da consciência.

Dentro desses imperativos, é lícito encarecermos a excelência dos planos

educativos da evangelização, de modo a formar uma mentalidade espíritacristã,

com vistas ao porvir.

Não podemos desprezar a caridade material que faz do Espiritismo evangélico

um pouso de consolação para todos os infortunados; mas não podemos

esquecer que as expressões religiosas sectárias também organizaram as

edificações materiais para a caridade no mundo, sem olvidar os templos, asilos,

orfanatos e monumentos. Todavia, quase todas as suas obras se desvirtuaram,

em vista do esquecimento da iluminação dos Espíritos encarnados.

A Igreja Romana é um exemplo típico.

Senhora de uma fortuna considerável e havendo construído numerosas obras

tangíveis, de assistência social, sente hoje que as suas edificações são apenas

de pedra, porquanto, em seus estabelecimentos suntuosos, o homem

contemporâneo experimenta os mais dolorosos desenganos.

As obras da caridade material somente alcançam a sua feição divina quando

colimam a espiritualização do homem, renovando-lhe os valores íntimos,

porque, reformada a criatura humana em Jesus-Cristo, teremos na Terra uma

sociedade transformada, onde o lar genuinamente cristão será naturalmente o

asilo de todos os que sofrem.

Depreende-se, pois, que o serviço de cristianização sincera das consciências

constitui a edificação definitiva, para a qual os espiritistas devem voltar os

olhos, antes de tudo, entendendo a vastidão e a complexidade da obra

educativa que lhes compete efetuar, junto de qualquer realização humana, nas

lutas de cada dia, na tarefa do amor e da verdade.

256 –Como interpretar a esmola material?

-No mecanismo de relações comuns, o pedido de uma providência material tem

o seu sentido e a sua utilidade oportuna, como resultante da lei de equilíbrio

que preside o movimento das trocas no organismo da vida.

A esmola material, porém, é índice da ausência de espiritualização nas

características sociais que a fomentam.

Ninguém, decerto, poderá reprovar o ato de pedir e, muito menos, deixará de

louvar a iniciativa de quem dá a esmola material; todavia, é oportuno

considerar que, à medida que o homem se cristianiza, iluminando as suas

energias interiores, mais se afasta da condição de pedinte para alcançar a

condição elevada do mérito, pelas expressões sadias do seu trabalho.

Quem se esforça, nos bastidores da consciência retilínea, dignifica-se e

enriquece o quadro de seus valores individuais.

E o cristão sincero, depois de conquistar os elementos da educação evangélica,

não necessita materializar a idéia da rogativa da esmola material,

compreendendo que, esperando ou sofrendo, agindo ou lutando, nos esforços

da ação e do bem, há de receber, sempre, de acordo com as suas obras e de

conformidade com a promessa do Cristo.

257 –A esperança e a Fé devem ser interpretadas como uma só virtude?

-A Esperança é a filha dileta da Fé. Ambas estão uma para outra, como a luz

reflexa dos planetas está para a luz central e positiva do Sol.

A Esperança é como o luar que se constitui dos bálsamos da crença. A Fé é a

divina claridade da certeza.

258 –No caminho da virtude, o pobre e o rico da Terra podem ser identificados como

discípulos de Jesus?

-O título de discípulo é conferido pelo Divino Mestre a todos os homens de boavontade,

sem distinção de situações, de classes ou de qualquer expressão

sectária.

Com responsabilidade dos bens materiais ou sem ela, o homem é sempre rico

pela sua posição de usufrutuário das graças divinas e, além do mais, temos de

ponderar que, em toda situação, a criatura encontrará responsabilidade na

existência, razão por que os sinceros discípulos do Senhor são iguais aos seus

olhos, sem preferência de qualquer natureza.

259 –No que se refere à prática da caridade, como interpretar o ensinamento de

Jesus: Aquele que tem será concedido em abundância e àquele que não tem, até

mesmo o que tiver, lhe será tirado?

-A palavra de Jesus, em todas as circunstâncias, foi tocada de uma luz oculta,

apresentando reflexos prismáticos, em todos os tempos, para a alma humana,

na sua ascensão para a sabedoria e para o amor.

Antes de tudo, busquemos ajustar o conceito a nós próprios.

Se possuirmos a verdadeira caridade espiritual, se trabalhamos pela nossa

iluminação íntima, irradiando luz, espontaneamente, para o caminho dos nossos

irmãos em luta e aprendizado, mais receberemos das fontes puras dos planos

espirituais mais elevados, porque, depois de valorizarmos a oportunidade

recebida, horizontes infinitos se abrirão no campo ilimitado do Universo, para as

nossas almas, o que não poderá acontecer aos que lançaram mão do sagrado

ensejo de iluminação própria nas estradas da vida, com a mais evidente

despreocupação de seus legítimos deveres, esquecendo o caminho melhor,

trocado, então, pelas sensações efêmeras da existência terrestre, contraindo

novas dívidas e afastando de si mesmo as oportunidades para o futuro, então

mais difíceis e dolorosas.

Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Digitado por: Lúcia Aydir.

O CONSOLADOR

TERCEIRA PARTE

RELIGIÃO

Emmanuel

260 –Em face da Ciência e da Filosofia como interpretar a Religião nas

atividades da vida?

-Religião é o sentimento Divino, cujas exteriorizações são sempre o Amor, nas

expressões mais sublimes. Enquanto a Ciência e a Filosofia operam o trabalho da

experimentação e do raciocínio, a Religião edifica e ilumina os sentimentos.

As primeiras se irmanam na Sabedoria, a segunda personifica o Amor, as duas

asas divinas com que a alma humana penetrará, um dia, nos pórticos sagrados da

espiritualidade.

Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Digitado por: Lúcia Aydir.

I

VELHO TESTAMENTO

Emmanuel

REVELAÇÃO

261 – “No princípio era o Verbo...” – Como deveremos entender está afirmativa

do texto sagrado?

-O apóstolo João ainda nos adverte que “o Verbo era Deus e estava com Deus”.

Deus é amor e vida e a mais perfeita expressão do Verbo para o orbe terrestre

era e é Jesus, identificado com a sua misericórdia e sabedoria, desde a

organização primordial do planeta.

Visível ou oculto, o Verbo é o traço da luz divina em todas as coisas e em todos

os seres, nas mais variadas condições do processo de aperfeiçoamento.

262 –Por que razão a palavra das profecias parece dirigida invariavelmente ao

povo de Israel?

-Em todos os textos das profecias, Israel deve ser considerada como o símbolo

de toda a humanidade terrestre, sob a égide sacrossanta do Cristo.

263 –Deve-se atribuir ao judaísmo missão especial, em comparação com as

demais idéias religiosas do tempo antigo?

-Embora as elevadas concepções religiosas que floresceram na Índia e no Egito

e todos os grandes ideais de conhecimento da divindade, que povoaram a antiga Ásia

em todos os tempos, deve-se reconhecer no judaísmo a grande missão da revelação

do Deus único.

Enquanto os cultos religiosos se perdiam na divisão e na multiplicidade,

somente o judaísmo foi bastante forte na energia e na unidade para cultivar o

monoteísmo e estabelecer as bases da lei universalista, sob a luz da inspiração divina.

Por esse motivo, não obstante os compromissos e os débitos penosos que

parecem perpetuar os seus sofrimentos, através das gerações e das pátrias humanas

no doloroso curso dos séculos, o povo de Israel deve merecer o respeito e o amor de

todas as comunidades da Terra, porque somente ele foi bastante grande e unido para

guardar a idéia verdadeira de Deus, através dos martírios da escravidão e do deserto.

264 –Como deve ser considerada, no Espiritismo, a chamadas “Santíssima

Trindade”, da teologia católica?

Os textos primitivos da organização cristã não falam da concepção da Igreja

Romana, quanto à chamada “Santíssima Trindade”.

Devemos esclarecer, ainda, que o ponto de vista católico provém de sutilezas

teológicas sem base séria nos ensinamentos de Jesus.

Por largos anos, antes da Boa Nova, o bramanismo guardava a concepção de

Deus, dividido em três princípios essenciais, que os seus sacerdotes denominavam

Brama, Vishnu e Çiva. (*).

Contudo, a Teologia, que se organizavam sobre os antigos princípios do

politeísmo romano, necessitava apresentar um complexo de enunciados religiosos, de

modo a confundir os espíritos mais simples, mesmo porque sabemos que se a Igreja

foi, a princípio, depositária das tradições cristãs, não tardou muito que o sacerdócio

eliminasse as mais belas expressões do profetismo, inumando o Evangelho sob um

acervo de convenções religiosas e roubando às revelações primitivas a sua feição de

simplicidade e de amor.

Para esse desiderato, as forças que vinham disputar o domínio do Estado, em

face da invasão dos povos considerados bárbaros, se apressaram, no poder, em

transformar os ensinos de Jesus em instrumento da política administrativa,

adulterando os princípios evangélicos nos seus textos primitivos e assimilando velhas

doutrinas como as da Índia legendária, e organizando novidades teológicas, com as

quais o Catolicismo se reduziu a uma força respeitável, mas puramente humana,

distante do Reino de Jesus, que na afirmação do Mestre, simples e profunda, não tem

ainda fundamentos divinos na face da Terra.

(*) –O Padre Alta, em O Cristianismo do Cristo e o de seus vigários, nos diz que a

fórmula do catecismo – 3-Pessoas em Deus – era verdadeira em latim, onde o vocábulo

persona significa forma, aspecto, aparência. É falsa, porém, em francês ou em português, com

acepção de indivíduo. –Nota da Editora.

265 –Como interpretar a antiga sentença – “Deus fez o mundo do nada?”.

-O primeiro instante da matéria está, para os Espíritos da minha esfera, tão

obscura quanto o primeiro momento da energia espiritual nos círculos da vida

universal.

Compreendemos, contudo, que sendo Deus o Verbo da Criação, o “nada” nunca

existiu para o nosso conceito de observação, porquanto o Verbo, para nós outros, é a

luz de toda a Eternidade.

266 –Os dias da Criação, nas antigas referências do Velho Testamento, correspondem

a períodos inteiros da evolução geológica?

-Os dias da atividade do Criador, tal como nos refere o texto sagrado,

correspondem aos largos períodos de evolução geológica, dentro dos milênios

indispensáveis ao trabalho da gênese planetária, salientando-se que, com esses, a

Bíblia encerra outros grandes símbolos inerentes aos tempos imemoriais, das origens

do planeta.

267 –Qual a posição do Velho Testamento no quadro de valores da educação religiosa

do homem?

-No quadro de valores da educação religiosa, na civilização cristã, o Velho

Testamento, apesar de suas expressões altamente simbólicas, poucas vezes acessíveis

ao raciocínio comum, deve ser considerado como a pedra angular, ou como a fontemáter

da revelação divina.

268 –Os dez mandamentos recebidos por Moisés no Sinai, base de toda justiça até

hoje, no mundo, foram alterados pelas seitas religiosas?

-As seitas religiosas, de todos os tempos, pela influenciação de seus sacerdotes,

procuram modificar os textos sagrados; todavia, apesar das alterações transitórias, os

dez mandamentos, transmitidos à Terra por intermédio de Moisés, voltam sempre a

ressurgir na sua pureza primitiva, como base de todo o direito no mundo, sustentáculo

de todos os códigos da justiça terrestre.

269 –Como entender a palavra do Velho Testamento quando nos diz que Deus falou a

Moisés no Sinai?

-Estais atualmente em condições de compreender que Moisés trazia consigo as

mais elevadas faculdades mediúnicas, apesar de suas características de legislador

humano.

É inconcebível que o grande missionário dos judeus e da Humanidade pudesse

ouvir o Espírito de Deus. Estais, porém habilitados a compreender, agora, que a Lei ou

a base da Lei, nos dez mandamentos, foi-lhe ditada pelos emissários de Jesus,

porquanto todos os movimentos de evolução material e espiritual do orbe se

processaram, como até hoje se processam, sob o seu augusto e misericordioso

patrocínio.

270 –Apesar de suas expressões tão humanas, Moisés veio ao mundo como

missionário divino?

-Examinando-se os seus atos enérgicos de homem, há a considerar as

características da época em que se verificou a grande tarefa do missionário hebreu,

legítimo emissário do plano superior, para entregar ao mundo terrestre a grande e

sublime mensagem da primeira revelação.

Com expressões diversas, o grande enviado não poderia dar conta exata de

suas preciosas obrigações, em face da Humanidade ignorante e materialista.

271 –Moises transmitiu ao mundo a lei definitiva?

-O profeta de Israel deu à Terra as bases da Lei divina e imutável, mas não

toda a Lei, integral e definitiva.

Aliás, somos obrigados a reconhecer que os homens receberão sempre as

revelações divinas de conformidade com a sua posição evolutiva.

Até agora, a Humanidade da era cristã recebeu a grande Revelação em três

aspectos essenciais: Moisés trouxe a missão da Justiça; o Evangelho, a revelação

insuperável do Amor, e o Espiritismo em sua feição de Cristianismo redivivo, traz, por

sua vez, a sublime tarefa da Verdade. No centro das três revelações encontra-se

Jesus-Cristo, como o fundamento de toda a luz e de toda a sabedoria. É que, com

Amor, a Lei manifestou-se na Terra no seu esplendor máximo; a Justiça e a Verdade

nada mais são que os instrumentos divinos de sua exteriorização, com aquele Cordeiro

de Deus, alma da redenção de toda a Humanidade. A justiça, portanto, lhe aplanaram

os caminhos, e a Verdade, conseguintemente, esclarece os seus divinos ensinamentos.

Eis por que, com o Espiritismo simbolizando a Terceira Revelação da Lei, o homem

terreno se prepara, aguardando as sublimadas realizações do seu futuro espiritual, nos

milênios por-vindouros.

272 –Qual a significação da lei de talião “olho por olho, dente por dente”, em face da

necessidade da redenção de todos os espíritos pelas reencarnações sucessivas?

-A lei de talião prevalece para todos os espíritos que não edificaram ainda o

santuário do amor nos corações, e que representam a quase totalidade dos seres

humanos.

Presos, ainda, aos milênios do pretérito, não cogitaram de aceitar e aplicar o

Evangelho a si próprios, permanecendo encarcerados em círculos viciosos de dolorosas

reencarnações expiatórias e purificadoras.

Moisés proclamou a Lei antiga; muitos séculos antes do Senhor. Como já dito, o

profeta hebraico apresentava a Revelação com a face divina da Justiça; mas, com

Jesus, o homem do mundo recebeu o código perfeito do Amor. Se Moisés ensinava o

“olho por olho, dente por dente”, Jesus-Cristo esclarecia que o “amor cobre a multidão

dos pecados”.

Daí a verdade de que as criaturas humanas se redimirão pelo amor e se

elevarão a Deus por ele, anulando com o bem; todas as forças que lhes possam

encarcerar o coração nos sofrimentos do mundo.

273 –Qual é verdadeiramente o segundo mandamento? – “Não farás imagens

esculpidas das coisas que estão nos céus”, etc., segundo alguns textos, ou “Não tomar

o seu santo nome em vão”, conforme o ensinamento da igreja católica de Roma?

-A segunda fórmula foi uma tentativa de subversão dos textos primitivos,

levada a efeito pela Igreja Romana, a fim de que o seu sacerdócio encontrasse campo

livre para desenvolvimento das heranças do paganismo, no que se refere às pomposas

demonstrações do culto externo.

274 –Qual a intenção de Moisés no Deuteronômio, recomendando “que ninguém

interrogasse os mortos para saber a verdade?”.

-Antes de tudo, faz-se preciso considerar que a afirmativa tem sido objeto

injusto de largas discussões por parte dos adversários da nova revelação que o

Espiritismo trouxe aos homens, na sua feição de Consolador.

As expressões sectárias, todavia, devem considerar que a época de Moisés não

comportava as indagações do Invisível, porquanto o comércio com os desencarnados

se faria com um material humano excessivamente grosseiro e inferior.

Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Digitado por: Lúcia Aydir.

PROFETAS

Emmanuel

275 –Os cinco livros maiores da Bíblia encerram símbolos especiais para a educação

religiosa do homem?

-Todos os documentos religiosos da Bíblia se identificam entre si, no todo,

desde a primeira revelação com Moisés, de modo a despertar no homem as

verdadeiras noções do seu dever para com os semelhantes e para com Deus.

276 –A previsão e a predição, nos livros sagrados, dão a entender que os profetas

eram diretamente inspirados pelo Cristo?

-Nos textos sagrados das fontes divinas do Cristianismo, as previsões e

predições se efetuaram sob a ação direta do Senhor, pois só Ele poderia conhecer

bastante os corações, as fraquezas e as necessidades dos seus rebeldes tutelados,

para sondar com precisão as estradas do futuro, sob a misericórdia e a sabedoria de

Deus.

277 –Os Espíritos elevados, como os profetas antigos, devem ser considerados como

anjos ou como Espíritos eleitos?

-Como missionário do Senhor, junto à esfera de atividade propriamente

material, os profetas antigos eram também dos “chamados” à iluminação sementeira.

Para a nossa compreensão, a palavra “ano”, neste passo, deve designar

somente as entidades que já se elevaram ao plano superior; plenamente redimidas,

onde são “escolhidos” na tarefa sagrado d’Aquele cujas palavras não passarão. O

Eleito, porém, é aquele que se elevou para Deus em linha reta, sem as quedas que nos

são comuns, sendo justo afirmar que o orbe terrestre só viu um eleito, que é Jesus-

Cristo.

A compreensão do homem, todavia, em se tratando de angelitude, generalizou

a definição, estendendo-a a todas as almas virtuosas e boas, nos bastidores da sua

literatura, o que justifica, entendendo-se que a palavra “anjo” significa “mensageiro”.

278 – Devemos considerar como profetas somente aqueles a que se referem as

páginas do Velho Testamento?

-Além dos ensinamentos legados por Elias ou um Jeremias, temos de convir que

numerosos missionários do plano superior precederam a vinda do Cristo, distribuindo

no mundo o pão espiritual de suas verdades eternas.

Um Çakyamuni, um Confúcio, um Sócrates, foram igualmente profetas do

Senhor, na gloriosa preparação dos seus caminhos. Se desenvolverem ação distante

do ambiente e dos costumes israelitas, pautaram a missão no mesmo plano

universalista, em que as tribos de Israel foram chamadas a trabalhar, mas

particularmente, pelo progresso religioso do mundo.

279 –Os profetas hebraicos representavam o papel de sacerdotes dos crentes da Lei?

-Em todos os tempos houve a mais funda diferença entre sacerdócio e o

profetismo.

Os antigos profetas de Israel nunca se caracterizaram por qualquer expressão

de servilismo às convenções sociais e aos interesses econômicos, tão ao gosto do

sacerdócio organizado, em todas as eras e em todos os lugares.

Extremamente dedicados ao esforço próprio, não viviam do altar de sua fé, mas

do trabalho edificante, fosse na indumentária dos escravos oprimidos, ou no

insulamento do deserto que as suas aspirações religiosas sabiam povoar de um santo

dinamismo construtivo.

280 –Os profetas do Cristo têm voltado à esfera material para trazer aos homens

novas expressões de luz para o futuro da Humanidade?

-Em tempo algum as coletividades humanas deixaram de receber a sublime

cooperação dos enviados do Senhor, na solução dos grandes problemas do porvir.

Nem sempre a palavra da profecia poderá ser trazida pelas mesmas

individualidades espirituais dos tempos idos; contudo, os profetas de Jesus, isto é, as

poderosas organizações espirituais dos planos superiores, têm estado convosco,

incessantemente, impulsando-vos à evolução em todos os sentidos, multiplicando as

vossas possibilidades de êxito nas experiências difíceis e dolorosas. É verdade que os

novos enviados não precisarão dizer o que já se encontra escrito, em matéria de

revelações religiosas; todavia, agem nos setores da Ciência e da Filosofia, da

Literatura e da Arte, levantando-vos o pensamento abatido para as maravilhosas

construções espirituais do porvir. Igualmente, é certo que os missionários novos não

encontram o deserto de figueiras bravas, onde os seus predecessores se nutriam

apenas de gafanhotos e de mel selvagem, mas ainda são obrigados a viver no deserto

das cidades tumultuosas, entre corações indiferentes e incompreensíveis, cercados

pela ingratidão e pela zombaria dos contemporâneos, que, muitas vezes, lhes impõem

o pelourinho e o sacrifício.

O amor de Jesus, todavia, é a seiva divina que lhes alimenta a fibra de trabalho

e realização, e, sob as suas bênçãos generosas, as grandes almas solitárias

atravessam o mundo, distribuindo a luz do Senhor pelas estradas sombrias.

281 –A leitura do Velho Testamento e do Evangelho, nos círculos familiares, como é de

hábito entre muitos povos europeus, favorece a renovação dos fluídos salutares de paz

na intimidade do coração e do ambiente doméstico?

-Essa leitura é sempre útil, e quando não produz a paz imediata, em vista da

heterogeneidade de condições espirituais daqueles que a ouvem em conjunto, constitui

sempre proveitosa sementeira evangélica, extensiva às entidades do plano invisível,

que a assistem, sendo lícito esperar mais tarde o seu florescimento e frutificação.

Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Digitado por: Lúcia Aydir.

II

EVANGELHO

Emmanuel

JESUS

282 –Se devemos considerar o Velho Testamento como a pedra angular da Revelação

Divina, qual a posição do Evangelho de Jesus na educação religiosa dos homens?

-O Velho Testamento é o alicerce da Revelação Divina. O Evangelho é o edifício

da redenção das almas. Como tal, devia ser procurada a lição de Jesus, não mais para

qualquer exposição teórica, mas visando cada discípulo o aperfeiçoamento de si

mesmo, desdobrando as edificações do Divino Mestre no terreno definitivo do Espírito.

283 –Com Referência a Jesus, como interpretar o sentido das palavras de João: - “E o

Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e verdade?”.

-Antes de tudo, precisamos compreender que Jesus não foi um filósofo e nem

poderá ser classificado entre os valores propriamente humanos, tendo-se em conta os

valores divinos de sua hierarquia espiritual, na direção das coletividades terrícolas.

Enviado de Deus, Ele foi a representação do Pai junto do rebanho de filhos

transviados do seu amor e da sua sabedoria, cuja tutela lhe foi confiada nas

ordenações sagradas da vida no Infinito.

Diretor angélico do orbe, seu coração não desdenhou a permanência direta

entre os tutelados míseros e ignorantes, dando ensejo às palavras do apóstolo, acima

referidas.

284 –O apóstolo João recebeu missão diferente, na organização do Evangelho,

considerando-se a diversidade de suas exposições em confronto com as narrações de

seus companheiros?

-Ainda aí, temos de considerar a especialização das tarefas, no capítulo das

obrigações conferidas a cada um. As peças nas narrações evangélicas identificam-se

naturalmente, entre si, como partes indispensáveis de um todo, mas somos

compelidos a observar que, se Mateus, Marcos e Lucas receberam a tarefa de

apresentar, nos textos sagrados, o Pastor de Israel na sua feição sublime, a João

coube a tarefa de revelar o Cristo Divino, na sua sagrada missão universalista.

285 –“Jesus-Cristo é sem pai, sem mãe, sem genealogia” – Como interpretar essa

afirmativa, em face da palavra de Mateus?

-Faz-se necessário entendermos a missão universalista do Evangelho de Jesus,

através da palavra de João, para compreender tal afirmativa no tocante à genealogia

do Mestre Divino, cujas sagradas raízes repousam no infinito do amor e de sabedoria

em Deus.

286 –O sacrifício de Jesus deve ser apreciado tão-somente pela dolorosa expressão do

Calvário?

-O Calvário representou o coroamento da obra do Senhor, mas o sacrifício na

sua exemplificação se verificou em todos os dias da sua passagem pelo planeta. E o

cristão deve buscar, antes de tudo, o modelo nos exemplos do Mestre, porque o Cristo

ensinou com amor e humildade o segredo da felicidade espiritual, sendo imprescindível

que todos os discípulos edifiquem no íntimo essas virtudes, com as quais saberão

demonstrar ao calvário de suas dores, no momento oportuno.

287 –Numerosos discípulos do Evangelho consideram que o sacrifício do Gólgota não

teria sido completo sem o máximo de dor material para o Mestre Divino. Como

conceituar essa suposição em face da intensidade do sofrimento moral que a cruz lhe

terá oferecido?

-A dor material é um fenômeno como os dos fogos de artifícios, em face dos

legítimos valores espirituais.

Homens do mundo, que morreram por uma idéia, muitas vezes não chegaram a

experimentar a dor física, sentindo apenas a amargura da incompreensão do seu ideal.

Imaginai, pois, o Cristo, que se sacrificou pela Humanidade inteira, e chegareis

a contempla-Lo na imensidão da sua dor espiritual, augusta e indefinível para a nossa

apreciação restrita e singela.

De modo algum poderíamos fazer um estudo psicológico de Jesus,

estabelecendo dados comparativos entre o Senhor e o homem.

Em sua exemplificação divina, faz-se mister considerar, antes de tudo, o seu

amor, a sua humildade, a sua renúncia por toda a Humanidade.

Examinados esses fatores, a dor material teria significação especial para que a

obra cristã ficasse consagrada? A dor espiritual, grande demais para ser

compreendida, não constitui o ponto essencial da sai perfeita renúncia pelos homens?

Nesse particular, contudo, as criaturas humanas prosseguirão discutindo, como

as crianças que somente admitem as realidades da vida de um adulto, quando se lhe

fornece o conhecimento tomando por imagens o cabedal imediato dos seus

brinquedos.

288 – “Meu Pai e eu somos Um” – Poderemos receber mais alguns esclarecimento

sobre essa afirmativa do Cristo?

-A afirmativa evidenciava a sua perfeita identidade com Deus, na direção de

todos os processos atinentes à marcha evolutiva do planeta terrestre.

289 –São muitos os Espíritos em evolução na Terra, ou nas esferas mais próximas,

que já viram o Cristo, experimentando a glória da sua presença divina?

-Toda a comunidade dos Espíritos encarnados na Terra, ou localizados em suas

esferas de labor espiritual mais ligadas ao planeta, sentem a sagrada influência do

Cristo, através da assistência de seus prepostos; todavia, pouquíssimos alcançarão a

pureza indispensável para a contemplação do Mestre no seu plano divino.

290 –Poder-se-á reconhecer nas parábolas de Jesus a expressão fenomênica das

palavras, guardando a eterna vibração de seu sentimento nos ensinos?

-Sim. As parábolas do Evangelho são como as sementes divinas que

desabrochariam, mais tarde, em árvores de misericórdia e de sabedoria para a

Humanidade.

291 –Como interpretar o Anticristo?

-Podemos simbolizar como Anticristo o conjunto das forças que operam contra o

Evangelho, na Terra e nas esferas vizinhas do homem, mas, não devemos figurar

nesse Anticristo um poder absoluto e definitivo que pudesse neutralizar a ação de

Jesus, porquanto, com tal suposição, negaríamos a previdência e a bondade infinita de

Deus.

Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Digitado por: Lúcia Aydir.

RELIGIÕES

Emmanuel

292 – Em que sentido deveremos tomar o conceito de religiões?

-Religiões, para todos os homens, deveria compreender-se como sentimento

divino que clarifica o caminho das almas e que cada espírito apreenderá na pauta do

seu nível evolutivo.

Neste sentido, a Religião é sempre a face augusta e soberana da Verdade;

porém, na inquietação que lhes caracteriza a existência na Terra, os homens se

dividiram em numerosas religiões, como se a fé também pudesse ter fronteira, à

semelhança das pátrias materiais; tantas vezes mergulhadas no egoísmo e na ambição

de seus filhos.

Dessa falsa interpretação tem nascido no mundo as lutas antifraternais e as

dissensões religiosas de todos os tempos.

293 –As religiões que surgiram no mundo, antes do Cristo, tinham também por missão

principal a preparação da mentalidade humana para a sua vinda?

-Todas as idéias religiosas, que as criaturas humanas traziam consigo do

pretérito milenário, destinavam-se a preparar o homem para receber e aceitar o

Cordeiro de Deus, com a sua mensagem de amor perene e reforma espiritual

definitiva.

O Cristianismo é a síntese, em simplicidade e luz, de todos os sistemas

religiosos mais antigos, expressões fragmentárias das verdades sublimes trazidas ao

mundo na palavra imorredoura de Jesus.

Os homens, contudo, não obstante todos os elementos de preparação,

continuaram divididos e, e dentro das suas características de rebeldia, procrastinaram

a sua edificação nas lições renovadoras do Evangelho.

294 –Reconhecendo-se que várias seitas nasceram igualmente do Cristianismo,

devemos considera-las cristãs, ou simples expressões religiosas insuladas da verdade

de Jesus?

-Todas as expressões religiosas nascidas do Cristianismo se identificam pela

seiva de amor do tronco que as congrega, apesar dos erros humanos de seus

expositores.

Os sacerdotes das mais diversas castas inventaram os manuais teológicos, os

princípios dogmáticos e as fórmulas políticas; todavia, nenhum esforço humano

conseguiu deslustrar a claridade divina do “amai-vos uns aos outros”, base imortal de

todos os ensinos de Jesus, cuja luminosa essência identifica as castas entre si, em

todas as posições e tarefas especializadas que lhes foram conferidas.

295 –Se as seitas religiosas nascidas do Cristianismo têm uma tarefa especializada,

qual será a das correntes protestantes, oriundas da Reforma?

-A Reforma e os movimentos ou esse lhe seguiram vieram ao mundo com a

missão especial de exumar a “letra” dos Evangelhos, enterrada até então nos arquivos

da intolerância clerical, nos seminários e nos conventos, a fim de que, depois da sua

tarefa, pudesse o Consolador prometido, pela voz do Espiritismo cristão, ensinar aos

homens o “espírito divino” de todas as lições de Jesus.

296 –O Espírito, antes de reencarnar, escolhe também as crenças ou cultos a que se

deverá submeter nas experiências da vida?

-Todos os Espíritos, reencarnados no planeta, trazem consigo a idéia de Deus,

identificando-se de modo geral nesse sagrado princípio.

Os cultos terrestres, porém, são exteriorizações desse princípio divino, dentro

do mundo convencional, depreendendo-se daí que a Verdade é uma só, e que as seitas

terrestres são materiais de experiências e de evolução, dependendo a preferência de

cada um do estado de evolutivo em que se encontre no aprendizado da existência

humana, e salientando-se que a escolha está sempre de pleno acordo com o seu

estado íntimo, seja na viciosa tendência de repousar nas ilusões do culto externo, seja,

pelo esforço sincero de evoluir, na pesquisa incessante da edificação divina.

297 –Considerando que a convenção social confere aos sacerdotes das seitas cristãs

certas prerrogativas na realização de determinados acontecimentos da vida, como

interpretar as palavras de Mateus: - “Tudo o que ligardes na Terra, será ligado no

Céu”, se os sacerdotes, tantas vezes, não se mostram dignos de falar no mundo em

nome de Deus?

-Faz-se indispensável observar que as palavras do Cristo foram dirigidas aos

apóstolos e que a missão de seus companheiros não era restrita ao ambiente das

tribos de Israel, tendo a sua divina continuação além das próprias atividades

terrestres. Até hoje, os discípulos diretos do Senhor têm a sua tarefa sagrada, em

cooperação com o Mestre Divino, junto da Humanidade – a Israel mística dos seus

ensinamentos.

Os méritos dos apóstolos de modo algum poderiam ser automaticamente

transferidos aos sacerdotes degenerados pelos interesses políticos e financeiros de

determinados grupos terrestres, depreendendo-se daí que a Igreja Romana, a que

mais tem abusado desses conceitos, uma vez mais desviou o sentido da lição do

Cristo.

Importa, porém lembrarmos neste particular a promessa de Jesus, de que

estaria sempre entre aqueles que se reunisse sinceramente em seu nome.

Nessas circunstâncias, os discípulos leais devem manter-se em plano superior

ao do convencionalismo terrestre, agindo com a própria consciência e com a melhor

compreensão de responsabilidade, em todos os climas do mundo, porquanto, desse

modo, desde que desenvolvam atuação no bem, pelo bem e para o bem, em nome do

Senhor, terão seu atos evangélicos tocados pela luz sacrossanta das sanções divinas.

298 – Considerando que as religiões incovam o Evangelho de Mateus para justificar a

necessidade do batismo em suas características cerimoniais, como deverá proceder ao

espiritista em face desse assunto?

-Os espiritistas sinceros, na sagrada missão de paternidade, devem

compreender que o batismo, aludido no Evangelho, é o da invocação das bênçãos

divinas para quantos a eles se reúnem no instituto santificado da família.

Longe de quaisquer cerimônias de natureza religiosa, que possam significar

uma continuação dos fetichismos da Igreja Romana, que se aproveitou do símbolo

evangélico para a chamada venda dos sacramentos, o espiritista deve entender o

batismo como o apelo do seu coração ao Pai de Misericórdia, para que os seus esforços

sejam santificados no trabalho de conduzir as almas a elas confiadas no instituto

familiares, compreendendo, além do mais, que esse ato de amor e de compromisso

divino deve ser continuado por toda a vida, na renúncia e no sacrifício, em favor da

perfeita cristianização dos filhos, no apostolado do trabalho e da dedicação.

299 – Qual o procedimento a ser adotado pelos espiritistas na consagração do

casamento, sem ferir as convenções sociais, reflexas dos cultos religiosos?

-Os cultos religiosos, em sua feição dogmática, são igualmente transitórios,

como todas as fórmulas do convencionalismo humano.

Que o espiritista sincero e cristão, assumido os seus compromissos conjugais

perante as leis dos homens, busque honrar a sua promessa e a sua decisão,

santificando o casamento com o rigoroso desempenho de todos os seus deveres

evangélicos, ante os preceitos terrestres e ante a imutável lei divina que vibra em sua

consciência cristianizada.

300 –Como interpretar a missa no culto externo da Igreja Católica?

-Perante o coração sincero e fraternal dos crentes, a missa idealizada pela

igreja de Roma deve ser um ato exterior, respeitável para nós outros, como qualquer

cerimônia convencionalista do mundo, que exija a mútua consideração social no

mecanismo de relações superficiais da Terra.

A Igreja de Roma pretende comemorar, com ela, o sacrifício do Mestre pela

Humanidade; todavia, a cerimônia se efetua de conformidade com aposição social e

financeira do crente.

Ocorrem, dessa maneira, as missas mais variadas, tais como a: “do galo”, a

“nova”, a”particular”, a”pontifical”, a “das almas”, a “seca”, a “cantada”, a “chã”, a

“campal”, etc., adstritas a um prontuário tão convencionalista e tão superficial, , que é

de admirar a adaptação ao seu mistifório, por parte do sacerdote inteligente e afeito à

sinceridade.

301 –As aparições e os chamados milagres relacionados na história da origem das

igrejas são fatos de natureza mediúnica?

-Todos esse acontecimentos, classificados no domínio do sobrenatural, foram

fenômenos psíquicos sobre os quais se edificaram as igrejas conhecidas, fatos esses

que o Espiritismo veio a catalogar e esclarecer, na sua divina missão de Consolador.

302 – Como compreender a afirmativa de Jesus aos Judeus: - “Sois deuses?”.

-Em todo homem repousa a partícula da divindade do Criador, com a qual pode

a criatura terrestre participar dos poderes sagrados da Criação.

O Espírito encarnado ainda não ponderou devidamente o conjunto de

possibilidades divinas guardadas em suas mãos, dons sagrados tantas vezes

convertidos em elementos de ruína e destruição.

Entretanto, os poucos que sabem crescer na sua divindade, pela exemplificação

e pelo ensinamento, são cognominados na Terra santos e heróis, por afirmarem a sua

condição espiritual, sendo justo que todas as criaturas procuram alcançar esses

valores, desenvolvendo para o bem e para a luz, a sua natureza divina.

303 –Qual o sentido do ensinamento evangélico: - “Todos os pecados ser-vos-ão

perdoados, menos os que cometerdes conta o Espírito Santo?”.

-A aquisição do conhecimento espiritual, com a perfeita noção de nossos

deveres, desperta em nosso íntimo a centelha do espírito divino, que se encontra no

âmago de todas as criaturas.

Nesse instante, descerra-se à nossa visão profunda o santuário da luz de Deus,

dentro de nós mesmos, consolidando e orientando as nossas mais legítimas noções de

responsabilidade na vida.

Enquanto o homem se desvia ou fraqueja, distante dessa iluminação, seu erro

justifica-se, de alguma sorte, pela ignorância ou pela cegueira. Todavia, a falta

cometida com a plena consciência do dever, depois da bênção do conhecimento

interior, guardada no coração e no raciocínio, essa significa o “pecado contra o Espírito

Santo”, porque a alma humana estará, então, contra si mesma, repudiando as suas

divinas possibilidades.

É lógico, portanto, que esses erros são os mais graves da vida, porque

consistem no desprezo dos homens pela expressão de Deus, que habita neles.

304 –Qual o espírito destas letras: - “Não cuideis que vim trazer paz à Terra; não vim

trazer a paz, mas a espada”?

-Todos os símbolos do Evangelho, dado o meio em que desabrocharam, são,

quase sempre, fortes e incisivos.

Jesus não vinha trazer ao mundo a palavra de contemporização com as

fraquezas do homem, mas a centelha de luz para que a criatura humana se iluminasse

para os planos divinos.

E a lição sublime do Cristo, ainda e sempre, pode ser conhecida como a

“espada’ renovadora, com a qual deve o homem lutar consigo mesmo, extirpando os

velhos inimigos do seu coração, sempre capitaneados pela ignorância e pela vaidade,

pelo egoísmo e pelo orgulho”.

305 –A afirmativa do Mestre: - “Porque eu vim pôr em dissensão o filho contra seu pai,

a filha contra sua mãe e a nora contra sua sogra” – como deve ser compreendida em

espírito e verdade?

-Ainda aqui, temos de considerar a feição antiga do hebraico, com a sua

maneira vigorosa de expressão.

Seria absurdo admitir que o Senhor viesse estabelecer a perturbação no

sagrado instituto da família humana, nas suas elevadas expressões afetivas, mas, sim,

que os seus ensinamentos consoladores seriam o fermento divino das opiniões,

estabelecendo os movimentos naturais das idéias renovadoras, fazendo luz no íntimo

de cada um, pelo esforço próprio, para felicidade de todos os corações.

306 – “E tudo o que pedirdes na oração, crendo o recebereis” – Esse preceito do

Mestre tem aplicação igualmente, no que se refere aos bens materiais?

-O “seja feita a vossa vontade”, da oração comum, constitui nosso pedido geral

a Deus, cuja Providência, através dos seus mensageiros, nos proverá o espírito ou a

condição de vida do mais útil, conveniente e necessário ao nosso progresso espiritual,

para a sabedoria e para o amor.

O que o homem não deve esquecer, em todos os sentidos e circunstâncias da

vida, é a prece do trabalho e da dedicação, no santuário da existência de lutas

purificadoras, porque Jesus abençoará as suas realizações de esforço sincero.

307 –Por que disse Jesus que “o escândalo é necessário, mas aí daquele por quem o

escândalo vier?”.

-Num pano de vida, onde quase todos se encontram pelo escândalo que

praticaram no pretérito, é justo que o mesmo “escândalo” seja necessário, como

elemento de expiação, de prova ou de aprendizado, porque aos homens falta ainda

aquele “amor que cobre a multidão dos pecados”.

As palavras do ensinamento do Mestre ajustam-se, portanto, de maneira

perfeita, à situação dos encarnados no mundo, sendo lastimáveis os que não vigiam,

por se tornarem, desse modo, instrumentos de tentação nas suas quedas constantes,

através dos longos caminhos.

308 –As palavras de João: - “A luz brilha nas trevas e as trevas não a

compreenderam”, tiveram aplicação somente quando da exemplificação do Cristo, há

dois mil anos, ou essa aplicação é extensiva à nossa era?

-As palavras do apóstolo referiam-se à sua época; todavia, o simbolismo

evangélico do seu enunciado estende-se aos tempos modernos, nos quais a lição do

Senhor permanece incompreendida para a maioria dos corações, que persistem em

não ver a luz, fugindo à verdade.

309 –Em que sentido devemos interpretar as sentenças de João Batista: - “A quem

pertence a esposa é o esposo; mas o amigo do esposo, que com ele está e ouve,

muito se regozija por ouvir a voz do esposo. Pois este gozo eu agora experimento; é

preciso que ele cresça e que eu diminua”?

-O esposo da Humanidade terrestre é Jesus-Cristo, o mesmo Cordeiro de Deus

que arranca as almas humanas dos caminhos escusos da impenitência.

O amigo do esposo é o seu precursor, cuja expressão humana deveria

desaparecer, a fim de que Jesus resplandecesse para o mundo inteiro, no seu

Evangelho de Verdade e Vida.

310 –A transfiguração do Senhor é também um símbolo para a Humanidade?

-Todas as expressões do Evangelho possuem uma significação divina e, no

Tabor, contemplamos a grande lição de que o homem deve viver a sua existência, no

mundo, sabendo que pertence ao Céu, por sua sagrada origem, sendo indispensável,

desse modo, que se desmaterialize, a todos os instantes, para que se desenvolva em

amor e sabedoria, na sagrada exteriorização da virtude celeste, cujos germes lhe

dormitam no coração.

311-Qual o sentido da afirmativa do texto sagrado, acerca de Jesus: - “Não tendo

Deus querido sacrifício, nem oblata, lhe formou um corpo?”.

-Para Deus, o mundo não mais deveria persistir no velho costume de sacrificar

nos altares materiais, em seu nome, razão por que enviou aos homens a palavra do

Cristo, a fim de que a Humanidade aprendesse a sacrificar no altar do coração, na

ascensão divina dos sentimentos para o seu amor.

312 –Como interpretar a afirmativa de João: - “Três são os que fornecem testemunho

no céu: o Pai, o Verbo e o Espírito Santo?”.

-João referia-se ao Criador, a Jesus, que constituía para a Terra a sua mais

perfeita personificação, e à legião dos Espíritos redimidos e santificados que cooperam

com o Divino Mestre, desde os primeiros dias da organização terrestre, sob a

misericórdia de Deus.

313 –Como entender a bem-aventurança conferida por Jesus aos “pobres de espírito?”.

-O ensinamento do Divino Mestre, referia-se às almas simples e singelas,

despidas do “espírito de ambição e de egoísmo” que costumam triunfar nas lutas do

mundo.

Não costumais até hoje denominar os vitoriosos do século, nas questões

puramente materiais, de “homens de espírito?” É por essa razão que, em se dirigindo à

massa popular, aludia o Senhor aos corações despretensiosos e humildes; aptos a lhes

seguirem o ensinamento; sem determinadas preocupações rasteiras da existência

material.

314 –Qual a maior lição que a Humanidade recebeu do Mestre, ao lavrar ele os pés dos

seus discípulos?

-Entregando-se a esse ato, queria o Divino Mestre testemunhar Pás criaturas

humanas a suprema lição da humildade, demonstrando, ainda uma vez, que, na

coletividade cristã, o maior para Deus seria sempre aquele que se fizesse o menor de

todos.

315 –Por que razão Jesus, ao lavar os pés dos discípulos, cingiu-se com uma toalha?

-O Cristo, que não desdenhou a energia fraternal na eliminação dos erros da

criatura humana, afirmando-se como o Filho de Deus nos divinos fundamentos da

Verdade, quis proceder desse modo para revelar-se o escravo pelo amor à

Humanidade, à qual vinha trazer a luz da vida, na abnegação e no sacrifício supremos.

316 –Aceitando Jesus o auxílio de Simão, o cireneu, desejava deixar um novo

ensinamento às criaturas?

-Essa passagem evangélica encerra o ensinamento do Cristo, concernente à

necessidade de cooperação fraternal entre os homens, em todos os trâmites da vida.

317 –A ressurreição de Lázaro, operada pelo Mestre, tem um sentido oculto, como

lição à Humanidade?

-O episódio de Lázaro era um selo divino identificando a passagem do Senhor,

mas também foi o símbolo sagrado da ação do Cristo sobre o homem, testemunhando

que o seu amor arrancava a Humanidade do seu sepulcro de misérias, Humanidade da

qual tem o Senhor dado o sacrifício de suas lágrimas, ressuscitando-a para o sol da

vida eterna, nas sagradas lições do seu Evangelho de amor e de redenção.

318 –Poderemos receber um ensinamento sobre a eucaristia, dado o costume

tradicional da Igreja Romana, que recorda a ceia dos discípulos com o vinho e a

hóstia?

-A verdadeira eucaristia evangélica não é a do pão e do vinho materiais, como

pretende a igreja de Roma, mas, a identificação legítima e total do discípulo com

Jesus, de cujo ensino de amor e sabedoria deve haurir a essência profunda, para

iluminação dos seus sentimentos e do seu raciocínio, através de todos os caminhos da

vida.

319 –Quem terá recebido maior soma de misericórdia n a justiça divina: - Judas, o

discípulo infiel, mas iludido e arrependido, ou o sacerdote maldoso e indiferente, que o

induziu à defecção?

-Quem há recebido mais misericórdia, por mais necessitado e indigente, é o

mau sacerdote de todos os tempos, que, longe de confundir a lição do Cristo uma só

vez, vem praticando a defecção espiritual para com o Divino Mestre, desde muitos

séculos.

320 –Que ensinamentos nos oferece a negação de Pedro?

-A negação de Pedro serve para significar a fragilidade das almas humanas,

perdidas na invigilância e na despreocupação da realidade espiritual, deixando-se

conduzir, indiferentemente, aos torvelinhos mais tenebrosos do sofrimento, sem

cogitarem de um esforço legítimo e sincero, na definitiva edificação de si mesmas.

321 –Qual a edição dos Evangelhos que melhor traduz a fonte original?

-A grafia original dos Evangelhos já representa em si mesma, a própria

tradução do ensino de Jesus, considerando-se que essa tarefa foi delegada aos seus

apóstolos.

Sendo razoável estimarmos, em todas as circunstâncias, os esforços sinceros,

seja qual for o meio onde se desdobram, apenas consideramos que, em todas as

traduções dos ensinamentos do Mestre Divino, se torna imprescindível separar da letra

o espírito.

Poderia objetar que a letra deveria ser simples e clara.

Convenhamos que sim, mas importa observar que os Evangelhos são o roteiro

das almas, e é com a visão espiritual que devem ser lidos; pois, constituindo a cátedra

de Jesus, o discípulo que deles se aproximar com a intenção sincera de aprender

encontra, sob todos os símbolos da letra, a palavra persuasiva e doce, simples e

enérgica, da inspiração do seu Mestre imortal.

Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Digitado por: Lúcia Aydir.

III

AMOR

Emmanuel

UNIÃO

322 – Há uma gradação do amor, no sei das manifestações da natureza visível e

invisível?

-Sem dúvida, essa gradação existiu em todos os tempos, como gradativa é a

posição de todos os seres na escala infinita do progresso.

O amor é a lei própria da vida e, sob o seu domínio sagrado, todas as criaturas

e todas as coisas se reúnem ao Criador, dentro do plano grandioso da unidade

universal.

Desde as manifestações mais humildes dos reinos inferiores da Natureza,

observamos a exteriorização do amor em sua feição divina. Na poeira cósmica,

sínteses da vida, têm as atrações magnéticas profundas; nos corpos simples, vemos as

chamadas “precipitações” da química; nos reinos mineral e vegetal verificamos o

problema das combinações indispensáveis. Nas expressões da vida animal;

observamos o amor em todo, em gradações infinitas, da violência à ternura, nas

manifestações do irracional.

No caminho dos homens é ainda o amor que preside a todas as atividades da

existência em família e em sociedade.

Reconhecida a sua luz divina em todos os ambientes, observaremos a união

dos seres como um ponto sagrado, de referência dessa lei única que dirige o Universo.

Das expressões de sexualidade, o amor caminha para o supersexualismo,

marchando sempre para as sublimadas emoções da espiritualidade pura, pela renúncia

e pelo trabalho santificantes, até alcançar o amor divino, atributo dos seres angelicais,

que se edificaram para a união com Deus, na execução de seus sagrados desígnios do

Universo.

323 –Será uma verdade a teoria das almas gêmeas?

-No sagrado mistério da vida, cada coração possui no Infinito a alma gêmea da

sua, companheira divina para a viagem à gloriosa imortalidade.

Criadas umas para as outras, as almas gêmeas se buscam, sempre que

separadas. A união perene é-lhes a aspiração suprema e indefinível. Milhares de seres,

se transviados no crime ou na inconsciência, experimentaram a separação das almas

que os sustentam, como a provação mais ríspida e dolorosa, e, no drama das

existências mais obscuras, vemos sempre a atração eterna das almas que se amam

mais intimamente, envolvendo umas para as outras num turbilhão de ansiedades

angustiosas; atração que é superior a todas as expressões convencionais da vida

terrestre. Quando se encontram no acervo real para os seus corações – a da ventura

de sua união pela qual não trocariam todos os impérios do mundo, e a única amargura

que lhes empana a alegria é a perspectiva de uma nova separação pela morte,

perspectiva essa que a luz da Nova Revelação veio dissipar, descerrando para todos os

espíritos, amantes do bem e da verdade, os horizontes eternos da vida.

324 –Existe nos textos sagrados algum elemento de comprovação para a teoria das

almas gêmeas?

-Somos dos primeiros a reconhecer que em todos os textos necessitamos

separar o espírito da letra; contudo, é justo lembrar que nas primeiras páginas do

Antigo Testamento, base da Revelação Divina, está registrada: “e Deus considerou que

o homem não devia ficar só”.

325 –A atração das almas gêmeas é traço característico de todos os planos de luta na

Terra?

-O Universo é o plano infinito que o pensamento divino povoou de ilimitadas e

intraduzíveis belezas.

Para todos nós, o primeiro instante da criação do ser está mergulhado num

suave mistério, assim como também a atração profunda e inexplicável que arrasta

uma alma para outra, no instituto dos trabalhos, das experiências e das provas, no

caminho infinito do Tempo.

A ligação das almas gêmeas repousa, para o nosso conhecimento relativo, nos

desígnios divinos, insondáveis na sua sagrada origem, constituindo a fonte vital do

interesse das criaturas para as edificações da vida.

Separadas ou unidas nas experiências do mundo, as almas irmãs caminham,

ansiosas, pela união e pela harmonia supremas, até que se integrem, no plano

espiritual, onde se reúnem para sempre na mais sublime expressão de amor divino,

finalidades profundas de todas as cogitações do ser, no Dédalo do destino.

326 –A união das almas gêmeas pode constituir restrição ao amor universal?

O amor das almas gêmeas não pode efetuar semelhante restrição, porquanto,

atingida a culminância evolutiva, todas as expressões afetivas se irmanam na

conquista do amor divino. O amor das almas gêmeas, em suma, é aquele que o

Espírito, um dia, sentirá pela Humanidade inteira.

327 –Se todos os seres possuem a sua alma gêmea, qual a alma gêmea de Jesus-

Cristo?

-Não julguemos acertado trazer a figura do Cristo para condiciona-la aos meios

humanos, num paralelismo injustificável, porquanto em Jesus temos de observar a

finalidade sagrada dos gloriosos destinos do espírito.

N’Ele cessou os processos, sendo indispensável reconhecer na sua luz as

realizações que nos compete atingir.

Representando para nós outros a síntese do amor divino, somos compelidos a

considerar que de sua culminância espiritual enlaçou no seu coração magnânimo, com

a mesma dedicação, a Humanidade inteira, depois de realizar o amor supremo.

328 –Perante a teoria das almas gêmeas, como esclarecer a situação dos viúvos que

procuram, novas uniões matrimoniais, alegando a felicidade encontrada no lar

primitivo?

-Não devemos esquecer que a Terra ainda é uma escola de lutas regeneradoras

ou expiatórias, onde o homem pode consorciar-se várias vezes, sem que a sua união

matrimonial se efetue com a alma gêmea da sua, muitas vezes distante da esfera

material.

A criatura transviada, até que se espiritualize para a compreensão desses laços

sublimes, está submetida, no mapa de suas provações, a tais experiências, por vezes

pesadas e dolorosas.

A situação de inquietude e subversão de valores na alma humana justifica essa

provação terrestre, caracterizada pela distância dos Espíritos amados, que se

encontram num plano de compreensão superior, os quais, longe de desdenharem as

boas experiências dos companheiros de seus afetos, buscam facultar-lhes com a

máxima dedicação, de modo a facilitar o seu avanço direto às mais elevadas

conquistas espirituais.

329 –Os Espíritos evolutivos, pelo fato de deixarem algum amado na Terra, ficam

ligados ao planeta pelos laços da saudade?

-Os espíritos superiores não ficam propriamente ligados ao orbe terreno, mas

não perdem o interesse afetivo pelos seres amados que deixaram no mundo, pelos

quais trabalham com ardor, impulsionando-os na estrada das lautas redentoras, em

busca das culminâncias da perfeição.

A saudade, nessas almas santificadas e puras, é muito mais sublime e mais

forte, por nascer de uma sensibilidade superior, salientando-se que, convertida num

interesse divino, opera as grandes abnegações do Céu, que seguem os passos

vacilantes do Espírito encarnado, através de sua peregrinação expiatória ou redentora

na face da Terra.

330 –Somente pela prece a alma encarnada pode auxiliar um Espírito bem-amado que

a antecedeu na jornada do túmulo?

-A oração coopera eficazmente em favor do que partiu, muitas vezes com o

espírito emaranhado na rede das ilusões da existência material. Todavia, o coração

amigo que ficou aí no mundo, pela vibração silenciosa e pelo desejo perseverante de

ser útil ao companheiro que o precedeu na sepultura, para os movimentos da vida, nos

momentos de repouso do corpo, em que a alma evoluída pode gozar de relativa

liberdade, pode encontrar o Espírito sofredor ou errante do amigo desencarnado,

despertar-lhe à vontade no cumprimento do dever, bem como orienta-lo sobre a sua

realidade nova, sem que a sua memória corporal registre o acontecimento na vigília

comum.

Daí nasce à afirmativa de que somente o amor pode atravessar o abismo da

morte.

331 – Como devemos interpretar a sentença – “Há eunucos que se castraram a si

mesmos, por causa do reino dos céus”?

-Almas existem que, para obterem as sagradas realizações de Deus em si

próprias, entrega-se a labores de renúncia, em existência de santificada abnegação.

Nesse mister, é comum abdicarem transitoriamente as ligações humanas, de

modo a acrisolarem os sés afetos e sentimentos em vidas de ascetismo e de longas

disciplinas materiais.

Quase sempre, os que na Terra se fazem eunucos para os reinos do céu, agem

de acordo com os dispositivos sagrados de missões redentoras, nas quais, pelo

sacrifício e pela dedicação, se redimem entes amados ou a alma gêmea da sua,

exilados nos caminhos expiatórios. Numerosos Espíritos recebem de Jesus permissão

para esse gênero de esforços santificantes, porquanto, nessa tarefa, os que se fazem

eunucos, pelos reinos do céu, precipitam os processos de redenção do ser ou dos seres

amados, submersos nas provas e, simultaneamente, pela sua condição de envolvidos,

podem ser mais facilmente transformados, na Terra, em instrumentos da verdade e do

bem, redundando o seu trabalho em benefícios inestimáveis para os entes queridos,

para a coletividade e para si próprios.

Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Digitado por: Lúcia Aydir.

PERDÃO

Emmanuel

332 – Perdoar e não perdoar significa absolver e condenar?

-Nas mais expressivas lições de Jesus, não existem, propriamente as

condenações implícitas ao sofrimento eterno, como quiseram os inventores de um

inferno mitológico.

Os ensinos evangélicos referem-se ao perdão ou à sua ausência.

Que se faz ao mal devedor a quem já se tolerou muitas vezes? Não havendo

mais solução para as dívidas que se multiplicam, esse homem é obrigado a pagar.

É que se verifica com as almas humanas, cujos débitos, no tribunal da justiça

divina, são resgatados nas reencarnações, de cujo círculo vicioso poderão afastar-se,

cedo ou tarde, pelo esforço no trabalho e boa-vontade no pagamento.

333 –Na lei divina, há perdão sem arrependimento?

-A lei divina é uma só, isto é, a do amor que abrange todas as coisas e todas as

criaturas do Universo ilimitado.

A concessão paternal de Deus, no que se refere à reencarnação para a sagrada

oportunidade de uma nova experiência, já significa, em si, o perdão ou a

magnanimidade da Lei. Todavia, essa oportunidade só é concedida quando o Espírito

deseja regenerar-se e renovar seus valores íntimos pelo esforço nos trabalhos

santificantes.

Eis por que a boa-vontade de cada um é sempre o arrependimento que a

Providência Divina aproveita em favor do aperfeiçoamento individual e coletivo, na

marcha dos seres para as culminâncias da evolução espiritual.

334 –Antes de perdoarmos a alguém, é conveniente o esclarecimento do erro?

-Quem perdoa sinceramente, fá-lo sem condições e olvida a falta no mais

íntimo do coração; todavia, a boa palavra é sempre útil e a ponderação fraterna é

sempre um elemento de luz, clarificando o caminho das almas.

335 –Quando alguém perdoa, deverá mostrar a superioridade de seus sentimentos

para que o culpado seja levado a arrepender-se da falta cometida?

-O perdão sincero é filho espontâneo do amor e, como tal, não exige

reconhecimento de qualquer natureza.

336 –O culpado arrependido pode receber da justiça divina o direito de não passar por

determinadas provas?

-A oportunidade de resgatar a culpa já constitui em sai mesma, um ato de

misericórdia divina, e, daí, o considerarmos o trabalho e o esforço próprio como a luz

maravilhosa da vida.

Entendendo, todavia, a questão à generalidade das provas; devemos concluir

ainda, com o ensinamento de Jesus, que “o amor cobre a multidão dos pecados”,

traçando a linha reta da vida para as criaturas e representando a única força que anula

as exigências da lei de talião, dentro do Universo infinito.

337 – “Concilia-te depressa com o teu adversário” – Essa é a palavra do Evangelho,

mas se o adversário não estiver de acordo como bom desejo de fraternidade, como

efetuar semelhante conciliação?

-Cumpra cada qual o seu dever evangélico, buscando o adversário para a

reconciliação precisa, olvidando a ofensa recebida. Perseverando a atitude rancorosa

daquele, seja a questão esquecida pela fraternidade sincera, porque o propósito de

represália, em si mesmo, já constitui numa chaga viva para quanto o conservam no

coração.

338 –Por que teria Jesus aconselhado perdoar “setenta vezes sete?”.

-A Terra é um plano de experiências e resgates por vezes bastante penosos, e

aquele que se sinta ofendido por alguém, não deve esquecer que ele próprio pode

também errar setenta vezes sete.

339 –Em se falando de perdão, poderemos ser esclarecidos quanto à natureza do ódio?

-O ódio pode traduzir-se nas chamadas aversões instintivas, dentro das quais

há muito de animalidade, que cada homem alijará de si, com os valores da autoeducação,

a fim de que o seu entendimento seja elevado a uma condição superior.

Todavia, na maior parte das vezes, o ódio é o gérmem do amor que foi

sufocado e desvirtuado por um coração sem Evangelho. As grandes expressões

afetivas convertidas nas paixões desorientadas, sem compreensão legítima do amor

sublime, incendeiam-se no íntimo, por vezes, no instante das tempestades morais da

vida, deixando atrás de si as expressões amargas do ódio, como carvões que

enegrecem a alma.

Só a evangelização do homem espiritual poderá conduzir as criaturas a um

plano superior de compreensão, de modo a que jamais as energias afetivas se

convertam em forças destruidoras do coração.

340 –Perdão e esquecimento devem significar a mesma coisa?

-Para a convenção do mundo, o perdão significa renunciar à vingança, sem que

o ofendido precise olvidar plenamente a falta do seu irmão; entretanto, para o espírito

evangelizado, perdão e esquecimento devem caminhar juntos, embora prevaleça para

todos os instantes da existência a necessidade de oração e vigilância.

Aliás, a própria lei da reencarnação nos ensina que só o esquecimento do

passado pode preparar a alvorada da redenção.

341 –Os Espíritos de nossa convivência, na Terra, e que partem para o Além, sem

experimentar a luz do perdão, podem sofrer com as nossas opiniões acusatórias,

relativamente aos atos de sua vida?

-A entidade desencarnada, muito sofre com o juízo ingrato ou precipitado que,

a seu respeito, se formula no mundo.

Imaginai-vos recebendo o julgamento de um irmão de humanidade e avaliai

como desejaríeis a lembrança daquilo que possuís de bom, a fim de que o mal não

prevaleça em vossa estrada, sufocando-vos as melhores esperanças de regeneração.

Em lembrando aquele que vos precedeu no túmulo, tende compaixão dos que

erraram e sedes fraternos.

Rememorar o bem é dar vida à felicidade. Esquecer o erro é exterminar o mal.

Além de tudo, não devemos esquecer de que seremos julgados pela mesma medida

com que julgarmos.

Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Digitado por: Lúcia Aydir.

FRATERNIDADE

Emmanuel

342 –A resposta de Jesus aos seus discípulos – “Quem é minha mãe e quem são os

meus irmãos”, é um incitamento à edificação da fraternidade universal?

-O Senhor referia-se à precariedade dos laços de sangue, estabelecendo a

fórmula do amor, a qual não deve estar circunscrita ao ambiente particular, mas ligada

ao ambiente universal, em cujas estradas deveremos observar e ajudar,

fraternalmente, a todos os necessitados, desde os aparentemente mais felizes, aos

mais desvalidos da sorte.

343 –Nas leis da fraternidade, como reconhecer na Terra, o Espírito em missão?

-Precisamos considerar que o Espírito em missão experimenta, igualmente; as

suas provas no trabalho a realizar, com a diferença de permanecer menos acessível ao

efeito dos sofrimentos humanos, pela condição de superioridade espiritual.

Podereis, todavia, identificar a missão da alma pelos atos e palavras, na

exemplificação e no ensino da tarefa que foi chamada a cumprir, porque um emissário

de amor deixa em todos os seus passos o luminoso selo do bem.

344 –O “amar ao próximo” deve ser levado até mesmo à sujeição, às ousadias e

brutalidades das criaturas menos educadas na lição evangélica, sendo que o ofendido

deve tolera-lo humildemente, sem o direito de esclarece-las, relativamente aos seus

erros?

-O amor ao próximo inclui o esclarecimento fraterno, a todo tempo em que se

faça útil e necessário. A sujeição passiva ao atrevimento ou à grosseria pode dilatar os

processos da força e da agressividade; mas, ao receber as suas manifestações, saiba o

crente pulveriza-las com o máximo de serenidade e bom senso, a fim de que sejam

exterminada em sua fonte de origem, sem possibilidades de renovação.

Esclarecer é também amar.

Toda a questão reside em bem sabermos explicar, sem expressões de

personalismo prejudicial, ainda que com a maior contribuição de energia, para que o

erro ou o desvio do bem não prevaleça.

Quanto aos processos de esclarecimentos, devem eles dispensar, em qualquer

tempo e situação, o concurso da força física, sendo justo que demonstrem as nuanças

de energia, requeridas pelas circunstâncias, variando, desse modo, de conformidade

com os acontecimentos e com fundamento invariável no bem geral.

345 –O preceito evangélico – “se alguém te bater numa face, apresenta-lhe a outra” –

deve ser observado pelo cristão, mesmo quando seja vítima de agressão corporal não

provocada?

-O homem terrestre, com as suas taras seculares, tem inventado numerosos

recursos humanos para justificar a chamada “legítima defesa”, mas a realidade é que

toda a defesa da criatura está em Deus.

Somos de parecer que, agindo o homem com a chave da fraternidade cristã,

pode-se extinguir o fermento da agressão, com a luz do bem e da serenidade moral.

Acreditando, contudo, no fracasso de todas as tentativas pacificas, o cristão

sincero, na sua feição individual, nunca deverá cair ao nível do agressor, sabendo

estabelecer, em todas as circunstâncias, a diferença entre os seus valores morais e os

instintos animalizados da violência física.

346 –Nas lutas da vida, como levar a fraternidade evangélica àqueles que mais

estimamos, se, por vezes, nosso esforço pode ser mal interpretado, conduzindo-nos a

situações mais penosas?

-De conformidade com os desígnios evangélicos, compete-nos esclarecer os

nossos semelhantes com amor fraternais, em todas as circunstâncias desagradáveis da

existência, como desejaríamos ser assistidos, irmãemente, em situação idêntica dos

que se encontram sem tranqüilidade; mas, se o atrito dos instintos animalizados

prevalece naqueles a quem mais desejamos serenidade e paz, convém deixar-lhes as

energias, depois de nossos esforços supremos em trabalho de purificação, na violência

que escolheram, até que possam experimentar a serenidade mental imprescindível

para se beneficiarem com as manifestações afetuosas do amor e da verdade.

347 –A Terra é escola de fraternidade, ou penitenciária de regeneração?

-A Terra deve ser considerada escola de fraternidade para o aperfeiçoamento e

regeneração dos Espíritos encarnados.

As almas que ai se encontram em tarefas purificadoras, muitas vezes colimam o

resgate de dívidas assaz penosas. Daí o motivo de a maioria encontrar sabor amargo

nos trabalhos do mundo, que se lhes afigura rude penitenciária, cheia de gemidos e de

aflições.

A verdade incontestável é que os aspectos divinos da Natureza serão sempre

magníficos e luminosos; porém, cada espírito os verá pelo prisma do seu coração. Mas,

na dor como na alegria, no trabalho feliz como na experiência escabrosa, todas as

criaturas deverão considerar a reencarnação um processo de sublime aprendizado

fraternal, concedido por Deus aos seus filhos, no caminho do progresso e da redenção.

348 –Onde a causa da indiferença dos homens pela fraternidade sincera, observandose

que há geralmente em todos grandes entusiasmos pela hegemonia material de seus

grupos, suas cidades, clubes e agremiações onde se verifique a evidência pessoal?

-É que as criaturas, de um modo geral, ainda têm muito da tribo, encontrandose

encarcerados nos instintos propriamente humanos, na luta das posições e das

aquisições, dentro de um egoísmo quase feroz, como se guardassem consigo,

indefinidamente, as heranças da vida animal. Todavia; é preciso recordar que, após a

eclosão desses entusiasmos, há sempre o gosto amargo da inutilidade no íntimo dos

espíritos desiludidos da precária hegemonia do mundo, instante esse em que a alma

experimenta a dilatação de suas tendências profundas para o “mais alto”. Nessa hora,

a fraternidade conquista uma nova expressão no íntimo da criatura, a fim de que o

Espírito possa alçar o grande vôo para os mais gloriosos destinos.

349 –Fraternidade e igualdade podem, na Terra, merecer um só conceito?

-Já observamos que o conceito igualitário absoluto é impossível no mundo,

dada a heterogeneidade das tendências, sentimentos e posições evolutivas no círculo

da individualidade. A fraternidade, porém, é a lei da assistência mútua e da

solidariedade comum, sem a qual todo progresso, no planeta, seria praticamente

impossível.

350 –Pode a fraternidade manifestar-se sem a abnegação?

-Fraternidade pode traduzir-se por cooperação sincera e legítima, em todos os

trabalhos da vida, e, em toda cooperação verdadeira, o personalismo não pode

subsistir, salientando-se que quem coopera cede sempre alguma coisa de si mesmo,

dando o testemunho de abnegação, sem a qual a fraternidade não se manifestaria no

mundo, de modo algum.

351 –Como entender o “amor a nós mesmos”, segundo a fórmula do Evangelho?

-O amor a nós mesmos deve ser interpretado como a necessidade de oração e

de vigilância, que todos os homens são obrigados a observar.

Amar a nós mesmos não será a vulgarização de uma nova teoria de autoadoração.

Para nós outros, a egolatria já teve o seu fim, porque o nosso problema é de

iluminação íntima, na marcha para Deus. Esse amor, portanto, deve traduzir-se em

esforço próprio, em auto-educação, em observação do dever, em obediência às leis de

realização e de trabalho, em perseverança na fé, em desejo sincero de aprender com o

único Mestre, que é Jesus-Cristo.

Quem se ilumina, cumpre a missão da luz sobre a Terra. E a luz não necessita

de outros processos para revelar a verdade, senão o de irradiar espontaneamente o

tesouro de si mesma.

Necessitamos encarar essa nova fórmula de amor a nós mesmos, conscientes

de que todo bem conseguido por nós, em proveito do próximo, não é senão o bem de

nossa própria alma, em virtude da realidade de uma só lei, que é a do amor, e um só

dispensador dos bens, que é Deus.

Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Digitado por: Lúcia Aydir.

IV

ESPIRITISMO

Emmanuel

352 – Devemos reconhecer no Espiritismo o Cristianismo Redivivo?

-O Espiritismo evangélico é o Consolador prometido por Jesus, que, pela voz

dos seres redimidos, espalham as luzes divinas por toda a Terra, restabelecendo a

verdade e levantando o véu que cobre os ensinamentos na sua feição de Cristianismo

redivivo, a fim de que os homens despertem para a era grandiosa da compreensão

espiritual com o Cristo.

353 –O espiritismo veio ao mundo para substituir as outras crenças?

-O Consolador, como Jesus, terá de afirmar igualmente: - “Eu não vim destruir

a Lei”.

O Espiritismo não pode guardar a pretensão de exterminar as outras crenças,

parcelas da verdade que a sua doutrina representa, mas, sim, trabalhar para

transforma-las, elevando-lhes as concepções antigas para o clarão da verdade

imoralista.

A missão do Consolador tem que se verificar junto das almas e não ao lado das

gloriolas efêmeras dos triunfos materiais. Esclarecendo o erro religioso, onde quer que

se encontre, e revelando a verdadeira luz, pelos atos e pelos ensinamentos, o

espiritista sincero, enriquecendo os valores da fé, representa o operário da

regeneração do Templo do Senhor, onde os homens se agrupam em vários

departamentos, ante altares diversos, mas onde existe um só Mestre, que é Jesus-

Cristo.

354 –Poder-se-á definir o que é ter fé?

-Ter fé é guardar no coração a luminosa certeza em Deus, certeza que

ultrapassou o âmbito da crença religiosa, fazendo o coração repousar numa energia

constante de realização divina da personalidade.

Conseguir a fé é alcançar a possibilidade de não mais dizer “eu creio”, mas

afirmar “eu sei”, com todos os valores da razão tocados pela luz do sentimento. Essa

fé não pode estagnar em nenhuma circunstância da vida e sabe trabalhar sempre,

intensificando a amplitude de sua iluminação, pela dor ou pela responsabilidade, pelo

esforço e pelo dever cumprido.

Traduzindo a certeza na assistência de Deus, ela exprime a confiança que sabe

enfrentar todas as lutas e problemas, com a luz divina no coração, e significa a

humildade redentora que edifica no íntimo do espírito a disposição sincera do discípulo,

relativamente ao “faça-se no escravo a vontade do Senhor”.

355 –Será fé acreditar sem raciocínio?

-Acreditar é uma expressão de crença, dentro da qual os legítimos valores da fé

em si mesma. Admitir as afirmativas mais estranhas, sem um exame minucioso, é

caminhar para o desfiladeiro do absurdo, onde os fantasmas dogmáticos conduzem as

criaturas a todos os despautérios. Mas também interferir nos problemas essenciais da

vida, sem que a razão esteja iluminada pelo sentimento, é buscar o mesmo declive

onde os fantasmas impiedosos da negação conduzem as almas a muitos crimes.

356 –A dúvida racionada, no coração sincero, é uma base para a fé?

-Toda dúvida que se manifesta na alma cheia de boa-vontade, que não se

precipita em definições apriorísticas dentro de sua sinceridade, ou que não busca a

malícia para contribuir em suas cogitações, é um elemento benéfico para a alma, na

marcha da inteligência e do coração rumo à luz sublimada da fé.

357 –É justa a preocupação dominante em muitos estudiosos do Espiritismo, pelas

revelações do plano superior, a título de enriquecimento da fé?

-Toda curiosidade sadia é natural. O homem, no entanto, deve compreender

que a solução desses problemas lhe chegará naturalmente, depois de resolvida a sua

situação de devedor ante os seus semelhantes, fazendo-se, então, credor das

revelações divinas.

358 –Para os Espíritos desencarnados, que já adquiriram muitos valores em matéria de

fé, qual o melhor bem da vida humana?

-A vida humana, nas suas características de trabalho pela redenção espiritual,

apresenta muitos bens preciosos aos nossos olhos, na sequência das lutas, esforços e

sacrifícios de cada espírito. Para nós outros, porém, o tesouro maior da existência

terrestre reside na consciência reta e pura, iluminada pela fé e edificada no

cumprimento de todos os deveres mais elevados.

359 –Nas cogitações da fé, o Espírito encarnado deve restringir suas divagações ao

limite necessário às suas experiências na Terra?

-Pelo menos, é justo que somente cogite das expressões transcendentes ao seu

meio, depois de realizar todo o esforço de iluminação que o mundo lhe pode

proporcionar nos seus processos de depuração e aperfeiçoamento.

360 –Qual deve ser a ação do espiritista em face dos dogmas religiosos?

-Os novos discípulos do Evangelho devem compreender que os dogmas

passaram. E as religiões literalistas, que os construíram, sempre o fizeram

simplesmente em obediência a disposições políticas, no governo das massas.

Dentro das novas expressões evolutivas, porém, os espiritistas devem evitar as

expressões dogmáticas, compreendendo que a Doutrina é progressiva, esquivando-se

a qualquer pretensão de infalibilidade, em face da grandeza inultrapassável do

Evangelho.

361 –Na propaganda da fé, é justo que os espíritas ou os médiuns estejam

preocupados em converter aos princípios da Doutrina os homens de posição destacada

no mundo, como os juízes, os médicos, os professores, os literatos, os políticos, etc.?

-Os espiritistas cristãos devem pensar muito na iluminação de si mesmos, antes

de qualquer prurido, no intuito de converter os outros.

E, ao tratar-se dos homens destacados no convencionalismo terrestre, esse

cuidado deve ser ainda maior, porquanto há no mundo um conceito soberano de

“força” para todas as criaturas que se encontram nos embates espirituais para a

obtenção dos títulos de progresso. Essa “força” viverá entre os homens até que as

almas humanas se compenetrem da necessidade do reino de Jesus em seu coração,

trabalhando por sua realização plena. Os homens do poder temporal, com exceções,

muitas vezes aceitam somente os postulados que a “força” sanciona ou os princípios

com que a mesma concorda. Enceguecidos temporariamente pelos véus da vaidade e

da fantasia, que a “força” lhes proporciona, faz-se mister deixa-los em liberdade nas

suas experiências. Dia virá em que brilharão na Terra os eternos direitos da verdade e

do bem, anulando essa “força” transitória. Ainda aqui, tendes o exemplo do Divino

Mestre para todos os tempos, não teve a preocupação de converter ao Evangelho os

Pilatos e os Ãntipas do seu tempo.

Além do mais, o Espiritismo, na sua feição de Cristianismo redivivo, não deve

nutrir a pretensão de disputar um lugar no banquete dos Estados do mundo, quando

sabe muito bem que a sua missão divina há de cumprir-se junto das almas, nos

legítimos fundamentos do Reino de Jesus.

Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Digitado por: Lúcia Aydir.

PROSÉLITOS

Emmanuel

362 –Poderemos receber um novo ensino sobre os deveres que competem aos

espiritistas?

-Não devemos especificar os deveres do espiritista cristão, porque palavra

alguma poderá superar a exemplificação do Cristo, que todo discípulo deve tomar

como roteiro da sua vida.

Que o espiritista, nas suas atividades comuns, dispense o máximo de

indulgência para com os seus semelhantes, sem nenhuma para consigo mesmo,

porque antes de cogitar da iluminação dos outros, deverá buscar a iluminação de si

mesmo, no cumprimento de suas obrigações.

363 –Como se justifica a existência de certas lutas antifraternas dentro dos grupos

espiritistas?

-OS agrupamentos espiritistas necessitam entender que o seu aparelhamento

não pode ser análogo ao das associações propriamente humanas.

Um grêmio espírita-cristão deve ter, mais que tudo, a característica familiar,

onde o amor e a simplicidade figurem na manifestação de todos os sentimentos.

Em uma entidade doutrinária, quando surgem as dissensões e lutas internas,

revelando partidarismos e hostilidades, é sinal de ausência do Evangelho nos corações,

demonstrando-se pelo excesso de material humano e pressagiando o naufrágio das

intenções mais generosas.

Nesses núcleos de estudo, nenhuma realização se fará sem fraternidade e

humildade legítimas, sendo imprescindível que todos os companheiros entre si, vigiem

na boa-vontade e na sinceridade, a fim de não transformarem a excelência do seu

patrimônio espiritual numa reprodução dos conventículos católicos, inutilizados pela

intriga e pelo fingimento.

364 –O espiritista para evoluir na Doutrina necessita estudar e meditar por si mesmo,

ou será suficiente frequentar as organizações doutrinárias, esperando a palavra dos

guias?

-É indispensável a cada um o esforço próprio no estudo, meditação, cultivo e

aplicação da Doutrina, em toda a intimidade de sua vida.

A frequência às sessões ou o fato de presenciar esse ou aquele fenômeno,

aceitando-lhe a veracidade, não traduz aquisição de conhecimentos.

Um guia espiritual pode ser um bom amigo, mas nunca poderá desempenhar os

vossos deveres próprios, nem vos arrancar das provas e das experiências

imprescindíveis à vossa iluminação.

Daí surge a necessidade de vos preparardes individualmente, na Doutrina, para

viverdes tais experiências com dignidade espiritual, no instante oportuno.

365 –Como deveremos receber os ataques da crítica?

-Os espiritistas devem receber a crítica dos campos de opinião contrária, como

máximo de serenidade moral, reconhecendo-lhe a utilidade essencial.

Essas críticas se apresentam, quase sempre, com finalidade preciosa, qual a de

selecionar, naturalmente as contribuições da propaganda doutrinária, afastando os

elementos perturbadores e confusos, e valorizando a cooperação legítima e sincera,

porque todo ataque à verdade pura serve apenas para destacar e exaltar essa mesma

verdade.

366 –Como deverá agir o espírita sincero, quando encontre perante certas

extravagâncias doutrinárias?

-À luz da fraternidade pura, jamais neguemos o concurso da boa palavra e da

contribuição direta, sempre que oportuno, em benefício do esclarecimento de todos,

guardando, todavia, o cuidado de nunca transigir com os verdadeiros princípios

evangélicos, sem, contudo ferir os sentimentos das pessoas. E se as pessoas

perseverarem na incompreensão, cuide cada trabalhador da sua tarefa, porque Jesus

afirmou que o trigo cresceria ao lado do joio, em sua seara santa, mas Ele, o

Cultivador da Verdade Divina, saberia escolher o bom grão na época da ceifa.

367 –É justo que, a propósito de tudo, busque o espiritista tanger os assuntos do

Espiritismo nas suas conversações comuns?

-O crente sincero precisa compenetrar-se da oportunidade, no tempo e no

ambiente, com relação aos assuntos doutrinários, porquanto, qualquer inconsideração

nesse particular, pode conduzir a fanatismo detestável, sem nenhum caráter

construtivo.

De modo algum se deverá provocar as manifestações mediúnicas, cuja

legitimidade reside nas suas características de espontaneidade, mesmo porque o

programa espiritual das sessões está com os mentores que as orientam do plano

invisível, exigindo-se de cada estudioso a mais elevada porcentagem de esforço

próprio na aquisição do conhecimento, porquanto o plano espiritual distribuirá sempre,

de acordo com as necessidades e os méritos de cada um. Forçar o fenômeno

mediúnico é tisnar uma fonte de água pura com a vasa das paixões egoísticas da

Terra, ou com as suas injustificáveis inquietações.

369 –É aconselhável a evocação direta de determinados Espíritos?

-Não somos dos que aconselham a evocação direta e pessoal, em caso algum.

Se essa evocação é passível de êxito, sua exequilibilidade somente pode ser

examinada no plano espiritual. Daí a necessidade de sermos espontâneos, porquanto,

no complexo dos fenômenos espiríticos, a solução de muitas incógnitas espera o

avanço moral dos aprendizes sinceros da Doutrina. O estudioso bem-intencionado,

portanto, deve pedir sem exigir, orar sem reclamar, observar sem pressa,

considerando que a esfera espiritual lhe conhece os méritos e retribuirá os seus

esforços de acordo com a necessidade de sua posição evolutiva e segundo o

merecimento do seu coração.

Podereis objetar que Allan Kardec se interessou pela evocação direta,

procedendo a realizações dessa natureza, mas precisamos ponderar, no seu esforço, a

tarefa excepcional do Codificador, aliada a necessidade de méritos ainda distantes da

esfera de atividade dos aprendizes comuns.

370 –Seria lícito investigarmos, com os Espíritos amigos, as nossas vidas passadas?

Essas revelações, quando ocorrem, traduzem responsabilidade para os que as

recebem?

-Se estais submersos em esquecimento temporário, esse olvido é indispensável

à valorização de vossas iniciativas. Não deveis provocar esse gênero de revelações,

porquanto os amigos espirituais conhecem melhores as vossas necessidades e poderão

provê-las em tempo oportuno, sem quebrar o preceito da espontaneidade exigida para

esse fim.

O conhecimento do pretérito, através das revelações ou das lembranças, chega

sempre que a criatura se faz credora de um benefício como esse, o qual se faz

acompanhar, por sua vez, de responsabilidades muito grandes no plano do

conhecimento; tanto assim que, para muitos, essas reminiscências costumam

constituir um privilégio doloroso, no ambiente das inquietações e ilusões da Terra.

371 –Devem ser intensificadas no Espiritismo as sessões de fenômenos mediúnicos?

-São muito poucos ainda, os núcleos espiritistas que se podem entregar à

prática mediúnica com plena consciência do serviço que têm em mãos; motivo por que

é aconselhável a intensificação das reuniões de leitura, meditação e comentário geral

para as ilações morais imprescindíveis no aparelhamento doutrinário, a fim de que

numerosos centros bem-intencionados não venham a cair no desânimo ou na

incompreensão, por cauda de um prematuro comércio com as energias do plano

invisível.

Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Digitado por: Lúcia Aydir.

PRÁTICA

Emmanuel

372 –Como deveremos entender a sessão espírita?

-A sessão espírita deveria ser, em toda parte, uma cópia fiel do cenáculo

fraterno, simples e humilde do Tiberíades, onde o Evangelho do Senhor fosse refletido

em espírito e verdade, sem qualquer convenção do mundo, de modo que, entrelaçados

todos os pensamentos na mesma finalidade amorosa e sincera, pudesse a assembléia

constituir aquela reunião de dois ou mais corações em nome do Cristo, onde o esforço

dos discípulos será sempre santificado pela presença do seu amor.

373 –Como deve ser conduzida uma sessão espírita, de sua abertura ao

encerramento?

-Nesse sentido, há que considerar a excelência da codificação kardequiana;

contudo, será sempre útil a lembrança de que as reuniões doutrinárias devem observar

o máximo de simplicidade, como as assembléias humildes e sinceras do Cristianismo

primitivo, abstendo-se de qualquer expressão que apele mais para os sentidos

materiais que para a alma profunda, a grande esquecida de todos os tempos da

Humanidade.

374 –Nas sessões, os dirigentes e os médiuns têm uma tarefa definida e diferente

entre si?

-Nas reuniões doutrinárias, os papéis do orientador e do instrumento

mediúnicos devem estar sempre identificados na mesma expressão de fraternidade e

de amor, acima de tudo; mas, existem características a assinalar, para que os serviços

espirituais produzam os mais elevados efeitos, salientando-se que os dirigentes das

sessões devem ser o raciocínio e a lógica, enquanto o médium deve representar a

fonte de água pura do sentimento. É por isso que, nas reuniões onde os orientadores

não cogitam da lógica e onde os médiuns não possuem fé e desprendimento, a boa

tarefa é impossível, porque a confusão natural estabelecerá a esterilidade no campo

dos corações.

375 –Os agrupamentos espiritistas podem ser organizados sem a contribuição dos

médiuns?

-Nas reuniões doutrinárias, os médiuns são úteis, mas não indispensáveis,

porque somos obrigados a ponderar que todos os homens são médiuns, ainda mesmo

sem tarefas definidas, nesse particular, podendo cada qual sentir e interpretar, no

plano intuitivo, a palavra amorosa e sábia de seus guias espirituais, no imo da

consciência.

376 –Há estudiosos da Doutrina que se afastam das reuniões, quando as mesmas não

apresentam fenômenos. Como se deve proceder para com eles?

-Os que assim procedem testemunham, por si mesmo, plena inabilitação para o

verdadeiro trabalho do Espiritismo sincero. Se preferirem as emoções transitórias dos

nervos ao serviço da auto-iluminação, é melhor que se afastem temporariamente dos

estudos sérios da Doutrina, antes de assumirem qualquer compromisso. A

compreensão do Espiritismo ainda não está bastante desenvolvida em seu mundo

interior, e é justo que prossigam em experiências para alcança-la.

O êxito dos esforços do plano espiritual, em favor do Cristianismo redivivo, não

depende da quantidade de homens que o busquem, mas da qualidade dos trabalhos

que militam em suas fileiras.

378 –Por que motivo à doutrinação e a evangelização nas reuniões espiritistas

beneficiam igualmente os desencarnados, se a estes seria mais justo o aproveitamento

das lições recebidas no plano espiritual?

-Grande número de almas desencarnadas nas ilusões da vida física, guardadas

quase que integralmente no íntimo, conservam-se, por algum tempo, incapazes de

aprender as vibrações; do plano espiritual superior, sendo conduzidas por seus guias e

amigos redimidos às reuniões fraternas do Espiritismo evangélico, onde, sob as vistas

amoráveis desses mesmos mentores do plano invisível, se processam os dispositivos

da lei de cooperação e benefícios mútuos, que rege os fenômenos da vida nos dois

planos.

379 –Como deverá agir o estudioso para identificar as entidades que se comunicam?

-Os Espíritos que se revelam, através das organizações mediúnicas, devem ser

identificados por suas idéias e pela essência espiritual de suas palavras.

Determinados médiuns, com tarefas especializadas podem ser auxiliares

preciosos à identificação pessoal, seja no fenômeno literário, nas equações da ciência,

ou satisfazendo a certos requisitos da investigação; todavia, essa não é a regra geral,

salientando-se que as entidades espirituais, muitas vezes, não encontram senão um

material deficiente que as obriga tão-só ao indispensável, no que se refere à

comunicação.

Devemos entender, contudo, que a linguagem do Espírito é universal, pelos fios

invisíveis do pensamento, o que, aliás, não invalida a necessidade de um estudo atento

acerca de todas as idéias lançadas nas mensagens, guardando-se muito cuidado no

capítulo dos nomes ilustres que porventura as subscrevem.

Nas manifestações de toda natureza, porém, o crente ou o estudioso do

problema da identificação, não pode dispensar aquele sentido espiritual de observação

que lhe falará sempre no imo da consciência.

380 –É justo que o espiritista, depois de sofrer pela morte a separação de um ente

amado, provoque a comunicação dele nas sessões medianímicas?

-O espiritista sincero deve buscar o conforto moral, em tais casos, na própria fé

que lhe deve edificar intimamente o coração.

Não é justo provocar ou forçar a comunicação com esse ou aquele

desencarnado. Além de não conhecerdes as possibilidades de sua nova condição na

esfera espiritual; deveis atender ao problema dos vossos méritos.

O homem pode desejar isso ou aquilo, mas há uma Providência que dispõe no

assunto, examinando o mérito de quem pede e a utilidade da concessão.

Qualquer comunicado com o Invisível deve ser espontâneo, e o espiritista

cristão deve encontrar na sua fé o mais alto recurso de cessação do egoísmo humano,

ponderando quanto à necessidade de repouso daqueles a quem amou, e esperando a

sua palavra direta, quando e como julguem os mentores espirituais convenientes e

oportunos.

381 –Muita gente procura o Espiritismo, queixando-se de perseguições do Invisível. Os

que reclamam contra essas perturbações estão, de algum modo, abandonados se seus

guias espirituais?

-A proteção da Providência Divina estende-a a todas as criaturas.

A perseguição de entidades sofredoras e perturbadas justifica-se no quadro das

provações redentoras, mas, os que reclamam contra o assédio das forças inferiores

dos planos adstritos ao orbe terrestre, devem consultar o próprio coração antes de

formularem as suas queixas, de modo a observar se o Espírito perturbador não está

neles mesmos.

Há obsessores terríveis do homem, denominados “orgulho”, “vaidade”,

“preguiça”, “avareza”, “ignorância” ou “má-vontade”, e convém examinar se não se é

vítima dessas energias perversoras que, muitas vezes, habitam o coração da criatura,

enceguecendo-a para a compreensão da luz de Deus. Contra esses elementos

destruidores faz-se preciso um novo gênero de preces, que se constitui de trabalho, fé,

esforço e boa -vontade.

Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Digitado por: Lúcia Aydir.

V

MEDIUNIDADE

Emmanuel

DESENVOLVIMENTO

382- Qual a verdadeira definição da mediunidade?

-A mediunidade é aquela luz eu seria derramada sobre toda carne e prometida

pelo Divino Mestre aos tempos do Consolador, atualmente em curso na Terra.

A missão mediúnica se tem os seus percalços e as suas lutas dolorosas, é uma

das mais belas oportunidades de progresso e de redenção concedidas por Deus aos

seus filhos misérrimos.

Sendo luz que brilha na carne, a mediunidade é atributo do Espírito, patrimônio

da alma imortal, elemento renovador da posição moral da criatura terrena,

enriquecendo todos os seus valores no capítulo da virtude e da inteligência, sempre

que se encontre ligada aos princípios evangélicos na sua trajetória pela face do mundo.

383 –É justo considerarmos todos os homens como médiuns?

-Todos os homens têm o seu grau de mediunidade, nas mais variadas posições

evolutivas, e esse atributo do espírito representa, ainda, a alvorada de novas

percepções para o homem do futuro, quando, pelo avanço da mentalidade do mundo,

as criaturas humanas verão alargar-se a janela acanhada dos seus cinco sentidos.

Na atualidade, porém, temos de reconhecer que no campo imenso das

potencialidades psíquicas do homem existem os médiuns com tarefa definida,

precursores das novas aquisições humanas. É certo que essas tarefas reclamam

sacrifícios e se constituem, muitas vezes, de provações ásperas; todavia, se o operário

busca a substância evangélica para a execução de seus deveres, é ele o trabalhador

que faz jus ao acréscimo de misericórdia prometido pelo Mestre a todos os discípulos

de boa-vontade.

384 –Dever-se-á provocar o desenvolvimento da mediunidade?

-Ninguém deverá forçar o desenvolvimento dessa ou daquela faculdade,

porque, nesse terreno, toda a espontaneidade é necessária; observando-se, contudo, a

floração mediúnica espontânea, nas expressões mais simples, deve-se aceitar o evento

com as melhores disposições de trabalho e boa-vontade, seja essa possibilidade

psíquica a mais humilde de todas.

A mediunidade não deve ser fruto de precipitação nesse ou naquele setor da

atividade doutrinária, porquanto, em tal assunto, toda a espontaneidade é

indispensável, considerando-se que as tarefas mediúnicas são dirigidas pelos mentores

do plano espiritual.

385 –A mulher ou o homem, em particular, possuem disposições especiais para o

desenvolvimento mediúnico?

-No capítulo do mediunismo não existem propriamente privilégios para os que

se encontram em determinada situação; porém, vence nos seu labores quem detiver a

maior porcentagem de sentimento. E a mulher, pela evolução de sua sensibilidade em

todos os climas e situações, através dos tempos, está, na atualidade, em esfera

superior à do homem, para interpretar, com mais precisão o sentido de beleza, as

mensagens dos planos Invisíveis.

386 –Qual a mediunidade mais preciosa para o bom serviço à Doutrina?

-Não existe mediunidade mais preciosa uma que a outra.

Qualquer uma é campo aberto às mais belas realizações espirituais, sendo justo

que o médium, com a tarefa definida se encha de espírito missionário, com dedicação

sincera e fraternidade pura, para que o seu mandato não seja traído na

improdutividade.

387 –Qual a maior necessidade do médium?

-A primeira necessidade do médium é evangelizar-se a si mesmo antes de se

entregas às grandes tarefas doutrinárias, pois, de outro modo poderá esbarrar sempre

com o fantasma do personalismo, em detrimento de sua missão.

388 –Nos trabalhos mediúnicos temos de considerar, igualmente, os imperativos da

especialização?

-O homem do mundo, no círculo de obrigações que lhe competem na vida,

deverá sair da generalidade para produzir o útil e o agradável, nas esferas de suas

possibilidades individuais.

Em mediunidade, devemos submeter-nos aos mesmos princípios. O homem

enciclopédico, em faculdade, ainda não apareceu, senão em gérmem, nas

organizações geniais que raramente surgem na Terra, e temos de considerar que a

mediunidade somente agora começa a aparecer no conjunto de atributos do homem

transcendente.

A especialização na tarefa mediúnica é mais que necessária e somente de sua

compreensão poderá nascer a harmonia na grande obra de vulgarização da verdade a

realizar.

389 –A mediunidade pode ser retirada em determinadas circunstâncias da vida?

-Os atributos medianímicos são como os talentos do Evangelho. Se o patrimônio

divino é desviado de seus fins, o mal servo torna-se indigno da confiança do Senhor da

seara da verdade e do amor. Multiplicados no bem, os talentos mediúnicos crescerão

para Jesus, sob as bênçãos divinas; todavia, se sofrem os insultos do egoísmo; do

orgulho; da vaidade ou da exploração inferior, podem deixar o intermediário do

invisível entre as sombras pesadas do estacionamento, nas mais dolorosas

perspectivas de expiação, em vista do acréscimo de seus débitos irrefletidos.

390 –É justo que um médium confie em si mesmo para a provocação de fenômenos,

organizando trabalhos especiais com o fim de converter os descrentes?

-Onde o médium em tão elevada condição de pureza e merecimento, para

contar com as suas próprias forças na produção desse ou daquele fenômeno? Ninguém

vale, na terra, senão pela expressão da misericórdia divina que o acompanha, e a

sabedoria do plano superior conhece minuciosamente as necessidades e méritos de

cada um. A tentativa de tais trabalhos é um erro grave. Um fenômeno não edifica a fé

sincera, somente conseguida pelo esforço e boa-vontade pessoal na meditação e no

trabalho interior. Os descrentes chegarão à Verdade, algum dia, e a Verdade é Jesus.

Anteciparmo-nos à ação do Mestre não seria testemunho de confusão? Organizar

sessões medianímicas com objetivo de arrebanhar prosélitos é agir com demasiada

leviandade. O que é santo e divino ficaria exposto aos julgamentos precipitados dos

mais ignorantes e ao assalto destruidor dos mais perversos, como se a Verdade de

Jesus fosse objeto de espetáculos, nos picadeiros de um circo.

391 – Os irracionais possuem mediunidade?

-Os irracionais não possuem faculdades mediúnicas propriamente ditas.

Contudo, têm percepções psíquicas embrionárias, condizentes ao seu estado evolutivo,

através das quais podem indiciar as entidades deliberadamente perturbadoras, com

fins inferiores, para estabelecer a perplexidade naqueles que os acompanham em

determinadas circunstâncias.

Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Digitado por: Lúcia Aydir.

PREPARAÇÃO

Emmanuel

392 –Pode contar um médium, de maneira absoluta, com os seus guias espirituais,

dispensando os estudos?

Os mentores de um médium, por mais dedicados e evoluídos, não lhe poderão

tolher a vontade e nem lhe afastar o coração das lutas indispensáveis da vida, em

cujos benefícios todos os homens resgatam o passado delituoso e obscuros,

conquistando méritos novos.

O médium tem obrigação de estudar muito, observar intensamente e trabalhar

em todos os instantes pela sua própria iluminação. Somente desse modo poderá

habilitar-se para o desempenho da tarefa que lhe foi confiada, cooperando eficazmente

com os Espíritos sinceros e devotados ao bem e á verdade.

Se um médium espera muito dos seus guias, é lícito que os seus mentores

espirituais muito esperam do seu esforço. E como todo progresso humano, para ser

continuado, não pode prescindir de suas bases já edificadas no espaço, sempre que

possível, criando o hábito de conviver com o espírito luminoso e benefício dos

instrutores da Humanidade, sob a égide de Jesus, sempre vivo no mundo, através dos

seus livros e da sua exemplificação.

O costume de tudo aguardar de um guia pode transformar-se em vício

detestável, infirmando as possibilidades mais preciosas da alma. Chegando-se a esse

desvirtuamento, atinge-se o declive das mistificações e das extravagâncias

doutrinárias, tornando-se o médium preguiçoso e leviano responsável pelo desvio de

sua tarefa sagrada.

393 –Como entender a obsessão: É prova, inevitável, ou acidente que se possa afastar

facilmente, anulando-se os efeitos?

-A obsessão é sempre uma prova, nunca um acontecimento eventual. No seu

exame, contudo, precisamos considerar os méritos da vítima e a dispensa da

misericórdia divina a todos os que sofrem.

Para atenuar ou afastar os seus efeitos, é imprescindível o sentimento do amor

universal no coração daquele que fala em nome de Jesus. Não bastarão as fórmulas

doutrinárias. É indispensável a dedicação, pela fraternidade mais pura. Os que se

entregam à tarefa da cura das obsessões precisam ponderar, antes de tudo, a

necessidade de iluminação interior do médium perturbado, porquanto na sua educação

espiritual reside a própria cura. Se a execução desse esforço não se efetua, tende

cuidado, porque, então, os efeitos serão extensivos a todos os centros de força

orgânica e psíquica. O obsidiado que entrega o corpo, sem resistência moral, as

entidades ignorantes e perturbadas, é como o artista que entregasse seu violino

precioso a um malfeitor, o qual, um dia, poderá renunciar à posse do instrumento que lhe

não pertence, deixando-o esfacelado, sem que o legítimo, mas imprevidente dono, possa utilizalo

nas finalidades sagradas da vida.

394 –Será sempre útil, para a cura de um obsidiado, a doutrinação do Espírito perturbado, por

parte de um espiritista convicto?

-A cooperação do companheiro vale muito e faz sempre grande bem,

principalmente ao desencarnado; mas a cura completa do médium não depende tão-só

desse recurso, porque, se é fácil, às vezes, o esclarecimento da entidade infeliz e

sofredora, a doutrinação do encarnado é a mais difícil de todas, visto requisitar os

valores do seu sentimento e da sua boa-vontade, sem o que a cura psíquica se torna

inexeqüível.

395 – Pode a obsessão transformar-se em loucura?

-Qualquer obsessão pode transformar-se em loucura, não só quando a lei das

provações assim o exige, como também na hipótese de o obsidiado entregar-se

voluntariamente ao assédio das forças noviças que o cercam, preferindo esse gênero

de experiências.

396 –Tratando-se da necessidade de preparação para a tarefa mediúnica, é justo

acreditarmos na movimentação de fluídos maléficos em prejuízo do próximo?

-É o caso de vos perguntarmos e não haveis movimentação as energias

maléficas, no decurso da vida, contra a vossa própria felicidade.

Num orbe como a Terra, onde a porcentagem de forças inferiores supera quase

que esmagadoramente os valores legítimos do bem, a movimentação de fluídos

maléficos é mais que natural; no entanto, urge ensinar aos que operam, nesse campo

de maldade, que os seus esforços efetuam a sementeira infeliz, cujos espinhos, mais

tarde, se voltarão contra eles próprios, em amargurados choques de retorno, fazendose

mister, igualmente, educar as vítimas de hoje na verdadeira fé em Jesus, de modo

a compreenderem o problema dos méritos na tarefa do mundo.

A aflição do presente pode ser um bem a expressar-se em conquistas preciosas

o futuro, e, se Deus permite a influência dessas energias inferiores, em determinadas

fases da existência terrestre, é que a medida tem sua finalidade profunda, ao serviço

divino da regeneração individual.

397 –Por que razão alguns médiuns parecem sofrer com os fenômenos da

incorporação, enquanto outros manifestam o mesmo fenômeno, naturalmente?

-Nas expressões de mediunismo existem características inerentes a cada

intermediário entre os homens e os desencarnados; entretanto, a falta de naturalidade

do aparelho mediúnico, no instante de exercer suas faculdades, é quase sempre

resultante da falta de educação psíquica.

398 –É natural que, em plenas reuniões de estudo, os médiuns se deixem influenciar

por entidades perturbadoras que costumam quebrar o ritmo de proveitosos e sinceros

trabalhos de educação?

-Tal interferência não é natural e deve ser muito estranhável para todos os

estudiosos de boa-vontade.

Se o médium que se entregou à atuação noviça é insciente dos seus deveres à

luz dos ensinamentos doutrinários, trata-se de um obsidiado que requer o máximo de

contribuição fraterna; mas, se o acontecimento se verifica através de companheiro

portador do conhecimento exato de suas obrigações, no círculo de atividades da

Doutrina, é justo responsabiliza-lo pela perturbação, porque o fato, então, será oriundo

da sua invigilância e imprevidência, em relação aos deveres sagrados que competem a

cada um de nós, no esforço do bem e da verdade.

399 –Quando a opinião irônica ou insultuosa ataca uma expressão da verdade, no

campo mediúnico, é justo buscarmos o apoio dos Espíritos amigos para revidar?

-Vossa inquietação no mundo costuma conduzir-vos a muitos despautérios.

Semelhante solicitação aos desencarnados seria um deles. Os valores de um

campo mediúnico triunfam por si mesmos, pela essência de amor e de verdade, de

consolação e de luz que contenham, e seria injustificável convocar os Espíritos para

discutir com os homens, quando já se demasiam as polêmicas dos estudiosos humanos

entre si.

Além do mais, os que não aceitam a palavra sincera e fraternal dos

mensageiros do plano superior, terão igualmente, de buscar o túmulo algum dia, e é

inútil perder tempo com palavras, quando temos tanto o que fazer no ambiente de

nossas próprias edificações.

400 –Poderá admitir-se que um médium se socorra de outro médium para obter o

amparo dos seus amigos espirituais?

-É justo que um amigo se valha da estima fraternal de um companheiro de

crença, para assuntos de confiança íntima e recíproca, mas, na função mediúnica, o

portador dessa ou daquela faculdade deve buscar em seu próprio valor o elemento de

ligação com os seus mentores do plano invisível, sendo contraproducente procurar

amparo nesse particular, fora das suas próprias possibilidades, porque, de outro modo,

seria repousar numa fé alheia, quando a fé precisa partir do íntimo de cada um, no

mecanismo da vida.

Além do mais, cada médium possui a sua esfera de ação no âmbito que lhe foi

assinalado. Abandonar a própria confiança para valer-se de outrem, seria

sobrecarregar os ombros de um companheiro de luta, esquecendo a cruz redentora

que cada Espírito encarnado deverá carregar em busca da claridade divina.

401 –A mistificação sofrida por um médium significa ausência de amparo dos mentores

do plano espiritual?

-A mistificação experimentada por um médium traz, sempre, uma finalidade

útil, que é a de afasta-lo do amor-próprio, da preguiça no estudo de suas necessidades

próprias, da vaidade pessoal ou dos excessos de confiança em si mesmo.

Os fatos de mistificação não ocorrem à revelia dos seus mentores mais

elevados, que, somente assim, o conduzem à vigilância precisa e às realizações da

humildade e da prudência no seu mundo subjetivo.

402 –Seria justo aceitar remuneração financeira no exercício da mediunidade?

-Quando um médium se resolva a transformar suas faculdades em fonte de

renda material, será melhor esquecer suas possibilidades psíquicas e não se aventurar

pelo terreno delicado dos estudos espirituais.

A remuneração financeira, no trato das questões profundas da alma, estabelece

um comércio criminoso, do qual o médium deverá esperar no futuro os resgates mais

dolorosos.

A mediunidade não é ofício do mundo, e os Espíritos esclarecidos, na verdade e

no bem, conhecem, mais que os seus irmãos de carne, as necessidades dos seus

intermediários.

403 –É razoável que os médiuns cogitem da solução de assuntos materiais junto dos

seus mentores do plano invisível?

-Não se deve esquecer que o campo de atividades materiais é a escola sagrada

dos Espíritos incorporados no orbe terrestre. Se não é possível aos amigos espirituais

quebrarem a lei da liberdade própria de seus irmãos, não é lícito que o médium cogite

da solução de problemas materiais junto dos Espíritos amigos. O mundo é o caminho

no qual a alma deve provar a experiência, testemunhar a fé, desenvolver as

tendências superiores, conhecer o bem, aprender o melhor, enriquecer os dotes

individuais.

O médium que se arrisca a desviar suas faculdades psíquicas, para o terreno da

materialidade do mundo, este em marcha para as manifestações grosseiras dos planos

inferiores, onde poderá contrair os débitos mais penosos.

404 –Deve o médium sacrificar o cumprimento de suas obrigações no trabalho

cotidiano e no ambiente sagrado da família, em favor da propaganda doutrinária?

O médium somente deve dar aos serviços da Doutrina a cota de tempo de que

possa dispor, entre os labores sagrados do pão de cada dia e o cumprimento dos seus

elevados deveres familiares.

A execução dessas obrigações é sagrada e urge não cair no declive das

situações parasitárias, ou do fanatismo religioso.

No trabalho da verdade, Jesus caminha antes de qualquer esforço humano e

ninguém deve guardar a pretensão de converter alguém, quando nas tarefas do

mundo há sempre oportunidade para o preciso conhecimento de si mesmo.

Que médium algum se engane em tais perspectivas. Antes sofrer a

incompreensão dos companheiros, que transigir com os princípios, caindo na

irresponsabilidade ou nas penosas dívidas de consciência.

405 –Poder-se-á admitir que os espiritistas se valham de um apostolado mediúnico,

para solução de todas as dificuldades da vida?

-O médium não deve ser sobrecarregado com exigências de seus companheiros,

relativamente às dificuldades da sorte. É justo que seus irmãos se socorram das suas

faculdades, em circunstâncias excepcionais da existência, como nos casos de

enfermidades e outros que se lhe assemelhem. Todavia, cercar um médium de

solicitações de toda natureza é desvirtuar a tarefa de um amigo, eliminando as suas

possibilidades mais preciosas e, além do mais, não se deverá repetir no Espiritismo

sincero a atitude mental dos católicos-romanos, que se abandonam junto à “imagem”

de um “santo”, olvidando todos os valores do esforço próprio.

Os núcleos espiritistas precisam considerar que em seus trabalhos há quem os

acompanhe do plano superior e que receberão sempre o concurso espiritual de seus

irmãos libertos da carne, dependendo a satisfação desse ou daquele problema

particular dos méritos de cada um. Proceder em contrário é eliminar o aparelho

mediúnico, fornecendo doloroso testemunho de incompreensão.

406 – Quando um investigador busque valer-se dos serviços de um médium, é justo

que submeta o aparelho medianímico a toda sorte de experiência, a fim de certificar-se

dos seus pontos de vista?

-Depende do caráter dessas mesmas experiências e, quaisquer que elas sejam,

o médium necessita de muito cuidado, porquanto, no caminho das aquisições

espirituais, cada investigador encontra o material que procura. E quem se aproxima de

uma fonte espiritual, tisnando-a com a má-fé e a insinceridade, não pode, por certo,

saciar a sede com uma água pura.

407 – Para que alguém se certifique da verdade do Espiritismo, bastará recorrer a um

bom médium?

-Os estudiosos do Espiritismo, ainda sem convicção valorosa e séria no terreno

da fé, precisam reconhecer que em trabalhos dessa ordem não basta o recurso de um

bom médium. Faz-se mister que o investigador, a par de uma curiosidade sadia,

possua valores morais imprescindíveis, como a sinceridade e o amor do bem, servindo

a uma existência reta e fértil de ações puras.

408 – Seria proveitosa a criação de associações de auxílio material aos médiuns?

-No Espiritismo é sempre de bom aviso evitar-se a consecução de iniciativas

tendentes a estabelecer uma nova classe sacerdotal no mundo.

Os médiuns, nesse ou naquele setor da sociedade humana, devem o mesmo

tributo ao trabalho, à luta e ao sofrimento, indispensáveis à conquista do agasalho e

do pão material. Ao demais, temos de considerar, acima de toda proteção precária do

mundo, o amparo de Jesus aos seus trabalhadores de boa-vontade. Toda expressão de

sacrifício sincero está eivada de luz divina, todo trabalho sincero é elevação e toda dor

é luz, quando suportada com serenidade e confiança no Mestre dos mestres.

409 –Como deverá proceder ao médium sincero para a valorização do seu apostolado?

-O médium sincero necessita compreender que, antes de cogitar da doutrinação

dos Espíritos, ou de seus companheiros de luta na Terra, faz-se mister a iluminação de

si próprio pelo conhecimento, pelo cumprimento dos deveres mais elevados e pelo

esforço de si mesmo na assimilação perfeita dos princípios doutrinários.

No desdobramento dessa tarefa, jamais deve descuidar-se da vigilância,

buscando aproveitar as possibilidades que Jesus lhe concedeu na edificação do

trabalho estável e útil. Não deve cultivar o sofrimento pelas queixas descabidas e

demasiadas e nem recorrer, a todo instante, à assistência dos seus guias, como se

perseverasse em manter uma atitude de criança inexperiente.

O estudo da Doutrina e, sobretudo, o cultivo da auto-evangelização deve ser

ininterrupto. O médium sincero sabe vigiar, fugindo da exploração material ou

sentimental, compreendendo, em todas as ocasiões, que o mais necessitado de

misericórdia é ele próprio, a fim de dar pleno testemunho do seu apostolado.

410 –onde o maior escolho do apostolado mediúnico?

-O primeiro inimigo do médium reside dentro dele mesmo. Freqüentemente é

personalismo, é a ambição, a ignorância ou a rebeldia no voluntário desconhecimento

dos seus deveres à luz do Evangelho, fatores de inferioridade moral que, não raro, o

conduzem a invigilância, à leviandade e à confusão dos campos improdutivos.

Contra esse inimigo é preciso movimentar as energias íntimas pelo estudo, pelo

cultivo da humildade, pela boa-vontade, com o melhor esforço de auto-educação, à

claridade do Evangelho.

O segundo inimigo mais poderoso do apostolado mediúnico não reside no

campo das atividades contrárias à expansão da Doutrina, mas no próprio selo das

organizações espiritistas, constituindo-se daquele que se convenceu quanto aos

fenômenos, sem se converter ao Evangelho pelo coração, trazendo para as fileiras do

Consolador os seus caprichos pessoais, as suas paixões inferiores, tendências nocivas,

opiniões cristalizadas no endurecimento do coração, sem reconhecer a realidade de

suas deficiências e a exigüidade dos seus cabedais íntimos. Habituados ao

estacionamento, esses irmãos infelizes desdenham o esforço próprio – única estrada

de edificação definitiva e sincera – para recorrerem aos espíritos amigos nas menos

dificuldades da vida, como se o apostolado mediúnico fosse uma cadeira de

cartomante. Incapazes do trabalho interior pela edificação própria na fé e na confiança

em Deus, dizem-se necessitados de conforto. Se desatendidos em seus caprichos

inferiores e nas suas questões pessoais, estão sempre prontos para acusar e

escarnecer. Falam da caridade, humilhando todos os princípios fraternos; não

conhecem outro interesse além do que lhes lastreia o seu próprio egoísmo. São

irônicos, acusadores e procedem quase sempre como crianças levianas e inquietas.

Esses são também aqueles elementos da confusão, que não penetram o tempo de

Jesus e nem permitem a entrada de seus irmãos.

Esse gênero de inimigos do apostolado mediúnico é muito comum e insistente

nos seus processos de insinuação, sendo indispensável que o missionário do bem e da

luz se resguarde na prece e na vigilância. E como a verdade deve sempre surgir no

instante oportuno, para que o campo do apostolado não se esterilize, faz-se

imprescindível fugir deles.

411 – Onde a luz definitiva para a vitória do apostolado mediúnico?

-Essa claridade divina está no Evangelho de Jesus, com o qual o missionário

deve estar plenamente identificado para a realização sagrada da sua tarefa. O médium

sem Evangelho pode fornecer as mais elevadas informações ao quadro das filosofias e

ciências fragmentárias da Terra; pode ser um profissional de nomeada, um agente de

experiências do invisível, mas não poderá ser um apóstolo pelo coração. Só a aplicação

com o Divino Mestre prepara no íntimo do trabalhador a fibra da iluminação para o

amor, e da resistência contra as energias destruidoras, porque o médium evangelizado

sabe cultivar a humildade no amor ao trabalho de cada dia, na tolerância esclarecida,

no esforço educativo de si mesmo, na significação da vida, sabendo, igualmente,

levantar-se para a defesa da sua tarefa de amor, defendendo a verdade sem transigir

com os princípios no momento oportuno.

O apostolado mediúnico, portanto, não se constitui tão-somente da

movimentação das energias psíquicas em suas expressões fenomênicas e mecânicas,

porque exige o trabalho e o sacrifício do coração, onde a luz da comprovação e da

referência é a que nasce do entendimento e da aplicação com Jesus-Cristo.

Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Digitado por: Lúcia Aydir.