Caro amigo
Caso tenha gostado do livro e têm condições de comprá-lo, faça-o, pois assim estarás
ajudando a diversas instituições de caridade. Que é para onde se destina os direitos
autorais da obra.
Que Jesus o abençoe.
Muita Paz.
Em Homenagem aos Pioneiros
Senhor Jesus!
Temos neste 1965, que transcorre em paz , o primeiro centenário da Primeira Sociedade Espírita do Brasil, oficialmente instalada na capital da Bahia, cidade do Salvador.
Nesse primeiro século de divulgação e vivência da Nova revelação, que nos confiaste como sendo o Evangelho Redivivo, nós te agradecemos os concursos de pioneiros da Doutrina Espírita, encarnados e desencarnados, que nos estenderam as mãos , da América do Norte e da Europa, impelindo-nos à necessária renovação! Graças a nascente de luz que eles desataram, possuímos hoje frutos sazonados de conhecimento superior
que espalham concórdia e fraternidade, esperança e consolo, do Amazonas ao Prata, criando no Brasil a civilização do futuro!...
Pensando nisso, algo desejamos realizar em companhia de nossos instrumentos humanos...
Se é possível Senhor, permite-nos agora levar-lhes aos descendentes, nas cidades que lhes foram palco ao trabalho, o nosso abraço de reconhecimento e de amor.
Se a empresa a que nos propomos te obedece à vontade, guia-nos o passo e inspira-nos a tarefa.
Varre de nossas almas qualquer pretensão de doutrinar os que tanto nos deram em teu nome e apóia-nos por misericórdia, projetada viagem com os recursos de que nos julgues carecedores.
Clareia as estradas que tenhamos de percorrer e, seja onde for, guarda-nos sob a cobertura de teus ensinos!
Cumpram-se em nós, servos daqueles que se fizeram servos de teus servos, os teus sábios desígnios!
Escorados em teu socorro de todo dia, nós te rogamos, ó Mestre, nos abençoe o propósito de ofertar, aos nossos benfeitores do passado e de sempre, singela homenagem de respeito e carinho, envolvida em nossas preces de regozijo e gratidão.
André Luiz
Uberaba , 15 de Maio de 1965
(Página recebida pelo médium Waldo Vieira).
(1) Conquanto as idéias espíritas houvessem penetrado o Brasil, logo depois de 1850, a instalação da primeira entidade espírita no País, oficialmente, foi realizada com a fundação do "Grupo Familiar do Espiritismo", em 17-9-1865, em Salvador, Estado da Bahia. __Nota de André Luiz.
Ante a Seara da Luz
(Homenagem ao Primeiro Centenário da primeira organização
espírita instalada no Brasil (2)
Reconhecerás o benefício com que a orientação espírita te clareia o caminho; no entanto, não a enclausuraras sob as chaves da indiferença...
Com ela reconfortar-te-ás nos dias de provação, oferecendo demonstrações de fortaleza e paciência, em testemunhos de fé, mas não te esquecerás dos milhares de irmãos nossos que se demoram entre as grades da angústia, mendigando, aflitos, algum sopro de esperança...
Iluminarás a própria senda, evitando os despenhadeiros do mal; contudo, não te esquecerás dos milhares de irmãos nossos que se tresmalham na sombra, famintos de uma palavra esclarecedora que Lhes impeça o mergulho total no sorvedouro da obsessão...
Agasalhar-te-ás, em espírito, para suportar as ofensas, aprendendo a orar pelos que te perseguem e a sustentar-te muito acima dos assaltos da injúria; todavia, não te esquecerás dos milhares de irmãos nossos, ilhados na revolta ou no sofrimento, diante da incompreensão ou do insulto, esperando ansiosas mente uma frase de amor que os liberte do visco do ódio...
Amassarás o pão da consolação para que as lágrimas não te sufoquem a vida, quando vês a morte, de visita ao recinto doméstico, arrebatando-te ao convívio algum dos seres que mais amas; entretanto, não te esquecerás dos milhares de irmãos nossos que tateiam a lousa, de alma enregelada no desespero, ante c separação dos seres queridos, suplicando às cinzas do túmulo algum leve sinal da imortalidade...
O Espiritismo é o Cristianismo Renascente, com Jesus anunciando, de novo, as realidades eternas do Universo e da Vida, com base no sepulcro vazio!...
Perante o mundo atormentado de hoje, pensa na quota de amor que Lhe devemos, através do Espiritismo ame nos pede criterioso trabalho de sustento e divulgação, em favor dos corações e das consciências.
Todos temos obrigação e serviço a fazer.
Ninguém espera te transformes, de imediato, num sol capaz de extinguir as trevas!...
Traze também o teu raio de luz.
Emmanuel
Uberaba, 17 de Setembro de 1965.
(Página recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier.)
(2) Nota da Editora : “Reformador”, órgão noticioso e doutrinário da Federação Espírita Brasileira, publicou, em seu número de Setembro de 1965, longo histórico sobre esse acontecimento centenário.
PRIMEIRA PARTE
SELEÇÃO DAS MENSAGENS RECEBIDAS
EM LINGUA PORTUGUESA.
NOS ESTADOS UNIDOS E NA EUROPA (3)
(3) Os capítulos de números ímpares foram psicografados por Waldo Vieira, e os de números pares por Francisco Cândido Xavier.
1 - Pontos fundamentais para o espírita em viagem
André Luiz
"Procurar conhecer as disposições legais que regem o País que visita e a elas obedecer.
Esquivar-se de partilhar preconceitos ou dissensões que encontre, mas respeitar os sentimentos de cada pessoa com a qual se veja em contato, tentando auxiliá-la pela prestação de serviço.
Fugir da exibição pessoal.
Guardar discrição e simplicidade.
Acatar os sistemas de trabalho espiritual que observe diferentes daqueles a que se afeiçoe.
Evitar críticas e discussões.
Furtar-se de comprometer a Doutrina Espírita em quaisquer atitudes, mormente aquelas que se
relacionem com o interesse próprio.
Negar-se à participação de negócios clandestinos, ainda mesmo aqueles que apareçam mascarados de legalidade, a pretexto de melhorar a posição financeira.
Estudar a língua e os costumes do País visitado, para ser mais útil.
Recusar-se a fazer comparações pejorativas, suscetíveis de humilhar os seus anfitriões.
Omitir adjetivos vexatórios em se referindo a personalidades, situações, casos e coisas da nação que o recebe.
Silenciar anedotas e aforismos de mau gosto.
Não opinar em torno das dificuldades da região que pisa, sem minucioso conhecimento das causas que a produziram.
Não criar problemas.
Tanto quanto possível, evitar dívidas de ordem material por onde passe.
Nunca bajular e nem deprimir.
Jamais escarnecer dos hábitos e crenças do País em que esteja.
Abster-se da preocupação de doutrinar, embora deva estar pronto para dizer a boa palavra ou o conceito justo da Doutrina Espírita, capazes de semear renovação e elevação nos ouvintes.
Não querer superioridades para a sua pátria de origem e nem diminuí-la com alusões impensadas.
Abolir a palavra "estrangeiro" da sua linguagem e tratar os filhos de outros povos, por verdadeiros irmãos."
(Nova Iorque, N.I., EUA,29,julho,1965.)
2 - Na difusão do Espiritismo
Emmanuel
"E eu rogarei ao pai e ele vos dará outro consolador para
que fique convosco para sempre". - Jesus (João, 14:16)
Na condição daquele consolador prometido por Jesus a Humanidade o Espiritismo, sem dúvida, atingirá todas as consciências.
Entretanto, à frente das múltiplas interpretações que se lhe imprimem-nos mais variados núcleos humanos, de que modo esperar o cumprimento da promessa do Cristo?
Nesse sentido recordemos os primórdios da Codificação Kardequiana. Preocupado com o mesmo assunto Allan Kardec formulou a Questão nº. 789, de "O Livro dos Espíritos", à
qual os seus Instrutores Espirituais, solícitos, responderam:
"Certamente que o Espiritismo se tornará crença geral e marcará nova era na história da Humanidade, porque está na natureza e chegou o tempo em que ocupará lugar entre os conhecimentos humanos. Terá, no entanto, que sustentar grandes lutas, mais contra o interesse do que contra a convicção, porquanto não há como dissimular a existência de pessoas interessadas em combatê-lo, umas por amor-próprio, outras por causas inteiramente materiais. Porém, como virão a ficar insulados, seus contraditores se sentirão forçados a pensar como os demais, sob pena de se tornarem ridículos".
Certifiquemo-nos, pois, de que, na difusão dos princípios espíritas, estamos todos em luta do bem para a extinção do mal e de que ninguém alcançará a suspirada vitória sem a vontade de aprender e a disposição de trabalhar.
(Londres, Inglaterra, 10 de Agosto de 1965)
3 - Frutos verdes
Kelvin Van Dine
O espírita, herdeiro de conhecimentos superiores, esbarra com ressentimentos e mágoas, nutrindo atitude perfeitamente nova quando posta em confronto com a de outros princípios religiosos.
Admitindo a continuidade da vida, além da morte, não recebe sensores à maneira c’.e inimigos ou irresponsáveis. Acolhe-os como sendo companheiros transviados que é preciso recuperar para o bem.
À face disso, assaltos morais apresentam para ele importância relativa, conquanto lhe doam nos brios.
Porque alimentar ódio a alguém, se estiver convicto, pela lei da reencarnação, de que esse alguém se lhe pode abrigar nos braços, na feição de um ente querido na equipe familiar?
Por outro lado, não pode ignorar o mal de que foi objeto, certo quanto se acha da lei de responsabilidade individual. Dai o comportamento equilibrado que as circunstâncias lhe sugerem: serenidade sem indiferença, dentro da qual reconhece que não lhe adianta perder tempo com pesares ocultos ou reclamações descabidas.
Com isso, recolhe todas as manifestações de injuria, maldade, agressividade ou incompreensão dos outros, com a tranqüilidade do cultivador que recebe de um companheiro vastas coleções de frutos verdes, para os quais não há colocação na área de seus interesses.
E como sabe que o responsável pela produção se esmerará em fornecer-1be frutos maduros, em tempo adequado, espera por eles com paciência.
Por essa razão, se o espírita lança mão de algum desforço perante ataques do caminho, essa desforra é sempre a resposta do serviço mais eficiente a todos os desafios de que foi alvo.
Recordemos isso, à frente de agravos ou menosprezos.
Para nós, as palavras do Cristo “amai os vossos inimigos” e “orai pelos que vos perseguem e caluniam”, não significam carta-branca aos irmãos que se chafurdaram no mal e nem nos determinam exibir suposta superioridade diante deles.
Querem claramente dizer que não devemos cortar os fios de amor fraternal que nos identificam uns com os outros, conferindo-lhes o direito de serem responsáveis pelos erros que praticam e que nos cabe envolvê-los nas vibrações restauradoras da prece,
prosseguindo, de nossa parte, na construção imperturbável do bem, que renderá sempre luz e verdade, alegrias e bênçãos para eles e para nós.
(Silver Spring, Maryland, E.U.A., 10, Junho, 1965.)
4 - A Riqueza
Hilário Silva
Amélia Kauper, anciã, estava em sua tapera, nos arredores de Chesapeake Bay, no interior de Maryland, quando Craig Poter, um de seus muitos sobrinhos, foi observar-lhe a situação.
-Seu tio James - dizia ela ao parente, referindo-se ao marido desencarnado - desde que se fez médium, num templo espírita, deu aos necessitados tudo quanto pôde. Não deixou dividas, mas, depois do funeral, vim a saber que a nossa própria casa se achava hipotecada e fui constrangida, por isso, a entregar todos os nossos recursos aos credores...
-A senhora está. Arruinada, tia? - perguntou o moço.
-Estou com a roupa do corpo... -esclareceu a velhinha.
E designando antigo móvel:
- Mas, graças a Deus, tenho o meu tesouro no cofre.
O rapaz, que conhecera os tios nos bons tempos, quando possuíam preciosas reservas no Texas, pensou um minuto e deliberou, de súbito, que a tia o acompanhasse.
No dia imediato, a viúva Kauper, depois de entregar enorme mala ao sobrinho, entrou no jipe, carregando pequeno baú, carinhosamente.
Então, começou para ela uma vida nova.
Craig, que possuía sitio próspero na Virgínia, chamou Edward, seu irmão mais velho, cujas terras confinavam com as dele, trocaram idéias confidencialmente e concluíram que a estreita caixa de lata de que a tia jamais se distanciava deveria conter jóias riquíssimas... E combinaram entre si guardar a anciã, cuidadosamente.
Vieram familiares de longe, disputando a convivência da Sra. Kauper, mas Craig e Edward alegavam que “tia Amélia” estava fatigada, que médicos não lhe permitiam maior esforço...
Habitualmente à noite, um ou o outro espiava a velhinha, pelo buraco da fechadura, e viam-na segurando a vela acesa, a debruçar-se sobre o baú aberto, decerto fitando, através dos óculos, aquilo a que ela chamava “minha riqueza” ou “meu tesouro”. Assim viveu, ainda por mais nove anos, requestada por toda a família e tratada com respeitosa atenção por ambos o sobrinho que a mantinham, interessados...
Quando a morte quebrou semelhante situação conduzindo a viúva Kauper na direção de vida melhor, Craig e Edward trancaram-se no quarto que ela deixara, apossando-se do cobiçado baú; no entanto, ao abri-lo apenas encontraram dentro dele um antigo exemplar do Evangelho e, sobre o ensebado volume, o seguinte bilhete que lhes era dirigido pela tia desencarnada:
-Meus filhos, Deus os recompense pela caridade para comigo, mas tomem cuidado com vida na Terra...
E com a sua longa experiência do mundo, velhinha terminava com o versículo número dez capitulo seis da Primeira Epístola do apóstolo Para Timóteo:
“... Porque a paixão pelo dinheiro é a raiz de todos os males e, nessa cobiça, alguns desviaram da fé e se traspassaram a si mesmo com muitas dores.”
(Reunião da noite 10-7-65, em Nova Iorque, NY, EUA)
5 - Vinte assuntos com Willian James
André Luiz
Considerando os climas culturais específicos da ação espírita nos Estados Unidos e no Brasil, apresentamos, a seguir, as vinte questões que constam de nossa conversação com o Dr. William James, o eminente medico, psicólogo e filosofo norte-americano,
desencarnado em 1910, que nos visita o grupo de oração e serviço espiritual nesta noite:
P. Caro amigo, achando-nos em Nova Iorque, ao lado de irmãos do Brasil, estimaríamos saber se a pesquisa da verdade, na Terra, continua contando, ate' agora, com a sua colaboração?
R. Sim. Geralmente prosseguimos, apos a desencarnação, na linha de atividade a que nos empenhamos na experiência física. E se essa atividade revela características edificantes, capazes de dissolver as sombras que acumulamos, no próprio ser, a vista dos
erros e débitos em existências passadas, devemos disputar a oportunidade de ampliá-las com todos os recursos a nosso alcance.
P. Mantém com o mesmo entusiasmo, de outros tempos, os seus estudos de Espiritismo?
R. Indiscutivelmente. Os princípios da Nova Revelação constituem campo de possibilidades infinitas.
P. Que nos diz hoje do concurso da Ciência nas realizações espíritas?
R. Compreendo agora, quanto antes, a necessidade do testemunho cientifico para que se lavre na Terra a certidão da sobrevivência da alma; entretanto, admito que nos outros, os
investigadores do assunto, com naturais exceções, perdemos, algumas vezes, muito tempo, repetindo experimentos, talvez em demasia, no intuito de fugir as conseqüências
morais que o assunto envolve.
P. Acredita que seria justo limitar a cooperação cientifica nos círculos doutrinários do Espiritismo?
R. Não desejamos dizer que a pesquisa cientifica seja desnecessária. Propomo-nos a afirmar que o pesquisador não esta exonerado do dever de ouvir a própria consciência.
Um sábio não e' um aparelho gravador de terminologia técnica e sim um espírito com avançados cabedais de conhecimento, chamado pela Orientação Superior ao aperfeiçoamento da vida.
P. Que opinião formula acerca da Parapsicologia?
R. A Parapsicologia, a rigor, remonta as mais antigas eras da Humanidade. A própria Bíblia esta repleta de exemplos. No versículo doze do capitulo seis do II Livro de Reis,vemos o profeta ou médium Eliseu assimilando transmissões telepáticas do rei da Síria, com a precisão dos melhores "sujets" empregados nas experiências de Rhine e outros.
P. Que julga do apoio espírita aos trabalhos parapsicológicos?
R. Entendemos que os espíritas , quando possível, devem cooperar no desenvolvimento da Parapsicologia, a fim de que as pesquisas não venham a cair sob a exclusiva observação de inteligências apaixonadas, procedam elas da Ciência ou da Religião. Esse
concurso, porem, a nosso ver, apenas se verificara quando não acarrete prejuízo para os compromissos abraçados pelo obreiro espírita em sua ficha de ação.
P. Como define a posição do conhecimento espírita no planeta Terra?
R. Na Terra, o equilíbrio da personalidade moral exige o conhecimento espírita limpo e simples, tanto quanto a euforia orgânica da personalidade física reclama suprimento de
alimentação saudável e higiênica.
P. Pode clarear, de maneira mais completa, a sua definição do conhecimento espírita?
R. O conhecimento espírita e' orientação para a vida essencial e profunda do ser. Claro que a evolução e' lei para todas as criaturas, mas o Espiritismo intervém no plano da consciência, ditando normas de comportamento, suscetíveis de traçar caminhos retos a ascensão da alma, sem necessidade de aventuras nos labirintos da ilusão que correspondem a curvas aflitivas de sofrimento.
P. Admite que o Espiritismo e' fator decisivo na condução da vontade?
R. De modo perfeito. Sem que o espírito responda aos chamamentos dos princípios evolutivos, atendendo, de livre vontade, as obrigações que a vida lhe atribui, a reencarnação para ele e' um circulo de repetições, com proveito muitíssimo reduzido no
transcurso dos milênios.
P. Que nos diz da mediunidade?
R. A mediunidade ainda não encontrou na Terra o apreço que, um dia, desfrutara juntamente dos homens, como recurso de acesso da individualidade encarnada as Esferas Superiores.
P. Acredita que um médium precise receber instruções adequadas?
R. Protegemos a mostarda para que se lhe garanta a produção normal.
Como edificar a mediunidade e conservá-la dignamente sem recursos de educação?
P. Os espíritos mais elevados vencem com facilidade as deficiências mediúnicas?
R. Os benfeitores e instrutores desencarnados poderiam realizar obras construtivas da mais alta expressão no mundo; contudo, para isso, necessitam dispor de elemento interpretativo. Onde o conjunto orquestral habilitado a fazer musica sem a cooperação de instrumentos?
P. O espírito, mesmo aquele de hierarquia sublime, depende do médium para expressar-se no campo físico?
R. Ate que a ciência estabeleça livre e generalizado intercambio entre as inteligências encarnadas e desencarnadas, o Espírito domiciliado no Alem, para comunicar-se com os homens, depende do médium, como a alma, para corporificar-se na esfera física,depende do refugio materno.
P. Seria razoável aproveitar, de imediato, os médiuns de faculdades mais amadurecidas, formando núcleos destacados com o propósito de efetuar mais vivas demonstrações da sobrevivência?
R. Não nos é licito esquecer que os recursos medianímicos são conferidos a todas as criaturas, que os recolhem no nível individual em que se colocam. Burile-se o médium e atrairá Espíritos burilados. Levantar primazias nessa matéria seria formar partidos e fomentar a guerra pela posse de domínios psíquicos.
P. Sabemos que o médium tem o dever de aperfeicoar-se, mas, além disso, a seu ver, qual a necessidade fundamental do médium no desenvolvimento das faculdades que lhe dizem respeito?
R. Para qualquer médium, o desenvolvimento das energias psíquicas não oferece embaraços maiores; entretanto, porque esse desenvolvimento abre novos horizontes ao circulo da convivência, o maior problema de um médium na Terra, ao que nos parece, e' o
de se conservar fiel as boas companhias do Mundo Espiritual.
P. Aprecia em graus diferentes a mediunidade de efeitos físicos e a de efeitos intelectuais?
R. Toda mediunidade e' importante, mas entendemos que os fenômenos físicos, sem o necessário discernimento, não atendem aos requisitos. da melhoria do mundo interior. Consideramos, por isso, que a mediunidade de efeitos intelectuais, propiciando acesso a ensinamentos de ordem superior, deve ser largamente
cultivada a fim de que a mediunidade de efeitos físicos não distraia a criatura das obrigações morais a que se vincula no tempo de sua corporificarão no plano físico.
P. No seu modo de ver, qual e' o serviço principal da mediunidade nas tarefas espíritas?
R. Em nos referindo a atualidade terrestre, cremos que os valores mediúnicos precisam colaborar no esclarecimento dos homens, especialmente no socorro as vitimas da obsessão, hoje contadas aos milhares, em todos os quadrantes do planeta.
P. A linguagem articulada e' fator de base nas comunicações entre desencarnados de um pais, através de médiuns situados em pais diferente ?
R. Sabemos que o pensamento e' idioma universal; no entanto, isso e' realidade imediata nos domínios da indução ou da telepatia laboriosamente exercitada. Será possível
tranqüilizar um doente com a simples presença da idéia de paz e otimismo, cura e esperança, mas não conseguimos prodigalizar-lhe avisos imediatos de tratamento sem comunicar-nos com ele através da linguagem que lhe e' própria. Por outro lado, ocorrências de xenoglossia podem ser obtidas como se organizam espetáculos de
encomenda. E' necessário compreender, porem, que, no atual estagio da Humanidade, a barreira das línguas e' limitação inevitável, de vez que por enquanto os desencarnados, em maioria esmagadora, comumente prosseguem arraigados ao ambiente domestico em que viveram. Desse modo, os amigos espirituais ligados aos Estados Unidos, que aspirem a ser ouvidos, sem delonga, no Brasil, devem, de modo geral, estudar Português, e vice-versa. Isso e' claro no sistema regular de comunhão lingüística, porquanto o progresso ignora o milagre.
P. Quando acredita venhamos a ter a felicidade do Espiritismo mais amplamente divulgado na Terra ?
R. Questão de tempo e boa vontade dos homens. Qualquer criatura pode retardar o próprio acesso ao portão da verdade, mas ninguém escapara dele.
P. Mereceremos de sua experiência algum aviso particular para nos outros, os companheiros desencarnados e encarnados da obra espírita do Brasil ?
R. Temos aprendido que não surgem construções estáveis ao impulso do improviso. A seara espírita pede plantação de princípios espíritas. E não existe plantação eficiente
sem cultivadores dedicados. Ampliemos a área de nosso concurso individual e elevemos o nível de compreensão das nossas responsabilidades para com a obra do Espiritismo.
Se fazemos o que pensamos, só' dispomos em verdade, daquilo que fazemos. As leis do Universo são justas. Cada companheiro, cada agrupamento e todos os pais terão do Espiritismo o que dele fizerem. Cremos que seja possível sintetizar diretrizes para nos
todos no seguinte programa: sentir em bases de equilíbrio, pensar com elevação, falar construtivamente, estudar sempre e servir mais.
(Nova Iorque, N.I., E.U. A, 27 de julho de 1965.)
6 - Ao Clarão da Verdade
Emmanuel
“Mas quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos
guiará em toda verdade...” – Jesus (João 16:13)
De que maneira vencerá o Espiritismo os obstáculos que se lhe agigantam à frente? Há companheiros que indagam: — “Devemos disputar saliência política ou dominar a fortuna terrestre?” Enquanto isso outros enfatizam a ilusória necessidade da guerra verbal a greis ou pessoas.
Dentro do assunto, no entanto, transcrevemos a Questão Nº. 799 de “O Livro dos Espíritos”.
Prudente e claro, Kardec formulou, aos orientadores espirituais de sua obra, a seguinte interrogação: “De que maneira pode o Espiritismo contribuir para o progresso” E, na lógica
de sempre, eis que eles responderam:
“Destruindo o materialismo que é uma das chagas da sociedade, ele faz que os homens compreendam onde se encontram seus verdadeiros interesses. Deixando a vida futura de estar velada pela dúvida, o homem perceberá melhor que, por meio do presente, lhe é dado preparar o seu futuro. Abolindo os prejuízos de seitas, castas e cores, ensina aos homens a grande solidariedade que os há de unir como irmãos”.
Não nos iludamos com respeito às nossas tarefas. Somos todos chamados pela Bênção do Cristo a fazer luz no mundo das consciências — a começar de nós mesmos —, dissipando as trevas do materialismo ao clarão da Verdade, não pelo espírito da força, mas pela força do espírito, a expressar-se em serviço, fraternidade, entendimento e educação.
(Londres, Inglaterra, 10 de Agosto de 1965)
7 - A Escolha do representante
Hilário Silva
Thomas Forster, o médium principal da instituição espírita em Washington, era um veterano exigente.
Desejava enviar um representante do grupo a certo movimento de estudos doutrinários a realizar-se em Chicago, mas não queda fazê-lo sem minuciosa seleção.
— Quero um elemento puro, absolutamente puro, um cristão perfeito, se pudermos classificá-lo assim — dizia, agitando o dedo em riste, lembrando batuta em mãos de maestro nervoso.
— Mas você — falava Boland, o companheiro mais íntimo — não pode pedir o impossível.
Os espíritas são homens e mulheres fazendo força na própria melhoria moral.
Procuraremos um companheiro de hábitos simples, mas sem a preocupação de santidade.
Forster ria amarelo, mas não dava braço a torcer.
— Pode ser exigência minha, mas não mandaremos companheiro algum dos que eu conheça. E num rasgo de rigorismo:
— Nem mesmo eu me considero apto. Lido com muitos negócios materiais e quero que a nossa casa se represente em Chicago por um espírita cristão completo. Humilde,alfabetizado, amante dos sofredores e absolutamente arredado de todas as ilusões da
Terra...
— Muito difícil — observava Boland, sorrindo —, onde encontrar essa ave rara, se estamos longe do Céu?
Forster lembrou que, durante quatro domingos consecutivos, enquanto pregava o Evangelho vira na última fila um homem de aspecto simpático que não conhecia. Trajava-se com simplicidade, sem ser relaxado, mostrava olhar sereno, tipo evidentemente
ponderado e esquivo a qualquer conversação ociosa.
Após ligeiro comentário, concluiu:
— Parece-me o homem ideal; se for um espírita de convicção, pelos modos que demonstra, será o representante adequado...
Combinaram, assim, ouvi-lo na próxima sessão domingueira.
No dia aprazado, lá estava o assistente desconhecido.
Enquanto Forster falava, Boland aproximou-se dele e pediu-lhe alguns minutos de atenção para depois.
E, finda a preleção, os dois amigos abeiraram-se dele.
A primeira indagação que lhe foi atirada, respondeu, calmo:
—Sim, estou fazendo o que posso para ser espírita.
Forster continuou perguntando e ele prosseguiu respondendo:
— O irmão tem vida mundana ativa?
— Quem sou eu, meu amigo? Ando em luta contínua...
— Mas dedica-se aos sofredores?
— Tenho a vida entre os que choram.
— Escolheu, assim, o caminho da caridade cristã?
— Como não, meu amigo? Ouvir aflições e estar com os necessitados de conforto é meu
simples dever...
— E ajuda a todos, em sua noção de serviço social?
— Devo servir a todos, ricos e pobres, justos e injustos, moços e velhos. Não posso fazer
distinção.
Encantado, o velho Thomas inquiriu, ainda:
— E o irmão procede assim espontaneamente?
O desconhecido sorriu e acentuou:
— Ah! Até certo ponto... Se eu pudesse cultivaria minhas festas e me afastaria, pelo
menos um pouco, de tantos sofrimentos e tantas lágrimas!...
Foi então que Forster veio a saber que o homem trabalhava no antigo Fort Lincoln e
desempenhava as funções de coveiro.
(Washington, D C, EUA , 9 de junho de 1965)
8 - Civilização e reino de Deus
Emmanuel
“Interrogado pelos fariseus sobre quando viria o reino de
Deus, Jesus lhes respondeu: Não vem o reino de Deus com aparências exteriores.” (Lucas, 17:20).
A terra de hoje reúne povos de vanguarda na esfera da inteligência.
Cidades enormes são usadas, à feição de ninhos gigantescos de cimento e aço, por agrupamentos de milhões de pessoas.
A energia elétrica assegura a circulação da força necessária à manutenção do trabalho e do conforto doméstico.
A Ciência garante a higiene.
O automóvel ganha tempo e encurta distâncias.
A imprensa e a radio-televisão interligam milhares de criaturas, num só instante, na mesma faixa de pensamento.
A escola abrilhanta o cérebro.
A técnica orienta a indústria.
Os institutos sociais patrocinam os assuntos de previdência e segurança.
O comércio, sabiamente dirigido, atende ao consumo com precisão.
Entretanto, estaremos diante de civilização impecável?
À frente desses empórios resplendentes de cultura e progresso material, recordemos a palavra
dos instrutores de Allan Kardec, nas bases da codificação do espiritismo.
Perguntando a eles “por que indícios se pode reconhecer uma civilização completa”, através da Questão nº. 793, constante de “O Livro dos Espíritos”, deles recolheu a seguinte resposta:
“Reconhecê-la-eis pelo desenvolvimento moral. Credes que estais muito adiantados, porque tendes feito grandes descobertas e obtidas maravilhosas invenções; porque vos alojais e vestis
melhor do que os selvagens. Todavia, não tereis verdadeiramente o direito de dizer-vos civilizados, senão quando de vossa sociedade houverdes banido os vícios que a desonram e
quando viverdes, como irmãos, praticando a caridade cristã. Até então, sereis apenas povos esclarecidos, que hão percorrido a primeira fase da civilização.”
Espíritas, irmãos! Rememoremos a advertência do Cristo, quando nos afirma que o reino de Deus não vem até nós com aparências exteriores; para edificá-lo, não nos esqueçamos de que a
Doutrina Espírita é a luz em nossas mãos. Reflitamos nisso.
(Paris, França, 19, de Agosto de 1965)
9 - Bússola da alma
Bezerra de Menezes
Surge a prece na existência terrestre como chave de luz inspirativa descerrando as trilhas que parecem impedidas aos nossos olhos.
Ensina sempre no silêncio da alma e, quando não resolve os problemas ou não afasta o sofrimento, ilumina a mente e fortalece a resignação.
Contacto com o Infinito, toda oração sincera significa mensagem com endereço exato, e se, por vezes, flutua entre riso e pranto, termina sempre por elevar-se aos páramos superiores onde já não existem temporariamente nem alegria nem dor, apenas paz de
alma.
Oração é diálogo. Quem ora jamais monologa. Até a petição menos feliz tem a resposta que lhe cabe, procedente das sombras.
*
Atende aos compromissos na hora certa. A pontualidade é o fiel moral na balança do tempo.
Dá e receberás.
Auxilia e alguém te auxiliará.
Existe a caridade como receita ideal para todos os males.
A imparcialidade de julgamento há de começar em nós, com a benevolência para com os outros e severidade para nós mesmos.
Quais são os pontos de contacto de sua vida com a verdade?
Que relação existe entre você e o mundo espiritual?
Expressa a exemplificação o conjunto dos reflexos de nossos atos. Toda opinião retrata o opinador.
*
Constitui a vida uma longa viagem em demanda aos portos da felicidade perfeita.
A prece é a bússola que nos coloca sob a direção do Senhor, cujas mãos devem pousar no leme da embarcação do destino.
Ora sempre e o barco dos teus dias nunca se transviará sob as nuvens das trevas.
(Londres, Inglaterra, 10, Agosto, 1965)
10 - Em torno da mediunidade
Irmão X
Ali, no movimentado salão do Carnegie Hall, em Nova Iorque, encontramos famosa médium, a que emprestaremos tão-só o nome de Sra. Hayden, e de quem ouvíramos as melhores referências no Plano Espiritual.
Marcado o encontro pela intervenção afetuosa de nosso amigo Fred. Figner, fomos recebidos pela distinta senhora desencarnada, para conversação de alguns minutos.
A Sra. Hayden, orientadora de assuntos medianímicos, em vários círculos doutrinários dos Estados Unidos, recebeu-nos com extrema bondade, e, porque a víssemos cercada de amigos, naturalmente em atividades inadiáveis, firmamo-nos no objetivo direto de nossa visita, depois das saudações fraternais.
-Sra. Hayden — começamos —, se possível, estimaríamos ouvi-la em algumas perguntas sobre mediunidade...
-Minha experiência — comentou a interpelada — nada possui de notável...
E sorrindo:
-Mas pergunte o que deseje e responderei o que possa.
Sabíamos que a entrevistada, desde os primórdios do Espiritismo, na América, se fizera amiga pessoal do Juiz John Edmonds, do professor Robert Hare, da Sra. James Mapes, de Emma Hardinge e outros pioneiros do movimento espírita na Terra, e considerei:
-Não desconhecemos que a senhora estuda a mediunidade, desde as bases da Doutrina Espírita no mundo...
-Sim — aprovou —, tenho essa honra.
E o nosso diálogo prosseguiu:
-Que nos diz acerca da mediunidade, no momento atual do Planeta?
-Questão ainda nova, tão nova como quando nos aventuramos a praticá-la, há precisamente um século. Temos longo tempo, diante de nós, para examiná-la, conhecê-la, educá-la.
-Mas, a Ciência e a Religião?...
-Duas forças que, até agora, ainda não puderam compreendê-la. Com a veneração que lhes devemos e acatadas as exceções, não será lícito ignorar que os cientistas, até hoje, se esforçam, quase sempre, não em estudá-la mas em dissecá-la, como quem anatomiza grãos de trigo verde, querendo encontrar o pão feito; e os religiosos, muitas vezes, unicamente procuram cercear-lhes os vôos, sob capas mitológicas, interessados em prestigiar a
superstição.
-Acredita, no entanto, que as realizações da mediunidade são retardadas tão-só pela inf1uência de cientistas e religiosos?
-De modo algum. A mediunidade é uma força neutra, qual o magnetismo e a eletricidade, que não são bons e nem maus em si. O homem é quem lhes caracteriza as aplicações. Todos sabemos que milhares de indivíduos, encarnados e desencarnados, abusam da mediunidade, como os falsários criam chantagem com o dinheiro ou os impostores exploram a palavra, envilecendo-a na demagogia.
-A senhora crê na possibilidade de se coibirem semelhantes abusos pelo estabelecimento, na Terra, de um instituto central de controle dos fenômenos mediúnicos?
-A questão é de consciência pessoal. Já pensou o que seria do mundo, nas condições morais em que ainda se encontra, se apenas um grupo de nações ou pessoas pudesse controlar a potência do Sol? As ocorrências medianímicas pertencem ao domínio da verdade; por isso mesmo, devem estar com todas as criaturas, no grau evolutivo em que se vejam, em regime de liberdade, conquanto saibamos que todo médium dará contas aos Poderes Orientadores da Vida quanto àquilo que faça de suas próprias faculdades.
-Sra. Hayden, estamos convencidos de que a mediunidade é característica peculiar a todas as pessoas. Apesar disso, a senhora crê, tanto quanto nós, que muitos Espíritos reencarnam
com mandatos especiais para desenvolvê-la e honorificá-la?
-Perfeitamente.
-E como explicarmos a falência de tantos médiuns no mundo?
-Isso não sucede exclusivamente nos domínios da mediunidade. O amigo admite que os tiranos em política, os sicários da cultura intelectual que supõem desacreditar a Ciência com atos de crueldade e os fanáticos em Religião hajam nascido na Terra para fazerem o mal que causam? Identificamos companheiros transviados na mediunidade, como é fácil de conhecêlos nos círculos da fortuna, da inteligência, da administração...
-Que diz a isso?
-Que, por enquanto, somos, no conjunto, a família humana do Planeta, com imperfeições, paixões, erros e bancarrotas, inerentes à nossa posição de Espíritos em aperfeiçoamento
gradativo, caindo agora e levantando depois, aprendendo e melhorando sempre.
-Em seu ponto de vista, como promover a elevação do conceito de mediunidade?
-Separar o fenômeno mediúnico da doutrina do Espiritismo, definindo fenômeno por matéria de observação e doutrina como sendo a luz que o esclarece.
-A senhora conhece a Codificação Kardequiana?
-Sim.
-Se fosse solicitada a falar para os irmãos de língua inglesa, encarnados na Terra, com vistas à obra de Allan Kardec, permitir-nos-á, por obséquio, saber o que diria?
-Se isso me fosse possível, convidaria todos os amigos e associados de ideal, de formação anglo-saxônia e latina, para o estudo generalizado dos temas e interesses espíritas e
espiritualistas, em benefício da Humanidade, a começar dos mais humildes agrupamentos de opinião. Esses assuntos fundamentais da alma, da imortalidade, da evolução, da reencarnação, do destino, da dor e da justiça precisam sair do ambiente estreito dos
simpósios para a analise clara e simples do povo.
-Sra. Hayden, desejando centralizar o nosso entendimento no que se relaciona com a mediunidade, muito nos agradaria ouvi-Ia sobre o que pensa, neste outro lado da vida, quanto
à mistificação mediúnica.
-O irmão diz muito bem, quando afirma «neste outro lado da vida», porque, no campo físico, habituamo-nos a ver o empeço de maneira excessivamente sumária. A mistificação medianímica assume agora para mim aspectos multiformes, de vez que, se em alguns casos raros, podemos reconhecê-la movida pela má-fé, na maioria absoluta das ocorrências necessitamos compreender o papel da hipnose, da compulsão, do reflexo condicionado ou do
processo obsessivo dentro dela. Discriminar mistificações mediúnicas, separando-as de fatos autênticos da mediunidade, não é tão fácil...
-Que sugere para a solução do problema?
-Trabalhar e estudar, cada vez mais. Os sábios das Esferas Superiores nos inspiram e guiam, mas não efetuam por nós a tarefa que nos cabe fazer.
-Mas, as fraudes mediúnicas, Sra. Hayden, que pensar das fraudes mediúnicas que plantam a dúvida e a negação entre os homens? Porque os sábios das Esferas Superiores não as
proíbem irrevogavelmente?
-A notável seareira do Espiritismo, na América, sorriu de enigmático modo e acrescentou:
-Ah! Meu amigo, a dúvida é permitida pela Bondade Divina, em benefício da fraqueza humana. A fraude mediúnica, se prejudica de um lado, mostra função seletiva de outro. Muita gente que se gaba de cultura e discernimento não suportaria, de chofre, as verdades do Mundo Espiritual. Existem Espíritos que reencarnam prometendo prodígios de fidelidade e serviço, na obra do Senhor; entretanto, depois de se constituírem seguramente no corpo
físico, voltam às tentações que noutro tempo lhes conturbavam o campo íntimo e recuam dos propósitos de elevação... Ainda assim, são criaturas boas e nobres. O Senhor, então, permite que elas duvidem das realidades espirituais e aceita, generosamente, que lhe neguem até mesmo a existência, de modo a que se inclinem para outras tarefas, não tão heróicas quanto as da confiança e da lealdade ao Bem até às últimas conseqüências, mas igualmente
construtivas e meritórias... Tornarão à fé mais tarde, enquanto os companheiros mais amadurecidos seguem, com a bênção do Senhor, para a frente.
Uma campainha retiniu.
Os minutos previstos para a conversação haviam terminado.
A Sra. Hayden despediu-se e nós ficamos repentinamente a sós, no grande salão, com fome de silêncio e com sede de pensar.
(Nova Iorque, NY, EUA, 4 de Agosto de 1965)
11 - Convite ao pensamento
André Luiz
(Página psicografada horas depois de haverem os médiuns deste livro estudado a possibilidade da aceitação de um convite para um programa de televisão.).
Todos os canais da publicidade respeitável são caminhos pelos quais a idéia espírita precisa e deve transitar.
Nossa tarefa, porém, na hora que passa, é a de reavivar a chama dos princípios doutrinários. Convite ao pensamento. Apelo ao raciocínio. Achamo-nos à frente de um mundo em reforma. Casa em transição e refazimento. Entre as acomodações do antigo e os desafios do novo, somos trazidos a erguer um cenáculo para os valores da alma.
Agitar opiniões seria distrair, perder a oportunidade na extroversão.
O Espiritismo evangélico pede seareiros decididos a revolver as leiras da verdade.
Silêncio e construção. Não importa sejamos poucos. O pão disputado com alarido, nas praças, foi, a princípio, um compromisso de trabalho entre o lavrador e o solo que lhe
acolhe a esperança.
Nunca desprezar a obscuridade do início.
Acendamos, com o livro, a faísca de lume4.
Façamos a nossa parte. Outros realizadores virão.
A obra não é nossa.
Reflitamos na supervisão que verte do Cristo, detenhamo-nos na reverência aos Bons Espíritos que o representam.
O materialismo inventou máquinas capazes de sustentar o mínimo esforço físico para o homem na Terra, mas não lhe suprimiu as aflições de espírito. Quanto mais supercultos os povos do Planeta, do ponto de vista do cérebro, mais ampla a taxa dos sofrimentos de natureza moral.
Conquanto indispensáveis na economia do progresso, os títulos acadêmicos e os avanços técnicos não curam as moléstias do pensamento e nem arredam do caminho o fogo das paixões.
Somos convocados hoje a trabalhar na desmontagem das armadilhas do suicídio e no combate à praga da obsessão5, desarticulando as brechas do tédio e do desânimo, da angústia e da descrença, pelas quais se insinua a força da sombra contra a luz e do
desequilíbrio contra a harmonia que rege a existência.
Prossigamos. Permaneçam conosco a fé no Poder Supremo e a presença do Mestre, aquele mesmo Eterno Amigo que nos prometeu, convincente:
– “Aquele que me segue não anda em trevas).”
(Nova Iorque, N.I., E. U. A., 6, Julho, 1965)
4- Depois de vinte dias, após o recebimento dez anotações, os médiuns assinaram contrato com a «Philosophical Library», de Nova Iorque, para o lança-mento do livro “The World of the Spirit”.
5- Veja-se, nas páginas 52, 53 e 54, um estudo estatístico referente ao suicídio e a loucura organizado pelos médiuns.
6- João, 8:12.
PEQUENO ESTUDO ESTATÍSTICO EM TORNO DE DESENCARNAÇÕES POR
SUICIDIO E LOUCURA NOS ANOS DE 1961 E 1962.
SUICÍDIO
Desencarnações por suicídio, em 10 dos paises que mostram índice mais elevado de óbitos desta natureza.
Classificação por média anual tomada aos anos mais recentes da estatística mundial, conforme os dados informativos do “Demographic Yearbook – 1963”, edição das Nações
Unidas, New York, 1964.
Paises Anos
Totais de
desencarnações por
suicídio (Suicídio e
injuria feita a si
mesmo)
Nº. de
desencarnações em
cada parcela de cem
mil habitantes
Áustria 1962 1508 22,4
Alemanha República
Federal Alemã)
1961 10.116 18,7
Suíça 1961 1.001 18,2
Japão 1962 16.439 17,3
França 1962 7.112 15,1
Bélgica 1961 1.348 14,7
Inglaterra
e País de Gales
1961 5.589 12,0
Estados Unidos 1962 20.207 10,8
Polônia 1961 2.643 8,8
Portugal 1962 770 8,6
LOUCURA
Desencarnações por loucura, em 10 dos países que mostram índice mais elevado de óbitos dessa natureza.
Classificação por média anual tomada aos anos mais recentes da estatística mundial, conforme os dados informativos do “Demographic Yearbook – 1963”, edição das Nações Unidas, New York,
1964.
Países Anos
Totais de
desencarnações por
loucura (Senilidade
sem menção de
psicose, em razão de
causas mal definidas
ou desconhecidas)
Nº. de desencarnações
em cada parcela de
cem mil habitantes
França 1962 77.890 165,7
Portugal 1962 12.838 143,1
Bélgica 1961 13.127 142,9
Polônia 1961 41.603 138,8
Japão 1962 71.478 75,3
Alemanha
(República Federal
da Alemanha)
1961 39.932 73,9
Áustria 1962 2.962 41,6
Suíça 1961 818 14,9
Inglaterra e
País de Gales
1961 6.756 14,5
Estados Unidos 1962 19.730 10,6
Notas dos médiuns Waldo Vieira e Francisco Cândido Xavier:
a) O presente estudo estatístico, em torno do suicídio e da loucura, considerados, em tese, como sendo moléstias do materialismo, excetuados naturalmente os casos de natureza puramente orgânica, foi efetuado, a pedido dos benfeitores espirituais Emmanuel e André Luiz, para que se avalie a necessidade da divulgação do Espiritismo Evangélico entre as Nações.
b) Emmanuel e André Luiz dirigiram as pesqu1sas aos médiuns nesse sentido, no mês de Julho de 1965, em Nova Iorque, pesquisas essas que resultaram em estudos diversos, dos quais
transparece que a média de desencarnações por suicídio e loucura, na anualidade da Terra, em todos os continentes, é tão grave e significativamente tão alta, quanto as do câncer e da
arteriosclerose. Dos referidos estudos, destacaram-se os presen-
tes apontamentos estatísticos, para a apresentação sintética do problema, por mostra do assunto apenas em 10 Paises.
e) Um exemplar do “Demographic Yearbook – 1963”, editado pelas Nações Unidas, em Nova Iorque, em 1964, do qual foram extraídas as anotações acima, foi oferecido à Biblioteca da
Federação Espírita Brasileira.
12 - Super culturas e calamidades morais
Emmanuel
“Mas Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado para quem será?” – JESUS. (Lucas, 12:20).
Não basta ajuntar valores materiais para garantia de felicidade.
A supercultura consegue atualmente na Terra feitos prodigiosos, em todos os reinos da Natureza física, desde o controle das forças atômicas às realizações da Astronáutica. No entanto, entre os povos mais adiantados do Planeta, avançam duas calamidades morais do materialismo, corrompendo-lhes as forças: o suicídio e a loucura, ou, mais propriamente a angustia e a obsessão.
É que o homem não se aprovisiona de reservas espirituais à custa de máquinas. Para suportar os atritos necessários à evolução e aos conflitos resultantes da luta regenerativa, precisa alimentar-se com recursos da alma e apoiar-se neles.
Nesse sentido, vale recordar o sensato comentário de Allan Kardec, no item 14, do Capítulo V, de “O Evangelho segundo o espiritismo”, sob a epígrafe “O Suicídio e a Loucura”:
“A calma e a resignação hauridas da maneira de considerar a vida terrestre e da confiança no futuro dão ao Espírito uma erenidade que é o melhor preservativo contra a loucura e o suicídio. Com efeito, é certo que a maioria dos casos de loucura se devem à
comoção produzida pelas vicissitudes que o homem não tem a coragem de suportar. Ora, se encarando as coisas deste mundo, da maneira por que o Espiritismo faz que ele as
considere, o homem recebe com indiferença, mesmo com alegria, os reveses e as decepções que o houveram desesperado noutras circunstâncias, evidente se torna que essa força, que o coloca acima dos acontecimentos, lhe preserva de abalos a razão, os
quais, se não fora isso, o conturbariam”.
Espíritas, amigos! Atendamos à caridade que suprime a penúria do corpo, mas não menosprezemos o socorro às necessidades da alma! Divulguemos a luz da Doutrina Espírita! Auxiliemos o próximo a discernir e pensar.
(Paris, França, 19 de Agosto, 1965)
13 - Perguntas e respostas
Hilário Silva
Em Nova Iorque, entre os dois amigos, no banco do “subway”, no longo percurso de Times Square a Essex:
— Qual é a sua opinião sobre o Governo?
— Ah! Penso que todos devemos pedir a Deus pela segurança dos nossos governantes...
— E o prefeito? Que me diz você sobre o prefeito?
— Evidentemente, será um homem de boas intenções.
— Escute, você já ouviu dizer alguma coisa acerca do Peterson?
— Já.
— Sabe que ele é um tubarão?
— Sei que ele é um negociante.
— Mas está informado de que ele é desonesto?
— Isso não sei, por não conhecê-lo na intimidade.
— Você ainda mora perto do Jimmy Davis?
— Moro.
— Qual é a sua opinião sobre ele?
— É um bom homem, trabalhador de grande atividade.
— Vive bem com a esposa?
— Parece que sim.
— Que me fala do Crane, seu vizinho de lado?
— Excelente pessoa.
— E do Joe Murray?
— Companheiro boníssimo. O amigo perguntador fixou o outro admirado e indagou:
— É verdade que você se tomou espírita, segundo o Evangelho?
— Graças a Deus.
O interlocutor fez o gesto de quem se despedia e falou em seguida a valente risada:
— Eu logo vi! Com espírita metido a interpretar Jesus-Cristo, não há jeito de se manter
nenhuma conversação...
(Nova Iorque, N.I., EUA, 4 Julho 1965)
14 - A Porta da palavra
Emmanuel
"Orando também, juntamente por nós para que Deus nos
abra a porta da palavra(...)" - Paulo (Colossenses, 4:3)
A atualidade terrestre dispõe dos mais avançados processos de comunicação entre os homens.
Num só dia aviões sobrevoam nações diversas.
O rádio e a televisão alteram o antigo poder do espaço.
Quantos milhões de criaturas, porém, se reconhecem profundamente isoladas dentro de si, ainda mesmo quando parte integrante da multidão? Quantos seres humanos varam largos trechos da existência expedindo apelos ao socorro espiritual de outros seres humanos sem qualquer resposta que lhes asserene o campo emotivo?
O que mais singulariza o problema é que nem sempre vale a presença material de alguém para o auxílio de que outro alguém se reconhece necessitado. Quem sofre prefere solidão à companhia daqueles que lhes agravam o sofrimento.
Todos nós carecemos de alívio na hora da angústia ou de apoio em momentos difíceis, e, para isso, contamos receber daqueles que nos rodeiam a frase compreensiva e conveniente. Entanto, nesse sentido, não bastará que os nossos benfeitores nos manejem corretamente o idioma ou nos identifiquem o grau de cultura. É imperioso nos conheçam os sentimentos e problemas, os ideais e realizações.
Meditemos, pois, na importância do verbo e roguemos a Deus nos inspire, a fim de encontrarmos a porta adequada à palavra certa e sermos úteis aos outros tanto quanto esperamos que os outros sejam úteis a nós.
(Nova Iorque, N.I., EUA, 4 Julho 1965)
15 -A alma também
André Luiz
Casas de saúde espalham-se em todas as direções com o objetivo de sanar as moléstias do corpo e não faltam enfermos que lhe ocupem as dependências.
Entretanto, as doenças da alma, não menos complexas, escapam aos exames habituais de laboratório e, por isso, ficam em nós, requisitando a medicação, aplicável apenas por nós mesmos.
Estimamos a imunização na patologia do corpo.
Será ela menos importante nos achaques do espírito?
Surpreendemos determinada verruga e recorremos, de imediato, à cirurgia plástica, frustrando calamidades orgânicas de extensão imprevisível.
Reconhecendo uma tendência menos feliz em nós próprios, é preciso ponderar igualmente que o capricho de hoje, não extirpado, será hábito vicioso amanhã e talvez criminalidade em futuro breve.
Esmeramo-nos por livrar-nos do stress capaz de esgotar-nos as forças. Tratemos também de nossa feição temperamental para que a impulsividade não nos induza à ira fulminatória.
Tonificamos o coração, corrigindo a pressão arterial ou ampliando os recursos das coronárias a fim de melhorar o padrão de longevidade. Apuremos, de igual modo, o sentimento para que as emoções desregradas não nos precipitem nos desvãos passionais em que se aniquilam tantas vidas preciosas.
Requintamo-nos, como é justo, em assistência dentária na proteção indispensável.
Empenhemo-nos, de semelhante maneira, na triagem do verbo, para que a nossa palavra não se faça chibata de sombra.
Defendemos o aparelho ocular contra a catarata e o glaucoma. Purifiquemos igualmente o modo de ver.
Preservamos o engenho auditivo contra a surdez. No mesmo passo, eduquemos o ouvido para que aprendamos a escutar ajudando.
A Doutrina Espírita é instituto de redenção do ser para a vida triunfante. A morte não existe. Somos criaturas eternas. Se o corpo, em verdade, não prescinde de remédio, a alma também.
(Nova Iorque, N.I., EUA, 14 Julho 1965)
16 - Entrevista em Nova Iorque
Irmão X
A noite descera do poente longo...
Passeando no Central Park, em Nova Iorque, surpreendi um amigo espiritual de olhar sereno e doce, entre os obreiros desencarnados que repousavam, após o dia.
– Você conhece? – perguntou-me o Serpa, colega que me partilhava a pequena excursão. E espicaçando-me a curiosidade :
– Aquele é Horace Greeley, observador do Espiritismo, na América...
Não pude sopitar o impulso afetivo que me requisitava para ele e aproximei-me.
– Horace Greeley? – indaguei, emocionado – mobilizando o meu péssimo inglês,
praticado nos últimos tempos.
– Sim, para servi-lo.
Percebendo-me as dificuldades no ensaio do tratamento, ele mesmo desembaraçou-me :
– Chame-me por irmão. Somos companheiros de jornada. Já ultrapassamos os velhos
marcos dos preconceitos.
O nosso diálogo deslizou, então, claro e simples :
– Meu amigo – recomecei –, tenho visitado freqüentemente os Estados Unidos, junto de Frederico Figner, antigo lidador do Espiritismo no Brasil, que habitualmente me fala do
seu apostolado... Semelhantes viagens adquiriram expressão de rotina para mim. Agora, no entanto, acompanhamos amigos do Brasil, em tarefa espiritual, num encontro fraterno
com o povo norte-americano, e estimaria ouvir-lhe algumas palavras...
– Em que lhe poderia ser útil?
– Não lhe será incômodo dizer-nos algo, em torno do movimento espírita em seu País?
De modo algum. A Nova Revelação, que passou a ser conhecida, entre nós, como sendo o moderno “Espiritualismo”, enfrenta valorosamente aqui os obstáculos que o materialismo acumula contra nós todos, no presente século, e vai concretizando a sua
benemérita obra missionária.
– Crê o senhor que ela se acha aparelhada com todos os recursos precisos para superar os empeços da nossa época?
– Não. Não devo superestimar a nossa capacidade de concepção e de ação. O apego aos fenômenos, em nossa esfera de luta, determinou o surgimento de entraves com que não contávamos. A fome de demonstrações para os olhos físicos, até certo ponto, deixou para trás a visão da alma. Realizamos e continuamos a realizar excelentes construções no terreno científico, de maneira a patentear a sobrevivência da alma ; contudo, talvez
detidos demais na feição unilateral do problema, não nos lembramos de que a edificação moral exige de nós a mesma força de serviço e persuasão.
– Mas, o Espiritualismo, na América do Norte, está alimentado pela seiva do Cristianismo...
– Sem dúvida. E’ necessário frisar, porém, que temos dado ênfase excessiva ao Cristianismo estático da crença que aprecia Jesus por salvador externo, sem admiti-lo na condição de mestre da alma, com instruções e disciplinas para o mundo íntimo. Faltam-
nos os esclarecimentos incisivos de Allan Kardec, capazes de induzir-nos à fé raciocinada e à aceitação do Evangelho de Jesus por sistema de renovação e aperfeiçoamento do campo individual.
– Isso quer dizer que o senhor tem estudos meditados sobre a Codificação Kardequiana.
– Como não?
– Julga o senhor que a Codificação Kardequiana seja inatacável?
– Na essência do ensino de que se faz portadora, ela se ergue sobre indicações e diretrizes incorruptíveis como a própria vida, mas na superfície que as palavras entretecem é natural que ela venha, com o tempo, a sofrer revisões como qualquer
construção, por mais respeitável, que passe na Terra por mãos humanas. De qualquer modo, vocês, os nossos irmãos atinos, devem a Allan Kardec benefícios inapreciáveis do plano moral, principalmente porque ele foi fiel aos Espíritos Instrutores que lhe presidiram a obra, apresentando a Doutrina Espírita como doutrina deles, de caráter universal, na revivescência do Evangelho do Cristo... Nós, os companheiros do mundo .anglo-saxônio, destacamos dois pontos de fundamental importância de que Allan Kardec não se descuidou, em favor da Humanidade : a vincularão do Espiritismo ao Cristianismo dinâmico e a obrigação da mediunidade gratuita. O Cristianismo dinâmico é uma escola
de orientação que interfere nos processos da consciência, espertando cada criatura para a responsabilidade de viver, e a mediunidade gratuita é o único meio de assegurar a livre
manifestação do Mundo Espiritual.
– Que diz o senhor da mediunidade remunerada?
Greeley sorriu, na pausa com que pareceu refletir no delicado assunto que a nossa inquirição levantava, e considerou, franco :
– Não podemos esquecer que, nas áreas de língua inglesa, temos tido médiuns abnegados, em todos os tempos, que tudo deram de si à causa da verdade, sem a recompensa de um ceitil, e que, ao lado deles, outros muitos terão tido necessidade de amparo material para o serviço a que foram chamados; entretanto, somos constrangidos, a reconhecer que a mediunidade será gratuita ou a Nova Revelação será abafada ou prejudicada por interesses inferiores ou exclusivistas.
– Sabemos que o senhor conheceu as irmãs Fox...
– Perfeitamente.
– Desejaria aditar algum apontamento de sua parte à história delas?
– Nenhum. Elas experimentaram, como quaisquer pioneiros do progresso, as vicissitudes do clima terrestre em que viveram. Não será licito desconhecer-lhes as fulgurações e nem reprovar-lhes as fraquezas... Eram, como nós, criaturas humanas, entre as atrações da sombra e as exigências da luz. Compreendi que estava transformando a minha pesquisa num inquérito demasiado longo
e abreviei :
– Meu amigo, que nos pode falar acerca da reencarnação nesta parte do Continente?
– A certeza da reencarnação avança, cada vez mais, em nosso campo de serviço. O tema concerne à verdade e a verdade, a pouco e pouco, se revela de modo irreversível.
– O senhor tem alguma sugestão para nós, os irmãos brasileiros?
– Quanto nos seja possível, cultivemos o esforço da aproximação recíproca. Aprendamos e sirvamos juntos. Conheçamo-nos. Permutemos estudos e conclusões. Evolução é
trabalho de espíritos reunidos.
Fixei, com mais enternecida atenção o fundador do “Herald Tribune” e rematei :
Estamos sumamente satisfeitos. Muito gratos por sua palavra sincera e persuasiva. Possuímos em sua presença uma das glórias mais altas do jornalismo americano e não será justo esquecer que Nova Iorque lhe honorífica a memória com uma estátua no
Greeley Square...
O entrevistado, no entanto, cortou-me a ponderação, exclamando :
– Não me diga isso. Sou apenas um espírito consciente, buscando a execução do próprio dever...
E acrescentou sorrindo :
– Se você admite a existência de glórias humanas, observe, quando passar na praça referida, a estátua de que me fala e verá que a poeira e os pombos não acreditam nisso.
Em seguida, Horace Greeley pronunciou expressões de amizade e bênção, que profundamente nos comoveram, e afastou-se, a passo rápido, como quem seguia ao encontro de tarefas inadiáveis, sob a noite de cinza.
(Nova Iorque, N.I., EUA, 12, Julho, 1965.)
17 - Novo método de cura
KELVIN VAN DINE
Um problema existe na sustentação do equilíbrio e da paz que nos pede reflexão. É o problema da melhoria. Para que isso aconteça na vida física, desde os egípcios, estamos na Terra perfeiçoando a medicina.
A história da ciência de curar é um dos mais belos capítulos da história humana.
Sacrifícios, abnegações, heroísmos, experiências. Tudo se tem feito para sanar enfermidades e extinguir aleijões, diminuir provas e arredar calamidades orgânicas.
Laboratórios de farmácias, hospitais e refúgios foram convocados à luta. E qualquer doente que nos seja querido, se cai de cama, obtém nossas vigílias e recursos para que se recupere tão de pronto quanto possível.
Isso quanto ao corpo. E no que concerne ao espírito?
A criatura que adoece das vísceras adoece também dos mecanismos mentais. Há viciações de conduta como há degenerescências do fígado. E se providenciamos remédio para as ocorrências hepáticas, porque esbordoamos a mente do companheiro colhido em
perturbação espiritual?
Se temos anestesia para extirpar uma formação cancerosa, porque não usar o esquecimento para acabar com um processo obsessivo que se agravou pelas adições de orgulho ou vaidade, inveja ou revolta com que foi acrescido?
Porque não tratar o ofensor como um doente, mais necessitado de carinho que de censura?
Se um amigo aparece espiritualmente deformado, seja nas aparências de azedume ou descaridade, auxiliemo-lo para o justo reequilíbrio.
Comecemos, de imediato, com a providência aplicada aos enfermos: fazê-los sentirem-se melhores. Ninguém dá fogo líquido ao portador de uma úlcera gástrica. Nunca reajustaremos o coração de ninguém a labaredas de crítica.
Esclareçamos as situações difíceis, corrijamos erros e estabeleçamos a verdade, mas sem exceder os limites da bondade humana e da responsabilidade de viver, como o cirurgião que restaura o órgão lesado sem destruí-lo a golpes de bisturi.
Que o erro existe, existe. Mas experimentemos um novo método de cura do erro. Façamos a criatura errada sentir-se melhor.
(Washington, In: D.C., EUA, 9 Junho 1965.)
18 - Compromisso Pessoal
Emmanuel
“Eu plantei, Apolo regou, mas o crescimento veio de Deus.”
– PAULO. (I Coríntios, 3:6)
Nada de personalismo dissolvente na lavoura do espírito.
Qual ocorre em qualquer campo terrestre, cultivador algum, na gleba da alma, pode jactar-se de tudo fazer nos domínios da sementeira ou da colheita.
Após o esforço de quem planta, há quem sega o vegetal nascente, quem o auxilie, quem o corrija, quem o proteja.
Pensando, porém, no impositivo da descentralização, no serviço espiritual, muitos companheiros fogem à iniciativa nas construções de ordem moral que nos competem. Muitos deles, convidados a compromissos edificantes, nesse ou naquele setor de
trabalho, afirmam-se inaptos para a tarefa, como se nunca devêssemos iniciar o aprendizado do aprimoramento íntimo, enquanto que outros asseveram, quase sempre com ironia , que não nasceram para lideres. Os que assim procedem costumam relegar
para Deus comezinhas obrigações no que tange à elevação, progresso, acrisolamento ou melhoria, mas as leis do Criador não isentam a criatura do dever de colaborar na edificação do bem e da verdade, em favor de si mesma.
Vejamos a palavra do Apóstolo Paulo, quando já conhecia os problemas do auto-aperfeiçoamento, em nos referindo à evangelização: “Eu plantei, Apolo regou, mas o crescimento veio de Deus.”
A Necessidade do devotamento individual à causa da Verdade transparece, clara, de semelhante conceituação.
Sabemos que a essência de toda atividade, numa lavra agrícola, procede, originalmente, da Providência Divina. De Deus vêm a semente, o solo, o clima, a seiva e a orientação para o desenvolvimento da árvore, como também dimanam de Deus a inteligência, a saúde, a coragem e o discernimento do cultivador, mas somos obrigados a reconhecer que alguém deve plantar.
(Paris, França, 23 de Agosto de 1968)
19 - Problemas de direção
André Luiz
Muita gente procede assim, por falta de uma palavra amiga que lhe favoreça a direção.
Quantas vezes, nós próprios anestesiamos a noção de responsabilidade ao elixir da conveniência e teremos procedido também desse modo, em estâncias do passado, diante das tarefas renovadoras de outras reencarnações?
Nenhuma intenção de fazer pejorativa a identificação do companheiro de ideal e trabalho
a que podemos designar como sendo meio-espírita, de vez que o nosso propósito é aquele dos irmãos empenhados em elevar o nível de rendimento da família na prosperidade doutrinária.
Os espíritas de metade existem e decerto que grande merecimento possuem pelas qualidades respeitáveis que já apresentam, mas devemos ajudá-los através da oração a complementarem as realizações edificantes que se encontram intimados a fazer.
São eles habitualmente pessoas convictas das realidades do espírito; contudo, não se apercebem da importância disso, exaltando fenômenos e não levantando sequer uma palha na divulgação da verdade.
Acreditam que é preciso trabalhar nas boas obras e nunca se animam a mínima tarefa. Destacam a excelência da seara espírita e recusam qualquer compromisso de trabalho dentro dela.
Fogem de colaborar na ação construtiva, e, se encontram confrades zelosos e disciplinados em serviço, costumam interpretá-los por irmãos tendentes a fanatismo e
covardia.
Estão invariavelmente prontos a receber o socorro do passe ou do amparo espiritual e são alérgicos aos aborrecimentos, mesmo pequeninos, quando se trata de prestarem algum auxílio aos outros.
Dizem-se prudentes e se fazem tão arredios da edificação espírita, em nome da prudência, que chegam a entravar o passo de numerosos irmãos dispostos a trabalhar.
Aceitam os preceitos espíritas, mas habituam-se, de tal maneira, a seguir os preconceitos do mundo, que chegam a abraçar as piores diretrizes sociais, sob a alegação de que a fraternidade precisa estar com todos.
Revelam-se por excelentes conversadores, destacando a verdade com o verbo quente e expressivo nas horas de céu calmo; todavia esmorecem na palavra frouxa e morna, quando as nuvens borrascosas da mentira exigem o testemunho da verdade.
Reflitamos no assunto e pausemos para auto-exame. Reconheçamos a grandeza da redentora Doutrina dos Espíritos que nos traz as bênçãos de Jesus por inteiro. Evitemos a nossa classificação deficitária de aprendizes com aproveitamento de metade que, ao
invés de situar-nos no caminho do meio, nos deixa para trás, no meio do caminho.
(Londres, Inglaterra, 10, Aposto, 1965.)
20 - Trabalhar sempre
Emmanuel
Ociosidade não é somente estagnação do progresso.
Necessário auscultar-lhe as desvantagens profundas.
Não será preciso, para isso, recorrer aos elementos de poesia e retórica. Basta consultar o cadastro da vida. Certamente que a vida exige o esforço da impressão, mas, acima de tudo, o esforço da ação.
Cada espírito é chamado a aprender, a fim de exprimir-se, e não há expressão sem trabalho.
Tudo o que está criado na esfera da natureza como que se detém esperando o servidor.
Nada reservado à preguiça, senão o espetáculo de miséria que a denuncia, como seja a tapera em que o preguiçoso converte a própria casa.
Descobertas e invenções que felicitam a Humanidade nasceram de espíritos que se decidiram a trabalhar, perquirindo as forças do Universo.
Gênio é diligência aplicada.
Durante milênios, milhões de homens cruzaram dificilmente os caminhos da Terra, aproveitando o suor de alimárias. Bastou a intervenção de alguns espíritos operosos, reencarnados no Planeta, para a solução dos problemas de condução e transporte, e o homem de hoje, em menos de um século, se desloca de um pólo a outro, até mesmo com velocidade superior à do som, se o deseja.
Não ignoremos a importância da atividade criativa na existência.
Nas linhas inferiores da evolução, o trabalho aparece como efeito de domesticarão da vontade. O homem primitivo, acicatado pela fome, é compelido a sair da maloca e a agir para comer. Quando raiam os primeiros indícios de governança, os povos agressivos se escravizam uns aos outros, alternando-se na posição de senhores e vassalos, na dilatada fieira das reencarnações, a fim de acordarem para o valor do trabalho.
E à medida que a educação se expande, o trabalho conquista novos troféus de nobreza, até alcançar, com a Doutrina Espírita, o brilho que lhe é próprio, como sendo o maior privilégio do coração e da inteligência.
Não nos iludamos.
Os princípios espíritas nos descerram elevados planos de alegria e libertarão.
Dever de servir, felicidade de ser útil. Definição de caminhos e objetivos.
Deixemos para trás as insígnias mortas das reencarnações inúteis em que, tantas vezes, nos enfeitamos com a indolência dourada.
De quando em quando, visitemos um museu, por alguns minutos, e reconheceremos a transitoriedade das palmas exteriores, aprendendo que só existe um trabalho para a felicidade: a felicidade de trabalhar.
(Nova Iorque, E. U. A., 7, Julho, 1965.)
21 - Porquê ?
Hilário Silva
Enquanto o ônibus deslizava de Nova Iorque para Miami, Adolph Hunt, proprietário de extensos pomares da Flórida, dizia para o companheiro de poltrona.
-Imagine você, Fred, que andam veiculando por aí supostos recados do Espírito de meu pai, falando em virtude e regeneração... Aperfeiçoamento é negócio de tempo. Hoje em
dia, qualquer menino sabe o que vem a ser evolução... Ora, se ninguém pode tirar a obra gradativa do progresso, para que essa máquina aparatosa de Espíritos e médiuns, fenômenos e mensagens que o Espiritismo pretende acionar, no mundo, em nome de Deus e de imaginários Mensageiros Divinos? Pode você dizer-me o que Deus tem lá com isso? Ou, ainda, que têm conosco os chamados Amigos Espirituais?
-O interlocutor, encorajado pela atenção de outros ouvintes, gargalhava irônico e chancelava:
-Eu também creio assim... Estamos com Deus ou com a evolução... Mediunidade é balela. Nem Deus e nem Espíritos interferirão com as leis da vida...
A conversa alongou-se, nesse tom, quando Adolph, chegado ao ponto de destino, veio a saber por um amigo que a sua maior estância havia sido varrida por violento furacão...
De pronto, valeu-se do automóvel e tocou para o sítio indicado e oh desolação! Centenas de árvores frutíferas, notadamente as laranjeiras de classe, jaziam mutiladas ou retorcidas, exigindo cuidados imediatos.
Terrivelmente surpreendido, ele, que acima de tudo amava o enorme pomar, convocou os filhos ausentes e os empregados de sua organização a trabalho reparador e, durante quatro dias compridos, nos quais ele próprio não descansou, a enorme chácara recebeu socorro e restauração.
Na quinta noite, após o desastre, quando pôde enfim entregar-se ao repouso, sonhou com o pai, a dizer-lhe com benevolente sorriso:
-Meu filho, se você, meus netos e os nossos cooperadores de serviço, imperfeitos como ainda são, se empenharam, com tanto carinho, pela salvação de um laranjal, porque negar a Deus, nosso Pai de Infinito Amor e aos Bons Espíritos, nossos Irmãos Maiores, o direito de se interessarem pela melhoria da Humanidade?
Adolph Hunt retomou o corpo físico e prosseguiu escutando a voz paterna a se lhe entranhar na acústica da alma:
- Porquê? Porquê, meu filho?
(Nova Iorque, N. I., E.U. A., 2, agosto, 1995.)
22 - Trecho de conversa
Irmão X
-A propósito da divulgação da doutrina Espírita – disse-nos, ainda agora, Samuel de Cirene, velho amigo da cultura israelista -, recordarei singelo acontecimento que os séculos apagaram...
E contou
- Certa feita, nos primeiros tempos do Cristianismo, a peste devorava grande extensão da Capadócia e da Galácia, reduzindo industriosas populações ao desespero. Depois da doença fulminativa, veio a fome e, com a fome, surgiram tristeza e penúria, aflição e abandono... Largos movimentos de solidariedade se improvisaram, aqui e ali, para socorro às vítimas, e o apelo à generosidade pública alcançou Antioquia, onde um grupo de cristãos abnegados se entregou ao apostolado do auxílio. Em dias rápidos, numerosas famílias se despojaram de utilidades diversas, enquanto corações generosos ofereciam recursos financeiros, em favor dos desamparados. Tamanho foi o montante das preciosidades, que seis barcos, de um porto da Salêucia, partiram repletos. A viagem começou entre presos e cânticos de louvor; entretanto, depois de algumas horas, grosso
nevoeiro desceu sobre as águas e as nuvens pareciam tão perto que mais se assemelhavam a montanhas de carvão em forma de neblina... Sobreveio a noite, sem que se tivesse notícia do pôr-do-sol, a não ser através de tênue clarão, lembrando atmosfera
de candeeiro longínquo... Findo longo tempo sobre a onda agitada, a frota beneficente foi arrojada a maciço de penhascos, despedaçando-se de encontro aos rochedos. Por esquecimento dos responsáveis, os faróis de ilha vizinha jaziam apagados e a valiosa carga se perdeu por inteiro... Esse antigo incidente, meus amigos, ilustra a necessidade da divulgação criteriosa do Espiritismo, em todas as direções. Indiscutivelmente, todos
precisamos da bondade que auxilia o corpo e lhe sana as mazelas, mas não nos é lícito esquecer, sem prejuízo grave, as exigências do espírito. Esta, a observação de um dos amigos experientes que nos seguem a viagem, na conversação desta noite aprazível. Registro-a, de escantilhão, através do lápis, porque, se ainda hoje líamos enternecidamente, aqui mesmo, o inolvidável aviso de Allan Kardec:
“fora da caridade não há salvação”, será justo acrescentar, com todo o nosso respeito à
memória do Codificador, que “fora da luz não existe caminho”.
(Paris, França, 23, Agosto, 1965.)
23 -A Palavra
André Luiz
Prodigiosa, a energia criadora do pensamento,
Sem a palavra, a idéia não se desenvolveria.
*
Providencial, a função da escola.
Fora da palavra, a instrução seria impossível.
*
Admirável, o poder do livro.
Sem a palavra, ninguém comporia uma frase.
*
Exata a força da lei.
Fora da palavra, a ordem seria desconhecida.
*
Indiscutível, o progresso da indústria.
Sem a palavra, o trabalho não atravessaria as fronteiras da insipiência.
*
A Própria missão do Cristo não conseguiu articular-se sem palavra, através da qual nos foi possível recolher a herança do Evangelho.
*
A palavra é o instrumento mágico que Deus nos confia.
*
Expanda o vocabulário.
Selecione os recursos verbais.
Burile a frase.
Fale com o bem e para o bem.
Em suma, aperfeiçoe a sua palavra nas relações com os outros e você encontrará, sem dificuldade, a sua escada de elevação.
(Londres, Inglaterra, 10 de Agosto, 1965)
24 - A mobília
Hilário Silva
O caminho estacara à frente de grande supermercado da rua 48, em Nova Iorque, em que Doug Sanford trabalhava.
Solteirão, as cinqüenta de idade, Sanford era conhecido pela condição de espírita distinto e laborioso. Por isso mesmo, notando que ele acompanhava, algo preocupado, a preciosa mobília
austríaca que a máquina transportava, aproximou-se dele Bobby Best, colega de serviço e companheiro de fé, a observar-lhe, curioso:
- Você tem razão de resguardar cuidadosamente estas peças...
E acariciando espelhos, lustres, almofadas e cortinas, acrescentava:
- Que beleza de mobília! Ah! Se eu pudesse, adquiriria um igual... que bom gosto!...
Porque Doug nada dissesse, retornou Bobby ao assunto:
-Olhe os altos relevos! Admiráveis filigranas!... Como eu seria feliz se possuísse um tesouro
assim!... Você, naturalmente, meda razão...
Doug apenas afirmava: - “é... é...”
À vista disso, Bobby indagou, direto:
- Para onde vão estas raridades?
E o amigo:
- Vão para um lar de velhos menos felizes...
-Meu Deus! – gritou Bobby, espantado – quem fez semelhante doação? De onde vem tanta riqueza?
-Esta mobília – falou Doug – foi comprada por meus avós, pertenceu à minha mãe, recentemente desencarnada, e está largando enfim a nossa casa...
- Porque você diz assim?
E o amigo explicou:
-Tenho duas irmãs casadas que se puseram a disputa-la com tamanha ambição, que os maridos, revólver em punho, se atiraram um contra o outro, na semana passada, a ponto de se ferirem e de
sermos todos detidos pela polícia... Com sacrifício, adquiri todo este material para oferece-lo aos velhinhos necessitados... Sem dúvida, que é uma relíquia do bom gosto de nossos avós...
E, ante as manobras do carro que se afastava, terminou:
-Mas toda relíquia material, quando capaz de conturbar a família ou arrasar a nossa paz de espírito, deve sair de nosso ambiente com a misericórdia de Deus.
(Nova Iorque, E.U. A., 1, Julho, 1965.)
25 -Inquietação
Valérium
Era homem robusto e inteligente; contudo, assim que ajuntou algum dinheiro, olvidou a si próprio.
Não mais refeições a tempo, a fim de caçar mais lucros.
Não mais sono tranqüilo, receoso de assaltos.
Não mais higiene pronta, por perder longo tempo buscando o golpe financeiro certo.
Não mais distrações sadias, por medo de gastar.
Não mais amizades puras, de vez que em cada rosto imaginava alguém a procurar-lhe as pratas.
E esse homem zeloso, tão zeloso que em nada mais pensava que não fosse em seu ouro, certa noite, sozinho, achou a tempestade que o sufocou num rio, em cheia inesperada, quando ia justamente cobrar de um devedor leve conta esquecida.
E muito, muito antes do tempo assinalado compareceu, vencido, aos tribunais da morte, para saber, chorando, que preservara o ouro, apaixonadamente, mas perdendo a si mesmo.
*
Observe o motivo de sua inquietação.
Seja casa ou dinheiro, posição ou destaque, fiscalize o seu zelo e equilibre a conduta,
porquanto, além de Deus que é vida, em nossas vidas, posse alguma na Terra pode encontrar valor, se você ganha tudo, afundando você.
(Silver Spring, Maryland, E. U. A., 10, Junho, 1965.)
26 -Fé e cultura
Emmanuel
“Acolhei ao que é débil na fé, não, porém, para discutir opiniões.”
– Paulo. (Romanos, 14:1)
Indubitavelmente, nem sempre a fé acompanha a expansão da cultura, tanto quanto nem sempre a cultura consegue altear-se ao nível da fé.
Um cérebro vigoroso pode elevar-se a prodígios de cálculo ou destacar-se nos mais entranhados campos da emoção, portas a dentro dos valores artísticos, sem entender bagatela de resistência moral diante da tentação ou do sofrimento. De análogo modo, um coração fervoroso é suscetível das mais nobres demonstrações de heroísmo perante a dor ou da mais alta reação contra o mal, patenteando manifesta incapacidade para aceitar
os imperativos da perquirição ou os requisitos do progresso.
A ciência investiga.
A religião crê.
Se não é justo que a ciência imponha diretrizes à religião, incompatíveis com as suas necessidades do sentimento, não é razoável que a religião obrigue a ciência à adoção de
normas, inconciliáveis com as suas exigências do raciocínio.
Equilíbrio ser-nos-á o clima de entendimento, em todos os assuntos que se relacionem à fé e à cultura, ou estaremos sempre ameaçados pelo deserto da descrença ou pelo charco do fanatismo.
Auxiliemo-nos mutuamente.
Na sementeira da fé, aprendamos a ouvir com serenidade para falar com acerto.
Diz o Apóstolo Paulo: “acolhei ao que é débil na fé, não, porém, para discutir opiniões.” É que para chegar à cultura, filha do trabalho e d verdade, o homem é naturalmente compelido a indagar, examinar, experimentar e teorizar, mas, para atingir a fé viva, filha da compreensão e do amor, é forçoso servir. E servir é fazer luz.
(Paris, França, 23, Agosto, 1965.)
27 - Abnegação dos heróis
Hilário Silva
A conservação entre os amigos desencarnados que nos integram a equipe de viagem prosseguia, animada, ontem à noite, quando Luís Garcia, um amigo espiritual procedente da Espanha, falou, excitado:
-O que estraga o movimento espírita, no mundo inteiro, são os traidores da doutrina, os mercadores da mediunidade, os leitores de fenômenos, os caixeiros das trevas, fantasiados de espíritos de luz... Mas Pierre Bazin, um confrade francês, aproveitou as reticências e opinou:
-Caro Garcia, você está certo, certíssimo. Os que abusaram da faculdade e recursos sagrados, a detrimento do Espiritismo, nos fizeram e nos fazem ainda imenso mal; no entanto, você e nós não podemos esquecer os milhares de médiuns e companheiros
outros de nossa Causa que triunfaram, brilhantemente, nos seus deveres, perante a Espiritualidade Maior – no último século – o primeiro de nossas atividades. A sociedade humana não lhes enxergou o trabalho, o devotamento, a humildade, o sacrifício...
Passaram, aos milhares, na arena física, criando condições favoráveis ao progresso, impedindo desastres morais, educando coletividades e erguendo corações para o futuro...
Diante desses heróis anônimos, os vendilhões do tempo são pequena minoria... Bazin fitou-nos de significativa maneira, indagando em seguida:
- Sabem porquê?
E finalizou:
-Isso acontece, meus amigos, porque, de modo geral, o mundo é míope para ver a abnegação, mas tudo o que se relaciona com a traição atinge logo intensa publicidade, porque o mundo entende disso muito bem.
(Paris, França, 22, Julho, 1965.)
28 - Na seara do auxílio
Emmanuel
“Suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos uns aos outros,se algum tiver queixa contra o outro; assim como o Cristo
vos perdoou, assim fazei vós também.” Paulo. (Colossenses, 3:13)
Desnecessário salientar o brilho do cérebro na cúpula da Humanidade.
As nações vanguardeiras do progresso material efetuam prodígios nos setores de pesquisa e definição do plano terrestre.
A universidade é um celeiro de luz para a inteligência.
O laboratório é uma nascente de respostas seguras para milenárias indagações.
Entretanto, na esfera do espírito, sobram discórdias e desesperos, desgosto e desilusão...
Todos nos referimos, inquietos, às calamidades da guerra, à proliferação do vício, aos estrados do ódio ou às deturpações da cultura, conscientes dos prejuízos e desastres que
nos impõem ao caminho comum.
Assinalamos, aqui e além, lutas ideológicas, conflitos raciais, insânia e egoísmo...
Que fazemos nós, na condição de aprendizes do Cristo, para o reequilíbrio do mundo?
Achamo-nos convencidos de que a violência não extingue a violência. Além disso, não ignoramos que Jesus nos chamou, a fim de compreendermos e auxiliarmos, construirmos
e reconstruirmos para o bem de todos.
Pensemos nisso.
Não alegues isolamento ou pequenez para desistir do esforço edificante que nos compete.
Uma fonte humilde garante o oásis na terra seca, e apenas uma lâmpada acesa vence a força das trevas.
A harmonia do todo vem da fidelidade e do serviço de cada um.
Trabalhemos unidos pela edificação da Terra Melhor.
Comecemos ou recomecemos a nossa tarefa, baseando a própria ação no aviso de
Paulo: suportando-nos uns aos outros e perdoando-nos mutuamente.
(Nova Iorque, E.U. A., 4, Julho, 1965.)
29 - Processos obsessivos
Kelvin Van Dine
Não raro auscultamos os processos obsessivos quando se encontram francamente instalados. No entanto, sabemos que a desagregação do equilíbrio mental, quando os problemas pertencem nitidamente ao espírito, levam tempo.
A sabedoria da vida não constitui o sistema nervoso para colapsos a troco de bagatelas.
Encontramos, desse modo, em toda parte do plano físico, os que se acham na fase prévia de segregação na enxovia da alma.
Sofreram ou se desenganaram em algum item da experiência humana e instintivamente entregam a chave do controle de si mesmos a inteligências outras que os espreitam na sombra. Do ressentimento passam à mágoa crônica. Da excitação se transferem à cólera sistemática. Daí seguem adiante até adquirirem um lugar destacado na patologia da mente.
Quando você se identifica nessa posição fronteiriça, capacite-se da necessidade que pode perfeitamente salvar-se, expedindo um S.O.S., e comece a derribar a cadeia mental que lhe ameaça a integridade, reunindo as suas forças em oração. Não espere o
naufrágio.
Em seguida, repare as suas forças orgânicas através do auxílio medicamentoso à altura de suas exigências fisiológicas, imitando o cuidado do mecânico que restaura a casa de máquinas do navio, e prossiga no rumo certo.
Esse rumo certo na temática da obsessão é a continuidade da viagem terrestre sem ancoragem que não seja aquela programada para deveres nos portos de escala – as prestações de serviço aos outros.
Nada de parar sobre recifes de perturbação ou vascular o bojo das ondas de treva.
Caminhar à frente. Esquecer-se em favor de outros viajantes.
Se você enfrenta um problema assim sutil da fronteira entre o equilíbrio e o desequilíbrio, observe que, na maioria das circunstâncias, você traz o recinto da mente cerrado ao
auxílio dos outros. São pensamentos de desânimo, cansaço, tristeza ou tentação que se agigantaram.
Foram eles diminutas brechas de sombra, na cidadela do espírito, que serviram de mira a gazuas cruéis de velhos adversários dos caminhos percorridos em outras existências.
Não permita que se lhe derruam as portas defensivas. Reaja. Mas conserve a certeza de que a única reação construtiva é a de sua própria renunciação aos caprichos e preconceitos do círculo pessoal, com serviço desassombrado e desinteressado ao
próximo.
Milhares ou talvez milhões de companheiros no mundo estão hoje no cairel da obsessão, quais viajores descuidados no dorso do abismo. Há socorro e libertação para todos,desde que cada um se disponha a renovar-se para o bem, renovando os agentes
espirituais que lhes assessoram a vida.
(Nova Iorque, N. I., E.U.A., 28, Julho, 1965.)
30 - Estudo na parábola
Irmão X
Comentávamos a necessidade da divulgação da Doutrina Espírita, quando o rabi Zoar bem Ozias, distinto orientador israelita, hoje consagrado às verdades do Evangelho no Mundo Espiritual, pediu licença a fim de parafrasear a parábola dos talentos, contada por Jesus, e falou, simples:
-Meus amigos, o Senhor da Terra, partindo, em caráter temporário, para fora do mundo, chamou três dos seus servos e, considerando a capacidade de cada um, confiou-lhes alguns dos seus próprios bens, a título de empréstimo, participando-lhes que os reencontraria, mais tarde, na Vida Superior...
-Ao primeiro transmitiu o dinheiro, o Poder, o Conforto, a Habilidade e o Prestígio; ao segundo concedeu a Inteligência e a Autoridade e ao terceiro entregou o Conhecimento Espírita.
Depois de longo tempo, os três servidores, assustados e vacilantes, compareceram diante do Senhor para as contas necessárias.
O primeiro avançou e disse:
-Senhor, cometi muitos disparates e não consegui realizar-te a vontade, que determina o bem para todos os teus súditos, mas, com os cinco talentos que me puseste nas mãos, comecei a cultivar, pelo menos com pequeninos resultados, outros cinco, que são o Trabalho, o Progresso, a Amizade, a Esperança e a Gratidão, em alguns dos companheiros que ficaram no mundo... Perdoa-me, Ó divino Amigo, se não pude fazer mais!...
O Senhor respondeu tranqüilo:
- Bem está, servo fiel, pois não erraste por intenção... Volta ao campo terrestre e reinicia a obra interrompida, renascendo sob o amparo das afeições que ajuntaste.
Veio o segundo e alegou:
-Senhor, digna-te desculpar-me a incapacidade... Não te pude compreender claramente os desígnios que preceituam a felicidade igual pra todas as criaturas e perpetrei lastimáveis enganos... ainda assim, mobilizei os dois valores que me deste e, com eles,
angariei outros dois que são a Cultura e a Experiência para muitos dos irmãos que permanecem na retaguarda...
O excelso Benfeitor replicou, satisfeito:
- Bem está, servo fiel, pois não erraste por intenção... Volta ao campo terrestre e reinicia a obra interrompida, renascendo sob o amparo das afeições que ajuntaste.
O terceiro adiantou-se e explicou:
-Senhor, devolvo-te o Conhecimento Espírita, intocado e puro, qual o recebi de tua munificência... O Conhecimento Espírita é luz, Senhor, e, com ele, aprendi que a tua Lei é dura demais, atribuindo a cada um conforme as próprias obras. De que modo usar uma lâmpada assim, brilhante e viva, se os homens na Terra estão divididos por pesadelos de inveja e ciúme, crueldade e ilusão? Como empregar o clarão de tua verdade sem ferir ou
incomodar? E como incomodar ou ferir, sem trazer deploráveis conseqüências para mim próprio? Sabes que a Verdade, entre os homens, cria problemas onde aparece... Em vista disso, tive medo de tua Lei e julguei como sendo a medida mais razoável para mim o acomodar-me com o sossego de minha casa... Assim pensando, ocultei o dom que me recomendaste aplicar e restituo-te semelhante riqueza, sem o mínimo toque de minha parte!...
O Sublime Credor, porém, entre austero e triste, ordenou que o tesouro do conhecimento Espírita lhe fosse arrancado e entregue, de imediato, aos dois colaboradores diligentes que se encaminhariam para a Terra, de novo, declarando, incisivo:
-Servo infiel, não existe para a tua negligência outra alternativa senão a de recomeçares toda a tua obra pelos mais obscuros entraves do princípio... -Senhor!... Senhor!... 0 chorou o servo displicente. – Onde a tua equidade? Deste aos
meus companheiros o dinheiro, o Poder, o Conforto, a Habilidade, O Prestígio, a Inteligência e a Autoridade, e a mim concedestes tão-só o conhecimento Espírita... como fazes cair sobre mim todo o peso de tua severidade?
O Senhor, entretanto, explicou brandamente:
- Não desconheces que te atribuí a luz da Verdade como sendo o bem maior de todos. Se ambos os teus companheiros não acertaram em tudo, é que lhes faltava o discernimento que lhes podias ter ministrado, através de corrigir amando e trabalhar instruindo...
Escondendo a riqueza que te emprestei, não só te perdeste pelo temor de sofrer e auxiliar, como também prejudicaste a obra deficitária de teus irmãos, cujos dias no mundo teriam alcançado maior rendimento no Bem Eterno, se houvessem recebido o quinhão de amor e serviço, humildade e paciência que lhe negaste!...
-Senhor!... Senhor!... porquê? – soluçou o infeliz – porque tamanho rigor, se a tua Lei é de Misericórdia e Justiça?
Então os assessores do Senhor conduziram o servo desleal para as sombras do recomeço, esclarecendo a ele que a Lei, realmente, é disciplina de Misericórdia e Justiça, mas com uma diferença: para os ignorantes do dever, a Justiça chega pelo alvará da
Misericórdia; mas, para as criaturas conscientes das próprias obrigações, a Misericórdia chega pelo cárcere da Justiça.
(Londres, Inglaterra, 10, Agosto, 1965.)
31 - Vinte questões com Gabriel Delane
André Luiz
Presente Gabriel Delanne, um dos mais destacados continuadores de Allan Kardec, em nossa reunião desta noite, formulamos respeitosamente para ele as questões que passamos a enumerar:
1. Caro amigo, estimamos colocar-nos na posição de nossos, ainda encarnados, para endereçar-lhe algumas perguntas de suma importância para eles que militam no plano físico. Prossegue em sua ação espírita de outro tempo, não obstante residindo agora
além da Terra?
- Sim, tanto quanto possível, dentro das minhas reduzidas possibilidades.
2. Que nos diz acerca do Espiritismo, na França?
- Não nos é lícito dizer haja alcançado o nível ideal...
3. Em se tratando do berço de Allan Kardec, ser-nos-á permitido indagar a razão disso?
-Não podemos esquecer que a França nos últimos vinte lustros sofreu a carga de três grandes guerras que lhe impuseram sofrimentos e provas terríveis.
4. Considera que isso tenha atrasado a macha do Espiritismo?
-De modo algum. Legiões de companheiros da obra de Allan Kardec reencarnaram, não só na França, mas igualmente em outros países, notadamente no Brasil, para a sustentação do edifício kardequiano.
5. Acredita que a Europa retomará a direção do movimento espírita?
-Antes de tudo, devemos considerar que a Europa assemelha-se, atualmente, a vasto campo de guerra ideológica, que está muito longe de terminar...
6. Admite que os princípios espíritas estão caminhando lentamente no mundo?
-Não penso assim... As atividades espíritas contam pouco mais de um século e um século é período demasiado curto em assuntos do espírito.
7. Muitos amigos ma Terra são de parecer que os Mensageiros da Espiritualidade Superior deveriam patrocinar mais amplas manifestações da mediunidade de efeitos físicos para benefício dos homens, como sejam materializações e vozes diretas. Que
pensa a respeito?
-Creio que a mediunidade de efeitos físicos serve à convicção mas não adianta ao serviço indispensável da renovação espiritual. Os Espíritos Superiores agem acertadamente em lhe podando os surtos e as motivações, para que os homens, nossos
irmãos, despertem à luz da Doutrina Espírita, entregando a consciência ao esforço do aprimoramento moral.
8. Conquanto tenha essa opinião, julga que o Espiritismo precisa atender ao incremento e melhoria da mediunidade?
- Não teríamos o Evangelho sem Jesus-Cristo e não teríamos Jesus-Cristo sem o socorro aos sofredores pelos processos mediúnicos que lhe caracterizaram a presença na Terra.
9. A Ciência terrestre de hoje se mostra ávida de contacto com outros mundos e, por isso, não seria interessante que os Espíritos fizessem por vários médiuns descrições da vida
em outros planetas.
-Isso é útil, desde que o problema seja apreciado nas dimensões justas. Espíritos comunicantes podem descrever para os homens cidades prodigiosas e avançados
sistemas sociais em planos de matéria que não aquela no estado em que é conhecida, medida e pesada na estância terrena. O homem físico, ainda mesmo de posse da mais avançada instrumentação, apenas vê ínfima parte do Universo.
10. A que atribuímos semelhante restrição?
-À estrutura do olho humano, formado para suportar apenas determinada quota de observação da vida em si.
11. Para que região devemos, nós, a seu ver, conduzir a pesquisa científica na Terra, de vez que a conquista da paisagem material de outros planetas não adiantará muito ao progresso moral das criaturas?
-Devemos estimular os estudos em torno da matéria e da reencarnação, analisar o reino maravilhoso da mente e situar no exercício da mediunidade as obras da fraternidade, da orientação, do consolo e do alívio às múltiplas enfermidades das criaturas terrestres...
12. Que mais?
-Velar pelas atividades que possam, na realidade, melhorar a individualidade por dentro...
13. Onde os percalços maiores para a expansão da doutrina Espírita?
-Em nossa opinião, os maiores embaraços para o Espiritismo procedem da atuação daqueles que reencarnam, prometendo servi-lo, seja através da mediunidade direta ou da mediunidade indireta, no campo da inspiração e da inteligência, e se transviam nas seduções da esfera física, convertendo-se em médiuns autênticos das regiões inferiores, de vez que não negam as verdades do Espiritismo, mas estão prontos a ridiculariza-las, através de escritos sarcásticos ou da arte histriônica, junto dos quais encontramos as demonstrações fenomênicas improdutivas, as histórias fantásticas, o anedotário deprimente e os filmes de terror.
14. Como vê semelhantes deformações?
-Os milhões de Espíritos inferiores que cercam a Humanidade possuem seus médiuns. Impossível negar isso.
15. De que modo vencer no labirinto gigantesco em que opera a influência das sombras?
- Educando...
16. Como?
-Explicando-se, tanto nos sistemas religiosos do Ocidente, quanto nos do Oriente, que a pessoa humana em qualquer lugar e em qualquer tempo somente possui o que ela fez de
si própria.
17. Exprimindo-se, desse modo, refere-se à necessidade da divulgação da Doutrina Espírita?
- Sim.
18. Mas, segundo o seu conceito, a divulgação terá de efetuar-se de pessoa a pessoa. Teremos entendido certo?
-Sim, de pessoa a pessoa, de consciência a consciência. A verdade a ninguém atinge através da compulsão. A verdade para a alma é semelhante à alfabetização para o cérebro. Um sábio por mais sábio não consegue aprender a ler por nós.
19. Não considerará, porém, que esse processo é moroso demais para a Humanidade?
-Uma obra-prima de arte exige, por vezes, existências para o artista que persegue a condição do gênio. Como acreditar que o esclarecimento ou o aprimoramento do espírito imortal se faça tão só por afirmações labiais de alguns dias?
20. Que advertência nos dá para a vitória de nosso esforço modesto na seara espírita?
- Compreender que esperança é sinônimo de paciência, estudando e servindo sempre, na certeza de que, se a eternidade é a nossa divina herança, cada dia é um tesouro de recursos infinitos que não podemos desprezar.
(Paris, França. 20, Agosto, 1965.)
32 - Diante de outras nações
Emmanuel
Conversarás a dignidade do lar e honrarás, amando infatigavelmente, os pais que te proporcionaram berço e vida.
Nunca sonegarás teu auxílio aos que te peçam amparo e compreensão no aconchego doméstico.
Exaltarás, servindo, a terra que lhe te acolhe por mãe generosa, retribuindo, em cuidado e respeito, o pão que ela te dá.
Saberás agradecer o espaço em que movimentas, assegurando-lhes a limpeza e ofertando-lhe, sempre que possível, o perfume de alguma flor que dependa de teu carinho.
Situarás, enfim, o coração na pátria que te reúne aos irmãos do mesmo ideal e da mesma língua, mas não olvidarás que o mesmo céu estrelado, de vigia sobre as nossas aspirações, agasalha as esperanças de outros povos que recebem como nós a Bênção
de Deus.
Quando procures o trabalho, cada manhã, recorda que outros homens fazem o mesmo, quando o Sol lhes anuncia um dia novo, e, quando envolvas teus filhos nas preces da noite, pensa nas mães que, em países distantes, velam igualmente, suplicando ao Todo
Misericordioso lhes proteja e conduza os entes queridos.
Não julgues que a riqueza amoedada de alguns e a carência econômica de outros sejam motivo a diferenças. As dores que nos aprimoram a alma e as alegrias que nos impulsionam para a frente vibram em milhares e milhares de corações no outro hemisfério.
Quando algo ouças, em torno de grupos dessa ou daquela conquista, ora por eles; são irmãos que desconhecem as reações dolorosas que lhes reajustarão o espírito mais tarde. E quando escutes algum noticiário, acerca de grupos outros que estejam em
provação, ora igualmente por eles, para que não lhes escasseiem o dom do trabalho e a força da paciência. A todos considera como sendo nossos companheiros, criaturas do mesmo Criador e filhos do mesmo Pai. De futuro, nos reinos do espírito, vê-los-ás na
condição da Humanidade – nossa verdadeira família.
Aprende, pois, desde hoje, a banir do teu dicionário a palavra “estrangeiro” e, em se referindo a alguém que haja nascido em clima diverso, deixa que a fraternidade te suba da alma aos lábios e dize sinceramente “nosso irmão”.
(Paris, França, 21, Agosto, 1965.)
SEGUNDA PARTE
SELEÇÃO DE MENSAGENS RECEBIDAS
EM LINGUA INGLESA (7)
(Tradução de Hermínio Corrêa de Miranda)
(7) Os capítulos de números ímpares foram psicografados por Waldo Vieira, e os números pares por Francisco Cândido Xavier
33 - Você e a reencarnação
Ernest O’Brien
A reencarnação é o retorno da alma à Terra, repetidas vezes, no corpo humano. Somente essa doutrina explica a aparentes injustiças da vida. É a verdade eterna.
Na sucessão dos nascimentos, o homem adquire experiência e conhecimento acerca de si mesmo e do seu destino. Pela reencarnação aprende-se que “o homem colhe aquilo que semeia”.
Toda vida é eterna. A lei da justiça é infalível. Não há um pensamento, uma palavra ou uma ação que não tenha o seu eco. Para possuir, dê. Você tem de saber disso. O homem cria as causas e a lei cármica ajusta os efeitos. Você tem liberdade de escolher entre o bem e o mal.
Portanto, o melhor esforço está no aperfeiçoamento próprio. É isso que importa, afinal de contas? A instrução é o tesouro da alma. Mas, que aproveita ao homem possuir um tesouro e não usa-lo em boas ações?
O desenvolvimento da nossa acuidade espiritual faz brilhar a luz dentro de nós. Não basta ao homem espiritualizar-se. Ele deve aplicar e demonstrar a sua espiritualização. Viver é dar.
Deus enviou-nos, a cada um de nós, para ser um trabalhador do Seu Reino. O fruto da cultura é semeado em obras para a generosidade de Deus no mundo.
De outro lado, o conhecimento é como a semente; a que cai no coração aberto, produz o fruto da perfeição.
Se a nossa fé em Deus for suprema, Deus retribui na mesma medida. A justiça o exige e, assim, o entendemos. Destinamo-nos à felicidade aqui ou além se, acima de tudo, proporcionarmos felicidade ao nosso semelhante. Essa é a lei de causa e efeito –
renascimento.
De que serve o conhecimento inativo?
Dê amor à Humanidade e Você receberá amor, em todas as suas manifestações.
Todo ser humano é rodeado de oportunidades sem fim e de infinitas possibilidades. A lei cármica retribui a Você do modo como Você a recebe. Procure conhecer-se e praticar as
boas ações sempre. Experimente.
(Nova Iorque, N.I., E.U.A, 14, Julho, 1965.)
34 - Derrotas
Anderson
Que estamos fazendo do Evangelho?
O discípulo deve examinar sua própria consciência. Cuidemos dos nossos pensamentos.
Devemos ser honestos com nós mesmos. Às vezes, dispomo-nos a trabalhar sem confiança ou a confiar sem trabalho. Que espécie de amigos de Jesus somos nós? De uma forma ou de outra, desejamos realmente cooperar com Jesus na sua obra? Façamolo
agora mesmo.
Somos pecadores. O Cristo sabe de nossas fraquezas. Com a luz do seu amor, Jesus nos elimina os temores e as aflições. Em nosso próprio interesse, devemos ouvi-lo. O discípulo do Evangelho torna-se um com o Mestre. Cada qual de nós pode, em seu
próprio coração, ser um relicário dentro de si mesmo, iluminado pela verdade divina. Às vezes, não podemos remover as circunstâncias e tentações sob as quais nossas tarefas
devem ser realizadas, mas Jesus pode fazê-lo.
Porque procurarmos retirar a força do nosso Salvador de dentro de nós? O assunto nos faz lembrar as palavras de Paulo: “Vossa vida está oculta com o Cristo em Deus.”
Muitas vezes, somos derrotados. Mas o Cristo nos dá forças para sermos ima nova espécie de pessoa. Devemos ser pacientes em todas as tribulações. A fé resulta da confiança diuturna. Estamos na companhia do Cristo, caminhando das trevas para a luz.
*
“Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.”
–Paulo (Romanos, 12:21).
(Nova Iorque, N. I., E. U. A , 6 Julho, 1965).
35 - Pergunte a si mesmo
Ernest O’Brien
Em que base devemos colocar o problema da morte?
Naturalmente, a morte não existe. A própria vida exige a morte como um renascimento; entre ambas, nossa consciência permanece.
Experiências vêm e experiências vão; nesse ínterim, a consciência prossegue.
Consciência é Justiça Divina dentro de nós. Não se esqueça de que você vive sempre. O espírito deve ser visto pelo que é; portanto, ele somente pode prosseguir, no Além, no nível ao qual se ajustou. Atravessamos os portões da morte, para viver de novo. Como se sabe, encontramos aquilo que buscamos.
Você experimentará, mas tarde, a felicidade no Além, de acordo com os seus atos agora.
Pense nisso. Faça de conta que você se encontra no seu próprio plano póstumo e examine bem suas obrigações antes de contraí-las.
Todas as manhãs, pergunte a si mesmo: “Que pretendo?” Primeiro de tudo, ouça a sua consciência; não faça rodeios. Todos nos devemos curvar diante da verdade.
Quando estiver errado, é melhor admitir os seus enganos, sem reservas, e repará-los daí em diante. Você é chamado ao sofrimento; não se engane a si mesmo, fugindo dele.
A educação, para a felicidade no Além, gira em torno das nossas aflições diárias. Você não pode produzir boas obras, sem esforço.
As dificuldades revelam-lhe o caráter. Se você prometer ajudar a alguém, faça-o agora. Se deseja progredir, não o deixe para amanhã. Faça-o hoje.
Sua origem é o céu e para lá você voltará, levando, na consciência, o fruto das suas obras. Antes de regressar ao Além, você deve purificar seu mundo interior. Acima de tudo, conserve uma boa consciência. O campo do pensamento é livre. Na verdade, você vive pelos atos e não pelos sonhos.
Onde está Deus, está a alegria, mas, onde está Deus, aí está também a responsabilidade. Empregue as faculdades que lhe foram emprestadas, em benefício de todos, pois, quando a morte chega, você terá tudo quanto deu aos outros. Aqui e acolá, que o amor de Deus possa ser visto por seu intermédio.
(Nova Iorque, N. I., E. U. A , 10 Julho, 1965).
36 - Afinal de contas
Anderson
Os conflitos da nossa época demonstram as falhas dos nossos corações.
A evolução tornou-se de fato uma tragédia nos dias de hoje. É como se toda a Humanidade estivesse passando por um túnel de trevas. Por todos os lados nos envolvem angústia e confusão.
- Qual é o problema? – pergunta um vizinho.
- Que me importa? – responde outro.
Que devemos fazer? Continuemos o nosso trabalho, pois as palavras do Cristo não mudaram. A despeito de todas as dificuldades, o Evangelho tem resposta para todos os
problemas espirituais.
Não servimos por nossa própria causa, mas por ele.
Jesus é o coração do Evangelho. O que de melhor existe, no caminho para Deus, gira em torno dele. Na verdade, o que podemos realizar é sempre muito pouco. Contudo, não nos devemos esquecer de que uma grande cidade começa com uma pequena pedra.
Estamos na vida cristã destinados ao Reino de Deus. Podemos parar, caminhar lentamente, ou um pouco mais depressa.
A despeito de nossas falhas, é importante, para os nossos interesses agora, que, como cristãos, não hesitemos em formar ao lado de Jesus. Afinal de contas, a questão é séria e este é o mais importante problema da vida cristã. O Cristo avalia as nossas vidas, não em termos de inteligência ou fortuna, mas pelo serviço prestado a todas as criaturas.
*
“Se alguém me serve, siga-me; e onde eu estiver, estará ali também o que me serve. Se alguém me servir, meu Pai o honrará.” – Jesus (João, 12:26).
(Silver Spring, Maryland, E. U. A ., 10, Junho, 1965).
37 - Vida após vida
Anderson
A nem todos é dada da sabedoria, mas todos possuem o dom de testemunhar, por meio das suas experiências diárias, o amor ao próximo.
Na verdade, nossa condição social, cor ou raça, idade ou nacionalidade, não nos impedem o dever de servir. Somos chamados a praticar o bem em todas as oportunidades. “Deus é amor”.
Ninguém é totalmente bom e ninguém é totalmente mau. Cada um de nós está situado numa rota de desenvolvimento para alcançar planos mis elevados de atividade.
Deus guardou como relíquia seus divinos atributos dentro de nós. À medida que subimos, a evolução é expressa pelas palavras equilíbrio, amor e luz.
Sejamos progressistas com Jesus. Como poderemos fazê-lo? Primeiro, servindo.
O aperfeiçoamento espiritual é a experiência da alma humana, vida após vida, repetidas vezes. Nosso atual conhecimento projeta-se sobre um largo período de tempo do passado.
O campo de experiência varia de homem para homem. Cada criatura humana somente existe no lugar a que ela mesma se ajustou.
Ninguém pode fugir daquilo que está em sua própria consciência. Na verdade, a morte não existe. Mesmo vivendo em nosso corpo terreno, nossa vida continua no Além, de acordo com os nossos pensamentos.
Por conseguinte, voltamos ao mundo físico, pelo renascimento, para conquistar a perfeição, até que consigamos completo comando dos nossos impulsos e funções.
*
“Não te maravilhes de eu te dizer; Importa-vos nascer outra vez.”
– Jesus (João, 3:7).
(Nova Iorque, N. I., E.U.A ,7, Julho, 1965).
38 - Trabalhe e conserve a fé
Ernest O’Brien
Onde está o amor, está Deus e onde está o amor, está a alegria. As melhores disposições da vida estão em harmonia com o grande objetivo da vida. Se o nosso caminho é difícil e obscuro, o amor de Deus nos dará força e orientação íntima.
Você acredita na imortalidade? Então, anime-se. Acredite ou não, você vive no além, mesmo enquanto no corpo terreno.
O pessimista gosta de fechar os olhos à luz e visualizar as trevas. No mundo, você tem a sua parcela de dor e de tribulação, mas Deus está do seu lado. Você não trabalha sozinho. Você sabe disso.
Um problema se torna difícil somente quando você o supõe difícil. Mentalize um objetivo
definitivo, exatamente o que você deseja fazer. Tenha confiança em si; ajude-se a si mesmo. Quando aceitamos as bênçãos de Deus, a vida se enche de paz e de felicidade, dentro de nós e à nossa volta.
Se você cometer erros, recomece. Seja construtivamente autocrítico. Não se perturbe. Leve a alegria consigo e caminhe para a frente. Conserve o espírito aberto. Seus pensamentos são importantes, muito importantes.
Não há trevas que tenham poder sobre a luz.
Deus lhe fala através da voz da consciência. Seja calmo, porém, ativo. Não desperdice tempo. Seja um voluntário que age, que dá e recebe. Tenha confiança no seu esforço e dedique-se completamente a ele. Ajude e será ajudado.
A vida terrena é uma escola. Há nela uma lição para cada um de nós. Esteja tranqüilo, trabalhe e conserve a sua fé em Deus.
(Nova Iorque, N.I., E.U.A , 12, Julho, 1965.)
39 - O poder da prece
ANDERSON
Podemos ser tentados a encolher os ombros antes os poderes do mal. Como vencer a tentação? Que a fé se manifeste em nós.
Precisamos ver as lições do Cristo em todas as circunstâncias. Crescemos no amor de Jesus, vivendo pela fé, cada dia que passa. O discípulo propõe e o Mestre dispõe.
Muitas pessoas consomem suas vidas sempre aflitas e enraivecidas diante de qualquer ninharia. Dão a impressão de viver no egoísmo e na crueldade, em constante insatisfação.
Como podemos evitar essa falha? Primeiro, é preciso mudar a atitude de autolamentação para a de coragem e luta. Além disso, temos de nos vacinar contra o medo.
O poder da prece é a nossa força. Alguns dos seus frutos são a paz, a esperança, a alegria, o amor e a coragem.
Confiamos em Jesus. Por conseguinte, porque não buscá-lo sempre para aquilo de que necessitamos?
Ele disse: “O reino de Deus está em vós.” Nunca nos deveríamos esquecer dos propósitos divinos e da orientação divina.
Cada alma tem seu próprio crédito. A fé se revela nos atos. Quando o homem ajuda a alguém em nome do Cristo, o Cristo responde a esse homem, ajudando-o por meio de alguém.
No entanto, temos de orar sempre. Não devemos subestimar o valor da nossa comunicação com Deus.
Teremos de atravessar épocas difíceis? Estamos deprimidos? Continuemos a orar. A prece é luz e orientação em nossos próprios pensamentos.
*
“Vinde, retirai-vos para algum lugar deserto e descansai um pouco. Porque eram muitos os que entravam e saiam e não tinham tempo para comer.” — Jesus (Marcos, 6:31).
(Silver Spring, Maryland, E.U.A., 9, Junho, 1965)
40 - Obsessão
Ernest O’Brien
Certamente que você deve olhar para a frente, onde novas descobertas descerram horizonte ilimitados, e não para trás.
Tudo afirma o poder da máquina. Dispõem os homens, agora, de invenções, a fim de acompanhar a resolução científica, mas em todo o mundo, à nossa volta, há uma grande escuridão espiritual. Em toda parte, podemos observar a frustração, a dúvida, a aflição e o medo do futuro.
Muitos parecem hoje novos-ricos e novos-pobres na verdade espiritual. A Ciência está iluminando aspectos exteriores da vida, enquanto crises de ansiedade a estão danificando
por dentro. O mundo nos parece imenso aprendizado sob a investida de perigosos inimigos da alma.
Que pode ser feito sobre isso? Devemos continuar sentados e aplaudir? Quando nego ajuda ao meu irmão, nego-a a mim mesmo.
Teremos de penetrar mais nesse problema, porque estamos imersos nele.
Aqui e ali, devemos desviar-nos do nosso caminho para ajudar o semelhante desencorajado e abandonado.
Depois da morte, no mundo espiritual, compreendemos isso. E você?
Você e eu podemos estar firmes com a verdade, mas nenhum de nós está livre de culpa. Falhamos mais freqüentemente do que pensamos. Em outras palavras, caímos facilmente na fraqueza, no egoísmo, na intolerância, na crueldade, ou na impaciência. Sempre que isso acontece, Espíritos obsessores exercem sua influência sobre você. A insanidade pode eclodir. Então você deve orar, a fim de encontrar um meio prático de libertar-se.
Acima de tudo, coopere. Busque o Bem. Você pode ajudar os outros, porque nunca está só. Sempre que se precisa de ajuda, Deus está por perto. O espírito inferior deve tornar-se homem verdadeiro, antes de ser anjo. Todos esses chamados demônios são seres humanos. Que possamos abençoa-los e dar-lhes mais amor.
(Nova Iorque, N.I., E.U.A , 15, Julho, 1965.)
41 - Para encontrar Deus
Anderson
A vida cristã gira em torno do amor fraterno. Podemos expressar o que de melhor existe dentro de nós.
O Evangelho nos ensina que a cada momento pode haver um recomeço, a fim de ganharmos a presença de Cristo.
Paciência é o poder que nos traz o reino da felicidade. Jesus sabe das nossas deficiências e nos assiste com a sua tolerância. Ajudemo-nos uns aos outros. Viver é a lei.
Devemos ser fiéis em nossas pequenas promessas. Muita gente se acha completamente absorvida em glórias celestes, ao passo que cuida pouco das pequenas coisas.
Despertemos. Devoção exige realização. Aquele que sabe, torna-se responsável. O mundo precisa de ajuda.
Sirvamos todas as oportunidades. Tanto no Evangelho, como na vida prática, devemos olhar para frente.
Jesus disse: “Porventura não se vendem dois passarinhos por um asse? E nem um deles cairá sobre a terra sem vosso Pai. E até mesmo os cabeços da vossa cabeça, todos eles estão contados.”
Não podemos medir a glória de Deus em torno de nós, mas podemos reconhecer os divinos atributos de Deus através do nosso amor ao semelhante.
Tanto quanto se sabe, a definição do Novo Testamento, “Deus é amor; e aquele que se demora no amor, demora-se em Deus e Deus está nele”, encerra a promessa de que, vivendo e praticando o amor puro, o homem finalmente alcançará o estado de união com
seu Criador, para sempre.
Desejaríamos encontrar a Deus? Então precisamos seguir a Jesus-Cristo. Servir com ele é aliviar os problemas da vida.
As coisas de Deus não nos chegam por acaso. A felicidade e a paz, no reino da alma, vêm dos trabalhos do amor. Quando encontramos amor em nossos corações, Jesus lá está.
*
“Porque onde está o teu tesouro, aí também está o teu coração.”
– Jesus (Mateus, 6:21).
(Nova Iorque, N.I., E.U.A , 9, Julho, 1965.)
42 - Família
Ernest O’Brien
Tremenda surpresa ocorre em nossa mente no momento da morte. A despeito de nossas próprias opiniões anteriores, continuamos vivos. O corpo retorna ao reino inorgânico, sujeito que está à mutação universal, enquanto reconhecemos que a morte é renascimento. A forma se dissolve, mas a alma é a mesma. O espírito levanta-se do cérebro desertado e assim se torna um novo ser. Durante essa transformação, as sensações físicas nos chamam de volta; enquanto isso acontece, a consciência desperta.
Temos de rever as nossas contas. Muitas vezes , deparamos com inúmeros débitos que têm de ser pagos. Nem sempre damos conta dos nossos enganos, mas a lei cármica sabe de tudo e esses débitos são transportados para a existência seguinte: por causa
deles, voltaremos em novo nascimento.
Geralmente, nascemos outra vez entre aqueles que são nossos inimigos de passadas vidas, a fim de enfrenta-los e superar antigas ofensas. Às vezes, eles ressurgem num lar sob diferentes formas e são chamados pai e mãe, filho ou filha, marido ou mulher, amigos ou vizinhos.
A possibilidade de reequilíbrio é restaurada. A prática do amor abre as portas da compreensão.
Se erros foram cometidos ontem, precisamos corrigi-los hoje.
A reencarnação traz esclarecimentos acerca das aversões e das súbitas hostilidades nos círculos familiares que, aparentemente, não têm sentido. Por essa razão, temos em nosso lar terreno uma escola de redenção, na qual o sofrimento atinge a sua finalidade.
Os obstáculos, numa família, podem ser a maneira pela qual o amor encaminha uma existência melhor, pois que paciência gera força.
Não apenas a disciplina numa família é essencial, mas o lar exige que você se torne altruísta e tenha consideração pelos outros. Isto não pode ser alcançado com promessas e ostentações. Essa conquista é realizada no silêncio da alma, no seu ensejo de
assegurar a felicidade aos seus próprios parentes.
Esteja atento à caridade no seu próprio lar. Faça bom emprego das vantagens do momento que passa. Quase sempre, você se encontrará numa família com a finalidade de trabalhar pela sua própria purificação. Não a retarde. Você terá de prestar contas à vida. A oportunidade lhe está ao alcance. Procure a,mar e esquecer no lar, mais e mais; se está fazendo isso, você poderá dizer: Venci!
(Nova Iorque, N.I., E.U.A , 9, Julho, 1965.)