Nota do Blog: Apesar de estar integralmente apresentado. Esse livro ainda não está totalmente formatado nesse blog, para uma leitura mais prazerosa
FRANCISCO C. XAVIER – EMMANUEL
Caro amigo:
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Pois assim estará ajudando a diversas instituições de caridade.
MANIFESTAÇÕES DE FÉ
Como tudo o que Emmanuel escreveu, através da psicografia de Francisco Cândido
Xavier, INTERVALOS se destina “ao templo espírita, para que, no curso de nossas
reuniões, nos entrelacem as manifestações da fé” – São novas mensagens, onde a
religião genuína de Jesus – toda inteira no seu Evangelho – é o alimento das almas
famintas de Deus. Que nos reconheçamos uns à frente dos outros por verdadeiros
irmãos, num clima de oração, sem pensamentos repreensíveis e preconceitos.
Que haja entendimento e compaixão, o empenho de não ferir quem nos ouve, o silêncio,
quando necessário, a desculpa de imediato, a oferta espontânea, cuidado, gentileza,
discrição, cordialidade e respeito...
– “É indiscutível que o Espiritismo na função de Consolador Prometido pelo Cristo de
Deus, veio aos homens, sobretudo, para liberta-los da treva do espírito” – lê-se em
“Espiritismo e Liberdade”.
Porque ninguém vai ao Pai senão por Jesus, ressurreição e vida, verdade e vida,
caminho, amor. “Conhecereis a verdade, e a verdade vos tornará livres”.
Só pelo Evangelho se retira do espírito a treva do mundo: egoísmo, maldade, ignorância,
falta de fé, de verdadeira amizade.
Disse o Senhor: “Quem me segue, não andará nas trevas”. E Emmanuel: “Cristo veio até
nós para que despertássemos”.
Quis, o sábio Espírito, como de outras vezes (Segue-me! Escrínio de Luz e muitos outros
livros), advertir-nos de que, no nosso esforço de ascensão para Deus, é examinado o
verdadeiro aproveitamento de cada um nos intervalos.
E nos dá todo o roteiro a seguir para alcançarmos – trabalhando sempre - a liberdade: a
fé que age, a caridade que se movimenta, o amor infatigável, e tudo o mais que nos fará
discípulos do Cristo, engajados no serviço ao Criador: com desapego, em benefício de
todos, obtendo, enfim, a resposta, que tudo é bênção de Deus a envolver-nos a vida.
Concita-nos a estudar para compreender e compreender para amar; à humildade de
espírito, que “bem-aventurados os humildes de espírito, porque a eles mais facilmente se
descerrarão as portas do céu”; mostra-nos os perigos, principalmente diante do dinheiro;
quer que se não olvide que o amor é glória do céu;que somos indispensáveis uns aos
outros; revelando-nos, ainda, a glória da imortalidade (e semente é colocada na cova de
barro, para desenvolver-se), explicando-nos o verdadeiro sentido de amealhar, reter e dar
(entesourando as bênçãos divinas, no campo de trabalho que fomos trazidos a lavrar),
perante a vida (nosso mundo, pouco a pouco, é convertido no santuário vivo em que
Jesus se manifesta).
Busca, enfim, o nosso aperfeiçoamento (“Amemos e trabalhemos sempre, sem indagar;
aprendamos com o mundo, com a vida, sem revolta e sem mágoas”), que o Tesouro real
é o domínio da luz, a nossa iniciação. Repete, em “Em louvor do silêncio”, o que Jesus
nos aconselhou:
“Não saiba a tua mão esquerda, o que deu a direita”, fazendo-nos ver, que, na lógica do
mundo, há diversos tipos de liberdades, mas a liberdade de nos escravizarmos, qual o
próprio Jesus, ao dever de sacrifício pelo bem de todos...”
– A “única liberdade capaz de fazer-nos dignos da liberdade de sermos livres para a
sublime ascensão de Deus”.
Emmanuel, Deus conosco. De novo a palavra de Jesus repetida aos quatro cantos da
vida – para a consolação de muitos, o reavivamento da fé, as alegrias do amor e da paz!
Escreveu: “Se a luz da caridade é o talento divino que buscamos no mundo é sempre o
impulso nobre com que nos abeiramos de quem chora e padece para estender o bem e
alentar a esperança” (“Oração na oração”) e “Corrige amando para que a chama de teu
auxílio não se apague ao golpe rijo do desespero”.
Dentro da mesma linha de O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec,
organizado sob inspiração do Espírito de Verdade e outros altos Espíritos encarregados
da missão de trazer à Terra infelicitada pelo materialismo científico e religioso do Século
XIX e do nosso século, a Crença – o novo livro de Chico Xavier, como os anteriores,
prepara, entre nós, o RENASCIMENTO CRISTÃO.
Sem ocultar suas origens, Emmanuel é, ainda e sempre, o filósofo do Evangelho, o
apologista da fé, o semeador de bênçãos em nome do Mestre da Galiléia.
Di-lo bem alto, tudo o que citamos acima e o que se segue:
Em “Trabalhe sempre”;
– “Jesus é o nosso Divino Guia, e Hoje, é a nossa bendita oportunidade de renovar e
aprender, de servir e brilhar”.
Em “Desapego”:
– “... ao sol do Evangelho, se efetivamente nos propormos alcançar a comunhão com
Jesus, o desinteresse pessoal deve representar o selo de nossa boa vontade e a garantia
de nossa fé”.
A “Resposta”:
– “Em todos os lugares, sentirás o Senhor socorrendo-te a vida, estendendo-te os
braços e aclarando-te a rota”
Em “Humildade de espírito”:
– “Não desdenhes servir, aprendendo com o Mestre Sublime, que realizou o seu
apostolado de amor entre a manjedoura desconhecida e a cruz da flagelação”.
De “O Meirinho Celeste”:
- “Não olvides que o Senhor pode reformar todos os aspectos de nossa vida dum
momento para o outro”.
De “Mortos Vivos”:
- “Recorda o tempo que, em nome do Senhor, te segue os passos da infância a
senetude e aproveita-o na criação do elevado destino que te cabe atingir”.
De “Perante a vida”:
- “... embora aguardemos a celeste herança que nos é destinada no curso dos
milênios, busquemos construir a casa de nossos destinos sobre a Rocha do Amor, -
Jesus Cristo – o Sol Espiritual que nos acalenta e soergue para o grande futuro”.
De “Aperfeiçoamento”:
– “O Mestre aguarda a nossa perseverança na boa vontade para com todos, até o fim
da nossa luta, de vez que a boa vontade, significando serviço incessante ao próximo, é o
nosso primeiro passo para a aquisição do amor sem mácula e da verdadeira sabedoria”.
* * *
Prefaciando “Segue-me!...”, também de Emmanuel, Wallace Leal V. Rodrigues, lembra o
“misterioso poder” do Espiritismo que tem tido, no Brasil, desenvolvimento espantoso. E
lembra o famoso programa de TV Tupi, de São Paulo- “Pinga Fogo”, que entrevistou o
médium de Uberaba. “Milhares de pessoas se prostraram atentos diante do vídeo – até de
madrugada – para ver e ouvir o Chico.
Que o leitor, se não leu, ainda, o livro, cuja 4ª edição é de 1978, busque inteirar-se da
mensagem perene do Espírito Emmanuel. Sempre os mesmos temas retificados do
Evangelho”, como um chamamento eterno aos filhos de Deus: "Segue-me” e, ele o
seguiu, Levi, depois chamado Mateus.
Wallace recorda outros fatos ligados a Francisco Cândido Xavier, que tem o recorde de
autógrafos de livros – cerca de 10 mil livros no período que mediou entre 14 horas da
tarde de domingo e 4 da madrugada de segunda feira – sucesso madrugador.
E veio a pergunta, puxando outras perguntas: - “Quem compreendeu o trabalho de
Kardec e soube transmiti-lo de modo tão eficiente? Que, foi que deu a esses "90 milhões
em ação” (agora mais de 100 milhões) uma obra que, sucinta a 5 volumes básicos, fê-la
tão entendível, tão capaz de convencer, sem insistência, sem imposição, fazendo sorrir e
chorar como se tudo no mundo, até a dor, a dificuldade, se tornem em glória, de maneira
tão acessível, tão lógica, tão pertinente, tão respeitosa das liberdades individuais, tão
distante do melífluo bizantinismo das ortodoxias que, passado tão pouco tempo, podem
ser contadas a dedos as cidades do Brasil onde não exista, sob a bandeira do Espiritismo
e absolutamente sem discriminações de raça, religião ou cor, o seu albergue, a sua
creche, o seu Hospital psiquiátrico, a sua sopa aos pobres, as suas casas de orações,
nas quais a atmosfera é AMOR e a finalidade ensinar a viver ou a ministrar misteriosos
fluidos do homem em favor do alívio do sofrimento humano?
Quem criou esse exército de simãos-cirineus que, invariavelmente, se encontram para
estudar os Evangelhos legados por Cristo, magnetizar a água pura e providenciar o
possível para os corpos e os espíritos?
Quem tornou a literatura brasileira notável na história da Humanidade pelo fato inédito de
um único homem ser capaz de produzir através de uma faculdade que se conhece em
sua manifestação, porém não em seu modus operandi -, centenas de milhares de
páginas, em prosa ou em verso, escritas por mãos que, de acordo com o “senso comum”,
estão incapazes de prosseguir em suas tarefas literárias pelo fato de se terem imobilizado
e enregelado pelo frio da morte?
Quem foi? Quem foi?”
E precisa responder?
* * *
Francisco Cândido Xavier não precisa de prefácios, mas é, sim, motivo de um júbilo
inexcedível “apresentar” um livro como este, que serve à evangelização do mundo.
Outros teriam mais méritos para escrever este intróito,o próprio Wallace, com sua pena
erudita, escorreita, mas a mim me coube esta honra. Com humildade escrevo o que o
coração dita, porque Chico é o homem chamado amor, como foi apontado, não faz muito
tempo, em todo o Brasil, num programa de televisão, onde o Espiritismo foi exaltado,
através do seu humilde servidor, valoroso servidor que teve, nesta vida, a dita de ser voz
dos seus amigos espirituais, entre os quais avulta a figura de Emmanuel, o Públio
Lentulus dos tempos do Cristo, Emmanuel o antigo e orgulhoso senador romano. Um
homem chamado amor, candidato irrecusável ao prêmio Nobel da Paz para 1981.
Com sua conhecida lucidez, Wallace Leal V. Rodrigues quis, de novo, mostrar-nos
Emmanuel “com maestria e singular inteligência”, totalmente despido de qualquer
sofisticação, o admirável Espírito... nas mensagens que colheu ao longo do caminho,
mensagens que abordam “um ângulo interpretativo do caleidoscópio da vida”. Foi assim
neste INTERVALOS, livro que também é destinado “ao homem-novo, que caminha
rasgando os falsos véus do Templo”.
Sobre F.C. Xavier – mais de cinqüenta anos de dedicação à mediunidade, quase 190
livros psicografados já editados, com um intenso trabalho espiritual em lugares como
presídios e hospitais psiquiátricos, em torno dele viu-se uma grande campanha, para,
como já foi dito, vê-lo conduzido ao Prêmio Nobel da Paz. E tão simples. E tão bom.
Homem de fé e amor. Homem de paz. Considerado um benfeitor da humanidade,
apressou-se a declarar, numa entrevista a Elsie Dubugras, para a revista “Planeta”: “Só
penso em servir e amar, como quem sabe que os Benfeitores Espirituais aproveitam
todas as horas de nossa vida na escola do Evangelho”, e até mesmo os intervalos!
Rio de Janeiro, julho de 1980
Clóvis Ramos
EMMANUEL
Seu nome é título de uma das mais belas obras psicografadas por Francisco Cândido
Xavier: Emmanuel.
Em nesgas de revelação, sabe-se que foi senador na Roma dos Césares; mártir cristão;
clérigo na França dos Césares; apóstolo dos gentios na aurora da colonização do Brasil.
O que pouco se sabe refere-se ao sentido do seu nome.
Para compreender a significação da palavra, que em si mesma significa “Deus conosco”,
precisamos observar o contexto em que ela aparece. A Síria e Israel haviam desejado
formar uma coligação com Judá, a fim de fazer oposição ao poder crescente da Assíria.
Judá vacilara, e Síria e Israel resolveram puni-la. Ao ouvir essa notícia, Acaz tremeu.
Isaias foi-lhe enviado para informar-lhe que nada tinha a temer. O poder de seus inimigos
estava à beira da extinção, e nada poderiam fazer-lhe. Isaias chegou a ordenar ao rei
judeu que pedisse por um sinal, em confirmação da mensagem divina. Isso Acaz recusouse
a fazer. Então, em resposta ao hipócrita rei, Isaias anunciou que daria um sinal ao
povo de Judá. Numa visão o profeta contemplou uma virgem (“Almâ”, isto é, uma mulher
solteira), que estava grávida e prestes a dar à luz o menino ao qual receberia o nome de
Emmanuel.
Em qualquer interpretação sobre essa profecia existem três fatores que não podemos
esquecer:
a) O nascimento da Criança seria um sinal. É verdade que em si mesmo, um sinal não
precisa necessariamente ser um milagre; entretanto, neste contexto particular, depois da
ordem dada a Acaz para pedir um sinal nas alturas, somos justificados em esperar por um
sinal tal qual a volta da sombra sobre um relógio-de-sol.. um nascimento conforme o
curso natural da natureza, não pareceria preencher os requerimentos necessários para
ser um sinal. Nessa conexão deve ser observado, que a questão se torna mais difícil
ainda pelo fato que não pode haver referência ao local da profecia a Ezequias, visto que
Ezequias já havia nascido.
b) A mãe da criança seria uma mulher solteira. Por que será que Isaias a designou por
essa palavra específica, “almâ”? Ao passo que havia uma outra palavra disponível
“Bethülâ”. Porém, ao examinarmos esta última palavra descobrimos que seria vocábulo
bastante insatisfatório, pelo fato de ambíguo.
Essa palavra também pode designar uma virgem prometida em casamento. Outras
palavras hebraicas que estariam às suas mãos também não teriam sido satisfatórias. Ao
usar o termo “alma”, Isaias empregou a última palavra que nunca é aplicada (quer na
Bíblia, quer em outras fontes do Oriente Próximo) para outra que não seja uma mulher
solteira. É a aplicação dessa palavra “almâ” que torna a aplicação da passagem a algum
nascimento local difícil.
c) Precisamos notar a força do termo Emmanuel. A leitura natural da passagem nos
leva a esperar que a presença de Deus deve ser vista no nascimento da própria Criança.
Essa interpretação, entretanto, é seriamente disputada, pela maioria dos escritores. A
infância da criança teria servido para medir o tempo, até os dois inimigos serem
removidos. Tal período de tempo seria breve – portanto dentro de, digamos, dois anos.
Judá, nada mais teria a temer da Síria nesse livramento. A presença de Deus se
manifestaria, e, dizem, ainda alguma mãe chamaria seu filho Emmanuel.
Tal interpretação apresenta problemas tremendos, para os quais não tem resposta. Que
motivo teria uma mãe para chamar seu filho Emmanuel? Como poderia ela saber que o
seu filho teria poderes para manifestar a presença de Deus entre mais ou menos dois
anos para livrar Judá, da Síria e Israel? Pois parece que se a profecia se referiria a algum
nascimento local; então a Criança ao nascer teria um nascimento proeminente. A pessoa
mais proeminente, a saber, Ezequias, está eliminado, e portanto, temos se supor que se
trataria de um filho de Isaias ou Acaz. Porém, isto também fica eliminado pelo uso da
palavra “alma”.
Nem a esposa de Acaz nem a de Isaias poderiam ser chamadas “alma”, pela razão óbvia
que ambas já eram casadas. E por que nada é dito a respeito do nascimento de alguma
criança chamada Emmanuel, nascida de uma mulher solteira, dentro daquele período
geral, que prenunciaria o livramento de Judá? Uma profecia de tal envergadura
certamente exigia que seu cumprimento fosse registrado também, como é o caso nas
profecias bíblicas.
Parece melhor, portanto, aplicar o nome Emmanuel ao próprio Menino. Em seu
nascimento é que a presença de Deus deve ser encontrada. A criança que se admite,
Isaias chama Deus Forte (el gibbôr). Essa interpretação é fortalecida pelo fato que Isaias
estava procurando dissuadir seu povo de confiar no rei da Assíria, mas antes, por Deus.
Naqueles momentos difíceis, Deus estava com seu povo. Ele pode ser encontrado no
nascimento de um Menino.
Os versículos 15 e 16, a seguir, usam a infância do Menino como medida do tempo que
se passaria até Acaz ser livrado do temor de seus inimigos do norte. Porém, Acaz rejeitou
o sinal de Emmanuel, e se voltou para o rei da Assíria.
Acaz e seus sucessores provocaram a queda de Judá, mas, para o remanescente fiel,
continuava de pé a promessa do Emmanuel, e em Emmanuel é que encontraram sua
esperança e salvação.
Podemos, assim, compreender o intuito sigiloso, significativo e iniciático da generosa
entidade que se comunica através da maravilhosa mediunidade de Francisco cândido
Xavier.
WALLACE LEAL V. RODRIGUES
INTERVALOS
Examinemo-nos tais quais somos, no curso das reuniões que nos enlaçam as
manifestações de fé num templo espírita.
Integrados no clima da oração, reconhecemos-nos uns à frente dos outros por
verdadeiros irmãos, ante a Paternidade Divina.
Partilhando os móveis do recinto, sentamo-nos, indiscriminadamente, sem preconceitos
da convenção social e sem os caprichos da consangüinidade.
Quando um pensamento repreensível nos visita, sem a mínima hesitação, afastamo-lo da
cabeça.
Se um amigo assume posição inconveniente, reconhecemos de pronto, a necessidade de
entendimento e compaixão, adotando o silêncio ou a explicação salutar, sem recorrer à
censura.
Selecionamos as melhores palavras do estoque de conhecimentos gerais, colocando
empenho em não ferir quem nos ouve.
Se escutamos um conceito impensado, desculpamos de imediato a inexperiência de
quem o profere.
Se um serviço aparece emprestamos as mãos para executa-lo em oferta espontânea.
Cuidado, gentileza, discrição,cordialidade e respeito são as características principais que
diligenciamos exteriorizar para que nos distingam a personalidade e a presença.
Nossas reuniões dedicadas à prece e ao estudo são, em razão disso, aulas autênticas de
espiritualidade e aprimoramento, ensaios de comunhão fraternal para as esferas
superiores. Nelas temos hoje em plano menor o esboço do que será a vida, para nós, em
plano maior amanhã.
Considerando semelhante motivo, se nos faz muito importante o auto-exame, observando
por nós mesmos, o próprio comportamento no espaço de tempo que somos chamados a
viver, lutar, trabalhar e aprender entre elas, porque, se nas atividades do templo que nos
irmana, mostramos somente a parte elogiável de nossa alma, a fim de que os
companheiros de nosso nível de experiência nos reconheçam a melhoria no esforço de
ascensão para Deus, é justo não esquecer que os Mensageiros de Deus, de outros
modos, nos examinam o verdadeiro aproveitamento nos intervalos.
Emmanuel
TRABALHA SEMPRE
Por mais inquietante se revele a estrada terrestre aos teus olhos, não olvide que o
trabalho será o verdadeiro instrumento de nossa libertação.
Fé que não age, é entusiasmo inoperante.
Caridade que não se movimenta nas boas obras, é campo ornamentado de verdura inútil.
Pregação de virtude que não se expressa em serviço aos semelhantes, muitas vezes é
um escrínio vazio, estruturado em palavras brilhantes.
Prece que não caminha no terreno da ação construtiva, é um grito sem eco.
Só o trabalho consegue realizar o divino milagre de nossa renovação espiritual.
A enxada humilde é um escopo de luz na mão do lavrador, mas a pena preciosa nos
dedos do sábio preguiçoso é lâmina sem valor.
Trabalha e tua linguagem se fará acessível e convincente aos que te observam; trabalha
e encontrarás, contigo mesmo, o miraculoso elixir do esquecimento de todas as mágoas
do mundo; trabalha e farás a Terra menos pobre de ignorância e miséria...
Toda a Natureza é um cântico de serviço ao Criador, que não cessa de servir por amor às
criaturas.
Serve a árvore, que produz a semente, serve o chão que sustenta a vida.
Serve o Sol, que fecunda o chão, serve a semente que produz o pão.
Não te imobilizes, à frente do sublime espetáculo que o mundo te oferece todos os dias.
Deixa que a esperança extravase de teu coração, em forma de bênçãos, deixa que a tua
a saúde se derrame em obras úteis, na direção dos que necessitam.
Não aceites o repouso senão como pausa obrigatória e indispensável ao teu próprio
refazimento, porque só na atividade constante do bem desfrutarás o clima da consciência
tranqüila.
Cristo veio até nós para que despertássemos.
Descerra as janelas do entendimento à sua divina inspiração e busca o lugar de
abençoado servidor que a Terra te guarda generosa.
“Levanta-te e segue-me!” – disse-nos o Senhor.
Não te detenhas. O amor é infatigável.
Jesus é o nosso Divino Guia, e Hoje, é a nossa bendita oportunidade de renovar e
aprender, de servir e brilhar.
DESAPEGO
A cobrança é um problema realmente aflitivo, à maneira de nuvem, eclipsando a beleza e
o brilho do serviço cristão.
É imperioso anotar, porém, que não somente o dinheiro vem a ser o objeto disputado nos
processos de retribuição na lavoura do espírito.
Há quem exija dos outros variadas formas de pagamento, reclamando pesados impostos
de reconhecimento, de apreço afetivo, de considerações sociais...
Apregoa-se, então, a caridade, como quem abraça um negócio qualquer, em que a velha
filosofia do “dou para que me dês” constitui a mola viva de toda e qualquer manifestação.
Contudo, ao sol do Evangelho, se efetivamente nos propomos alcançar a comunhão com
Jesus,o desinteresse pessoal deve representar o selo de nossa boa vontade e a garantia
de nossa fé.
Não importa que os outros te menoscabem as ações, com evidente desrespeito ao teu
modo de atuar ou de ser.
Vale o amor com que te empenhas ao dever retamente cumprido, de vez que todas as
possibilidades da vida pertencem originariamente a Deus.
A criatura que ao bem se consagra, sem a preocupação de avocar para si a autoria dos
pensamentos enobrecidos e das obras edificantes, recebe do Alto infinita capacidade de
estender esse mesmo bem.
Recorda que o charco de hoje, se ajudado, pode ser amanhã o campo bendito para a
colheita farta e não te esqueças de que o fruto, agora verde, se respeitado, pode ser
depois, o reconforto de tua mesa.
Jesus não estabeleceu qualquer mercado para a distribuição dos dons divinos.
Afeiçoemo-nos, pois, a Ele que tudo deu de si sem pensar em si, confiando-se à suprema
renúncia, a benefício de todos, e, longe das prisões forjadas pelos tributos terrestres,
nossas almas ascenderão, em vôos sempre mais altos e sempre mais livres, no rumo
certo da gloriosa imortalidade.
A RESPOSTA
Tudo é bênção de Deus
A envolver-nos a vida
Repara em derredor
O quadro em que respiras.
A Mão Sábia e Divina
Serve-te em toda parte...
É o Sol que te ilumina,
O ar que te acalenta,
A terra que te acolhe,
A fonte que te acalma,
O pão que te alimenta...
É o lar que te abençoa,
A escola que te instrui,
O templo que te ampara,
A lição que te educa,
A fé que te levanta,
A dor que te sublima...
Em todos os lugares,
Sentirás o Senhor
Socorrendo-te a vida,
Estendendo-te os braços
E aclarando-te a rota,
Desde a grande alegria
Ao fel do sofrimento,
Desde a glória do cimo
Ao vale imerso em sombras...
Ante, pois, tanta graça
A vibrar sobre nós,
Em tesouros ocultos
De harmonia e beleza,
Só nos resta na senda
Aceitar no trabalho
Em que o bem se realiza
A resposta mais bela
À bondade de Deus,
Que transparece, pura,
No dever de servir,
Sem qualquer recompensa,
Buscando engrandecer
Aqui, agora e sempre
A vitória do amor
Que sulcará na Terra
O caminho do Céu.
ESTUDO
Estudar para compreender.
Compreender para amar.
O estudo é a escola.
O amor é o templo.
Na escola, o cérebro sorve a luz.
No templo, o coração difunde-lhe o brilho.
Com o livro aprendemos.
Com a oração sublimamos.
E entre o livro e a oração, a alma encontra o campo de serviço em cujas leiras divinas se
integra na função que lhe cabe na obra de Eterna Sabedoria.
Estuda, pois, amando, no altar da humildade, manejando o instrumento de trabalho que o
Senhor te confia, engrandecendo a tua vida no fiel desempenho de teu dever.
Quando a inteligência se isola, por mais bela, não é mais que a fortuna inútil e solitária no
fortim do egoísmo.
Quando o sentimento se distancia da luta, detendo-se na adoração improfícua, não é
mais que o manancial bem nascido a estagnar-se no poço.
Aprender para crescer.
Crescer para ajudar
Recorda que o homem não nasceu para escravo da Natureza primitivista.
Deu-lhe o Criador um estômago para reter os alimentos da Terra, e conferiu-lhe dois
olhos, dois ouvidos, e duas mãos para que o devotamento ao progresso nele encontre um
aprendiz eficiente e aplicado do bem e da luz, em todos os ângulos do caminho.
Grande e nobre é a afetividade que te aprisiona docemente ao círculo doméstico, em que
te habilitas para a glória futura, mas sublime e santo é o estudo que te descerra ao
espírito imperecível às portas do entendimento e do amor, pelas quais te religarás a Deus,
através do trabalho incessante à Humanidade inteira.
HUMILDADE DE ESPÍRITO
A humildade é o ingrediente indefinível e oculto sem o qual o pão da vida amarga
invariavelmente na boca.
Amealharás recursos amoedados a mancheias, entretanto, se te não dispões a usa-los,
edificando o conforto e a alegria dos outros, na convicção de que todos os bens
pertencem a Deus, em breve converter-te-ás em prisioneiro do ouro que amontoaste,
erguido, assim, à feição de teu próprio cárcere.
Receberás precioso mandato de autoridade entre as criaturas terrestres, no entanto, se
não procuras a inspiração do Senhor para distribuir os talentos da justa fraternidade,
como quem está convencido de que todo o poder é de Deus, transformar-te-ás, pouco a
pouco, no empreiteiro inconsciente do crime, por favoreceres a própria ilusão, buscando o
incenso a ti mesmo na prática da injustiça.
Erguerás teu nome no pedestal da cultura, contudo, se te não inclinas à Sabedoria da
Eternidade, acendendo a luz em benefício de todos, como quem não ignora que toda
inteligência é de Deus, depressa te rojas ao chavascal da mentira, angariando em teu
prejuízo a embriaguez da vaidade e a introdução à loucura.
Lembra-te de que a Bondade Celeste colocou a humildade por base de todo o equilíbrio
da Natureza.
O sábio que honra a ciência ou o direito não prescinde da semente que lhe garanta a
bênção da mesa.
O campo mais belo não dispensa o fio d´água que lhe fecunda o seio em dádivas de
verdura.
E o próprio Sol, com toda a pompa de seu magnificente esplendor, embora fulcro de
criação, converteria o mundo em pavoroso deserto, não fosse a chuva singela que lhe
ambienta no solo a força divina.
Não desdenhes, pois, servir, aprendendo com o Mestre Sublime, que realizou o seu
apostolado de amor entre a manjedoura desconhecida e a cruz da flagelação, e serás
contado entre aqueles para os quais ele mesmo pronunciou as inesquecíveis palavras:
“Bem-aventurados os humildes de espírito, porque a eles mais facilmente se descerrarão
as portas do Céu”.
PERIGOS
Guarda a própria alma na compreensão e na bondade para com todos, a fim de que o
amor te preserve as fontes da vida.
Muitos companheiros atravessam o campo humano, receando calamidades exteriores,
amplamente desprevenidos contra os flagelos do mundo íntimo.
Temem o fogo terrestre que a água consome e não se precatam contra o incêndio da
discórdia que lhes destrói o templo doméstico.
Apavoram-se diante de profetas inconseqüentes, nada compatíveis com a misericórdia
que nos preside a existência, e adormecem, desavisados, à frente dos deveres que a vida
lhes confiou.
Amedrontam-se, perante a bala mortífera que assalta o corpo frágil e perecível e
entregam-se ao vírus da calúnia que lhes corrompe os tecidos sutis da alma.
Recuam, espavoridos, ante a infestação da varíola ou do tifo que a medicina combate
com segurança e aceitam sem murmurar as sugestões da preguiça e da indisciplina que
lhes atormentam as horas.
Referem-se a perigos remotos que talvez jamais lhes visitem a estrada e caminham, por
vezes, entre as farpas invisíveis da desarmonia e do ódio, do ressentimento e do
desespero, criando com a própria atitude a taça de sofrimento e de expiação, em que
sorvem, desalentados, o escuro elixir da morte.
* * *
Conserva o coração no entendimento, o cérebro no equilíbrio, os olhos na visão limpa do
bem, o verbo na fraternidade real e as mãos no serviço incessante e não precisarás temer
perigo algum, de vez que a fortaleza interior ser-te-á, em tudo a força precisa para que
possas refletir, onde estiveres, a vontade sábia e compassiva de Deus.
DIANTE DO DINHEIRO
Examina em que se transforma o dinheiro nas tuas mãos, afim de que possas ajuizar
quanto ao proveito dos recursos passageiros que o Senhor te empresta à vida.
Não é o metal ou o papel da moeda circulante que te impõem prejuízos ao coração, mas
sim o próprio sentimento com que deles te vales para imergir a existência na sombra do
tédio ou da enfermidade, do remorso ou da indisciplina.
* * *
Observa o que fazes e aprende a dirigir o dinheiro para que o dinheiro não te dirija.
* * *
Com alguns vinténs congregados, podes realmente adquirir a alegria e o socorro de
muitos...
O leite à criança enferma e o livro que ampare a alguém...
O pão ao faminto e o remédio ao doente...
O estímulo ao companheiro que luta na solução de inquietantes problemas e a felicidade
do irmão em prova, algemado a aflitivos débitos...
Muita gente, porém, mobiliza a posse de alguns dias na aquisição de dor para muitos
anos, de vez que, acumulando a prata e o ouro da Terra para dominar e ferir, sujeita-se
ao império de arrasadoras paixões, elevando-se pela convenção da moeda humana, à
frente do mundo, e caindo em desequilíbrio diante da Eterna Lei.
* * *
Não temas o dinheiro dignamente conquistado, aprendendo, sobretudo, a produzi-lo com
teu próprio suor; e, guiando-lhe os movimentos no caminho do trabalho e da luz, da
caridade e da educação, terás dele feito não mais o tiranizante senhor a encarcerar-te no
estranho reino do azinhavre e da usura, da irreflexão ou da delinqüência, mas sim o
companheiro leal e o servo amigo, a sustentar-te os passos para o Reino de Deus.
FÉ, TRABALHO E MERECIMENTO
A fé vitoriosa é aquela que procura no trabalho o merecimento indispensável à realização
que pretende atingir.
Esperança ociosa é simples divagação.
Vejamos o ensinamento expressivo da Natureza, afim de que não nos demoremos sob a
neblina das fantasias e dos sonhos, retardando o próprio passo, indefinidamente, no vale
escuro da indecisão.
A semente decerto guarda consigo o plano precioso da árvore veneranda que será um
dia, mas, para isso, aceita a humilhação de si mesma na intimidade do solo, e, desde a
própria germinação, não perde tempo em digressões descabidas, de vez que aproveita o
sol e a chuva, o orvalho e o vento para crescer, florir e frutificar, sem repouso.
A fonte, sem dúvida,conserva em seu nascimento o projeto sublime de arrojar-se à
excelsitude do oceano, entretanto, para equacionar semelhante problema, não se
imobiliza no viciado espelho do charco. Avança, humilde e resignada, beneficiando
montes e planícies, plantas e animais, aderindo aos ribeiros e aos rios, em cujo seio
abençoado e fecundo atinge a serenidade gloriosa do mar imenso.
Tudo, na vida universal, é harmonia que decorre do trabalho vivido, em sua mais elevada
expressão.
Todos os seres irmanam-se, uns aos outros, no plano gigantesco da perfeição que nos
escapa, por agora, em sua visão magnificente de conjunto, e, para escalarmos os
domínios da felicidade e da luz, é imprescindível atender à função que nos compete, no
mecanismo da existência.
Se procuras, assim, entesourar a fé, não acredites possas faze-lo, namorando altares de
pedra ou cultivando exclusivismo que será sempre adoração a nós mesmos nas linhas
congeladas do menos esforço.
Busquemos o lugar de serviço que o mundo nos reserva.
Esqueçamos conveniências pessoais e apelos inferiores que nos compelem a viver entre
os tóxicos letais do tempo perdido.
Lembremo-nos de que a vela acesa dentro da noite é infinitamente mais valiosa que o
lustre de ouro e diamantes, lamentavelmente apagado.
Trabalhemos hoje para merecer amanhã.
E, nesse programa de crescimento espiritual para a eternidade, a fé viva será luz do
Senhor brilhando no templo de nossa alma, valendo-se do divino combustível de nosso
próprio coração.
O MEIRINHO CELESTE
Reconcilia-te com o adversário, enquanto te encontras a caminho com ele, para que não
aconteça venha a ser o teu caso entregue ao oficial de justiça.
A lição evangélica surge repleta de oportunidade para a nossa vida, em todo tempo e em
toda parte.
Não olvides que o amor é a glória do Céu, brilhando, porém, sobre o pedestal da justiça
na Terra.
Assim sendo, não te despreocupes da harmonia na própria consciência, se procuras
realmente a verdadeira felicidade.
Recorda que todos somos usufrutuários da riqueza divina e que, no fundo, não possuímos
senão a nossa própria alma, com a obrigação de engrandece-la para o glorioso concerto
da perfeição.
Em verdade, hoje, enquanto o Senhor te permite a graça da saúde física e do equilíbrio
econômico no mundo, podes alardear a pretensa superioridade de quem se julga dono ou
senhor, mas amanhã o meirinho do tribunal celeste pode convocar-te ao reajuste,
constrangendo-te à necessária renovação.
Aqui, chama-se ele Enfermidade; alem, classifica-se por Desencanto...
Agora é a visitação do obstáculo, depois é a intromissão da Morte...
Além é o fel da Desilusão, mais ale, é o gelo da Velhice...
Não olvides que o Senhor pode reformar todos os aspectos de nossa vida dum momento
para outro.
Aquilo que hoje é céu azul para os nossos olhos, provavelmente será escura tempestade
na noite próxima...
Não te prendas à teia envenenada do ódio, da inveja, da revolta, da antipatia...
Todos somos indispensáveis uns aos outros e, por isso mesmo, a Lei do Infinito Amor é o
clima que nos aguarda no imenso e santificado futuro.
Ajuda a quem te desajuda e ampara a quem te não compreende, porque,quando
teimamos em fugir à fraternidade, a Dor, sob mil máscaras diferentes, é o Meirinho do
Céu, obrigando-nos a renovar a visão e a sublimar o espírito para a elevação redentora
que nos cabe atingir.
MORTOS VIVOS
Assim como o princípio germinativo da semente é colocado na cova do barro, para
desenvolver-se entre as vidas microscópicas que constituem a Terra, o Espírito humano é
situado no vaso da carne, entre as forças celulares que lhe tecem o corpo, a fim de criar
qualidades sublimes que o erguem, em definitivo, à gloriosa imortalidade.
Contudo, muitas almas fazem do veículo físico simplesmente um sepulcro a que se
agregam, enfermiças e indolentes, coladas à morte moral que trazem consigo, à maneira
da tartaruga que se algema à carapaça.
E a existência no mundo lhes corre instintiva e obscura, no velho roteiro dos animais...
Alimentam-se.
Bebem.
Dormem.
Procriam.
E obedecem automaticamente às ordens da Natureza...
É por isso que observamos, por toda à parte, homens e mulheres copiando a imobilidade
das múmias preciosas e casas solarengas, enobrecidas e bem postas, semelhantes a
mausoléus, em cujo recinto dominam, a inércia renitente e a espiritual...
Aqui, é alguém que adquiriu títulos respeitáveis no santuário acadêmico e apodrece entre
bibliotecas geladas e inúteis para a lavoura do bem...
Ali,é alguém que edificou expressiva trincheira de ouro junto à qual levanta todo um oásis
de egoísmo fulgurante, cadaverizado sobre o leito de moedas e rosas que o tempo
consome...
Mas adiante, é alguém que encontrou a bênção da fé e, a pretexto de escalar o paraíso
sem dificuldade, foge ao trabalho e à cooperação, anulando-se na sepultura da
contemplação ruinosa e infrutífera...
Acolá, é alguém que se acomodou ao brilho estreito da própria inteligência, construindo
para si mesmo o aparato féretro da vaidade e do orgulho, no qual prefere a letargia da
incompreensão e do isolamento...
Recorda o tempo que, em nome do Senhor, te segue os passos da infância à senectude e
aproveita-o na criação do elevado destino que te cabe atingir.
Desperta e vive.
Aprende e serve.
Levanta-te e caminha.
Ouçamos o Cristo e acompanhemo-lo.
As horas que te abriram as rendas do berço, descerrar-te-ão as portas do túmulo.
E, alem da sombra terrestre, para que estejas vivo entre os mortos, é preciso tenhas sido,
entre os mortos do mundo, um coração vivo e atuante na obra de Deus.
AMEALHAR, RETER E DAR
Entesourando as bênçãos divinas, no campo de trabalho que fomos trazidos a lavrar,
aprendamos com a Natureza, a fim de que estejamos vacinados contra o vírus da usura.
A represa não congrega inutilmente as águas da fonte no próprio seio, quando se dispõe
a servir, acionando a engrenagem da usina.
A planta que assimila o oxigênio não lhe recolhe as vantagens tão somente para si, mas
mobiliza-o, diariamente, na purificação da atmosfera.
A árvore retira do solo a seiva de que se alimenta, mas não devora os próprios frutos, de
vez que os estende, prestimosa, a benefício de todos.
A enxada recebe a carinhosa atenção do cultivador, entretanto, faz-se com ele a
infatigável benfeitora da sementeira.
Amealhar com sobriedade, para dar no momento oportuno, é virtude que não nos cabe
menosprezar.
Todavia, monopolizar os recursos da Terra e açambarca-los pela ânsia da posse
desnecessária, é moléstia perigosa do Espírito que, distraído e imprevidente, se arroja ao
inferno da cobiça, onde padece o insulto de acerbas desilusões.
Assim como a podridão é o salário do poço estagnado e assim como a ferrugem é a
recompensa da enxada preguiçosa, o martírio moral será sempre a retribuição da vida
aos que segregam as possibilidades sem ajudar a ninguém.
Valorizemos nossas reservas de trabalho e de amor, veiculando-as, cada dia, no amparo
aos que nos cercam.
A moeda que transformamos em remédio ao doente e me socorro ao necessitado, é
bênção com que impulsionamos a Terra na direção do Céu; e o minuto que convertemos
em felicidade, para os nossos irmãos, é bênção com que ajudamos a construção do Céu
na Terra.
Rendamos culto, incessante à genuína fraternidade e, desse modo, dando quanto
pudermos, como pudermos e onde pudermos, seremos eternamente ricos do Suprimento
Divino, que jamais cessará de fluir, providencial e generoso, por nossas próprias mãos.
PERANTE A VIDA
Em verdade, o sistema solar, - vasto e sublime edifício, de que somos reduzido
apartamento, - é um império maravilhoso de luz e de vida, cuja grandeza mal começamos
a perceber.
Basta lembrar que a sede rutilante desse largo domínio cósmico, representada pelo divino
astro do dia, detém o volume correspondente a um milhão e trezentas mil Terras
reunidas, e basta recordar que Júpiter, o filho mais importante do Sol, é mais de mil vezes
maior que o nosso Planeta.
Mas, não é somente a massa comparada desses gigantes do Espaço, que precisamos
examinar para definir, com segurança, a nossa pequenez.
Reportemo-nos, igualmente, às distâncias, recordando que Marte, o nosso vizinho mais
próximo, quando menos afastado do educandário em que estagiamos, movimenta-se a
cinqüenta e seis milhões de quilômetros de nós, oferecendo-nos justas reflexões quanto
aos estreitos limites de nossa casa terrestre.
Registre-se ainda que o nosso Sistema, ante a amplidão ilimitada, é insignificante
domicílio na cidade imensa da Via-Láctea, na qual milhões de sóis, transportando consigo
milhões de mundos, tanto quanto nos ocorre, procuram, através do movimento e do
trabalho incessantes, a comunhão com a indefinível Majestade de Deus.
Vega, Sírius, Canopus e Antares, sóis resplendentes, junto dos quais o nosso não
passará de ponto obscuro, à maneira de lâmpada humilde no coro da imortalidade,
constituem palácios suspensos, onde a beleza e a perfeição adquirem aspectos
inabordáveis, ainda ao nosso campo de expressão.
Todavia, é preciso calar, de algum modo, o êxtase que nos assalta, ante a magnificência
do Universo,para atender às obrigações que o mundo nos exige.
Somos demasiadamente pequeninos para arrojar ao Cosmo o escalpelo de nossas
indagações descabidas.
Aves implumes no ninho da vida eterna, achamo-nos, ainda, muito longe das asas com
que ultrapassaremos nossas justas e compreensíveis limitações.
Por isso mesmo, embora aguardando a celeste herança que nos é destinada no curso
dos milênios, busquemos construir a casa de nossos destinos sobre a Rocha do Amor, -
Jesus Cristo, - o Sol Espiritual que nos acalenta e soergue para o grande futuro.
Antes da ascensão a outras esferas, atendamos a necessidades de nossa própria
moradia.
Melhoremo-nos para que a nossa residência melhore.
Ajudemo-nos uns aos outros, para que a vida, em nosso plano, se faça menos dolorosa e
menos inquietante.
E, convertendo nosso mundo, pouco a pouco, no santuário vivo em que Jesus se
manifeste, estejamos convictos de que a Terra, hoje escura, amanhã se transformará no
espelho divino em cuja face à glória de Deus se refletirá.
ESPIRITISMO E LIBERDADE
É indubitável que o Espiritismo, na função de Consolador Prometido pelo Cristo de Deus,
veio aos homens, sobretudo, para liberta-los da treva do espírito.
Que emancipação, porém, será essa?
Surpreenderíamos, acaso, a Nova revelação procedendo à maneira de um louco que
dinamitasse um cais antigo, à frente do mar, sem edificar, antes, um cais novo que o
substituísse?
Claro que os princípios espíritas acatam os diques de natureza moral, construídos pelas
tradições nobres do mundo, destinados à segurança da alma, conquanto lhes observe a
vulnerabilidade de fundo, vulnerabilidade essa sempre suscetível de favorecer os mais
fortes contra os mais fracos e de apoiar os astutos em prejuízo dos simples de coração;
embora isso,levantam barreiras de proteção, muito mais sólidas, a benefício das criaturas,
porquanto nos esculpem, no próprio ser, a responsabilidade de sentir e pensar, falar e
agir, diante da vida.
Ninguém se iluda, dessa forma, quanto à independência instalada pela doutrina Espírita
nos recessos de cada um de nós, sempre que nos creiamos no falso direito de praticar
inconveniências, em regime de impunidade.
Muito mais que os preconceitos e tabus, instituídos pelos homens, como frágeis recursos
de preservação dos valores espirituais na Terra, o Espiritismo Cristão nos entrega
dispositivos muito seguros e sensatos, na garantia da própria defesa, em vez que não os
acena com céus ou infernos exteriores, mas, ao revés disso, nos faz reconhecer que o
céu ou o inferno, são criações nossas, funcionando, indiscutivelmente, em nós mesmos.
Enfim, para não nos alongarmos em teorização excessiva, observemos, tão somente, que
o espírita é livre, não para realizar indiscriminadamente tudo quanto deseje,e, sim, para
fazer aquilo que deve.
AUXÍLIO AOS DESENCARNADOS
Considera o coração que te antecedeu na grande viagem da morte,não como a criatura
aniquilada, mas como alguém que continua a viver.
Se ainda ontem, no mundo, em lhe retendo o corpo enfermo ou agonizante, desfazias-te
em carinhosa assistência, hipotecando-lhe solidariedade e ternura, por que razão lhe
infligirás, agora, o nominável suplício do desespero, atirando-lhe brasas ao coração?
Se a saudade e a distância te flagelam a alma,não te esqueças de que invisibilidade não
quer dizer ausência.
Fortalece-te para o ministério da fé que vence a dúvida e lembra-te de que o viajor amado
te requisita socorro e compreensão.
Por vezes, vagueará nas trevas transitórias do próprio “eu”, entre as paixões que ainda o
subjugam...
Oferece-lhe o clarão silencioso da prece calma e sincera, através da qual as almas se
comunicam, vencendo o espaço além.
Terá deixado problemas na retaguarda, agrilhoando-se a eles, no círculo desilusões a que
se afeiçoa...
Ajuda-o, amparando-lhe as penas e os dissabores, para que siga, valoroso, ao encontro
da Luz Divina.
Em muitas ocasiões, terá legado ao lar pobreza e provação, desalento e infortúnio...
Alivia-o, envolvendo-lhe os entes amados no clima de tua amizade pura a exprimir-se em
valiosas migalhas de carinho e reconforto.
Em muitas circunstâncias, permanecerá enovelado nas teias do arrependimento tardio.
Liberta-o, com teu devotamento amigo, auxiliando-o a colocar a bênção do amor onde,
imprevidente, terá situado o espinheiro do ódio.
Recorda que serás amanhã o morto imaginário entre os vivos da Terra e estende a
oração e a bondade, em favor dos que partem antes de ti, para que a bondade e a oração
dos outros estejam contigo, no dia em que te ausentares também.
PROTETORES TERRESTRES
Em nos reportando aos benfeitores celestiais, não nos esqueçamos dos protetores terrestres.
Muita gente espera, levianamente, a proteção dos anjos, quando ainda não sabe nem mesmo
apreciar o esforço enobrecente dos homens de bem.
Sem dúvida, mais tarde,alcançaremos o paraíso...
Todavia, por agora, é preciso vencer os degraus que nos separam da glória divina.
Esses degraus jazem colocados à disposição dos nossos impulsos de melhoria, de
regeneração, de auto-aprimoramento.
Aqui,permanece simbolizado num pai afetuoso, que nos convida ao altar da consciência reta;
além, é um coração maternal, que nos induz à bênção da sublimação pelo amor e pelo
sacrifício...
Acolá, é um diretor de trabalho, aparentemente austero, que nos conclama, pelo exemplo, ao
soerguimento de nossa dignidade pessoal no dever bem cumprido; mais além, é um amigo
supostamente áspero, que nos compele ao desempenho das obrigações contraídas.
Subir ao Céu não representa caminhar sob chuvas de flores.
O trilho do próprio Cristo, para o Alto, terminou na cruz que lhe antecipou a imperecível
ressurreição.
Não te imobilizes, desse modo, na oração ociosa ou na fé inoperante, acreditando que os
Mensageiros do Amor te assinalem as rogativas nascidas, muitas vezes, do propósito de
conforto prematuro ou de lamentável insubmissão.
Lembra-te de que as Leis do Senhor estão refletidas, tanto quanto nos permite a evolução já
alcançada, nas leis humanas que os dirigem os movimentos, e aprendamos a reconhecer,
nos lidadores do trabalho construtivo e nos missionários do bem, os respeitáveis instrutores
que nos compete, não somente admirar, mas assimilar e seguir.
Recordemos que, na hierarquia real da vida, jamais inverteremos a ordem que nos rege os
destinos.
Ouçamos atenciosamente os benfeitores terrestre, a fim de merecermos contacto com os
orientadores celestiais.
Sem dever corretamente atendido, não há direito consolidado.
Sem criaturas de bem, não há bem para as criaturas.
O primeiro passo para a conquista do Céu, há de ser dado por nós,na Terra, e, por isso, antes
de reclamar o socorro dos anjos, imitemos, cada dia, os grandes trabalhadores da
prosperidade comum, que formam, na Humanidade, os padrões vivos do bem, na vanguarda
do progresso e da luz.
APERFEIÇOAMENTO
A plantação aproveita-se da chuva e do sol,que a castigam para produzir a riqueza do
pão.
O manancial vale-se da areia e da pedra, que lhe ferem a corrente, a fim de purificar as
próprias águas.
O tronco embrutecido, submete-se à inclemência da lâmina para transferir-se do mato
selvagem ao conforto doméstico.
A Natureza é pródiga de lições vivas ao nosso anseio de aprimoramento.
É imprescindível saibamos aproveitar os obstáculos por ensinamentos seguros e
positivos.
A grande ciência começou no duro trabalho de alfabetização.
A música divina, nasceu do solfejo monótono e desagradável.
Cristo não nos induziu a servir aos nossos adversários simplesmente porque nos deseje
soerguer, de imediato, à galera dos heróis e dos santos, e nem nos recomendou a júbilo
na dor porque pretendesse transportar-nos, de inopino, a paraísos ainda inabordáveis ao
nosso entendimento.
É que, nos atritos da senda, procede, para nós, o tesouro da experiência, quando não nos
encarceramos na teia infernal da indisciplina e do ódio, do desânimo ou da desesperação.
O inimigo gratuito é, sempre, um excelente instrutor e, qualquer espécie de sofrimento,
pode ser degrau de acesso a novos horizontes do espírito.
Decerto, o Senhor, em nos exortando, - sede perfeitos!, não esperava a improvisação de
asas angélicas em nossos ombros, assim como o cultivador da terra não conta com frutos
na sementeira de um dia...
O Mestre aguarda a nossa perseverança na boa vontade para com todos, até o fim de
nossa luta, de vez que a boa vontade, significando serviço incessante ao próximo, é o
nosso primeiro passo para a aquisição do amor sem mácula e da verdadeira sabedoria.
Amemos e trabalhemos sempre, sem indagar; aprendamos com o mundo e com a vida,
sem revolta e sem mágoas; recapitulemos nossas lições no dever bem cumprido, quantas
vezes se fizerem necessárias, e, assim agindo, estejamos certos de que o Divino
Orientador virá ao encontro de nossas dificuldades humanas, arrebatando-nos ao
conhecimento dos Planos Superiores, onde nos colocaremos em marcha sublime, para a
glória imortal.
O TESOURO REAL
Aprendendo, em verdade, onde se encontra o tesouro real do homem, perante Deus,
ensaiamo-nos em novo regime, dentro do qual o direito à propriedade estivesse sofrendo
a mais ampla renovação.
Imaginemos que regulamentos distributivos determinassem a divisão compulsória de
todos os bens acumulados nos Bancos, para que o ouro guardado felicitasse cada
criatura em benefícios iguais.
Mentalizemos decretos que transformassem toda a legislação agrária em vigor, para que
o solo fosse subdividido em quotas idênticas, conferindo-se, a cada homem, à parte que
lhe coubesse, segundo a estatística em andamento.
Idealizemos portarias sobre a organização predial,repartindo todos os edifícios existentes
entre os habitantes do mundo, em exata partilha, e figuremos todos os recursos
potenciais das Nações eqüitativamente entregues aos filhos que lhes são próprios.
Entretanto, se o homem, a pretexto de possuir, não mais se dispusesse ao trabalho,
decerto que a fome e a violência viriam, em breve,aniquilar essa suposta igualdade,
porquanto, coma propriedade imposta por lei, ninguém se inclinaria a servir, acabando a
instituição de semelhantes princípios em guerra aberta e destruidora, pela qual, cada
homem, se sentiria com o direito de perturbar o caminho alheio, rendendo novo culto às
trevas da escravidão.
Não tenhamos, pois, qualquer dúvida, em matéria de regimentos legais.
Não vige a lei benigna quando o homem não se decide a ser bom.
E sabendo, portanto, que cada criatura vale, perante a vida, pelos frutos e exemplos que
venha a produzir, saibamos trabalhar simples e honestamente, porque o trabalho é
sempre a única riqueza capaz de assegurar a perfeita alegria, garantindo, a si própria, o
domínio da luz.
LÊ E MEDITA
O corpo sem alimento desce
À desnutrição e à enfermidade.
O motor sem força
Que o acione volve à inércia.
A mente sem estudo que a renove padece retardamento.
Recorda a eternidade da vida e não desistas de aprender.
Abre um parêntese no turbilhão das atividades em que te agitas e consagra alguns
instantes de cada dia à leitura e à reflexão.
O livro nobre é uma lâmpada que o Senhor determinou brilhasse em teu caminho.
Ensina sem exigência, corrige sem alarde, transforma sem ruído e ajuda sem paga.
Lê e medita...
No silêncio do espírito, os pensamentos do Céu iluminam os pensamentos da Terra e
vozes benevolentes e sábias nos falam aos ouvidos, através do verbo inarticulado da
inspiração.
Não menosprezes a página que constrói, auxilia, esclarece e melhora...
Realmente a educação legítima é obra de elevação moral, todavia, tanto quanto a árvore
não se equilibra sem raízes, a perfeição interior não surge sem o conhecimento.
A sublimação exclui não apenas o egoísmo mas também a ignorância...
Amar e saber, ajudar e discernir, eis alguns dos característicos das almas que se
aproximam da residência dos anjos,
Disse-nos o Espírito da Verdade:
– Amai-vos! – eis o primeiro ensino.
Instruí-vos! – eis o segundo”
Por isso mesmo, podemos acrescentar que amando-nos uns aos outros e instruindo-nos
sempre, entraremos com Jesus na posse da Luz Eterna.
INICIAÇÃO
No anseio da perfeição,não te confies
ao êxtase inoperante, à maneira
daqueles que se enamoram do Céu,
perdendo-se nos labirintos da Terra.
Não menosprezes a iniciação pura e simples para que a vitória te coroe, mas tarde, os
votos ardentes.
O fruto substancioso desabrochou na flor tenra e humilde e o palácio que impressiona
pela beleza e majestade foi, um dia,inexpressivo e incipiente alicerce.
Se te propões atingir o poder curativo, amplo e seguro, principia por ajudar ao enfermo da
vizinhança, quando não possuas um doente no próprio lar.
Se aspiras a liderança no amparo à infância desvalida, começa por ajudar na limpeza e
na alfabetização dos pequenos desamparados que te rodeiam o ninho doméstico.
Se arquitetas para ti mesmo o belo destino do missionário, consagrado à edificação
popular, inicia a tua obra, entre as quatro paredes da própria casa, oferecendo ternura e
arrimo, segurança e consolo aos parentes menos felizes.
Se pretende advogar a causa dos alienados mentais, fazendo-te protetor dos
semelhantes que a loucura e a obsessão encarceraram na sombra, estréia o nobre
serviço, suportando com alegria o progenitor desequilibrado, a mãezinha demente, o
irmão ignorante ou o próprio filho ainda cego para a luz!
Muitos sonham a santidade quando não chegaram ainda a exercitar os menores
rudimentos da gentileza e muitos intentam escalar a montanha do heroísmo espetaculoso
quando apenas dormem nos impulsos primitivos da natureza, caídos no vale da
perturbação a que se acolhem!...
Acordemos para a melhoria justa, antes do acesso aos dons de que nos achamos
infinitamente distantes.
Quando todos imaginam grandes feitos sem coragem de atacar os feitos pequeninos, o
bem não passa de formosa ilusão no caminho das criaturas.
Encetemos, hoje, a construção do amor, para que o amor, um dia, reine na Terra, em
sublime triunfo...
Uma palavra de estímulo ao cansado, um gesto de carinho que soerga o irmão que
tombou, um sorriso de compreensão à vítima do erro, um agasalho à criança nua, um
consolo ao velhinho desesperado, um ato singelo de renúncia que nos ajude a própria
educação...
O êxito da grande viagem começa nos passos mais simples.
Saibamos, pois, antes de tudo, oferecer a Jesus a migalha de nosso esforço persistente
no bem, para que Jesus, desde agora, atenda ao muito de que necessitamos, como
pouco que lhe podemos dar.
EM LOUVOR DO SILÊNCIO
“Não saiba a tua mão esquerda
o que deu a direita”
Não se inteirem os teus adversários gratuitos daquilo que fazes, sob a inspiração da
fraternidade e da justiça.
Não se informe o mal, acerca do bem que praticas.
Não invoque a leviandade ao circulo de teu dever que deve ser bem cumprido.
Não busque poeira para a água cristalina.
Não te associes à perturbação para a sementeira da harmonia.
Jesus não se reportava somente à humildade, no ensinamento a que nos referimos.
Destacava também a prudência e a ponderação, assinalando a riqueza do silêncio, que
nos compete usar, nas menores lutas da vida, em favor do êxito de nossas próprias
tarefas.
Lembra-te de que os problemas se estendem ao infinito...
Cada ser, cada criatura, cada consciência possuem necessidades diferentes entre si.
* * *
A caridade para com o instrutor não é a mesma que devemos prestar ao aprendiz e a
assistência ao homem enfermo não é igual a que nos cabe endereçar ao homem robusto.
A essência do bem é uma em suas raízes fundamentais, mas os seus métodos de
manifestação variam infinitamente.
Guardemos, pois,o ensinamento da mão direita que deve trabalhar sem a intromissão da
esquerda e adotemos o silêncio por soberana medida de equilíbrio, na sementeira da
felicidade, em nosso próprio benefício.
LIBERDADE
Na lógica do mundo,encontramos
os mais diversos tipos de
liberdade, criando, porém, quase sempre
deveres tristes e deprimentes.
Nas linhas da luta vulgar, o homem possui a liberdade para a consumação do crime, mas
adquire a obrigação de submeter-se à pena que lhe venha a ser cominada pela justiça, a
espera-lo na penitenciária e na reclusão.
Dispõe da liberdade de menosprezar a si próprio, fugir ao trabalho e confiar-se ao vício,
Mas algema-se ao dever de gravar no próprio corpo os sinais da falência a que se
empenhou, candidatando-se ao hospital, quando não desce,aturdido, ao vale da loucura e
da morte.
Goza a liberdade de ferir os semelhantes, mas, com isso, aprisiona-se no dever de aceitar
o retorno das farpas que atira ao coração do próximo, passando a viver entre doenças e
males de toda espécie.
Conta com a liberdade de subtrair-se ao estudo, atendendo às sugestões da preguiça,
mas encarcera-se na obrigação de suportar a ignorância com todo o seu cortejo de
misérias e infortúnios, que acabam coagulando trevas em derredor de seus passos.
Na lógica do Evangelho, porém, encontramos a divina liberdade do espírito.
É a liberdade de nos escravizarmos, qual o próprio Jesus, ao dever do sacrifício pelo bem
de todos...
Liberdade de converter o tempo em serviço incessante, e de transformar o ódio e a injúria
em amor e bênção...
Liberdade de ajudar sem retribuição, de sofrer sem queixar-se, de construir sem
atormentar, de fazer o melhor em favor dos outros no silêncio da humildade e da renúncia
que nos aproximam do Céu...
Essa é a única liberdade capaz de fazer-nos dignos da liberdade de sermos livres para a
sublime ascensão a Deus.
ORAÇÃO NA ORAÇÃO
Uma oração existe dentro da própria
oração, transportando consigo as
respostas do Céu de modo indiscutível.
Sem palavras que a exprimam, é a súplica do gesto.
Se aspiramos no solo a fartura e a beleza, é a gota de suor que nos traz a abundância.
Se sonhamos no lar a paz e a simpatia, é a bênção da humildade com que nos
consagramos à bondade incessante.
Se aguardamos trabalho que nos melhore os dias, é o culto de serviço amoroso e
espontâneo, sem que a sombra da paga nos azinhavre o verbo.
Se intentamos guardar as riquezas do espírito, é o tempo precioso devotado à cultura.
Se a luz da caridade é o talento divino eu buscamos no mundo, é sempre o impulso nobre
com que nos abeiramos de quem chora e padece para estender o bem e alentar a
esperança.
Com semelhante prece em nossa prece viva, não teremos, assim, maior necessidade da
frase articulada em nossas petições, porque pela oração de nosso esforço próprio, a
Excelsa Lei de Deus nos envolve na luz do Eterno Suprimento, provendo-nos o ser dos
recursos precisos para a nossa ascensão aos tesouros sem fim.
PRECE DO IRMÃO NECESSITADO
Não peço o ouro de tua prosperidade, nem a sobra de tua mesa, embora te agradeça o
socorro fraterno, na bênção de teu pão.
Rogo o apoio de teu sorriso e o aconchego de teus braços para que não me sinta
estrangeiro na terra em que semeio as flores da esperança, no espinheiro de minha dor.
Dá-me a tua palavra de coragem para que eu possa contemplar as estrelas sem descer à
lama do charco e sustenta-me com teu amor para que me sinta menos só!...
Guarda contigo a melodia da gratidão com que te envolvo o caminho pela dádiva que me
estendes, mas acima de tudo, agasalha-me no calor de teu coração para que a minha
lágrima se erga também ao Céu, como prece de alegria na Paz Augusta de Deus.
RETIFICAR
Corrige amando para que a chama de teu auxílio não se apague ao golpe rijo do
desespero.
Não prescindirás da bondade e da tolerância na retificação dos elementos mais simples.
O próprio ato de remendar a peça de roupa humilde,recuperada para servi-te, reclama
desvelo justo.
* * *
Lembra-te de que o cirurgião recorre à anestesia para atender ao órgão doente e recorda
que o artista trabalhando a pedra obscura, não a golpeia sem amor, a fim de que o buril,
manejado com sabedoria e ternura, dela arranque a obra-prima que lhe expressará o
sonho de perfeição e beleza.
* * *
´Se realmente amas aquele que a sombra afeia e desfigura, não cobri-lo-ás de
impropérios e maldições, porquanto, condenar quem já é de si mesmo desorientado e
infeliz é o mesmo que precipitar o viajante inseguro no abismo das trevas ou acelerar a
agonia do enfermo, arrojando-o ao visco da morte.
* * *
Não basta sentir o veneno do mal e perceber-lhe a influência.
É imprescindível descobrir o antídoto do bem para administra-lo, sem alarme, na hora
certa.
* * *
Diante dos corações que reconheces transviados em pedregoso caminho, estende em
silêncio os braços amigos para que a fraternidade exalte o ministério da salvação, sem os
remoques da crueldade que apenas conseguem piorar as moléstias do espírito, assim
como a imprudência do enfermeiro alarga a ferida que as suas mãos se propunham a
curar.
* * *
Guarda a certeza de que à frente do nevoeiro não vale gritar para que a sombra de
extinga.
É necessário o socorro da paciência com a firme disposição de acender nova luz.
SABEMOS
Em matéria de educação a nós mesmos, existe,comumente, um adversário, em nossas
melhores definições.
Via de regra,afirmamos, a cada trecho de nossa marcha espiritual:
sei que a morte é apenas mudança e devo corrigir-me para a Vida Maior, entretanto,
estou sob o cativeiro de inúmeras imperfeições, à maneira de árvore asfixiada pela ervade-
passarinho, e não consigo renovar-me;
sei que é necessário praticar o bem para que o mal não me ensombre as horas, todavia,
por mais me esforce, não chego a vencer a preguiça que me entorpece;
sei que é urgente estudar, melhorando conhecimentos, a fim de entender os desafios do
mundo e soluciona-los com segurança, contudo, não tenho tempo;
sei que é minha obrigação abraçar as boas obras, que as circunstâncias me indicam, em
proveito de minha felicidade, mas receio entrar em choque com as alheias opiniões.
Sei que é preciso... – é a nossa frase trivial, diante do serviço que nos compete, no
entanto, habitualmente falha o motor da vontade, no momento da ação.
Quase sempre, perdemos tempo precioso, empenhando-nos em saber o que ainda
estamos muito longe de aprender, numa atitude, aliás muito compreensível, porquanto,
desejando saber dignamente, a curiosidade respeitável alenta o progresso; mas, se
fizéssemos o melhor do que já conhecemos, transferindo odeias e planos superiores das
linhas teóricas para o terreno da realização e da prática, desde muito, estaríamos
guindados à posição de numes apostolares das doutrinas redentoras que apregoamos,
adiantando o relógio da evolução terrestre.
Como é fácil de notar, nós todos, coletivamente examinados, criamos muitas dificuldades
na Terra, pela ânsia de fazer sem saber, mas agravamos, consideravelmente, essas
mesmas dificuldades pelo atraso de saber e não fazer.