Nota do Blog: Apesar de estar integralmente apresentado. Esse livro ainda não está totalmente formatado nesse blog, para uma leitura mais prazerosa.
A TERRA E O SEMEADOR
Francisco Cândido Xavier / Emmanuel
Caro amigo Salvador:
Deus nos abençoe.
Autorizamos os prezados amigos do Instituto de Difusão Espírita, em Araras, a fazerem a
publicação das entrevistas que você arquivou, entre 1958 e 1975, e agradecemos, como
sempre, as suas atenções.
Realmente, de minha parte, devo-as todas, no que contenham de útil ao nosso abnegado
Emmanuel, e, em razão disso, não posso esquecer que nosso amigo Espiritual é o autor das
páginas a que nos referimos.
Estou na condição da terra e, sem dúvida, que ele é para mim o incansável semeador.
Fizemos a revisão necessária na entrevista com a nossa distinta Patrícia Hebe Camargo e
esperamos que todo o trabalho esteja preparado para os fins em vistas.
Muito grato, sou o irmão e servidor reconhecido de sempre.
Francisco Cândido Xavier
Uberaba, 30 de julho de 1975.
NOVOS RUMOS
Com grande alegria, apresentamos aos nossos leitores as perguntas e respostas da
entrevista concedida pelo estimado companheiro e médium de Pedro Leopoldo, Francisco
Cândido Xavier, aos dirigentes do programa radiofônico da Comunhão Espírita Cristã,
"Ondas de Luz", na Rádio Difusora de Uberaba, domingo p.p., quando de sua recente visita à
nossa cidade.
Inicialmente foi oferecido o microfone ao nosso confrade, que assim se expressou:
– Meus caros amigos, em Uberaba, de novo, saúdo a todos os companheiros de ideal com o
meu afeto e reconhecimento, rogando a Jesus abençoe
sempre a alma generosa da terra uberabense, sempre tão grande pelas suas virtudes da
inteligência e do coração, não me referindo apenas ao nosso campo espírita, mas a todas as
outras esferas do pensa-mento e trabalho, em que Uberaba sempre se destaca como
elevado padrão de nosso progresso e de nossa cultura.
(*) Transcrita do jornal uberabense "A Flama Espírita", 20 de setembro de 1958, sob o título
"Entrevista com Francisco Cândido Xavier".
1 – A FAMILIA ESPÍRITA UBERABENSE
P – Irmão Chico, agradecendo as suas bondosas expressões, desejaríamos aproveitar a
oportunidade para lhe fazer uma série de perguntas, pedindo-lhe desculpas se acaso nos
mostremos, talvez, indiscretos. Assim, como primeira interrogação desejaría-mos saber qual
a sua impressão acerca da família espírita uberabense?
R – Estive em Uberaba, precisamente há dez anos, e observo que a família espírita cresceu
muito, oferecendo-nos a todos grandes testemunhos de realização e de fé.
2 – PRIMEIROS TEMPOS EM UBERABA
P – E como você se sente em nosso ambiente?
R – Estimaria responder a todos não com a palavra articulada, mas sim, com a alegria que
me transborda do coração.
P – Você teve oportunidade de visitar todos os Centros Espíritas de Uberaba?
R – Vim de Pedro Leopoldo com tempo muito reduzido e não pude visitar, agora, todas as
nossas instituições espíritas, tão particularmente como eu desejaria. Ainda assim, pude
partilhar de uma reunião íntima na “Casa do Cinza”, rejubilar-me, abraçando os
companheiros espíritas em uma reunião pública de estudos no Centro Espírita Uberabense e
visitar, de perto, o “Henrique Kruger”, o “Vicente de Paulo” e o “Batuíra”, grandes santuários
de nossos princípios em que o conhecimento espírita aparece traduzido nas mais belas
obras de compreensão humana e social. As casas espíritas uberabenses fortalecem a nossa
fé no futuro e nos fazem pensar no mundo melhor do porvir em que os homens estarão
unidos, segundo o ensinamento de Nosso Senhor Jesus Cristo.
3 – TRANSFERÊNCIA PARA UBERABA
P – Quando você pretende regressar ao nosso meio?
R – Se Deus permitir, será breve. Talvez no fim deste ano, se me for possível harmonizar os
deveres profissionais com os anseias do coração.
P – Poderá nos dizer algo quanto à sua transferência para o nosso meio de trabalhos
espíritas-cristãos?
R – Este é, realmente, antigo desejo meu. Desde os tempos passados em que trabalhei junto
às exposição espírita, mas a todas as outras esferas do pensamento e trabalho, em que
Uberaba sempre se destaca como elevado padrão de nosso progresso e de nossa cultura.
4 – PEDRO LEOPOLDO SEM CHICO XAVIER
P – E você, Chico, tem alguma idéia de como ficarão os trabalhos espíritas-cristãos, em
Pedro Leopoldo, com a sua provável transferência para cá?
R – Como sabemos, no Espiritismo não temos tarefeiros especiais. Sou em Pedro Leopoldo
um trabalhador muito pequenino de nossa Causa, reconhecendo que lá dispomos de nobres
valores para a sustentação de nossas atividades.
5 – EMMANUEL E A MUDANÇA
P – Poderia você nos dizer a opinião de nosso Benfeitor Espiritual Emmanuel a respeito de
sua transferência para Uberaba?
R – Nosso abnegado Emmanuel não me tolhe os movimentos. Quando pedi a ele opinião
sobre minha vinda para cá, respondeu-me que tudo na vida é experiência e que meu
propósito é lícito, considerando-se que estou na atividade mediúnica, em Pedro Leopoldo,
desde 1927, há 31 anos, portanto, mas me advertiu que, seja onde for, devo estar atento no
trabalho da mensagem psicografada. Desse modo, se me for possível dispor de
oportunidade e tempo para semelhante tarefa, ele como Amigo Espiritual, não vê
inconveniente na mudança projetada.
6 – CENTRO ESPIRÍTA DE PREFERÊNCIA
P – E você terá algum Centro Espírita de preferência para realizar sessões públicas ou
privativas, em nossa cidade?
R – Creia, sinceramente, que não desejo vir para Uberaba como alguém capaz de ombrear
com os grandes lidadores de nossa Doutrina que tanto vêm fazendo aqui pelo
engrandecimento de nossos ideais.
Não tenho, por isso, qualquer programa antecipado, mesmo porque isso seria uma ousadia
de minha parte. Se eu vier, serei uma gota d‘água a incorporar-se num grande rio. Nada
mais.
7 – APOSENTADORIA E MUDANÇA
P – E quando você espera vir para Uberaba, definitivamente?
R – Bem, isso será medida para depois de minha aposentadoria, nos encargos profissionais.
8 – ESTADO DE SAÚDE
P – Irmão Chico, desejaríamos agora entrevistá-lo para os, nossos radiouvintes sobre você,
pessoalmente, rogando-lhe recusar qualquer pergunta que julgue inoportuna. Assim,
perguntaríamos como está o seu estado de saúde, atualmente?
R – Meu filho, você sabe que meu corpo físico se aproxima agora de meio século. As
alterações do tempo marcam meu coração e meu rosto. Sempre mais doente dos olhos,
reconheço que sou atualmente máquina gasta. Mas, mesmo assim, creio que poderei
continuar trabalhando, embora de maneira deficitária, por mais algum tempo.
9 – FUNCIONARIO DO MINISTÉRIO DA AGRICULTURA
P – E você, Chico, segundo algumas de suas palavras, ainda continua trabalhando como
funcionário do Ministério da Agricultura?
R – Sim, prossigo exercendo as minhas humildes funções de auxiliar de escritório na
Inspetoria Regional do Ministério da Agricultura em Pedro Leopoldo, há mais de vinte anos
consecutivos.
10 – 30 ANOS DE SERVIÇO
P – E quando você se aposentará?
R – Espero que isso aconteça, se Deus permitir, em 1960, quando completarei trinta anos de
trabalho funcional.
11 – EQUIPE DE PEDRO LEOPOLDO
P – Conta você, Chico, com muitos trabalhadores espíritas em Pedro Leopoldo?
R – Sim, a nossa cidade é pequena e, por isso, não podemos contar ali com grande número
de companheiros nas tarefas espíritas, mas possuímos em Pedro Leopoldo valiosa equipe
de servidores de nossa Doutrina, muito valorosos e muito leais.
12 – BIBLIOGRAFIAS MEDIUNICA
P – Chico, desejaríamos saber: quantos livros mediúnicos você já recebeu?
R – Os nossos benfeitores espirituais estão completando 60 livros por nosso intermédio.
13 – O PRIMEIRO LIVRO PSICOGRAFAOO
P – E o primeiro livro, quando foi publicado?
R – O primeiro livro de nossa mediunidade psicográfica, “Parnaso de Além-Túmulo", saiu no
Rio, em 9 de julho de 1932.
14 – “PENSAMENTO E VIDA"
P – E, presentemente, existe alguma nova obra mediúnica recebida por você para ser
publicada?
R – Em dias próximos, teremos o novo livro de Emmanuel, “Pensamento e Vida", por nós
recebido mediunicamente e que será lançado pela Federação Espirra Brasileira.
15 – DIREITOS AUTORAIS
P – Poderá nos dizer como é que procede com os livros recebidos mediunicamente por você,
quanto aos direitos autorais?
R – Cada livro recebido mediunicamente por nós, é entregue à Federação Espírita Brasileira
ou a instituições outras de nossa Doutrina, com a doação integral e incondicional de todos os
direitos autorais que nos possam caber. Para isso, a documentação necessária tem
transitado nos cartórios de Pedro Leopoldo, há 26 anos consecutivos.
16 – O FENÔMEN0 DA PSICOGRAFIA
P – E você poderá nos dizer como ocorre o fenômeno mediúnico, durante o seu trabalho de
psicografia?
R – Quando escrevi o prefácio “Palavras Minhas”, a pedido da diretoria da Federação
Espírita Brasileira, para o primeiro livro de nossas humildes faculdades, “Parnaso de Além-
Túmulo", em 1931, tentei descrever o fenômeno da psicografia na intimidade de minhas
próprias observações. Mas, o fenômeno evoluiu com o tempo, e passados 27 anos sobre as
minhas declarações, observo que as minhas faculdades se acentuaram em todos os seus
aspectos, e, atualmente, em verdade, sinto-me na companhia dos nossos amigos
desencarnados, quando eles permitem, com tanta espontaneidade como se fossem pessoas
deste mundo mesmo, que nós vemos e ouvimos naturalmente.
17 – MEDIUNIDADE E OBSESSORES
P – Como médium, em suas tarefas específicas, você está livre do assédio dos espíritos
perseguidores?
R – De modo algum. Conheço espíritos perseguidores, comigo associados, naturalmente
desde o pretérito, que me seguem os passos, desde a meninice de minha existência atual.
Naturalmente, devo contar com esses credores, pela natureza de minhas dividas desde o
passado, mas a verdade é que com a graça de Deus, até hoje, nunca me poupam as
fraquezas e imperfeições, nas brechas de minha ignorância e de minha vaidade.
18 – PREVENTIVOS DA OBSESSAO
P – Desejaríamos saber a sua opinião sobre a melhor maneira de nos isolarmos contra os
espíritos perseguidores.
R – Nosso querido Emmanuel habituou-me e dois métodos de libertação gradativa – o
primeiro a oração, pela qual nos lembramos de Deus; e o segundo é o serviço, pelo qual nos
esquecemos de nós.
19 – O VERDADEIRO ESPÍRITA
P – E agora, como última questão, poderá nos dizer qual a melhor maneira, segundo o seu
ponto de vista, para que a criatura se torne um verdadeiro espírita?
R – Os Benfeitores Espirituais sempre me dizem que temos espíritas de variados matizes e
acrescentam que o espírita ideal é sempre aquele que conjuga a sua fé com o trabalho ativo
no bem incessante, tomando por base o próprio aperfeiçoamento. Emmanuel costuma
afirmar que o espírita genuíno é sempre alguém que caminha no mundo aprendendo e
servindo, porque aprendendo estaremos na educação, e servindo viveremos na caridade.
Nesse sentido, nosso orientador sempre recorda a palavra de Allan Kardec quando assevera
que o verdadeiro espírita é conhecido pelo esforço que realiza na própria sublimação de
ordem moral. Assim, peçamos a Jesus que nos inspire e proteja, porque, segundo os nossos
Orientadores da Vida Maior, estamos em nossas casas doutrinárias com o Espiritismo prático
e que, fora delas, os nossos irmãos de Humanidade estão procurando em nós todos o
Espiritismo praticado.
20 – DESPEDIDA
Após estas palavras, o nosso companheiro ainda ocupou o microfone para as despedidas:
– De minha parte, agradeço a todos, rapando aos irmãos uberabenses a caridade de se
lembrarem de mim nas preces habituais. Agradeço a todos os companheiros daqui a
bondade que me dispensam, na qual sinto novo estimulo à caminhada diária e amplo
revigoramento de minha fé.
TEMAS DA ATUALIDADE
P – Escolhemos este lugar onde nós nos encontramos, entre plantas, flores, água, e ouvimos
o canto dos pássaros, lugar especial, especial mesmo, como é especial um bate-papo com
você, porque você sabe, Chico, você é uma criatura que transmite, realmente, muita paz.
Fico emocionada de ver as pessoas na rua, quando se aproximam de você, o carinho, a
emoção que eles sentem de estar ao lado de Chico Xavier!
R – Eu não mereço isso, é muita bondade!
(*) Entrevista realizada por Hebe Camargo, a 17 de setembro de 1973, no Horto Florestal
Paulistano, para o seu programa da TV Record, Canal 7,
São Paulo.
21 – A AMIZADE DE HEBE
P – Você, que é uma criatura boa demais, acha que tudo é bondade, mas é você que está
nessa bondade. Então, eu queria dizer para você da honra que eu sinto de ter hoje, você, no
nosso programa, porque sei o que vai representar, para os telespectadores, sei a importância
da sua palavra para cada um deles.
R – A honra é minha, a bondade é sua.
P – E você sabe que as pessoas, às vezes, exploram o momento de felicidade, por muitos
anos. Chegou o grande momento de minha carreira, o momento de conversar, assim
intimamente, com você.
R – É uma honra para mim. Sempre admirei e respeito especialmente a você, o seu
apostolado artístico.
22 – PRIMEIRO CONTATO COM O MUNDO ESPIRITUAL
P – Muito obrigada, Chico. Mas, Chico, eu trouxe aqui algumas perguntas que vão satisfazer
a minha curiosidade e a curiosidade, também, dos telespectadores, em torno de você, você
gente, você tão gente. Quando é que você experimentou, Chico, pela primeira vez, contato
com o mundo espiritual?
R – Acho, às vezes, que uma resposta demanda demora e eu peço perdão se devo me
estender, por alguns minutos, a esse respeito. O assunto pede que minha memória regresse
no tempo. Eu tinha quatro anos de idade, quando voltei da cidade de Matozinhos, perto de
Pedro Leopoldo, onde nasci, em companhia de meus pais e de meus irmãos.
Meus pais haviam assistido às cerimônias religiosas que naquele tempo eram consideradas
de praxe para todas as famílias católicas. Havíamos caminhado onze quilômetros.
Chegamos em casa,, numa noite bastante fria, com chuva. Meus irmãos se dirigiram logo
para o descanso no sono. Minha mãe, naturalmente preocupada com problemas de saúde,
trocou-me a roupa e, como eu estava fatigado, levou-me à cozinha, onde fora fazer um café
para o meu pai.
Enquanto esperava o café que se fazia, meu pai começou a falar a respeito de um problema
de aborto que havia ocorrido com uma de nossas vizinhas.
Uma criança havia nascido fora de tempo e meu pai, que não havia atingido a verdade toda
sobre o assunto, discutia com minha mãe a respeito. Nesse instante, eu ouvi uma voz e
então transmiti para meu pai: – “O senhor naturalmente não está muito bem informado com
respeito ao caso. O que houve foi um problema de negação inadequada do ovo, de modo
que...”
– Com 4 anos?
– ““...a criança adquiriu posição ectópica.
Meu pai arregalou os olhos e disse para a minha mãe:
– “O que é isso, Maria Esse menino não é o nosso. Trocaram essa criança na igreja,
enquanto nós estávamos na confissão”; e me perguntou o que vinha a ser nidação, o que
vinha a ser ectópico, o que vinha a ser implantação. Eu não sabia explicar coisa nenhuma
porque, falei o que uma voz me dissera. Ele me olhou com muita desconfiança, e minha mãe
comentou:
– “Não, João, este menino é o nosso mesmo!"
– “Este menino não é o nosso. Até a roupa dele está mudada!” Então, minha mãe explicou: –
“Eu mudei a roupa da criança agora, por causa do frio.”
Meu pai ficou naquela dúvida e as vazes começaram a trabalhar.
P – Quantos anos tinha você, Chico?
R – Quatro anos de idade, eu me recordo perfeitamente.
23 – VIVÊNCIA C0M O MUNDO ESPIRITUAL
P – Depois desse primeiro contato, como é que aconteceu a continuidade do fato?
R – Passados alguns meses, minha mãe adoeceu, mas adoeceu gravemente, e como meu
pai estava desempregado ela se preocupou com a nossa sorte, no caso de ocorrer o
falecimento dela. Passou a perguntar às amigas, quais delas poderiam se incumbir do zelo
de que nós necessitávamos. As vésperas da partida da minha mãe, ela se sentindo muito
mal, começou a chamar as amigas e a entregar os filhos, que eram oito dos quais eu era o
penúltimo. Quando chegou a minha vez – eu estava com cinco anos – perguntei a ela:
– “Mas minha mãe, a senhora está me entregando para os outros?”
“Então, ela me disse: – Meu filho, eu não estou entregando você para os outros. Quero que
você saiba que vou me ausentar daqui” – naturalmente ela dizia isso prevendo a morte
próxima – “e seu pai está em dificuldade. Estou confiando seus irmãos para as amigas
zelarem por eles, porque seu pai, no momento, não pode dispensar a atenção que vocês
precisam. Você vai ficar com a nossa amiga dona Ritinha e vai gostar muito dela. Ela será
muito boa e eu volto para buscar você”.
Naturalmente, sentindo que meu pai, muito moço ainda, necessitaria, provavelmente, de um
segundo casamento, como, realmente,aconteceu, ela acrescentou :
– “Se eu não puder vir mais depressa, enviarei uma moça que possa ajudar a vocês. Mas se
alguém disser que eu não volto mais, que eu estou morta, não acredite porque eu voltarei.”
P – Que mulher sensacional, Chico. Como era o nome dela?
R – Maria João de Deus.
P – Maria João de Deus, um nome adequado para uma pessoa que encaminha um filho para
suportar a perda de u’a mãe. É u'a mulher extraordinária e só podia ter um filho maravilhoso
como você.
R – Bondade sua, Hebe.
P – Agora, Chico, você começou com essas manifestações com 4 anos, depois com 5 anos
a segunda. E qual foi a atitude, por exemplo, dos sacerdotes católicos, com relação ao que
você lhes confiava nas confissões?
R – Acompanhei, então, essa senhora, para a residência dela. Ela possuía um sobrinho, um
rapazinho de treze anos, e passei a conviver com a família. O casal não tinha filhos, além
desse sobrinho e filho adotivo. Essa senhora era excepcionalmente bondosa, mas, no meu
caso, ela sentia uma certa necessidade de me surrar, vamos dizer assim.
P – A Dona Ritinha?
R – A dona Ritinha. Esse sobrinho inventava coisas e eu achava que o menino era incapaz
de inventar qualquer intriga. Então eu atribuía tudo aquilo ao capeta, porque minha mãe era
muito católica e todas as noites nos ensinava orações, nos ensinava a orar com ela, os nove
filhos de joelhos. Certa feita, era uma tarde, seis meses depois do falecimento da minha mãe
– essa senhora, que me acolhera, tinha o hábito de passear às tardes com o esposo e o
sobrinho, e eu ficava com a moça que ajudava na cozinha – eu me dirigi para umas
bananeiras, ajoelhei-me e comecei a orar, repetindo as orações que minha mãe me ensinara,
porque aquela senhora me dava muitas vezes três surras por dia e eram surras de vara de
marmelo.
P – Mas que coisa!
R – O menino criava os problemas, eu não podia me defender e no meu intimo, já que eu
não o via a fazer aquilo que ele fazia, eu acreditava que ele era de boa índole e atribuía tudo
ao demônio.
P – Você acreditava que ninguém pudesse fazer mal, porque você não era capaz de fazê-la!
R – Eu não acreditava que ele pudesse fazer e então apanhava de manhã, apanhava ao
meio-dia e apanhava à tarde.
P – Tinha hora certa para apanhar!
R – Tinha tanta hora certa que de manhã, quando a moça, na cozinha, me falava: – “Chico,
venha tomar café”, eu dizia: – “por enquanto, não, eu vou esperar a minha madrinha levantar,
para me bater primeiro".
P – Que judiação, meu Deus!
R – Antes da surra fatal eu não sentia o gosto do café. Então, esperava apanhar, porque,
depois do couro...
P – Aí já sabia que podia tomar o café.
R – ...eu já sabia que podia tomar café.
P – Até o meio-dia.
R – Até o meio-dia.
P – Mas que coisa!
R – Então, uma tarde, minha mãe me apareceu e começou a conversar comigo. Respondi
logo:
– “Ah! mas a senhora demorou.? Por que a senhora nos deixou tanto tempo?” Para mim não
havia dificuldade.
P – Quantos anos tinha?
R – Cinco anos. Não havia dificuldades no meu cérebro, não havia dúvida filosófica, não
havia discussão religiosa, e admitia o fato de minha mãe estar vivendo porque ela me dissera
que voltaria. Aí, falei com ela:
– “A senhora não sabe como estamos lutando”.... Minha mãe prosseguiu:
– "Meu filho, no local onde estou, uma enfermeira me informou que você está querendo se
queixar das surras, mas você deve apanhar com calma, porque isso vai lhe fazer muito bem.“
– “Leve-me com a senhora mamãe! Não me deixe mais aqui!...” foi o que roguei.
– “Agora não posso, porque vou para o hospital, não é?"
Quando a minha madrinha chegou, às oito horas da noite, de volta à casa, que eu contei que
minha mãe tinha vindo, com aquela euforia, ela achou que eu havia enlouquecido e, então,
apanhei mais ainda.
P – Mas que coisa!
R – No outro dia, minha mãe tornou a aparecer e disse:
– “Eu não quero que você minta, mas você não precisa dizer que eu estou lhe aparecendo.”
De minha parte respondi: – “Mas estou apanhando muito! Olhe a minha pele como está!”
– “A sua madrinha é sua instrutora” – disse ela – “você deve gostar muito dela.”
P – Você conseguia gostar dela?
R – Quando criança temia a madrinha, ao invés de estimá-la. Mas, quando a idade foi
chegando, compreendi o bem que ela me fez...
P – Não era muito boa para você, mas era bondosa para muita gente?
R – Sim, ela era muito boa pessoa, mas seria talvez nervosa ou muito doente, em certas
horas...
24 – AS MANIFESTAÇÕES MEDIÚNICAS E OS SACERDOTES
P – Chico, você, em algum tempo, sofreu hostilidade por parte das autoridades católicas ou
evangélicas?
R – Nunca sofri hostilidade alguma. O padre que me confessou durante oito anos foi para
mim um verdadeiro apóstolo. Auxiliou-me em tudo, amparou-me em tudo, aconselhou-me,
abençoou-me, trouxe diretrizes para mim e quando a minha situação se tornou muito difícil,
ele foi sempre um dos melhores amigos de minha vida. Deixou em mim recordações
inesquecíveis.
25 – DELINQUÊNCIA E TERRORISMO
P – Chico, justamente em função daquilo que eu disse na abertura do nosso programa, do
que você emana de bondade da sua palavra, da paz que você transmite, eu gostaria de fazer
uma pergunta para modificar, assim, o quadro do nosso diálogo. Que dizem os amigos
espirituais sobre o problema da delinqüência e terrorismo em nossos tempos?
R – Nosso Emmanuel, que tem estado sempre em contato intensivo conosco, sempre afirma
que esse quadro de perturbações de nosso tempo é, em grande parte, devido à ausência da
influência religiosa nas novas gerações. Precisamos encontrar um caminho de ajustamento
da nossa alma à idéia de Deus e aos preceitos da Religião, quaisquer que sejam esses
preceitos, que nos conduzam para o bem, a fim de que venhamos a encontrar o reequilíbrio
de que estamos necessitando. A falta de idéia de Deus e a ausência da religião no
pensamento da criatura, geram tendências à criminalidade, à violência, à subversão, a
dificuldades que chegam, às vezes, até a loucura.
P – Nós poderíamos saber, através de você, de algum modo, a causa profunda dos conflitos
da nossa época?
R – Hebe, parece incrível, mas Emmanuel costuma dizer que a era tecnológica pretende, na
essência, construir uma civilização sem as mães e isso é um erro muito grande, de modo
que, criando dificuldades para a mulher e, especialmente, para a maternidade, estamos
condenando a nós mesmos a muitas perturbações, porque a mulher sem apoio entra,
naturalmente, em desespero, dando origem a determinadas teorias que não são aquelas do
feminismo autêntico, aquele feminismo correto que prepara a mulher para a independência
construtiva. Dizendo isso, cremos que será justo esquecer as teorias enfermas que levam a
mulher à ilusões destrutivas, com as quais se compromete o equilíbrio do grupo social.
Precisamos realmente não reprovar o comportamento da mulher, e sim estudar por que
meios conseguiremos auxiliar as nossas irmãs de humanidade, para que se sintam
conscientizadas na responsabilidade de serem mulheres com encargos muito mais
importantes do que os encargos atribuídos ao homem, porque o homem é a administração e
a mulher é o lar, e sem o lar não sustentamos a cúpula com a segurança desejada.
26 – AUXILIO À MULHER
P – Chico, de que maneira poderíamos, por exemplo, auxiliar a mulher para que ela cumpra,
com mais segurança, os seus encargos?
R – Cremos que estamos numa época em que a proteção à maternidade deve ser promovida
criteriosamente, com todas as minúcias possíveis, para que a mulher se sinta tranqüila e
contente dentro dos encargos da maternidade, mormente agora que temos a civilização
ameaçada pelo bebê de proveta.
Não podemos duvidar das afirmações científicas, mas também nao podemos desprezar a
necessidade de apoio às mães. Poder-se-ia criar, por exemplo, institutos de proteção à
maternidade, em que a mulher-mãe, desta ou daquela procedência, pudesse observar-se
amparada.
Não podemos esquecer que o Governo, magnânimo qual o nosso, criou o salário-família que
já é uma bênção mas a mulher em si, a mulher-mãe, precisa de compreensão e apoio, para
que, através de todas as vicissitudes da nossa Civilização, consiga ser mãe com a felicidade
de se sentir mãe, conduzindo os filhos das nações para a civilização do futuro, quando
esperamos a Humanidade melhor.
27 – AMOR LIVRE
P – É um assunto interessante e que preocupa a nós mesmos o futuro dos nossos filhos,
porque hoje em dia você vê a coisa está liberal demais. Eu gostaria, até, de entrar mais
profundamente nesse assunto e saber a sua opinião, como espiritualista que é, a respeito de
um problema que realmente preocupa a mãe, especialmente a que tem filhas mulheres,
porque se fala e se propala sobre o amor livre e muitas vezes não sabem sequer o que é
amor livre na acepção da palavra. Eu gostaria de ouvir a sua palavra a respeito disso. Como
você vê o futuro assim tão liberto?
R – Eu espero que você me perdoe e mesmo aqueles que nos ouvem, se a minha palavra é
ineficaz e mesmo destituída de qualquer valor para a solução do problema.
Temos ouvido de nossos Amigos Espirituais, que deveríamos educar os nossos filhos e
descendentes, para que eles se conscientizem nas responsabilidades do amor, com mais
educação para a vida afetiva, de modo a se sentirem mais seguros na vida afetiva,
principalmente quanto ao relacionamento sexual.
Com respeito ao amar livre em si, estou recordando, neste momento, uma trova que nos foi
transmitida, mediunicamente, pelo nosso grande poeta brasileiro Adelmar Tavares, que se
distinguiu muito como trovador e foi, até, o Rei da Trova Brasileira.
Escrevendo por nosso intermédio, em Uberaba, no mês passado, ele psicografou uma trova
concebida nestes termos:
Amor livre, uma expressão; Que vive a se contrapor;
Amor em si não é livre; Se é livre, não é amor!
28 – REBELDIA DOS JOVENS
P – Eu sinto, Chico, que a juventude de hoje não aceita assim uma espécie de imposição dos
pais. Ainda recentemente, vi um casal muito amigo meu, que tem um casalzinho de filhos, e
o pai, assim muito discretamente, disse:
– "Meu filho, eu acho que você deveria fazer uma visita para fulano de tal".
Então, ele virou-se, muito petulantezinho, com o nariz arrebitado, respondeu assim:
– "Esse negócio de "deveria" não é comigo, pai. Eu acho que devo ir quando eu achar que
devo'.".
Quer dizer que eles não aceitam mais a palavra dos pais, não aceitam mais um caminho que
o pai está mostrando. Por que será isso, Chico? Será que eles acham que têm que ter o seu
mundo próprio, as suas deliberações e seus encaminhamentos? Será que eles estão no
caminho certo?
R – Não podemos esquecer que os nossos amigos da juventude guardam o direito de serem
eles mesmos e de se realizarem por si. Admitimos desse modo que estamos numa época de
muito diálogo e de muito entendimento fora daqueles momentos em que acontecem os
grandes desastres sentimentais.
Dizemos isso porque quase que de modo absoluto, os pais – isso em nos referindo aos pais,
no sentido de pais-homens – se dedicam e só têm entrada num entendimento mais longo
com os filhos, numa ocasião de acidentes do coração.
Precisamos dialogar com os nossos companheiros de juventude, para que se sintam
responsáveis por eles mesmos, façam as suas próprias escolhas, tornando-se criaturas úteis
ao campo que vieram para servir, que é o campo da humanidade, dentro do qual eles
nasceram ou renasceram.
Atualmente, nesse sentido, vemos muitas dificuldades e distúrbios, porque o momento,
obviamente, é de grandes transformações.
Os próprios jovens estão vendo quantos desastres estão surgindo para todos aqueles que se
sentem, ainda não livres, mas que querem ser demasiadamente livres do lar, dos pais, da
família, da influência doméstica, antes de algum amadurecimento do raciocínio.
Os jornais estão repletos de informações em que tantos jovens-meninos têm caído em
ciladas lastimáveis, por haverem abandonado a influência doméstica, sem maior
consideração. Esperemos que nossos rapazes e meninas-moças pensem por si, porque não
desejamos retirar deles a liberdade de serem eles mesmos.
29 – O JOVEM E O SOBRENATURAL
P – Já que estamos falando do mundo jovem e acho que a sua palavra é, realmente,
importantíssima para a nossa juventude, tenho aqui uma pergunta do jornalista Narciso Kalil,
da Jovem Pan e da Revista "Grilo”. Ele fala, justamente, sobre os jovens e pergunta a você :
“Chico, no mundo todo o pessoal jovem está se ligando em coisas do sobrenatural, do
esotérico, da metafísica. Por que isso não acontece no Brasil? Será que as entidades e
organizações metafísicas não inspiram confiança aos jovens brasileiros?"
R – A pergunta é, naturalmente, muito respeitável, mas conhecemos centenas de jovens,
para não dizer milhares, que estão se interessando, vivamente, por todos os assuntos da
religião.
Há pouco, convidaram a mim, que nada sou, que não passo de um servidor humilde –
humilde no sentido da desvalia pessoal – para debatermos, filosoficamente, assuntos
religiosos da atualidade.
Estamos certos de que os jovens brasileiros continuarão aderindo a essa corrente cada vez
mais ativa e mais intensa, em torno dos problemas da vida espiritual e em torno da fé em
Deus.
30 – O ESPIRITA E AS OUTRAS RELIGIÕES
P – Eu me permiti trazer estas perguntas porque sabia que você não iria se furtar de
respondê-las: O Chico de Assis, jornalista extraordinário, autor da "Missa Leiga“, uma peça
teatral que fez grande sucesso aqui e na Europa, pergunta :
– "Chico, como você vê o diálogo entre os espíritas e os fiéis de outras religiões, em termos
ecumênicos?"
R – Em termos ecumênicos, naturalmente, será sempre em termos de respeito recíproco.
Nessa base, creio que todos nós, os religiosos das diversas correntes da pensamento
cristão, estaremos unidos em torno de Nosso Senhor Jesus Cristo. Cremos que os espíritas,
conquanto fiéis às interpretações de Allan Kardec, estarão, sempre dispostos ao diálogo e ao
entendimento com todos, para que alcancemos soluções adequadas à nossa paz e à
tranqüilidade geral.
31 – CIÊNCIA E CRENÇA EM DEUS
P – Outro repórter, este do "Jornal da Tarde" e Editor e Diretor Geral de Redação da Jovem
Pan. É o Hamilton Almeida, que pergunta :
– “Você acredita que a crença em Deus, a fé em si, sobreviverá à era da tecnologia”?
R – Sem dúvida, porque a inteligência do homem é filha da inteligência de Deus.
Não podemos viver tão-somente de inteligência. Precisamos de amor para sobrevivermos a
todas as calamidades necessárias ao processo evolutivo em que todos estamos envolvidos
na Terra.
Se cooperarmos para que o amor sobreviva, para que a mulher seja reposta em sua
condição de tutora da vida na Terra, a quem Deus confiou o encargo de produzir a vida, com
o auxílio do homem, aquela que recebeu a missão mais importante do Planeta, estamos
certos de que, por intermédio do amor, a era tecnológica não será um deserto, um céu
despovoado de alegria, porque não nos adianta estarmos rodeados de computadores que
sabem o que há em Marte ou o que há em Júpiter, e vivermos aqui sedentos de carinho,
morrendo à míngua de assistência espiritual.
32 – ALMA E VIAGENS INTERPLANETARIAS
P – Nosso companheiro Fausto Canova, moço muito inteligente e que tem contribuído muito
com seu programa em benefício dos ouvintes, manda perguntar :
– "Você acredita que a alma pode ser deslocada, transportada para outro planeta que não o
nosso, mesmo que seja outra galáxia, outro sistema?"
R – Os nossos Amigos Espirituais consideram isso possível, naturalmente em condições
excepcionais, mas é um fato que se verifica, observando-se sempre que a criatura para isso
deve estar num estado de grande elevação, para abandonar os seus implementos físicos e
retornar ao corpo, depois de estudos especiais em outras regiões do Universo.
33 – REENCARNAÇÃO 0E EMMANUEL
P – Chico, uma pergunta do povo :
– "Se um dia o seu grande guia Emmanuel reencarnar em outro corpo, como vai ser, Chico?"
R – Isso tem sido objeto de conversações entre ele e nós. Ele costuma dizer que nos espera
no Além, para, em seguida, retomar a vida física, e até costuma me dizer:
– “Quando eu estiver na vida física e vocês estiverem fora do corpo físico, vocês vão ver
como é difícil entrarmos em comunicação com vocês e como é difícil orientar os
companheiros para o bem”.
P – Outra pergunta do povo:
– "Chico Xavier, pode acontecer de alguém pretender contato com um espírito e ele não
poder atender porque está atendendo a outro aparelho?"
R – Na vida dos Santos, quais são os grandes heróis da cristandade, temos exemplos de
grandes missionários do Evangelho de Jesus, que puderam interromper, por exemplo, uma
prédica, para surgirem no corpo espiritual em outros locais determinando providências
necessárias à proteção de criaturas injustiçadas.
34 – CRITICAS DA IMPRENSA
P – Chico, eu sei que você foi muito criticado por um jornal, "O Pasquim". Não sei se você
tomou conhecimento, algumas vezes que você se apresentou na televisão. Ouvi, há poucos
momentos, alguns dos nossos companheiros dizendo que você deveria, pelo menos,
aparecer na televisão uma vez por mês, pelo bem que você transmite, pela bondade, enfim,
tudo aquilo que eu já disse e não me canso de repetir todas as vezes, em todos os lugares
em que estou. Como você se sentiu ser criticado por um grupo de jornalistas?
R – Os jornalistas do “Pasquim" foram até muito generosos comigo. Leio o “Pasquim” sempre
que posso, com o máximo interesse. Admiro muitíssimo os nossos grandes jornalistas Ivan
Lessa, Sérgio Augusto, Ziraldo que é filho de Caratinga, e nutro admiração muito grande pelo
nosso Millôr Fernandes, que aparece sempre no “Pasquim”. Moço genial que é no Brasil uma
inteligência enciclopédica. Naturalmente que eles possuem as idéias deles. Eu admiro muito
os nossos grandes escritores.
Quanto a vir à televisão, como o nosso amigo lembrou, isso é muita bondade dele. Eu não
mereço.
P – É o que todo o mundo deseja.
R – Eu não mereço, Hebe, é muita bondade.
P – Eu vou dizer a você: quando eu disse a alguns amigos jornalistas, inclusive eles me
imploraram que eu dissesse o local onde iríamos fazer as entrevistas.
R – Eu tenho não somente carinho pelo seu programa, mas veneração, porque você sabe
produzir cultura, dirigir as criaturas nos temas para o bem de todos, de modo que para mim
vir ao seu encontro é um dever que me honra muito, que me, traz muita felicidade, mas eu
não me sinto capaz de aparecer em TV.
35 – A PROVA CIENTIFICA DOS FENÔMENOS ESPIRITUAIS
P – É sempre a modéstia de Chico Xavier, que é uma coisa fora do comum e que, cada dia
que passa eu respeito ainda mais.
Como você explica que até hoje nenhum cientista tenha feito uma prova científica,
unanimemente aceita, dos fenômenos espirituais?
R – Nós, Hebe, encontramos sempre um conflito aparente entre ciência e religião. A religião
caminha para Deus, ensinando, a ciência caminha para as novidades de Deus, estudando.
As discussões se formam e a prova experimental do espírito do ponto de vista científico, é
sempre mais difícil. Mas essa prova está sendo organizada pela própria ciência nos dias de
hoje.
Por exemplo, as provas fotográficas com a chamada câmara Kirlian, descoberta por um casal
de estudiosos no norte da Europa, câmara essa que já está produzindo resultados muito
promissores no Instituto de Parapsicologia aqui no Brasil, especialmente aqui em São Paulo,
sob a direção do nosso distinto patrício Dr. Hernani Andrade enseja esperança muito grande
para essa prova cientifica a ser unanimemente aceita.
Estamos caminhando... Mas, também do ponto de vista religioso, você pode imaginar a
reviravolta que vai haver no mundo, quase que uma violência do mundo espiritual em
desfavor da Terra, se tivermos, de um dia para outro, uma demonstração tão autêntica que
atinja as raias da violência?
Isso não seria construtivo. Naturalmente, está no plano da Vida Superior preparar a nós
outros, pouco a pouco, através de nossas experiências e de nossas provas, para
conhecimento mais exato da sobrevivência além da morte.
Estamos convencidos de que a Parapsicologia, sem nenhuma idéia de fanatismo, como
ciência pura de observação, alcançará resultados compensadores dentro de muito breve
tempo.
Sempre que a ciência entra em conflito com a religião ou crie qualquer problema de
fanatismo dentro dela, essa prova a que nos referimos, vai ficando cada vez mais remota.
Esperemos, porém, confiantemente o futuro, porque precisamos da certeza de que a vida
continua, certeza em favor de todos.
36 – DESEQUILIBRIO EMOCIONAL E PERTURBAÇAO ESPIRITUAL
P – Chico, eu gostaria de fazer uma pergunta muito pessoal. Eu perdi meu pai, há dois anos.
No começo eu chorava demais e diziam que a gente não devia chorar porque perturbava o
espírito dele. A partir daquilo eu passei a chorar menos e a pensar mais nele. Senti que,
realmente, isso me trouxe mais tranqüilidade. Acha você que quando a gente chora muito por
um ente que nos deixou aqui, perturba o seu espírito?
R – Geralmente, quando partimos da Terra, partimos em condições difíceis, sempre
traumatizados por violenta saudade e essa saudade também fica do lado de cá.
Se persistirmos nas impressões de dor negativa, cultivando angústia interminada, isso se
reflete sobre a pessoa que nós amamos.
Sem dúvida, o parente é nosso, a lágrima é uma herança nossa, sofremos e choramos, mas
sempre que pudermos chorar escorados na fé em Deus, escorados na certeza de que vamos
nos reencontrar, isso tranqüiliza aquele ente amado que espera de nós um diálogo pacífico.
Creio que tudo aquilo que você fala com tanto amor, nas suas horas de maior sofrimento, ou
que fala com tanto carinho junto às relíquias de seu venerado pai, em Gethsemani, tudo isso
alcança, pelos mais belos sentimentos, seu pai, porque vocês estão ligados.
37 – OS ESPIRÍTOS E AS PROVAÇÕES COLETIVAS
P – Chico, agora quero fazer uma pergunta talvez audaciosa.
Havendo, segundo a Doutrina Espírita, planos espirituais superiores, dispondo de notáveis
poderes, como vocês explicam que eles não atuem para evitar e impedir as guerras e
hecatombes que tanta repulsa causam a todos os espíritos bem formados?
R – Certamente os Espíritos superiores interferem sempre, através do diálogo amoroso e
pacífico que o mundo espiritual estabelece com os seres humanos, desde épocas
imemoriais.
Tudo aquilo que conhecemos dentro da religião – os preceitos religiosos – são induções à
paz e ao amor, que devemos cultivar uns com os outros, estima recíproca, ao trabalho, ao
progresso, à cultura, à não violência.
Se ocorrem, em nosso campo de criaturas humanas, determinados conflitos, isso ocorre à
nossa conta, porque, claramente que o homem terá criado o robô, mas Deus criou o espírito
humano, livre, herdeiro das qualidades divinas, e o homem – configurando aí o homem e a
mulher – obviamente possui suas faculdades próprias de autodeterminação e por isso
mesma necessitamos compreender que todos dependemos uns dos outros, que a guerra é
um estado anômalo dentro da Humanidade, que isso não deveria ocorrer e que quanto mais
nos adiantarmos, mais longe ficaremos das guerras e mais perto do panorama das
realizações divinas que nos esperam no mundo de amanhã.
38 – SOCIEDA0E PERMISSIVA
P – Por que há muita gente que condena a sociedade hoje considerada permissiva? Que diz
você?
R – Vamos dizer que estamos com uma explosão demográfica no mundo, francamente
inimaginável.
Há 20 anos possuíamos, por exemplo, um Brasil com 40, 50 ou um pouco mais de milhões
de pessoas.
Hoje estamos com quase, vamos dizer, aproximadamente 100 milhões de brasileiros.
Decerto que são milhões aqueles que nascem hoje em condições psicológicas
especialíssimas.
Não podemos estabelecer um critério absoluto de comportamento afetivo para todas as
criaturas, em nos referindo a milhões de milhões de pessoas.
Aqueles que falam, condenando, a sociedade chamada permissiva, poderiam entender que
estamos criando uma sociedade compreensiva, porque só dentro da compreensão mútua é
que atingiremos a paz a que nos referimos momentos antes.
39 – NECESSIDAOE DA FAMILIA ORGANIZADA
P – E você acha que o mundo conseguiria viver sem a família organizada?
R – Não acreditamos, porque sem a família organizada caminharíamos para a selva e isso
não tem razão de ser.
Admitimos que a família terá de fazer grandes aberturas, porque estamos aí com os
anticoncepcionais, com os problemas psicológicos, com os conflitos da mente, com as
exigências afetivas de várias nuances.
Os assuntos familiares assemelham-se hoje aos viajantes que transitam em determinada
estrada. Com exagerado acúmulo de veículos construímos mais pistas, para que haja menos
desastres. A família precisa abrir novas pistas de compreensão para que os componentes
dela possam viver em regime de respeito recíproco, com os problemas de que são
portadores, sem a agressão que tantas vezes se verifica, contra criaturas que sofrem aflitivos
problemas dentro da constituição psicológica diferente da maioria.
Cremos que esses assuntos estarão presentes em simpósios da ciência, e aqueles que nos
orientam, nos ajudarão a encontrar os caminhos necessários à paz, com o apoio da religião,
em tempos muito próximos.
Nesse sentido, peço licença a você – apesar da resposta estar um pouco longa – para
recordar aquela afirmação de São Paulo, no versículo nº 1, do Capítulo nº 2, da 1ª Epístola a
Timóteo. Ele pede para que nós todos, cristãos, façamos preces pelos dirigentes e pelos
nossos pastores, e por todos aqueles que administram os interesses do mundo, para que
estejamos em paz. Roguemos a Deus para que as cúpulas das nossas comunidades
estejam seguras, para que os nossos dirigentes, e os nossos pastores, seja em política,
religião, ciência ou cultura, estejam afinados com as necessidades de atendimento da
comunidade e que eles contem também, com o nosso respeito e colaboração para que
possamos, pouco a pouco, resolver os nossos problemas.
40 – PSICOGRAFIA PELA TV
P – Bem, Chico, acho que vou me atrever a pedir a você fazer a psicografia. Será possível?
R – Você está lembrando os programas anteriores. Vamos tentar. Se tivéssemos um pouco
de música,, isso poderia nos ajudar. Mas precisamos também de uma mesa e papel.
P – Então vamos fazer o seguinte: enquanto nós preparamos eis mesa com o papel, tudo
direitinho, vamos solicitar de nosso amigo telespectador que se prenda a nós, porque vamos
fazer um pequeno intervalo comercial e depois voltaremos com o Chico, fazendo e sua
mensagem psicografada.
41 – MENSAGEM
AMOR E SACRIFICIO
Não digas, alma irmã, que a Terra é triste. A Terra, em toda parte, é iluminada escola. E a
grandeza de Deus, em tudo quanta existe, é a luz que apóia, cria, equilibra e consola. Do
resplendor solar aos abismos do mundo, de esfera a esfera, em paz, a vida se confia ao
sublime poder do amor terno e profundo que envolve a própria dor em perpétua alegria. A
Natureza inteira é sempre um livro aberto. À noite, dá medida ao tempo de alvorada, tudo é
renovação, a campo descoberto, dos detritos do chão à abóbada estrelada. Da rocha ei-la a
surgir: a fonte viva e pura. E, beijando o calhau que se lhe atira à face, estende no deserto
impérios de verdura, esparzindo a esperança em que a vida renasce.
Do lenho dado ao fogo o calor se derrama, faz-se a gleba jardim, ao golpe de tratares, é uma
simples semente acomodada à lama, transforma o próprio charco em berçário de flores.
Escuta, coração!... Perdoa, servente aceita a lágrima por luz nas tarefas que esposas,
sofrimento constrói a harmonia perfeita, a treva aponta a estrela, os espinhos dão rosas!...
Só no amor há poder divino e incontroverso que abraça anjos e réus, santos, crentes e
ateus, e é o amor em sacrifício é a força do Universo que revela a Bondade e a Presença de
Deus.
MARIA DOLORES
P – Dentro de sua grandeza ela disse exatamente aquilo que eu gostaria de dizer e acho que
todos os nossos amigos sentem.
Você, Chico, é uma criatura tão grande, tão grande que chega a ficar pequenino como uma
criança, porque, realmente, a imagem é essa. A criança é tudo o que a gente mais sonha na
vida. E a maior força que a mulher tem. A grandeza da criança que você representa, dentro
da sua grandeza, da sua humildade, da sua majestade. Chico, tudo o que eu poderia dizer,
para agradecer momentos que nós vivemos aqui neste programa, realmente seria pálido e
então só posso dizer: Deus lhe pague!
R – Sou eu quem agradece.
P – Eu gostaria, então, de terminar com uma prece, já que nós estamos num mundo de tanta
violência, de tanta agressividade. Acho que prece é a melhor coisa que a gente pode fazer
por aqueles que já se foram, por aqueles que estão e por aqueles que estão por chegar.
Muito obrigada.
42 – PRECE
R – Amado Jesus, nosso Divino Mestre e Senhor!
Agradecendo o encontro espiritual com a nossa Hebe Camargo, com os nossos amigos da
equipe que colabora com ela, estamos endereçando a Ti, Senhor, o nosso reconhecimento e
encerramos este encontro.
Já que nos achamos assistidos pela presença de mães carinhosas, que nos rodeiam aqui,
nós Te rogamos para que todas elas tenham bastante força para suportarem todos os
problemas que lhes possam surgir, a fim de cumprirem a sagra a missão de que foram
investidas!
Recordamos aquelas que nos deram o ser, que neste mundo ou fora dele velam por nós.
Nós Te pedimos, Amado Jesus, abençoes a todas elas, as que nos deram a vida, que se
sacrificaram por nós, as que esqueceram prazer, mocidade, conveniências e convenções
para se fazerem nossas mães!
Nós Te rogamos por aquelas que conseguiram realizar os seus ideais e por todas as que
sofreram tremendas renúncias, para se ajustarem aos encargos de que foram investidas; por
aquelas, Amado Mestre, que muitas vezes trazem sobre o peito cruzes de ouro, lembrando a
Tua Misericórdia, a trazerem o coração sob o peso das grandes cruzes de lágrimas; por
aquelas outras que se encontram em penúria; por aquelas que guardam os filhos queridos
nos sanatórios; por aquelas que se viram desvinculadas do amor deles, a golpes de
violência, e que reclamam serenidade e compreensão para se reequilibrarem na vida; por
aquelas que se sentiram mães, com a deserção dos companheiras aos quais se confiavam;
por aquelas, Senhor, que trabalham, dia a dia, para buscarem o pão dos próprios filhos; por
aquelas que amanhecem de coração atormentado sem saberem como resolver os problemas
mais simples da vida, à luz do cotidiano!
Pedimos-Te por todas elas, Senhor, porque todas as mães são santas diante de Ti!
Amado Mestre, abençoa aquelas que nos amaram, que nos amam e que nos amarão
sempre; aquelas em cujos corações colocaste um segredo de amor que ninguém decifra;
aquelas que necessitam, cada vez mais de nosso apoio para nos dignificarem, guardandonos
a civilização, ajudando-nos a sermos nós mesmos!
Amado Jesus, abençoa-nos!
Abençoa a nossa Hebe, abençoa os nossos amigos presentes!
Abençoa-nos, Senhor, e despede-nos em Paz!
E que a Tua bondade, Amado Senhor Jesus Cristo, possa estar conosco, abençoando-nos,
sustentando-nos, tolerando-nos e auxiliando-nos, hoje, agora e sempre!
Assim seja!
PROBLEMAS DESTE E D´OUTRO MUNDO
(*) Entrevista realizada no Instituto de Difusão Espírita, em Araras, SP, por Salvador Gentile,
a 5 de dezembro de 1971, quando da visita do médium para uma Tarde de Autógrafos.
43 – Mensagem
GENTILE – Nesta oportunidade, em nome do Instituto de Difusão Espírita, nós queremos
agradecer a presença do Dr. Elias Barbosa e a sua generosidade em nos trazer palavras de
tanto esclarecimento, fundamentadas na experiência de sua vida médica – problemas do
nosso dia-a-dia, que certamente, servirão para todos nós. Queremos pedir aos nossos
irmãos presentes que se mantenham em silêncio, em prece, que talvez nosso irmão
Francisco Cândido Xavier possa psicografar alguma mensagem para nós.
O médium lê em voz alta a página psicografada:
CHICO: CONVITE
Homem, escuta a voz que, ao longe, se aproxima. Concitando-te à vida, em senado
profundo, a conquistar mais Céus para a glória do Mundo, como quem deixa o vale e sobe
monte acima.
-Volve ao Cristo de Deus, no trabalho fecundo de transformar em luz a crença que te anima...
Que a forma te não prenda a enganadora estima da ilusão que se vale de segundo a
segundo!...
Busca, viajor da Terra, o porvir sublimada, dor é sol desfazendo os grilhões do passado ante
a libertação que, em paz, se te descerra!
Sem paixão por ti mesmo e servindo à Era Nova, da construção do Amor em que a fé se te
prova, terás no próprio Amor a redenção da Terra.
GUSTAVO TEIXEIRA*
* Poeta, autor de várias obras de valor, nasceu Gustavo Teixeira em Sto Pedro, SP, em
1881, e desencarnou na mesma cidade, em 1937. Vicente de Carvalho prefaciou-lhe o livro
de estreante – "Ementário" –, lançado em 1908. Sua produção foi reunida em 1959, sob o
titulo de "Poesias Completas", com Prefácio de Cassiano Ricardo, Anhambi S.A., São Paulo.
44 – DIVORCIO
GENTILE: Chico Xavier, a ZYR-93, Rádio Clube Ararense, nos incumbiu de entrevistá-lo.
Temos aqui uma série de perguntas que você, naturalmente, tem liberdade de responder ou
não responder. A primeira delas é a seguinte: QUAL A SUA POSIÇÃO, DIANTE DO
PROBLEMA DO DIVÓRCIO?
CHICO: Apesar de respeitar muito e agradecer, de coração, o convite, estimaríamos que o
nosso amigo Salvador Gentile, em nome da Rádio, convidasse o conferencista da noite – 0r.
Elias Barbosa –, para responder a esta pergunta e a colaborar nas respostas às perguntas
subseqüentes que forem aqui formuladas, para que não estejamos sozinhos nesse ou
naquele assunto, de vez que reconheço a minha nulidade para quaisquer respostas
desejadas. Cabe-se anotar que se algo falarmos de proveito, estaremos falando sob a
influência de Amigos Espirituais.
DR. ELIAS: Antes de tudo, caros irmãos, não nos reconhecemos capacitado para responder
à pergunta. Entretanto, tentaremos uma resposta rápida, deixando ao nosso caro Chico o
esclarecimento essencial do assunto. A nosso ver, o divórcio não deve ser incentivado. Em
certas circunstâncias, porém, quando um dos cônjuges tende ao suicídio ou ao homicídio, o
divórcio será medida razoável porque sabemos que a prática de um quanto a do outro,
agravará muito mais a problemática do Espírito reencarnado.
Considerando a imortalidade, se o casal não conseguir por agora resolver todos os
problemas que lhes caracterizam a vida em comum, há de resolvê-los, por certo, em
existências posteriores. De modo que, pelo que temos visto na vida prática, nesse terreno, o
ideal será sempre agir com paciência, uma vez que ao cogitar de desquite, o cônjuge da
mostras de grave infantilidade psicológica, a requisitar terapêutica adequada, a fim de não
perpetuar a dificuldade emocional, quando constituir nova unidade conjugal.
Estimaríamos que, em seguida, o nosso Chico nos fizesse a gentileza de completar a
resposta.
CHICO: Apoiamos integralmente o nosso caro amigo, Dr. Elias Barbosa, que se expressou
com muita segurança.
45 – EXPANSÃO DAS DOENÇAS MENTAIS
GENTILE: Chico, a que você atribui a taxa sempre crescente de doentes mentais?
CHICO: Os Espíritos Amigos que se comunicam, são unânimes em afirmar que essa taxa
crescente de perturbação, na atualidade, decorre do desequilíbrio existente entre as nossas
conquistas de ordem científica e o atraso dos nossos sentimentos.
Existe grave desequilíbrio na balança cérebro-coração.
À medida que o progresso nos exonera as mãos de maior esforço, mais amplamente
estamos a sós conosco nos caminhos da vida.
Com isso faceamos certas dificuldades para nos suportarmos, do ponto de vista individual,
sem perturbações, porque estas perturbações são conseqüentes à nossa incapacidade de
responder, do ponto de vista emocional, à evolução da inteligência. Isso cria tomadas de
obsessão ou desarmonias mentais muito grandes, reconhecendo-se que ainda cultivamos
certa espécie de amor extremamente possessivo na Terra. Falamos do ponto de vista
coletivo. Esse amor possessivo gera em nós processos lamentáveis de ciúmes e
desesperação, que muitas vezes nos induzem à delinqüência confessa.
Quando encontrarmos um caminho de libertação espiritual, através do respeito que devemos
uns aos outros, na condição de jovens e de adultos, entendendo-se que cada um de nós é
um mundo por si e que cada qual de nós é chamado a exercer tarefa especifica sobre a
Terra, então muitos dos nossos problemas alusivos à perturbação mental serão praticamente
eliminados. Isso ocorrerá, porque estaremos em condições de responder com altura de
sentimento à elevação das novas descobertas que nos impelem a crer que a Terra é,
realmente, para nós todos, um mundo maravilhoso.
A dificuldade ou a perturbação residem, efetivamente, em nós mesmos.
46 – L1DERANÇA RELIGIOSA
GENTILE: Nossa pergunta, agora, é para o Dr. Elias Barbosa. O senhor acha, Dr. Elias, que
ao Brasil está reservado um papel de liderança no concerto mundial quanto à questão
religiosa? Por quê?
DR. ELIAS: Desde a publicação do livro “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”,
pelo Espírito de Humberto de Campos, através da mediunidade do nosso caro Chico Xavier,
isso ficou bem claro – a posição do Brasil no papel de liderança no concerto mundial, do
ponto de vista religioso. E, a cada minuto que passa, inclusive com o exemplo de Araras,
quando esta cidade se constitui hoje na capital da divulgação espírita brasileira, não resta a
menor dúvida de que a Brasil se encontra nessa vanguarda. Além disso, as organizações
assistenciais, as editoras espíritas, os centros de espiritualidade, enfim, tudo o que se realiza
de nobre e belo em Terras do Cruzeiro, são atestados inequívocos de semelhante posição
de liderança para o nosso País.
47 – OBSESSÃO E LIVRE ARBITRIO
GENTILE: Chico Xavier, os Espíritos desencarnados em desequilíbrio, influem sobre os
encarnados, a ponto de subtrair-lhes o livre arbítrio? Como e quando?
CHICO: Não. Na condição de cristãos, sobretudo porque antes da codificação da Doutrina
Espírita, já possuíamos, no Evangelho de Jesus, explicações muito claras quanto à nossa
responsabilidade de viver, é impossível admitir que uma criatura, encarnada ou
desencarnada, consiga furtar o livre arbítrio nas fontes do nossa pensamento.
Às vezes, estudamos o assunto quando já nos achamos encarcerados nas conseqüências
de ações complexas ou infelizes, praticadas por nós, seja nesta vida ou em vidas passadas.
Nessas circunstâncias, somos impulsionados a crer que o Espírito obsessor encontra em nós
afinidades ou raízes de ligação com as quais se harmonizam conosco, quando, na realidade,
são companheiros nossos, da existência atual ou de outras eras que passam a integrar
conosco verdadeira legião de criaturas perturbadas.
Por isso mesmo, Jesus, certa feita, conforme as narrativas do Evangelho, declarou que
determinado espírito obsessor trazia o nome de Legião. Em vista disso, a criatura, quando
está positivamente assediada, pode estar refletindo toda uma falange de espíritos infelizes
que se afinam com ela.
Processo obsessivo, a nosso ver, é problema de harmonização ou de aceitação, no
mecanismo de nossos relacionamentos recíprocos.
GENTILE: Nosso caro Dr. Elias Barbosa, como o senhor entende a afirmativa que fazem de
que os tempos estão chegados? Quais os sinais que o Senhor pode nos mencionar a este
respeito?
DR. ELIAS: Eu gostaria que o nosso prezado Chico respondesse a esta pergunta, por
gentileza.
CHICO: Segundo Emmanuel, os tempos são, naturalmente chegados, para que nós, por
dentro de nós, façamos um compromisso real, efetivo, de renovação íntima, valorizando o
tempo, na pauta dos conhecimentos superiores que já possuímos.
Se aproveitássemos dez ou vinte por cento em trabalho, dos conhecimentos elevados de que
já somos detentores, principalmente nós outros, os espíritas-cristãos, certamente que os
tempos estariam chegados, para muita felicidade na Terra, começando, esta felicidade, em
nós mesmos.
Isso, porém, não é fácil. Construir por fora foi sempre algo fácil, mas edificar por dentro de
nós as qualidades superiores que nos converterão em espíritos realmente enobrecidos, é
muito difícil.
Os tempos são chegados para que venhamos a perceber isso com mais clareza.
Trabalhar e trabalhar pelo bem de todos, é o programa da criatura, em todos os tempos, de
modo a penetrar no entendimento e na execução das Leis de Deus.
49 – O FUTURO DA FAMILIA
GENTILE: Nos dias futuros, Dr. Elias, o senhor, que é psiquiatra e que lida no seu
consultório com muita gente, de todas as classes, poderá responder esta pergunta com
muita propriedade: NOS DIAS FUTUROS, A FAMILIA SE UNIRÁ MAIS OU TENDERÁ A
DESAGREGAR-SE?
DR. ELIAS: Antes de tudo, cumpre-nos informar que somos apagado clinico e não
psiquiatra. Isso posto, acreditamos que a família se unirá mais, pois devemos confiar no
progresso infinito da vida.
A família naturalmente se unirá, à medida que houver maior conhecimento da psicologia
humana. No dia em que se exigir da pessoa que se candidata ao casamento um certificado
de habilitação em curso mesmo rápido de Psicologia, temos a idéia de que haverá notável
modificação na estrutura da família, para melhor.
Indispensável saiba cada um de nós quais são os nossos deveres, a fim de que nos
orientemos com segurança em relação a certos mecanismos de defesa do eu, principalmente
no que se refira à projeção, para que aprendamos a ser nós mesmos e não a personalidade
que as outras criaturas estimariam que fôssemos.
Conhecendo os princípios kardequianos, estaremos aptos a conduzir-nos com paciência,
mesmo quando nos vejamos num casamento de provas e expiações ou recebendo, na
condição de filhos, os antigos desafetos, – os desafetos de existências passadas, – em
extrema desventura, de permeio com benfeitores reencarnados. A Doutrina Espírita nos
fornece, com efeito, todos os elementos para que possamos organizar uma família com
relativo equilíbrio, ensejando-nos contribuir em favor da paz geral, que dimana da paz
existente nas quatro paredes do Lar.
50 – EVOLUÇÃO E ENCARNAÇÃO
GENTILE: Chico Xavier, por que se diz que o Espírito, para evoluir, precisa se encarnar? No
Mundo Espiritual, ele não evolui? Qual a diferença principal entre as duas faixas de evolução
quanto ao aprendizado?
CHICO: Não acreditamos estar de posse dos conhecimentos para respondermos a questões
assim profundas, envolvendo decisões do Plano Superior. O que podemos concluir dos
ensinamentos múltiplos dos Amigos Espirituais, é que durante a existência na Terra,
enquanto somos favorecidos com a permanência no corpo, dispomos de maiores
oportunidades para aprendizagem, educação ou reeducação; na aquisição das experiências
de que necessitamos para a ascensão definitiva à Vida Maior.
O corpo, neste caso, funciona como sendo uniforme, num educandário.
Sabemos que o corpo, em si, obedece a leis estabelecidas em regime de igualdade para a
criação dos demais corpos; cabe-nos, portanto, admitir que, uniformizados pelo padrão de
vestuário físico, na escola a Terra, somos favorecidos com disciplinas que de momento não
estimamos receber.
Aqui recordamos aqueles alunos dos colégios humanos que, na maioria, muitas vezes não
se agradam das disciplinas com que são acolhidos nos estabelecimentos que as recebem,
embora, mais tarde, venham a saber que o benefício destas disciplinas é, e será sempre,
incalculável para eles todos.
Internados no corpo terrestre é que somos instruídos a respeito da necessidade de mais
ampla harmonização de nossa parte, uns com os outros, certamente porque, vivendo nas
esferas espirituais próximas da Terra, com aqueles que são as criaturas absolutamente
afinadas conosco, não percebemos de pronto as necessidades de aperfeiçoamento e
progresso. Numa comunidade ideal, com vinte, quarenta ou dez pessoas raciocinando por
uma faixa só, estamos tão felizes que corremos o risco de permanecer estanques em
matéria de evolução por muito tempo.
Beneficiados com a reencarnação, o estacionamento é quebrado de modo natural, para que
sintamos a sede de novos conhecimentos, fome de amor e anseio de compreensão, de vez
que não ignoramos que sede e fome são fatores que nos obrigam a trabalhar muito. Então,
espiritualmente, semelhantes fatores na vida do Espírito estão vigorando para nós todos,
com a função de nos estimularem ao burilamento e ao progresso.
51 – DOENÇAS E CORPO ESPIRITUAL
GENTILE: Dr. Elias Barbosa, as doenças antes de aparecerem no corpo físico se
manifestam no corpo espiritual? Terão, acaso, origem nos mecanismos da mente?
DR. ELIAS: Não temos dúvida de que antes de aparecer no corpo físico, que se constitui
uma veste do espírito, a doença se manifeste na mente. Isto é compreensível se analisarmos
o indivíduo, por exemplo, que se desencarna numa situação de violência, ingerindo,
suponhamos substância cáustica.
Depois de atravessar períodos de sofrimento nas regiões purgatoriais da Espiritualidade, por
tempo mais ou menos longo, quando retorne à Terra, é natural que ele traga a região
comprometida do trato digestivo com alterações funcionais ou muitas vezes anatômicas,
porque houve lesão do corpo físico que ele deixou na Terra em circunstâncias drásticas, com
repercussão no corpo espiritual.
Por exemplo, se ele ingeriu um metal pesado, cuja eliminação se faz principalmente por via
renal, é claro que ele deverá renascer, e os seus glomérulos e o epitélio tubular apresentarão
alterações muitas vezes de caráter embrionário, acarretando a esse espírito reencarnado
sofrimento e dificuldade.
E, de um modo geral, no que se refere às doenças mentais, os indivíduos portadores de
complexos de culpa muito intensos, no Mundo Espiritual, reencarnam em situações por
vezes deploráveis, tendendo fugir à realidade ou tornando-se psicóticos. Essa situação de
pânico se instalou na vida dele em decorrência da prática da autodestruição ou do mal,
contra quem quer que seja. E, ainda, se verificarmos todos os tipos de enfermidades,
concluiremos que para a doença se instalar, é evidente que terá de ser primariamente no
espírito.
E, a propósito, queremos nos lembrar de um livro de Carl Gustav Jung, intitulado “Psicologia
e Religião” (2), já traduzido no Brasil.
Nesse livro, Jung considera que num indivíduo portador de qualquer processo blastomatoso,
semelhante processo não pode estar localizado somente no corpo. E acrescenta que no
indivíduo deverá existir um corpo espiritual e na tessitura desse corpo deverá existir também
esse tumor, primariamente. Julga o notável psicanalista que para existir o tumor no corpo
físico, deverá também existir na tessitura do corpo espiritual.
Em Doutrina Espírita, esta é a realidade que os Espíritos Amigos nos informam.
O problema das doenças decorre da gravidade da culpa. Quer dizer, conforme a gravidade
da prática do mal, será o tipo de doença.
A doença surge na Terra, a benefício da própria pessoa, às vezes para salvá-la de certas
situações em que ela cairia, conforme caiu em mais de dez, vinte existências anteriores.
O indivíduo nasce com determinada doença, como medida curativa do espírito.
A criatura, acostumada, durante existências e existências, a roubar, a lançar mão do alheio,
poderá em certa existência pedir para nascer sem mãos, a fim de que aprenda a não roubar.
Antes de nascer sem as mãos, possivelmente haja passado por mais de dez ou vinte
existências sofrendo do que nós chamamos de cleptomanias.
Vejamos uma outra possibilidade, qual aconteceu naquele caso descrito em “Memórias de
um Suicida” (3), em que um companheiro havia subtraído a vida da esposa; os complexos de
culpa lhe foram tão intensos, que a mão se lhe foi ressecando no Plano Espiritual, e, quando
renasceu na Terra, trazia consigo a lesão conseqüente.
(2) C.G. Jung, Psicologia e Religião, Tradução de Fausto Guimarães, Zahar Editores, Rio de
Janeiro, 1965. (N. dos O.)
(3) Obra recebida pela médium Yvonne A. Pereira, e editada pela Federação Espírita
Brasileira, Rio, R J (N. dos O.)
52 – PERISPÍRITO E CORPO FÍSICO
GENTILE: Chico Xavier, o que é o perispírito? Como ele atua sobre o corpo embrionário
para plasmar-lhe as formas e como se liga e atua sobre o organismo já formado?
CHICO: Seria licito somente examinar o problema do ponto de vista rigoroso da Ciência.
Portanto, esperemos que a Ciência amplie estudos e pesquisas a respeito do corpo
espiritual, para não criarmos quaisquer fantasias em nome da Religião, em redor de assunto
assim tão sério.
Sabemos que nos últimos cinqüenta anos, é que a Ciência, especialmente a Ciência Médica,
vem obtendo êxitos matemáticos no estudo da vida orgânica no corpo físico. Tanto é assim,
que a Medicina, atualmente, vem criando setores especializados em várias direções.
A vida física se reveste ainda de tantas complexidades e nos impõe tantos desafios, que, por
enquanto, a existência do corpo espiritual, evidente-mente positiva, exige perquirições
detalhadas a fim de patentear-se no mundo. O perispírito, a rigor, é problema de ciência,
conquanto nele respeitemos a matriz, a fábrica de modelos, a oficina dos clichês mentais que
nos orientam a vida no corpo terrestre.
Esperemos que a Ciência na Terra se pronuncie, oportunamente, a respeito.
53 – SUPERVISÃO MÉDICA DAS CURAS MEDIÚNICAS
GENTILE: Dr. Elias Barbosa, o que dizem os benfeitores espirituais sobre os tratamentos
realizados por via mediúnica, que utilizam os recursos de Medicina Oficial (principalmente
drogas alopáticas e tratamento cirúrgico), com vistas aos possíveis riscos de falha
mediúnica? Não seria interessante haver uma supervisão de médicos terrenos bem
intencionados?
DR. ELIAS: Admitimos que os médiuns deveriam estudar Allan Kardec. A maioria dos
médiuns que se empenha nesse setor de tratamentos, seja de ordem cirúrgica ou não,
muitas vezes, deixa de lado o estudo kardequiano, valorizando o fenômeno, em detrimento
da justa compreensão dos princípios doutrinários.
O ideal seria uma supervisão médica para auferir o valor do fenômeno, mas o que é
importante é o seguinte: é que se estude Allan Kardec, porque o fenômeno existe,
evidentemente, e nós precisamos estudar o fenômeno, mas precisamos reverenciar a
Doutrina Espírita, acima de tudo. De modo que o Chico poderá responder a esta pergunta,
porque ele mesmo, Chico Xavier, há poucos anos atrás, há cerca de dois ou três anos, se
submeteu à cirurgia, com médicos da Terra. E ele está autorizado a formular uma opinião
concreta.
CHICO: Acreditamos que o problema da cura espiritual, conforme a própria expressão, é
assunto pertinente à fé com que recebamos os processos de auxílio do Mundo Maior.
As curas espirituais, por isso mesmo, são capazes de surgir em qualquer setor religioso, no
qual a mente humana se expresse com absoluta confiança nos poderes superiores que
governam a vida. Acreditando nisso, estamos convencidos de que todas as pessoas que
recorrem à oração, estão munidas de um poder cuja extensão, por enquanto na Terra, não
conseguimos avaliar.
Quanto aos companheiros da mediunidade que se dediquem às curas de ordem física,
impulsionados por Espíritos de médicos desencarnados, cremos que deveriam ou deverão
solicitar o concurso de médicos encarnados dispostos a auxiliá-los em semelhante mister
para que os nossos companheiros não permaneçam sozinhos ou quase que aparentemente
sozinhos em tais experiências, mais fenomênicas do que doutrinárias propriamente
consideradas.
Pessoalmente, aprendemos com os Bons Espíritos que a Medicina está na Terra por decisão
dos Espíritos Superiores que executam os desígnios divinos; cada médico se ergue por
intérprete da bondade de Deus no socorro às criaturas humanas.
Seria injusto de nossa parte desconhecer isso.
A medicina é um sacerdócio, e estamos certos de que mesmo aos médicos que se acreditam
mais entranhadamente materialistas, o auxilio do Mundo Espiritual nunca falta.
Se o médico declarado materialista, trabalha com espírito de amor aos pacientes, receberá o
amparo dos Benfeitores da Vida Maior, nas suas atividades de ordem geral, a benefício dos
seus protegidos, considerando-se o merecimento ou a necessidade de quantos lhe recolhem
a assistência.
Compreendemos, sem duvida, que a Medicina vem de Deus..
54 – SAUDAÇÃO
GENTILE: Para finalizar, Francisco Cândido Xavier, nós rogaríamos a você que registrasse
uma mensagem ao povo de Araras.
CHICO: Saudamos a nobre cidade de Araras com os nossos melhores votos de progresso e
paz, desejando-lhe as mais altas realizações com a bênção de Cristo. Estamos
especialmente gratos ao acolhimento do Instituto de Difusão Espírita, a generosa
organização que nos recebe com tanta bondade e que nos honra brilhantemente as
construções doutrinarias. Em nosso cara amigo Salvador Gentile, deixamos o nosso abraço
de reconhecimento a todos os companheiros ararenses, ao mesmo tempo que rogamos a
Deus a todos nos inspire e nos abençoe.
CONGELAMENTO DOS CORPOS
E A EXPERIÊNCIA DO VELHO EGITO
Abrimos um parênteses em nossa vida conturbada de todos os dias e o sorriso bom de Chico
Xavier eliminou-nos o coração; suas palavras eivadas de verdades cristãs fizeram aflorar em
nós o anseio de amar e compreender a vida, realizando o melhor dentro e fora de nós. Aqui
Chico Xavier responde para você:
55 – FOLHA ESPÍRITA
P – Chico, como você vê o lançamento da Folha Espírita?
R – Reconheço em Folha Espírita sempre nova luz que se acende em nosso caminhos
espirituais.
56 – FUNÇÃO DA DOUTRINA ESPÍRITA
P – O termo comunicação ganhou, recentemente, muita força entre os homens; no entanto,
há pouco mais de um éculo é ensinamento constante nos livros espíritas. Tendo em vista
esse caratê vanguardeiro do Espiritismo, qual seria a contribuição mais importante do
movimento espírita na atualidade?
R – Estamos convencidos, segundo as afirmativas dos nossos benfeitores Espirituais, que a
mais elevada função da Doutrina Espírita é a de restaurar os ensinamentos de Jesus com as
elucidações de Allan Kardec, para a felicidade real das criaturas.
57 – ASTRONÁUTICA
P – As sondas espaciais realizaram importantes investigações no sistema solar. Como o
Plano Maior vê essas pesquisas?
R – A Astronáutica, na opinião de nosso caro Emmanuel, é a ciência bendita que convida o
Homem para o estudo da grandeza do Universo.
58 – PSIQUIATRIA E FENÔMENOS PSÍQUICOS
P – A medicina alcançará maiores êxitos, em futuro próximo, no campo da Psiquiatria? Onde
estudos neurológicos atuais vão contribuir para melhor entendimento dos fenômenos
psíquicos?
R – Indiscutivelmente, a jornada é longa, mas a Ciência está sempre no encalço da verdade
e, com a verdade, a Psiquiatria e escolas conexa alcançarão a imortalidade de Espírito,
sublimado as próprias cogitações.
59 – CONGELAMENTO DE CORPOS E PERTURBAÇÕES ESPIRITUAIS
P – O congelamento de corpos imediatamente após a morte física – com vistas a um
despertar na carne após alguns decênios ou séculos, isto é, quando a medicina houver
descoberto remédio para os males físicos do congelamento – trará perturbação maior ao
espírito desencarnado?
R – Marlene, transcrevo aqui o que estou ouvindo de nosso Emmanuel, a quem solicitei o
esclarecimento.
“Sim, o congelamento do corpo ocupado pelo espírito, em processo de desencarnação, pode
retê-lo, por algum tempo, junto a forma física, ocasionando para ele dificuldades e
perturbações. Isso, de algum modo, já sucedia no Egito Ancião, quando o embalsamento nos
retinha, por tempo indeterminado, ao pé das formas que teimávamos em conservar.
(*) Entrevista concedida à Marlene Rossi Severino Nobre, publicada na “Folha Espírita”, São
Paulo, 18 de abril de 1974.
Semelhante retenção, porém, só e verifica na pauta da lei de causa e efeito. E, quanto ao
congelamento, se alguns dos interessados – por força de provação deles mesmos –
retomarem o corpo frio a fim de reaquecê-lo, a ciência não pode assegurar-lhes um
equipamento orgânico claramente ideal como seria de desejar, especialmente no tocante ao
cérebro, que o congelamento indeterminado deixará em condições por agora imprevisíveis.
60 – A TRAGÉDIA DO “JOELMA”
P – Chico, qual a mensagem para os familiares tão duramente atingidos na dolorosa tragédia
do “Edifício Joelma”?
R – Compartilhamos do sofrimento de todos os nossos irmãos que ainda choram com o
incêndio havido a 1º de fevereiro último, rogando a Jesus nos fortaleça a todos para
compreendermos com segurança as Leis Divinas que nos regem a vida. A imortalidade é
patrimônio de todos e com a fé na Sabedoria e na Bondade de Deus venceremos as nossas
próprias lutas.
ANSEIOS DA MOCIDADE ESPÍRITA
61 – CURSO PRÉ-MOCIDADE
P – Como o Senhor vê o Curso Pré-Mocidade?
R – Nós reconhecemos pessoalmente a nossa incompetência para interferir nos assuntos de
educação, mas, como espírita militante, nós vemos no Curso Pré-Mocidade uma iniciativa
das mais edificantes, porque o Curso encontra os nossos companheiros reencarnados entre
a infância e a juventude num período em que nós acreditamos seja mais proveitosa a
aplicação de normas educativas capazes de auxiliar a criatura durante a sua encarnação na
Terra. Concordamos que o Pré-Mocidade é um empreendimento dos mais dignos e que
merece a atenção de todas as instituições do Espiritismo Cristão, principalmente.
62 – PROGRAMA PARA OS JOVENS
P – Sendo a fase da adolescência de transição, o que o Senhor julga mais importante para
ser dar aos jovens neste Curso?
R – Creio que a nossa obrigação ministrar conhecimentos práticos em torno da vida prática,
idéias tão sólidas quanto possíveis, quanto à realidade da vida em si. Precisamos acordar
não só a juventude como também a madureza para as questões da autenticidade. Devemos
se nós mesmos com a aceitação até mesmo de nossas próprias imperfeições, para que
venhamos a conhecer-nos por dentro, melhorando o nosso padrão d vida íntima, com a
reforma que a Doutrina Espírita nos aconselha e com o aproveitamento máximo de nosso
tempo de reencarnação.
63 – ESTUDO EM GRUPO
P – O estudo em grupo é hoje um método muito divulgado. Este método é vantajoso para o
adolescente?
R – Tanto para os jovens como para os adultos o estudo em grupo é o mais eficiente até
porque nós não podemos esquecer que na base do Cristianismo, o próprio Jesus desistiu de
agir sozinho, procurando agir em grupo. Ele reconheceu a sua missão divina, constituiu um
grupo de doze companheiros para debater os assuntos relativos à doutrina salvadora do
Cristianismo, que o Espiritismo hoje restaura, procurando imprimir naquelas mentes, vamos
dizer, todo o programa que ainda hoje é programa para nossa vida, depois de quase vinte
séculos. Programa d vivência que nós estamos tentando conhecer e tanto quanto possível
aplicar na Doutrina Espírita, no campo de nossas lides e lutas cotidianas.
64 – MOTIVAÇÃO DE AULAS DOUTRINÁRIAS
P – De que podemos fazer o adolescente interessar-se realmente pelas aulas de Doutrina?
Que motivação usaríamos?
R – Creio que um entendimento entre os professores para que eles possam estudar o
problema do relacionamento entre eles e os alunos é uma iniciativa que nós não podemos
desprezar, porque aprendemos com os nossos benfeitores espirituais que cada espírito é um
mundo por si, que Deus não dá cópias; cada um de nós é uma criação independente, de
modo que precisamos estudar a natureza, as tendências, os problemas, as dificuldades, as
facilidades de cada um de nossos companheiros que levam
o nome de nossos aprendizes, para que venhamos a beneficiá-los com a nossa influência.
(*) Entrevista realizada por Sônia Barbante Santos, publicada pelo jornal “A Flama Espírita”,
de Uberaba, MG, em 25 de dezembro de 1971, sob o título “entrevista com Chico Xavier
sobre o “Pré-Mocidade”.
Os ensinamentos de que sejamos portadores. Mas embora sejamos apaixonados pelas
estórias que usam apólogos e símbolos, nós acreditamos que estamos faceando agora num
período de progresso da Humanidade em que devemos usar a verdade tento quanto
possível, mas a verdade que não fira, a verdade que não destrua, porque se o professor é
autentico, descobre autenticidade em seu aluno; encontra a chave para penetrar na mente e
no coração do aluno, de modo a auxiliá-lo.
Então o problema do relacionamento é problema vital em toda escola. Devemos estudar,
observar bem para que nós venhamos a clima capaz de interessar os nossos irmãos
adolescentes no estudo da verdade. Entretanto, somos também de parecer que cada Centro
Espírita é um educandário em que os adultos também estão na mesma posição.
Nós precisamos descobrir quais as motivações para que os adultos se interessem pela
Doutrina Espírita. Não somente receber os benefícios, como sejam os benefícios da prece,
do passe, do amparo espiritual, do auxílio magnético, mas a luta da criatura em si para o
conhecimento dela própria, à luz da verdade. São assuntos da atualidade que nós
precisamos estudar, estudar para penetrá-los devidamente.
P – Para despertar então no adolescente o amor à Doutrina, o caminho seria este?
R – Cremos que sim: o amor à Doutrina com demonstração da vida prática.
65 – DEBATES E RESPEITO
P – Quer dizer que o senhor acha que devem constar do programa do Curso – Pré-
Mocidade, além da parte Doutrinária, aulas práticas?
R – Se houvesse possibilidade, aulas expressando contatos humanos entre os professores e
alunos, palestras, conversações em grupo, em que cada um pudesse expor suas idéias, mas
em provocar de nenhum modo em ninguém, nem o espanto, nem o ridículo, quando estas
idéias destoassem das idéias chamadas normais entre as pessoas. O aluno poderia se
exteriorizar como ele é, o professor aceitá-lo como ele é, ajudá-lo como ele é, para que ele
possa produzir melhor a vida dele. Nós estamos atravessando numa época em que toda
imposição espiritual significa violência, e o espírito humano recusa a violência. Nós estamos
diante de uma revolução no mundo, uma revolução pacífica contra a violência entre as
pessoas humanas. Então precisamos de senso de humanidade no trato com os outros e este
trato uns com os outros. A base deste trato chama-se respeito. Se não respeitamos as idéias
do aluno, ele não nos respeita. De modo que precisamos estabelecer esta linha de definição.
66 – DURAÇÃO DE AULA
P – Qual seria a duração de maior rendimento doutrinário para uma aula do Pré-Mocidade?
R – Máximo de quarenta (40) minutos para não cansar; meia hora no mínimo. Vou explicar
não tenho experiência no magistério espiritual, sou médium e mau médium.
DESFILE DO PASSADO
67 – CIDADÃO CAMPINEIRO
Líder espiritual de milhares de brasileiros, o novo “Cidadão Campineiro” Francisco (Chico)
Cândido Xavier, foi aplaudido por milhares de pessoas, sábado e domingo em Campinas.
Recebido com honras em todas as cidades por onde passa, ele tem sua mão beijada por
adeptos de sua crença. Sempre humilde, ele igualmente beija aqueles que o cumprimentam.
Para a maioria das pessoas, o famoso mineiro de Pedro Leopoldo, é um gênio, para outros,
um mito, para quase todos, motivo de admiração.
Admiração que se traduz na alta voz de um jovem ao dizer, depois de cumprimentá-lo, no
Centro Espírita Allan Kardec, sábado, que havia recebido “as bênçãos de Chico Xavier”.
Recebido e procurado por altas autoridades, ele esteve, ontem, na Casa da Criança Meimei,
reunido com dirigentes espíritas da cidade, quando prestou depoimento ao Diário do Povo.
Depois, foi almoçar em uma chácara do Bairro de santa Lúcia, com o prefeito Péricles
Gonçalves e outras pessoas.
Sábado, depois de receber o título de “Cidadão Campineiro”, ele recebeu mais d três mil
pessoas interessadas, pelo menos, em cumprimentá-lo. Ontem, seu programa não previa
atendimento ao público. Mesmo assim, dezenas de pessoas foram até o local da reunião, no
Bairro de Castelo, para vê-lo pelo menos.
Esta figura mística, está respondendo a várias perguntas sobre sua crença – o Espiritismo -,
da qual é um dos principais propagadores. É Chico Xavier o autor de mais de cem obras
espíritas psicografadas, algumas delas editadas em castelhano, francês, inglês, japonês e
esperanto.
68 – VIDÊNCIA DE CAMPINEIROS DO PASSADO
P – Na solenidade de entrega do título de “Cidadão Campineiro”, estavam presentes, em
espíritos, grandes homens da cidade?
R – Vi, realmente, muitos deles, mas não estou memorizando suficientemente. Eles podem
ser revistos nas palavras gravadas. Tendo perguntado ao espírito d Emmanuel, que nos
dirige, quando ao motivo de termos, naquela solenidade, tantos espíritos elevados, que se
interessam pelo engrandecimento e pela felicidade de Campinas, ele me esclareceu:
- Isso de verifica em função do bicentenário da cidade, sendo que em todo o mês de julho
corrente, amigos espirituais têm vindo, quando possível, à cidade, a fim de compartilhar da
referida comemoração.
(Quem esteve na solenidade de entrega do bicentenário do título no Ginásio de Esportes do
Taquaral, deve se lembrar que o médium fez um relato histórico sobre Campinas, lembrando
nomes de várias personalidades como Barreto Leme, Quirino dos Santos, Campos Sales,
Carlos Gomes, e Francisco Glicério).
69 – PSICOGRAFIA DE LITERATO CAMPINEIRO
P – Algumas vezes, o senhor recebeu mensagens psicográficas de algum literato, poeta ou
pensador campineiro já falecido?
R – são tantos os amigos espirituais que têm se comunicado comigo no curso do tempo, de
1927 até agora, que eu precisarei pensar, porque não estou em dia com a bibliografia deles
todos.
(Francisco Cândido Xavier nasceu a dois de abril de 1910 e cursou, apenas, o primário. Foi
balconista de armazém e ingressou no funcionalismo público em 1933. Aposentou-se em
1961, na qualidade de escriturário e psicografou sua primeira página com 17 anos).
(*) Do JORNAL “Diário do Povo”, Campinas, SP, 29 de julho de 1974, sob o título: “Chico
Xavier. Um mito, um líder ou um gênio?”. O médium recebeu o título de “Cidadão
Campineiro” em 27 de julho de 1974.
70 – DIANTE DA MULTIDÃO
P – Que sente ao ser tão disputado pela multidão?
R – Eu sinto, cada vez mais, a minha desvalia, porque nada tenho a dar de mim.
Compreendo que é muita bondade de todos, ao trazerem um abraço pessoal. Vejo nisso a
bondade humana.
71 – PSICOGRAFIA DE PÁGINAS MUSICAIS
P – O senhor teria a oportunidade de receber páginas musicais?
R – Esse assunto já foi abordado certa vez e o nosso Emmanuel nos disse que esta
possibilidade existe. Por uma questão de especialização, enquanto eu possa, devo me deter
na psicografia, deixando a outros médiuns esta parte para que a mediunidade, no meu caso,
dependendo de muito tempo, possa render maior trabalho espiritual.
(“Parnaso de Além-Tumulo”, “Antologia dos Imortais” e “Nosso Lar” são alguns de seus livros
editados. O primeiro deles foi psicografado aos 18 anos e recebido do espírito de várias
poetas conforme seus dados biográficos apresentados pelo vereador Adauto Ribeiro de
Melo, que foi autor do projeto de concessão da cidadania campineira a Chico Xavier,
juntamente com o presidente Antônio Rodrigues dos Santos Júnior).
72 – O ESPIRITISMO E O FUTURO DO BRASIL
P – Qual o futuro do Espiritismo cristão no Brasil, a seu ver?
R – Os espíritos amigos sempre nos dizem que o Brasil está destinado a grandes realizações
na vivência do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo. Deste modo, é de esperar que
tenhamos no Brasil, a civilização cristã do futuro, sem qualquer menosprezo a outras nações
igualmente cristãs. Mas sendo o Evangelho de Cristo, especialmente uma norma de vida, no
Brasil esta norma vem sendo observada nos procedimentos de vida de seu povo, que
procura cultuar a fraternidade cristã, com assistência recíproca, com a paz e com a
segurança de todos cada vez mais.
(Na opinião do jornalista Mário Boari Tamassia, o médium é “não só um porta voz do Alto,
mas, também, uma janela aberta, através da qual, na Terra penetra o esplêndido sol do
Cristo, reconfortando os corações tiritantes de frio ou remidos de saudade, concedendo-lhes
a certeza da vida imortal e de que os nossos mortos queridos continuam vivos, esperandonos
para o abraço festivo do reencontro”).
73 – KARDECISMO E OUTRAS SEITAS ESPIRITUALISTAS
P – O senhor poderia tecer considerações sobre o chamado “baixo espiritismo”,
comparando-o com aquele do qual é um dos seguidores?
R – Nós estamos ligados à interpretações Kardequiana do Evangelho e da vida. Dento desta
escola, nós nos sentimos na condição de alunos, matriculados numa faculdade de libertação
espiritual, com a bênção de Jesus Cristo. Não podemos julgar os nossos irmãos, de outros
setores de atividades mediúnicas ou religiosas, porque compreendemos que a mediunidade
é atributo de todos. Muitas vezes, um companheiro doente, é um médium que se encontra
psiquicamente enfermo, sem possibilidade de entendimento da sua própria situação. Nós
endentemos também, que na vida espiritual imediata, temos milhões de criaturas que, tanto
quanto nós, não conseguem se alterar de um dia para outro. Por isso mesmo, continuam
com a vida espiritual que possuem aqui no mundo físico, diante de horizontes infinitos que se
abrem para nós todos, no sentido de trabalhar pelo nosso próprio aperfeiçoamento. Não
compreendo, em lugar algum, em religião alguma, que haja planos mais baixos ou mais
altos. Entendo que todos nós somos irmãos em humanidade, porque todos somos filhos de
Deus, devendo ser respeitados nas idéias que tenhamos a respeito de Deus. Se um irmão
nosso, adora determinada pedra, como sendo um objeto divino devo, pelo menos de minha
parte, em meu setor pessoal de comportamento, respeitar este companheiro, porque ele está
realizando, dentro dele mesmo a respeito de Deus, o que possui de melhor. Mas isso não
impede que tenhamos na doutrina codificada por Allan kardec, um campo imenso de
iluminação espiritual que está aberto a nós todos e que nos convida à libertação espiritual
através do cumprimento dos nossos deveres. Ela ensina que a nossa liberdade tem o
tamanho do nosso dever cumprido de uns para com os outros, sempre sob a luz dos
ensinamentos d Jesus Cristo e do Evangelho que ele nos legou.
74 – PRECE
Com o auditório da Casa da Criança Meimei ocupado por dirigentes espíritas e convidados,
que puderam ouvir as entrevistas pelo serviço de som, Chico Xavier a encerrou com mais
algumas palavras. Entre elas, uma pergunta para os ouvintes de sua crença:
- Vocês acham que eu deprimi a idéia espírita?
Alguns responderam: “não”.
Antes de partir para o almoço, o médium participou de uma oração com todos, cumprimentou
muitas pessoas e recebeu pedidos de autógrafos. Ele estava reunido desde 10,30 horas.
Eram 13,30 e o prefeito já o aguardava há uma hora ara o almoço. Ao seu lado dizia:
- Vamos Chico. Vamos, Chico.
AUTO RETRATO
Símbolo do amor simples e puro, da humildade e bondade, FRANCISCO ÂNDIDO XAVIER,
o famoso MÉDIUM – é hoje focalizado de TRANSINHA. Respondendo 19 perguntas, em
momento algum, esquivou-se e procurou demonstrar em todas, um retrato singelo da
verdade, a verdade que se vê tangida em sua própria pessoa. Dispensamos a colocação
das perguntas porque as respostas estão dizendo tudo.
75 – MUNDO ATUAL
R – Convenhamos: O mundo moderno passa por grandes experiências e crise para elevarse,
aperfeiçoando-se com o amparo da Providência Divina.
76 – AMOR E ÓDIO
R – Simbolicamente, se o mundo de hoje fosse submetido a tratamento num gabinete de
psicologia, à feição de um doente, é provável que o ódio se destacasse nele, como sendo
uma enfermidade dominante. Entretanto, isso é transitório como são transitórios todos os
desequilíbrios da individualidade, considerando-se a individualidade na sua condição de
espírito imperecível. O amor, porém, é a benção da vida e o mundo se recuperará pelo amor
que Deus nos concedeu como a essência de tudo o que existe.
77 – ESPIRITISMO
R – Na sua condição de Cristianismo Redivivo, a divulgação do Espiritismo Evangélico,
quanto mais ampla, mais benefícios trará para a coletividade.
78 – PRIMEIRA MENSAGEM
R – Recebi a primeira mensagem psicográfica, na noite de 8 de julho de 1927.
79 – AUTO-ANÁLISE
R – Um ser humano, extremamente falível e que tanto mais reconhece as próprias fraquezas
e deficiências, quanto mais se estuda.
80 – DECEPÇÃO
R – O que mais me decepcionou é sempre a persistência de meus erros, através do tempo e
da vida.
81 – VIDA
R – A vida é um dom de Deus que nos cabe aperfeiçoar cada vez mais, valorizando-o pela
utilidade que possamos ter em favor dos outros e pela aquisição de conhecimento ou
recursos dignos que nos façam cada vez mais úteis.
(*) Entrevista de Vera Arantes Campos, responsável pela seção “Transinha” do “Jornal da
Manhã”, de Uberaba, MG, 17 de agosto de 1972.
82 – TEIMOSO E PACATO
R – Tenho muita vontade de ser teimoso no serviço de minha própria auto-educação, mas
admito que sou muito pacato na conservação de meus defeitos.
83 – DESEJO
R – Aos 17 anos de idade, meu ideal era o de encontrar uma profissão com que conseguisse
a melhor remuneração possível para compartilhar com meu pai, das despesas domésticas.
Sempre dediquei a meu pai muito amor e veneração, doendo-me vê-lo com a família
numerosa, com escassos recursos para sustentá-la.
84 – SERIA FELIZ
R – Ficaria tão feliz se pudesse dizer que já realizei algo de bom, no entanto, isso não
acontece.
Mas estou contente, porque a bondade de Deus ainda me concede a felicidade de trabalhar.
85 – “HOBBY”
R – Se ouvir música, sempre a boa música de qualquer procedência, é um “hobby”, tenho
esse.
86 – EMANCIPAÇÃO
R – Creio que Deus concedeu direito e deveres iguais, tanto ao homem quanto à mulher. A
emancipação de um e de outro, com base no desempenho das obrigações atribuídas a um e
outro, a meu ver, é uma ocorrência natural a que todos chegaremos com o progresso, em
todas as Nações.
87 – UBERABA
R – Sinto por Uberaba o amor que a gente consagra à terra em que nasceu. Mudei-me para
cá, à procura de um clima que me curasse da labirintite persistente. Encontrei a cura e
descobri uma cidade repleta de bênçãos pelo trabalho e pela fraternidade, pela compreensão
e pelo respeito mútuo que caracterizam todos os seus filhos.
88 – O TRABALHO
R – O trabalho foi sempre para mim uma bênção de paz e refazimento, com o qual encontro
o esquecimento, pelo menos temporário, das imperfeições que carrego.
89 – PERFEIÇÃO
R – Eu infinitamente distante de alcançar mínimo grau de perfeição. Sou um animal em
serviço e peço a Deus que me conserve nas disciplinas desse mesmo serviço, para não
complicar os meus condutores, aos quais devo, de algum modo, retribuir as atenções que
recebo.
90 – SUGESTÃO
R – Creio que a melhor sugestão para o êxito em questões de relacionamento humano é
aquela de Jesus quando nos recomenda: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”.
Entre esposo e esposa, além desse pedido inesquecível do Senhor, creio que seria
excelente nunca se esquecerem de que se desposando, um ou outro, não recebiam um Anjo
e sim uma criatura humana em aperfeiçoamento.
Isso os ajudaria a se amarem reciprocamente, com mais respeito mútuo, aprendendo na
escola da vida a tolerância e a compreensão que os fariam adquirir o amor sublime, que
persiste na terra e além da própria morte.
91 – UMBANDA E QUIMBANDA
R – De Umbanda tenho lido alguma coisas e vejo no Movimento Umbandista um campo
religioso muito respeitável, pela fé viva e pela caridade que lhe inspiram e animam os
profitentes. De Quimbanda, nada conheço ainda.
- Vera, você acredita que possam haver na Terra fórmulas de paz, felicidade, harmonia
mental e compreensão mais elevadas e mais eficazes que as de Jesus? Se nos perdoarmos
uns aos outros e se uns aos outros nos amarmos, sem a selvageria das paixões
possessivas, não admite que a Terra seria uma estância de alegrias perenes? Deixemos
estas perguntas no ar endereçadas a nos todos.
92 – SUBSTITUTOS
R – Nas atividades humildes que exerço, sinto-me à feição do capim num lençol de grama
comum. O capim está no campo simplesmente porque ai nasceu. E existe muito capim no
campo para se desdobrar no solo, com a enxada e a tesoura da vida para colocar o capinzal
em condições de servir.
PROVAÇÕES COLETIVAS
Milhares de pessoas espíritas e não espíritas, foram ver, abraçar, beijar e aplaudir o médium
Francisco Cândido Xavier – Chico Xavier – que esteve sábado no Guarujá. Esta foi sua
primeira visita oficial à Baixada Santista.
Auxiliado por mais ou menos 20 pessoas, Chico Xavier atendeu ao público, que com muita
ordem fez fila para chegar até o médium carregando alguns de seus 120 livros, que seriam
autografados. Chico Xavier, demonstrando um invejável preparo físico para os seus 63 anos,
encontrava fôlego e bom-humor para apertar a mão, abraçar, beijar e conversar com todos.
Por isso, a fila caminhava vagarosamente, mas nem assim havia reclamação ou qualquer
atrito.
Após duas horas de autógrafos, Chico Xavier fez questão de parar para atender à imprensa,
justificando: “Sei que esse público numeroso vai compreender o importante papel da
imprensa na divulgação da nossa Doutrina”. Em seguida, demonstrando o seu inseparável
bom-humor, comentou: “A única coisa que poderá acontecer a nós, a mim e aos repórteres,
é apanharmos, se a entrevista for demorada.”
93 – DESENCARNAÇÕES COLETIVAS
P – Ultimamente, tem havido uma série de desastres, onde perdem a vida muitas pessoas,
ou seja, desencarnações em massa.
Como a doutrina Espírita explica isso?
R – “Acreditamos na Doutrina Espírita, segundo a qual todas essas ocorrências são
subordinadas a leis de causa e efeito. Apesar disso, nós estamos caminhando cada vez mais
para um mundo de tecnologia muito avançada. E se não iluminarmos as nossas conquistas
científicas com o amor que Jesus nos legou na civilização cristã, sem dúvida seremos
obrigados a admitir que a tecnologia pode nos conduzir a desastres coletivos de maior
expressão, comprometendo o progresso da Humanidade”.
94 – VIOLÊNCIA E TRÂNSITO
P – Como o plano espiritual encara essa onda de violência que varre o mundo?
R – “É a ausência do Cristianismo puro. Acho que a imprensa deveria cooperar com as
autoridades, no caso específico dos acidentes de trânsito. Os sinais de trânsito devem ser
respeitados religiosamente. Não é religiosamente, no sentido de corretamente; para lá disso.
Interpretar o respeito à vida alheia, porque se respeitamos os sinais de trânsito,
evidentemente que todos esses problemas de desastres sofrerão uma redução muito grande.
Considerando as Leis cármicas, do ponto de vista religioso do Espiritismo, nada ocorre sem
que a lei esteja presente. Mas é um dever o respeito aos limites da velocidade e a
cooperação com as autoridades em favor da comunidade”.
95 – RETRATO DO BRASIL
P – O senhor poderia traçar um retrato futurista do Brasil?
R – “Admitimos que a civilização cristã do Brasil está destinada a representar um papel dos
mais importantes no futuro da Humanidade. Isso, porém, depende dos brasileiros que,
naturalmente necessitam preservar o sentido religiosos da civilização que recebemos das
nossas formações evangélicas. Cremos que deveríamos, respeitar todos os templos onde o
nome e o ensinamento de Jesus estivessem acatados porque nossa tradição histórica está
subordinada à concretização dos postulados evangélicos que Jesus nos trouxe. No
Espiritismo estamos dentro de explicações mais amplas. Nós somos
(*) Entrevista coletiva à imprensa, concedida num intervalo da Tarde de Autógrafos, de 25 de
maio de 1973, na cidade de Guarujá, SP. Transcrita do Jornal “A Tribuna”, Santos, SP, 28 de
maio de 1973, sob o título “Com a palavra, Chico Xavier”.
Obrigados a reconhecer que a formação cristã do Brasil nos garante um futuro de bênçãos,
mas dependendo do homem, porque o homem é o colaborador de Deus. Deus é o Criador
mas o homem é o co-criador.
96 – AUSÊNCIA DA JUVENTUDE
P – Há uma ausência quase que total nesta tarde de autógrafos da juventude.Como o
médium explica isso?
R – “Não posso estabelecer qualquer justificativa, porque tenho estado sempre com
expoentes da juventude, com o mesmo interesse e carinho. Nesses encontros públicos que
temos realizado vemos que a comunicação vem de todos os setores da idade física, de
modo que eu não estou vendo aqui as pessoas pela idade física que apresentam. Mas é
possível que na madureza sejamos talvez induzidos a procurar mais ampla cobertura
espiritual para os nossos problemas do espírito.”
97 – O SUCESSOR
P – Os espíritas estão apontando Antônio Baduy Filho como o sucessor de Chico Xavier.
Como encara a mediunidade de Baduy Filho?
R – “O dr. Antônio Baduy Filho, médico e advogado, é um grande companheiro, digno do
nosso maior respeito. Conhecemos Antônio Baduy Filho pessoalmente e rendemos a ele o
preito da nossa melhor admiração.”
EVANGELIZAÇÃO DA CRIANÇA
Encontramos no movimento de Evangelização da criança, aquele verdadeiro movimento de
formação espiritual da infância, diante do futuro!
Com essas palavras, o nosso querido companheiro CHICO XAVIER, inicia sua entrevista
concedida ao TRIÂNGULO ESPÍRITA, a propósito do mais sério movimento espírita
nacional: a evangelização da criança. Eis, na íntegra, a entrevista:
98 – FORMAÇÃO ESPIRITUAL DA INFÂNCIA
P – Como o senhor vê o movimento de Evangelização da criança?
R – Há muitos anos, nós todos, os companheiros de Doutrina Espírita, encontramos no
movimento de Evangelização da Criança, aquele verdadeiro movimento de formação
espiritual da infância, diante do futuro. Há muito tempo acompanho o Departamento de
Infância e Juventude da federação Espírita do Estado de São Paulo, e admiro profundamente
o trabalho que ali se realiza neste setor.
99 – APOIO AOS EVANGELIZADORES
P – Qual a tarefa do dirigente espírita junto aos evangelizadores?
R – Cremos que o dirigente de Instituição Espírita, a nosso ver, deveria prestigiar no máximo
o trabalho dos evangelizadores, porque eles funcionam dentro da Organização Espírita-
Cristã, como legítimos educadores dos pequeninos que amanhã tomarão o nosso lugar, em
todos os setores da experiência terrestre.
Esse trabalho é grande e sublime demais para ser subestimado, por isso mesmo nós
admitimos, que o assunto não pode escapar do apoio dos dirigentes espíritas, que,
naturalmente, se estão devidamente conscientizados de suas tarefas, hão de apoiar os
professores como sendo companheiros dos mais estimáveis na Seara Espírita evangélica.
100 – SIMPÓSIO SOBRE EVANGELIZAÇÃO DA CRIANÇA
P – O que o senhor acha da realização do Simpósio sobre Evangelização da Criança?
R – Nós acreditamos que o Simpósio é uma necessidade, porque favorece a troca dos
pontos de vista e dos estudos experimentais que possam ser realizados em torno da
educação espírita-cristã, dedicada à criança; antes da ministração de ensinamentos mais
claros e mais definitivos da Doutrina Espírita, aplicada à nossa própria vivência, no caminho
comum da Terra.
O simpósio é como se fora uma reunião de pais ou responsáveis observando que tipo de
alimentação pode ser dado a determinadas comunidades infantis. Antes das lições em si, o
Simpósio é sempre uma preparação de contatos. E nós não podemos esquecer isto, sem
nos perdemos na precipitação, que acaba sempre em prejuízo e em atividade inútil dento de
nossas instituições.
101 – PROGRAMA DE ESTUDOS
P – Quais as matérias que os espíritos gostariam que fossem estudadas neste Simpósio?
R – Temos ouvido o espírito de Emmauel há muitos anos com respeito e estes assuntos, e
ele admite, sem nenhuma exigência, porque os nossos amigos espirituais não nos violentam
em atitude alguma , ele considera que seria muito interessante os professores encarnados
na Terra, e que se encontram nessa maravilhosa tarefa de preparação do futuro na mente
infantil, ele considera que seria interessantes reuniões deles, selecionando os temas
espíritas, dentro da atualização dos nossos processos atuais de
(*) Transcrita do jornal “O Triangulo Espírita”, Uberaba, MG, 31 de dezembro de 1972.
Vivência, para que a criança possa se desenvolver para a vida adulta e experiências que a
esperam no dia de amanhã. Nós sempre nos desvelamos em nossas casas, no ensino da
bondade, do perdão, das atitudes evangélicas em si, mas precisávamos descobrir um meio
de comunicar à criança, algum ensinamento em torno da Lei de Causa e Efeito, mostrando
determinados tópicos dos mais expressivos para o mundo infantil, com respeito à
reencarnação, o problema da imortalidade da alma.
Muitas vezes, encontramos crianças traumatizadas pela perda de irmãos pequeninos, pela
perda dos pais, pela perda de amigos, de parentes próximos, e nos esquecemos de que os
pequeninos, também, esperam uma palavra de consolo e de esclarecimento, qual uma
acontece com os adultos, diante dos processos de desencarnação.
E muitas vezes, nós esquecemos de conduzir a criança para este tipo de lição, para este tipo
de comentários, com receio de apressar na mente da criança determinados pensamentos
com relação à morte do corpo. Precisávamos estudar quais os meios d começar a oferecer à
criança, bases para que ele se conheça no mundo em que está vivendo e naquele mundo
social em que ela vai viver.
Mas, é assunto dos professores, porque os espíritos amigos dizem sempre que, aqueles que
se reencarnam na Terra para determinadas tarefas, não devem ser incomodados com
opiniões estranhas a eles mesmos, desde que, se eles receberam estes encargos, é porque
eles os merecem, e está na órbita das responsabilidades deles.
Os professores espíritas reencarnados têm essa responsabilidade, esse encargo a cumprir,
selecionar os assuntos, pata fortalecer e amparar a criança diante do futuro.
102 – PROGRAMAÇÃO DAS AULAS INFANTIS
P – Em face do desenvolvimento mental da criança, da influência dos méis de comunicação
do processo de aprendizagem, justifica-se-ia a programação de aulas predominantemente de
Doutrina Espírita?
R – Pelo menos depois de 8 a 10 anos de idade, acreditamos que sim, porque a mente
infantil de 9 a 10 anos de idade, já se encaminha para uma posição consolidada na
reencarnação, que a criança está começando a viver.
Aos 10 anos, dos 10 aos 12, temos um mundo de informações para dar à criança, está
encontrando hoje, um mundo muito diferente daquele que os adultos de agora encontraram
há 40, 50, 30 anos atrás. Há muitos pequeninos que são chamados aos 8, 9, 10 e 11 anos
de idade a facear problemas que só adultos conheciam há 10 anos passados. Hoje,
autoridades da Europa e da América do Norte, em diversos comentários e estudos de
revistas de divulgação cientifica, muitas autoridades andam impressionadas, com o suicídio
entre crianças, suicídio de crianças de 10, de 11, de 12, de 13.
Ainda ontem, tivemos em nossa casa, aqui na Comunhão Espírita Cristã, um casal de São
Paulo que vinha desolado à procura de reconforto, porque o filho único do casal, um menino
de 12 para 13 anos se enforcou deliberadamente, tão-só porque encontrou negativa da parte
dos pais, para ir ao cinema, depois de ter ido ao cinema durante algumas noites
consecutivas. Isto é muito importante.
Estes suicídios nessa idade não eram comuns, nem eram mesmo conhecidos há 15, 20 anos
atrás. Crianças que sofrem a perda de pais ou que são abandonadas pelos pais e que se
suicidam mesmo, se afogam, se envenenam, procurando armas, atiram contra si próprias.
Isto é um problema sério para todos aqueles que se sentem vinculados à tarefa de socorro à
criança.
103 – O ENSINO E A REALIDADE
P – O que o senhor tem a nos dizer sobre material didático constante de apólogos e
símbolos para as Escolas de Evangelização, desde a faixa de 5 a 13 anos?
R – Nós estamos vendo discussão em torno deste assunto, por toda parte. Uns não querem
que a criança ouça apólogos com vozes humanas em animais, outros exigem que este
material seja posto em função. Não estando dentro do movimento de educação da criança
nos meios espíritas, nós não temos o direito de opinar, porque só devemos opinar num
assunto quando estamos em atividade dentro dele.
Mas, como criatura humana que sou, creio que até os 6 anos nessa faixa, uma árvore, uma
borboleta, uma fonte, uma andorinha conversar, isto ajuda muito a criança.
Agora, depois dos 6, 7 anos é interessante que a criança, entre num mundo de realidade
objetivas, para que ela não acuse o adulto de mentiroso. Mas, não devemos legar tão longe
essa idéia de que estejamos mentindo.
A criança nos primeiros tempos de vida, tem necessidade da história tocada de amor, tocada
de ternura, beleza, espiritualidade. E o apólogo em que os animais comparecem
conversando entre si, dando lições, este apólogo é sempre um agente muito proveitoso no
esclarecimento da mente.
Não vemos nenhum inconvenientemente, mas deixamos o assunto para os técnicos.
REENCARNAÇÃO, FAMÍLIA E SEXO
Através de 22 emissoras de televisão, sob o comando a TV-TUPI de São Paulo, o programa
Flávio Cavalcanti apresentou, ao vivo, uma entrevista com o querido médium Francisco
Cândido Xavier, em 14 de julho de 1974, qual apresentamos agora, resumidamente.
Após ser apresentado a toda a platéia presente e aos telespectadores de todo o Brasil pelo
animador do programa, Chico Xavier disse em determinado momento, em agradecimento:
“Eu peço licença para dizer que esta medalha, este troféu assim tão brilhante, pertence à
Doutrina Espírita da qual temos sido, até agora, o último dos últimos servidores”. (Chico
referia-se à Medalha Cinqüentão, a ele ofertada pelo programa).
Sob intensa expectativa, seguiram-se as perguntas.
104 – CONHECIMENTO ANTECIPADO DA MORTE
P – O senhor admite que Emmanuel irá, quando chegar o momento, informá-lo
antecipadamente do dia e da hora de sua morte?
R – Creio que ele reconhece a minha condição de criatura humana, frágil ainda; se o nosso
Benfeitor Espiritual observar-me em condições adequadas para receber a notícia se, alarme,
ele o fará. Mas, compreendendo decerto me abençoará com a caridade. (Silêncio).
105 – RELIGIÃO E TRANSFUSÃO DE SANGUE
P – Por motivos religiosos, neste confronto entre o direito à vida e a convicção religiosas, no
caso do menino filho de Testemunha de Jeová que não permitiram a transfusão de sangue
que o salvaria, com quem o senhor ficaria?
R – Notamos que os pais da criança estão ou estariam agindo com muita honestidade
perante a fé que abraçam. Acreditamos que a Providência Divina podendo manifestar-se
através de circunstâncias e através de ocorrências diversas terá induzindo a um outro pai, no
caso, o Exmo. Sr. Juiz de Menores, a providenciar os recursos para o tratamento necessário
à criança doente. (Aplausos).
106 – OS ESPÍRITAS E O MEDO DA MORTE
P – O Espiritismo diz que a morte é o começo de uma nova vida. Por que, então, muitos
espíritas têm medo de morrer, inclusive o senhor?
R – essa notícia a meu respeito naturalmente é divulgada através daquela história, com a
descrição que fiz de um dos problemas nossos numa viagem aérea. è verdade que tive muito
medo da partida súbita para outro gênero de vida, mas também tive medo de quebrar a
coluna e ficar impossibilitado para o trabalho. è que, efetivamente, nunca houve na terra esse
ou aquele curso de preparação para a morte. Sempre encaramos a desencarnação como
sendo uma prova sem remédios ou uma dor irreversível. Isso impõe sérias complicações ao
assunto. Através de existências numerosas, entramos sempre no Além com muitas
dificuldades, e inibições, recapitulando de óbito em óbito, essa espécie de terror.
(*) Transcrita do “Serviço Espírita de Informações” – SEI – Rio de Janeiro (RJ) 27 de julho de
1974, sob o título “Chico Xavier no Programa Flávio Cavalcanti”.
107 – PERÍODO DE SONO
P – P Senhor dorme muito?
R – Durmo atualmente na média de 4 horas diárias, incluindo no total das minhas pausas de
repouso de meia hora para tratamento dos olhos.
108 – ALIMENTAÇÃO
P – Come bem?
R – Almoço regularmente, incluindo a carne em meu prato comum. aliás sou uma pessoa
natural.
109 – ESTADO DE SAÚDE
P – O Senhor está doente?
R – Tenho andado com alguma hipotensão, mas, estou em tratamento médico melhorando
sempre.
110 – ATENDIMENTO SEMANAL
P – Quantas pessoas o senhor atende por semana?
R – Na atualidade, tenho contato com o público, em duas noites por semana: sextas e
sábados, na média de 500 pessoas semanalmente com a repetição em mais ou menos vinte
por cem, de alguns contatos pessoais com amigos e conhecidos sempre muito estimáveis.
111- OPERAÇÃO PLÁSTICA. PERMISSÃO
P – Nós temos no júri um cirurgião plástico, famoso aqui em são Paulo, o Dr. Oswaldo. O
senhor seria capaz de se permitir uma operação plástica?
R – Desde que a plástica fosse para regenerar o aspecto de minha apresentação, acho que
seria um dever meu, para não assustar o público, em meu relacionamento habitual.
(Aplausos e risos).
112 – MENSAGEM AOS QUE SOFREM
P – O senhor sabe quem quando anunciamos que iríamos entrevistá-lo, várias penitenciárias
do Estado e de outros Estados pediram autorização para que os aparelhos ficassem ligados
até mais tarde, porque os presidiários gostariam de ouvi-lo e vê-lo.
Assim aconteceu com muitos hospitais, inclusive, com a Santa Casa de Misericórdia e vários
outros nosocômios.
Enfermos de toda sorte, mosteiros, casa de freiras, asilos... Em todos esses lugares o senhor
está sendo visto e ouvido agora. Chegou-nos, igualmente a noticia de que, em quase uma
dezena de detenções, os aparelhos se encontram ligados, e os detentos pedindo uma
palavra de carinho e de amor.
R – Isso me surpreende muito porque nada fiz para merecer essas atenções, nem tenho
possibilidade ou dotes quaisquer para corresponder a tanta grandeza de alma. Em razão
disso peço permissão aos nossos irmãos presidiários e aos caros amigos telespectadores
para contar um pequeno episódio ocorrido meses atrás: Conheci em Uberaba, uma criança
de seis anos que, costumeiramente, acompanhava a própria mãezinha à cidade de
Igarapava e a cidades outras de nossa vizinhança, a procura de trabalho. Esse menino que
se locomovia com muita dificuldade chamava-se Pedro. Demorou-se, perto de nós cerca de
dois meses, freqüentando a beneficência da Comunhão Espírita Cristã. Certa vez, pergunteilhe:
“Pedro, o que é que você quer ser quando for homem feito?” Ele respondeu: “Tio Chico,
quando crescer eu quero ajudar Deus a pintar as flores!”
Aquilo me enterneceu muito e eu disse: “então, você vai ser um grande artista”.No dia
seguinte ao nosso diálogo, um veiculo em disparada atropelou o menino. Fui vê-lo, no colo
materno, entre a expectativa da morte que se aproximava e o enternecimento que o garoto
me suscitava ao coração, e perguntei-lhe: “Pedro, o que é que você quer agora? O papagaio
de papel ou o carro de brincar de que você gosta tanto?
Ele me disse: “Tio Chico, eu quero... eu quero ajudar Deus...” Meu Deus, se todos nós
andássemos no trânsito respeitando os sinais; se amássemos mais profundamente os
nossos semelhantes ao guiar as nossas máquinas... Refiro-me a este episódio porque todas
as crianças são nossos filhos, em todos os níveis sociais. Os Espíritos Benfeitores explicam
sempre que as crianças são esperanças de Deus, que vieram até nós ajudando a Deus,
colorindo por isso mesmo, a nossa vida d felicidade e paz.
Com referência ao assunto, rogo licença para lembrar aos amigos que nos emprestam
atenção e bondade que nós todos também certas vezes, desrespeitamos os sinais
vermelhos da lei e conseqüentemente entramos em grandes dificuldades, embora ninguém
atropele ninguém por querer.
Em várias ocasiões, achamo-nos sob clima psicológico difícil.
Nossos irmãos nos presídios, em escolas de tratamento espiritual, são, como nós, filhos de
Deus.
Jesus, quando nos recomendou entregar os nossos julgamentos aos juízes, para que não
venhamos a julgar erradamente uns aos outros, compreendia, decerto que geralmente
temos, digo isso de mim – determinado grau de periculosidade e que, em virtude disso,
precisamos de misericórdia de todos.
Todos estamos presos a circunstâncias, a provações, problemas e lutas.
Quem de nós não está encerrado em alguma estreiteza, dentro dos nossos próprios sonhos
e idéias na própria vida humana?
Com todo o nosso coração desejamos aos nossos irmãos, nos presídios, paz e amor, muita
alegria, esperança, e também muito respeito à justiça, porque a violência não ajuda ninguém.
(Aplausos).
Flávio Cavalcanti – Agora, cada um do júri fará uma pergunta a Chico Xavier. Por favor,
aqui está o maestro Erlon Chaves, que deseja conhecer o senhor há longo tempo.
113 – CONSOLO A UM AFLITO
Erlon Chaves – Este momento é muito importante para mim, porque eu tinha guardado
comigo a idéia de pedir uma palavra sua de muito carinho com meu pai, que está doente.
Aliás, está muito menos doente do que estava há dias atrás. E, quando Flávio falo dos
presidiários, eu me lembrei de um caso que está acontecendo no Brasil. Meu pai vai
entender, o assunto que exponho, pois ele me conhece bem, como eu o conheço, enfim,
porque eu não peço uma palavra para ele e sim para esse rapaz, ao qual vou me referir.
Por motivos óbvios, eu não vou declinar-lhe o nome, mas vou contar o caso. Há dois anos
atrás, um rapaz de 19 anos, por uma loucura da mocidade, armado com um revólver ed
brinquedo, cometeu um assalto, auferido Cr$ 28,00, apenas para gastar num fim de semana.
Depois disso, a vida dele andou, a polícia não o encontrou, e hoje, com 21 anos de idade, ele
é um homem recuperado. mas aconteceu que a Justiça também andou e no Código Penal,
assalto é punido com um mínimo de 4 anos. Ele está para ser preso. Porém, está
recuperado. E como vai ser difícil a vida dele, a partir daí! Tomara que ele esteja nos vendo
agora e principalmente tomara que ele ouça a sua palavra, Chico, de paz e de confiança.
Chico Xavier – Maestro Chaves, esperamos que ele, o rapaz a que o senhor se reporta de
consciência edificada, quando à solução do problema, se considere tranqüilo e se submeta à
magnanimidade da Justiça, na certeza de que os senhores juízes farão um pronunciamento
favorável à dignidade com que ele comparecerá à barra dos tribunais.
Confiamos na Justiça, porque a Justiça traduz em si os desígnios Divinos e creio que uma
consciência tranqüila nada tem a temer.
114 – ESPAÇO E TEMPO NO MUNDO ESPIRITUAL
Flávio Cavalcanti – Vamos chamar agora, para fazer uma pergunta, a jornalista Anik Malvil
da “Última Hora”, São Paulo.
Anik Malvil – Está sendo um grande prazer conhecer o senhor. Como explica que as
pessoas recém-falecidas possam se orientar, se elas não tem os mesmos pontos de
referência de espaço e tempo, do mundo físico?
Chico Xavier – Os amigos espirituais têm nos esclarecido que, quando nos adestramos
suficientemente, através da religião ou da meditação, para a Vida espiritual, fazemos um
curso instintivo de reaprendizado de nossos controles, quando às noções de espaço e
tempo, verificando-se, no Além mais ou menos, aquilo que acontece com a nossa chegada à
Terra, através da reencarnação, quando despendemos, às vezes, seis a oito anos para
tomar conhecimento das noções de espaço e tempo no Plano Físico, ao atravessarmos o
período da primeira infância.
115 – OS PLANOS ESPIRITUAIS
Flávio Cavalcanti – Por gentileza, com a palavra o cirurgião plástico, Dr. Oswaldo.
Dr. Oswaldo – Inicialmente, eu quero expressar minha profunda admiração e respeito pelo
senhor, por tudo aquilo que tem feito. eis a minha pergunta: muito se tem ouvido falar,
especialmente por parte dos estudiosos da matéria, que o mundo espiritual é dividido em
muitos planos. Fala-se, inclusive, em subplanos. Existe, realmente, essa distinção de planos
na Vida Espiritual?
Chico Xavier – O nosso Emmanuel costuma dizer sempre que podemos observar isto nos
próprios agrupamentos sociais da Terra. Conquanto convivamos uns com os outros, cada
qual de nós pertence a determinada faixa cultural, sentimental, racial, e através dessas
faixas, vamos efetuando a nossa auto-educação.
Isso existe naturalmente no Mundo Maior, dizem os nossos Amigos, como existe aqui
também.
116 – REENCARNAÇÃO, FAMÍLIA E SEXO
Flávio Cavalcanti – Com a palavra, Lucinha Kauffman.
Lucinha Kauffman – A minha pergunta é sobre reencarnação. Gostaria de saber se ela se
limita ao nosso grupo, porque, pelo que dizem alguns espíritas, a gente tem a impressão de
que a reencarnação se faz quase sempre no mesmo grupo familiar. E também quero saber
se o homem reencarna sempre como homem e mulher como mulher.
Chico Xavier – De um modo geral, até que venhamos a conseguir um grau maior de
evolução, permanecemos jungidos ao nosso grupo familiar.
Quanto à reencarnação, do ponto de vista fixação morfológica, isso pode variar. O sexo pode
ser modificado, para efeito de provação regenerativa ou para o desempenho de tarefas
específicas por parte da criatura que retorna a Terra.
117 – FENÔMENOS COM O CORPO
Flávio Cavalcanti – Agora, vamos à pergunta de Nair Belo.
Nair Belo – Também eu tenho um grande prazer em conhecê-lo. Vou fazer uma pergunta
que eu, há muito tempo, tenho vontade de saber. Os espíritas fazem e os não espíritas
também, alguns na base da brincadeira, as tentativas de ação mediúnica com o uso do
copinho. O verdadeiro espírita sabe que a comunicação desse modo é uma forma primária,
de intercâmbio, não é?
Eu gostaria de perguntar se além de primária também é perigosa, porque eu tive uma
experiência e acho muito perigosa.
Gostaria que o senhor me esclarecesse e a todos que assim procedem por brincadeira.
Chico Xavier – os Benfeitores Espirituais nos dizem que devemos sempre separar
mediunidade de Doutrina Espírita, porque esta última veio-nos para disciplinar os fenômenos.
Assim através do copinho, ser-nos-á possível entrar em contato com os espíritos amigos,
mas, por vezes ainda não educados ou não sublimados, isto é, com criaturas desencarnadas
muito próximas da nossa faixa de evolução, de modo que, sem a Doutrina Espírita, qualquer
fenomenologia, inclusive a do copo, é capaz de suscitar dissabores, pelas experiências.
Flávio Cavalcanti – Então, não se deve brincar?...
Chico Xavier – É interessante não brincar.
118 – RENASCIMENTO, MOMENTO DA LIGAÇÃO. PAIS. DEFEITOS FÍSICOS.
Flávio Cavalcanti – Paulo Roberto, por gentileza.
Paulo Roberto – Eu quero fazer duas perguntas, embora resumidas numa só. Gostaria de
saber se o feto, isto é, se a criança nascitura recebe espírito no momento em que é
concebida ou no momento que nasce, e qual é a relação entre o pai, a mãe e o feto, ou seja
a relação espiritual entre eles, porque eu quero chegar àquela pergunta: por que nascem
crianças defeituosas, crianças retardadas? Há alguma relação com os pais?
Chico Xavier – Sim, na maioria dos casos, por que os pais possuem vínculos cármicos com
o espírito renascente.
Com freqüência, criaturas que foram compelidas à morte violenta por nossa causa, ou à
morte lenta por determinadas atitudes nossas, em especial as que recorrem ao suicídio, para
se libertarem da nossa crueldade mental na Terra, não se afastam mentalmente de nós.
Mesmo quando ausentes em Outros Planos da Vida, continuam vinculados a nós outros,
particularmente quando não sabem exercer a faculdade do perdão.
Essas criaturas habitualmente, reencarnam na condição de nossos próprios filhos. E a
posição do espírito, diante da vida fetal, varia muito, segundo a evolução de cada
reencarnante ou segundo a tarefa com que venham ao nosso mundo.
Há, também, vinculações de outro amor, possibilitando o renascimento da criatura
necessitada de apoio em lares pertencentes a corações amigos que os recebem com
extremada abnegação.
Fora disso, no campo normal da reencarnação, temos a considerar os casos em que o
espírito, por mérito conquistados, tem o direito de escolher o corpo em que atuará sobre a
Terra junto dos pais à cuja bondade e nobreza já se imanizam, quase sempre, desde muito
tempo.
Certos musicistas, por exemplo, ao reencarnarem, poderão merecer um sistema auditivo
magnificante organizado com o qual se lhe facilite o discernimento dos sons.
Noutros aspectos isso ocorre com todos aqueles obreiros da cultura e do progresso,
habilitados a influenciar milhares de pessoas.
Esses já conquistaram o poder de selecionar os recursos de que farão o uso preciso na
existência Terrestre.
Quanto ao mais, a pergunta 344 e a respectiva resposta, contidas em “O Livros dos
Espíritos” esclarece a questão da união da alma e do corpo, afirmando que essa união se dá
na concepção e se completa no nascimento.
119 – REENCARNAÇÃO EM VEGETAIS
Flávio Cavalcanti – Por gentileza, Márcia de Windsor.
Mas, antes, o telespectador Antônio, aqui de São Paulo, pergunta se o senhor acredita que
os vegetais sofram um processo de reencarnação? É possível um ser humano voltar
reencarnado num vegetal?
Chico Xavier – Não, isso nós não podemos admitir porque seria um retrocesso. Ocorre que
a evolução dos vegetais se verifica num plano ainda inabordável, especialmente para minha
capacidade de compreensão. Mesmo que os espíritos quisessem me esclarecer sobre isso,
eu não teria cérebro para registrar os esclarecimentos em todas as nuances desejáveis.
120 – PERDA DE SERES QUERIDOS
Flávio Cavalcanti – Márcia de Windsor, a sua pergunta.
Márcia de Windsor – Eu faço apenas uma pergunta, servindo de portadora da mesma. Uma
senhora perdeu um filho há um ano e durante esse ano inteiro essa senhora tem chorado,
tem penado dores incríveis, numa inconformação absoluta por essa perda. Ela, muito aflita,
me pede que lhe pergunte se essas lágrimas, se toda essa dor, esse sofrimento podem
prejudicar, de algum modo o seu filho.
Chico Xavier – Em outros casos semelhantes, temos recebido o esclarecimento de que essa
dor, essa dor entranhada na alma inconformada daqueles que ficam, prejudica muito e às
vezes, de maneira intensa, aos corações amados que nos precedem na Vida Espiritual. Seria
tão bom que essa mãe generosa pudesse entregar o filhinho a Deus, de quem ela recebeu
esse mesmo filho, a fim de protegê-lo e orientá-lo nesse mundo! E estamos certos de que ela
procurando reencontrá-lo entre tantas outras crianças que ai estão necessitadas, rapazes
mesmo que precisam de benfeitores paternais e maternais, essa abençoada mãezinha
estará extinguindo a dor dela no caminho desse filho, que deve, naturalmente, se afligir.
Peçamos a deus para que ela tenha bastante serenidade e que, na condição de mãe, na
grandeza maternal de todas as mães, ela possa continuar auxiliando e abençoando o filho
que partiu no rumo da Vida Maior.
121 – MENSAGEM
Flávio Cavalcanti – Muito obrigado. Agora o senhor não há de estranhar as folhas nem o
lápis, porque sei que só mesmo o senhor poderá resolver, tomada a resolução, porque o
senhor me falou do meio ambiente, me disse das necessidades psíquicas, psicológicas...Eu
gostaria de pedir ao senhor, que é amigo do Erlon e amigo de todos nós, que se possível for,
psicografe uma mensagem para os doentes, os detentos, para a Penitenciária do Estado da
Guanabara, para os estimados Velhinhos da Casa de são Luiz, da minha querida Dra. Rute
Ferreira de Almeida, enfim, para todas as pessoas que sofrem.
Chico Xavier – Podemos ouvir um pouco de música?
Flávio Cavalcanti – Perfeitamente. Atenção por favor, ele precisa de música e de silêncio no
ambiente. (Há uma longa pausa, enquanto Chico psicografa, concentrado, várias folhas de
papel enquanto se fazem ouvir os sons arpejados de um prelúdio.)
Flávio Cavalcanti – A mensagem já está pronta e o espírito pediu que o próprio médium leia
a mensagem já que não deve caber a outra pessoa essa missão.
Nesse ponto da entrevista, Chico Xavier se levanta e faz em voz alta, a leitura da página
psicografada:
SEMPRE AMOR
Se a provação te alcança, contempla a Natureza, alma querida e boa, e encontrarás, na
Terra, em toda parte, o lar de luz que nos aperfeiçoa.
Dores? Dizes que as dores lembram trevas compelindo-te o sonho a persistir de rastros...
Fita o império da noite desvendando a floresta dos astros.
Renúncia? Há quem afirme que a renúncia é carga improdutiva para o amor... Olha o
brilhante arrebatado à pedra, esbanjando esplendor. Sofrimento? Assevera a rebeldia que
todo sofrimento é processo infecundo, mas a fonte filtrada entre os punhais da rocha
acrescenta o conforto e a beleza do mundo.
Crises? Lembra o fragor da tempestade... O campo grita ao furação violento... Depois, o
chão se alimpa e o Sol espalha mais Ouro e mais Azul no firmamento.
Sacrifício? Medita sobre o tronco a tombar sem apoio a que se arrime... Depois, fez-se
violino entre mãos hábeis interpretando a música sublime. Morte? Se crês que a morte é o
fim de tudo, qual abismo escavado abismo agressores, fita a semente nua a renascer do solo
para ser planta nova e esmaltar-se de flores... Escuta, alma querida! A vida é sempre amor
do mais nobre caminho aos mais plebeus e a presença da dor, em qualquer parte, é uma
bênção de Deus.
Maria Dolores
OBSESSÕES EM MASSA
“A NOVA ERA”, presente à concorrida tarde de Autógrafos de Chico Xavier em dois deste
mês, em Sacramento (MG), teve a feliz oportunidade de abraçar efusivamente esse grande
amigo, e ouvir suas sempre maravilhosas lições.
122 – O CARÁTER DOS DISCURSOS
P – Inúmeros confrades que presenciaram seus últimos discursos notaram que o irmão,
nessas ocasiões, vivia como que uma nova didática do discurso, sem a costumeira
eloqüência e isolamento do orador. O que nos diz a isto?
R – Posso dizer que fui colhido de improviso a essa tarefa de contato mais intenso com o
público. Esses títulos de cidadania, compreendemos muito bem, não têm sido dados a mim,
que não os mereço; eles naturalmente são dádivas de legislativos generosos à nossa
Doutrina Espírita, e eu não passo de um poste obscuro para a colocação do aviso de que a
Doutrina Espírita foi premiada com essas considerações públicas. Tenho recebido essa
tarefa nesta condição: na condição de mero instrumento. Posso adiantar que nas ocasiões
desses discursos, desde a primeira vez que me vi em contato mais intensivo com a nossa
gente, reunida em maior número, eu me senti numa espécie de transe que no momento eu
não posso definir com muita clareza. Desde os programas últimos de televisão, sinto que o
espírito de Emmanuel me ocupa a vida mental e física, dando margem a que eu esteja
presente para assumir a responsabilidade, e induzindo-me a falar muitas vezes na primeira
pessoa, naturalmente para não alarmar àqueles que ainda não têm contato com a
mediunidade. Mas, francamente, nesses discursos eu sou médium; muitas vezes pergunto
aos amigos o que é que eu falei, porque eu não tenho consciência exata disso.
123- RESPEITO A OUTROS MOVIMENTOS ESPIRITUALISTAS
P - Muitos confrades observam também que pouco, ou quase nada, falam os irmãos
espirituais sobre a situação da Doutrina face ao Ocultismo e doutrinas correlatas, como o
Esoterismo, a Teosofia, o Rosacrucianismo, etc. A imprensa mundial, ultimamente, revela o
extraordinário aumento do interesse público por esses movimentos. Quanto a isto, o que
poderia dizer sobre a posição do espiritismo atual?
R - Acreditamos, com as instruções dos Bons Espíritos, que a posição da Doutrina Espírita é
uma posição definida. Estamos diante do Evangelho Redivivo, porque o Espiritismo traz de
novo as lições de Jesus, interpretadas com sinceridade e verdade. Respeitamos, nós todos,
quaisquer faixas de conhecimento humano relacionadas com o Ocultismo, com o
Espiritualismo em geral. Todas as escolas de esoterismo, de conhecimentos chamados
secretos, são dignas do nosso maior acatamento. Mas, se estamos na escola da Doutrina
Espírita, com trabalho gigantesco a realizar, de nossa parte cremos que seja nosso dever
respeitar todos os movimentos espiritualistas, sem desconsiderá-los de modo algum, mas
cumprir a nossa tarefa do Evangelho de Jesus tanto quanto eles, os movimentos
espiritualistas, estão cumprindo, com fidelidade e grandeza, os compromissos deles diante
das doutrinas orientais.
124 – COMO PROGRIDE O HOMEM
P- O homem somente progride por esforço próprio ou também por uma contingência da
vida?
R - Progride através desses dois impulsos. Apenas devemos considerar que, pelas
contingências da vida, ele terá um progresso comparado ao da pedra rolante do rio; com o
tempo, uma pedra deixará suas arestas no rio natural, enquanto que com os instrumentos
chamados ao aperfeiçoamento da pedra, o enriquecimento dessa mesma pedra preciosa se
faz muito mais direto. Por esforço próprio, podemos realizar em alguns anos aquilo que,
pelas contingências, podemos gastar milênios. Mas, pelo esforço próprio, o esforço de dentro
para fora é o esforço do burilamento pessoal, através da autocrítica, do auto-exame. Agora,
com o tempo, é de fora para dentro: gastaremos séculos e séculos, e mais séculos.
125 – OBSESSÕES EM MASSA
P - Que poderia dizer das obsessões em massa que se verificam no mundo, atualmente?
R - Um assunto dos mais palpitantes, e que nos obriga a trabalhar intensivamente pela
difusão dos princípios espírita-cristãos, porque consideramos cada reunião espírita na base
do Evangelho, como reunião dedicada ao trabalho de desobsessão. Em nossas casas
espíritas, em nossos contatos públicos, nós estamos também trabalhando em desobsessão
intensiva, isto é, desobsessão em massa, já que estamos observando muitos problemas da
obsessão igualmente em massa.
( * ) Transcrita do jornal “A Nova Era”, Franca, SP, 15 de dezembro de 1972, sob o título
“Uma entrevista com Chico Xavier”.
ENCONTRO COM MARILYN MONROE *
Depois de atender, na Cava do Bosque, cerca de 3.000 pessoas, anteontem, Chico Xavier
concedeu entrevista ao Diário. Respondeu sobre os seguintes assuntos: o título de cidadão
cravinhense, o número total de seus livros, a sua visão de Marilyn Monroe, suas relações
com a crítica literária, a teoria da reencarnação dos suicidas, o comportamento das
“testemunhas de Jeová” sobre a transfusão de sangue, e a idéia de uma “religião brasileira”
feita com a união do catolicismo, o espiritismo, a umbanda e o candomblé.
Ao final, Xavier dirigiu uma saudação a Ribeirão Preto:
- Sou cidadão ribeirão-pretano com muito orgulho, e, na verdade, me sinto em casa estando
aqui, onde vivem companheiros espíritas e pessoas que me cumulam com o carinho que eu
não mereço. Através do jornal deste grande amigo, e grande homem, Dr. Marcelino romano
Machado, eu saúdo a todos os ribeirão-pretanos.
126 – EM CRAVINHOS, AGORA NO PRÓXIMO ANO
- Quando o Senhor vai arranjar tempo para receber o título de “Cidadão Cravinhense” e
quantos títulos de cidadania já recebeu?
- “Tive conhecimento de que Cravinhos me outorgou o título de Cidadão, e estou mantendo
entendimentos com pessoas de lá para marcarmos uma data, no próximo ano. Títulos como
esse, são títulos que pertencem à Doutrina Espírita. Eu sou apenas um “cabide” que vai lá
para receber a honraria e entregar aos companheiros espíritas, que são os legítimos
merecedores desse título. Não tenho nenhum mérito nisso, trata-se de um dever para com a
comunidade espírita de cada cidade que tem se lembrado de nós. Que se lembra da
Doutrina Espírita e não de mim. Quantos títulos? Uns dez.”.
127 – NÃO SABE O TOTAL DE SEUS LIVROS
- Qual o total de livros até agora psicografados e vendidos pelo senhor?
- Não tenho uma estatística do total vendido, porém as editoras que recebem as doações
têm documentos nesse sentido, que podem ser consultados, principalmente na Livraria Boa
Nova, na Rua Aurora, em São Paulo. Eu, pessoalmente não tenho idéia, porque o livro sai de
nossas mãos como um documentário. “Eu apenas assino a doação dos direitos autorais que
me possam caber.”
128 – SOU A PEDRA, NÃO A CORRENTE
- Por que a crítica literária não comenta os seus livros com regularidade?
- “Na realidade, eu não posso saber. Desde 1927 eu me habituei a ver os espíritos e tomei
tamanho interesse afetivo pelo trabalho, que eles desenvolvem, que não posso acompanhar
o movimento da crítica literária. Sei que grandes amigos meus, materialistas, em
conversação conosco, sempre nos tratam com muito respeito, o que pessoalmente agradeço
muito. Nesse sentido, há tempos, um grande repórter de nosso movimento de informação,
perguntou-me se eu tinha consciência do movimento que os livros e as idéias que eles
divulgam acarretam. Peço licença para dizer que eu me sinto na condição de uma pedra,
diante da qual nasceu uma fonte. Eu sou a pedra e tenho consciência disso. Mas desde o
momento que a água da fonte sai aos jorros, eu não sei que correntes se estão formando
depois. Eu digo isso de coração.”
129 – MARILYN SOB UMA ÁRVORE NO CEMITÉRIO
- Certa vez o Sr. informou que tinha recebido comunicação do espírito de Marilyn Monroe,
sobre as condições de sua morte. Agora, após a publicação de sua biografia por Norman
Mailler, o Sr. voltou a falar com Marilyn? Ela gostou do livro? O Sr. gostou?
- “Não li o livro, mas sempre leio, através dos jornais, as notícias. Sobre o contato com a
Marilyn a história é a seguinte: tendo ido à América do Norte, em companhia de amigos, em
1966, visitamos um cemitério, onde estava a memória de pessoas ligadas a algumas que
estavam conosco. Com grande surpresa, então, ouvi a notícia de que naquele cemitério
estavam as cinzas de Marilyn. Naturalmente, eu me comovi muito. Fiz uma prece no seu
túmulo. Assisti a dois filmes de Marilyn, de que não me lembro o nome, mas sempre a
admirei muito. Era uma artista de grande beleza e de grande influência no mundo. Naquele
cemitério, existe uma árvore muito grande. Nela vi diversas entidades e vi Marilyn. Ela estava
repousando com a cabeça no colo de uma senhora. Não posso dizer que estava vendo uma
realidade ao ponto de vista que eu interpretei, ou se, pela prece, o meu pensamento se
tivesse ligado a regiões distantes, onde talvez, o pensamento dela recebesse a nossa
mensagem.”
Continua Chico:
-
“Vi muitos vultos naquela árvore, porém me detive na personalidade dela. Vi também o
espírito de Humberto de Campos de longe, aproximando-se dela para conversar. Depois ele
passou por mim e me deu a entrevista que ele tinha realizado com ela. Um amigo que lá
estava me disse que a senhora, no colo em que estava Marilyn, era uma ex-atriz que
também desencarnara, vítima de câncer antes da morte de Marilyn. De modo que Humberto
de Campos me deu essa mensagem e ela consta de um livro. Eu perguntei também, a
Humberto, se ela tinha algum ponto, essencial, na entrevista, que tivesse impressionado a
ele. Ele disse que o ponto essencial da entrevista que teve com Marilyn, foi o problema da
liberdade sexual, menos bem conduzida. Ela se detivera com muito empenho na liberdade
sexual, exercida com espírito de responsabilidade não tão segura, quanto acha que seria de
desejar nos dias de hoje. Ela disse que pretendia voltar à Terra, talvez em tempo breve, para
uma reencarnação, em que pudesse fazer uma revisão dos pontos de vista e das diretrizes
que adotou na existência que acabara de deixar.”
130 – A TEORIA DO SUICÍDIO E OS SUICIDAS QUANDO REENCARNAM
- Parece que o suicídio é um ato de rompimento do plano de Deus, pelo qual se paga um
preço. Assim, de que maneira e com que traumas se reencarnam as pessoas que se matam:
a) por tiro no ouvido, b) por veneno, c) jogando-se embaixo de um carro, d) através de
superexposição à radiação atômica?
- “O suicídio está ligado ao senso de responsabilidade. Nosso Emmanuel sempre explica
que nós somos culpados por aquilo que conhecemos como sendo uma atitude imprópria
para nós. Porém nós temos, ainda, povos que adotam o suicídio como norma de
comportamento heróico.
Temos comunidades no mundo que consideram o suicídio sob esse ponto de vista.
Demonstram que não possuem um conhecimento tão exato sobre a responsabilidade de
viver, produzir, como nós os cristãos fomos instruídos pelos Evangelhos de Nosso Senhor.
Então, vamos dizer que a escola de Jesus, preparando nosso espírito para a construção do
mundo melhor, um mundo de amor e paz e não obstante os conflitos e guerras que temos
sofrido, ou que estejamos sofrendo, nós então vemos que para nós o suicídio já adquire
dimensões diferentes, porque nós somos chamados para valorizar a vida, a compreender o
sofrimento como processo educativo e reeducativo de nossa personalidade. Então, o suicídio
para nós, os cristãos, é algo de ingratidão para com os poderes supremos que regem os
nossos destinos. O suicídio, para aqueles que conhecem a importância da vida, impõe um
complexo culposo muito grande nas consciências. Então, nós os cristãos, que temos
responsabilidades de viver e compreender a vida, em suicidando, nós demandamos o além
com a lesão das estruturas do corpo físico. De forma que, se damos um tiro no crânio,
conforme a região que o projétil atravessa, sofremos no além as lesões conseqüentes. São
espíritos doentes, os espíritos enfermiços que recebem carinho especial dos protetores
espirituais.”
131 – CASOS DE CEGUEIRA, CÂNCER, MUDEZ E PARALISIA NAS CRIANÇAS
Chico continua sobre os suicidas: - “Mas o problema está dentro de nós e, na hora de voltar
à Terra, pedimos para assumir as dificuldades inerentes às nossas culpas. Assim,
1. Se a bala atravessou o centro da fala, naturalmente vamos retomar o corpo físico em
condições de mudez.
2. Se atravessa o centro da visão, vamos renascer com processo de cegueira.
3. Se nos precipitamos de alturas e aniquilamos o equilíbrio de nossas estruturas espirituais,
vamos voltar com determinadas moléstias que afetam o nosso equilíbrio.
4. Quando nos envenenamos, quando envenenamos as nossas vísceras, somos candidatos,
quando voltamos à Terra, ao câncer nos primeiros dias de infância, ao problema de fluidos
comburentes que criam desequilíbrio no campo celular. Muitas vezes encontramos numa
criança recentemente nascida um processo canceroso que nós não sabemos justificar,
senão pela reencarnação, porque o espírito traz consigo aquela angústia, aquele
desequilíbrio que se instala dentro de si próprio.
5. Pelo enforcamento, nós trazemos determinados problemas de coluna e caímos logo nos
processos de paraplegia. Somos crianças ligadas, parafusadas ao leito durante determinado
tempo, em luta de autocorrigenda, de autopunição, de reestruturação de peças de nosso
corpo espiritual.”
132 – TESTEMUNHAS DE JEOVÁ E A TRANSFUSÃO DE SANGUE
Qual seria a situação do espírito de uma criança que é levada à morte? Refiro-me ao caso do
menino Dario, de São Paulo, que foi levado à morte, porque o pai é devoto de determinada
religião e não adota a transfusão de sangue. De que maneira o espírito dessa criança ficará
afetado por isso?
- “Nós nos acostumarmos à liberdade de perguntar a nós mesmos se o pai teria tido tanta
importância no caso como este em que muitos processos de leucemia, com pais
amorosíssimos e, em matéria de assistência médica, também fizeram o máximo, mas os
filhos também partiram. Digo assim, não que se possa avalizar a atitude deles. São criaturas
que estão em desacordo com a evolução médica a ponto de impedirem que a ciência médica
atue para o bem de determinado enfermo. De minha parte, desde que o doente esteja sob
minha responsabilidade, estarei com a medicina porque creio que a medicina está em nosso
benefício. O médico é quem nos dá a cura, respeitando os processos de tratamento que
possam nos oferecer. Desejo de minha parte, respeitar a crença religiosa desse homem
quanto à atitude que ele teria tomado. Conversando com determinados amigos, nós nos
lembramos que Moisés proibia a transfusão de sangue. Eu não tenho estudo muito profundo
da Bíblia a esse ponto, mas creio que a lei Mosaica proibia a transfusão de sangue. Mas
outras determinações de Moisés foram, naturalmente, esquecidas com a evolução do tempo.
Então concluímos: quando Moisés proibia a transfusão, naquela época, a ciência médica não
havia ainda avançado tanto, que pudesse garantir a ausência de contaminação de hepatite,
por exemplo, numa transfusão de sangue. Mas, com a evolução dos tempos, a medicina está
perfeitamente habilitada a realizar transfusões de sangue, com o mínimo risco para o doente.
Mas, os nossos irmãos que estão crendo nas observações de Moisés, devem ser
respeitados, pois nós respeitamos muito esses amigos e as interpretações que eles possam
ter. O menino foi naturalmente desligado da autoridade patriarcal e medicado conforme as
leis do país. Creio mesmo que o menino não tinha condições para resistir. É realmente um
caso interessante, para ser estudado com nossos irmãos, Testemunhas de Jeová, que são
dos mais respeitáveis do movimento bíblico do mundo. Nós podemos dizer: “Meu Deus, se
no tempo de Moisés havia perigo de hepatite, ou de outros processos infecciosos, depois de
tantos séculos a medicina já sanou isso. E devemos crer na Medicina.”
133 – UM PLANO DE UM ECUMENISMO BRASILEIRO
- Qual a possibilidade de um ecumenismo aqui no Brasil, para se unirem a religião Católica, o
Espiritismo e as religiões afro-brasileiras, na criação de uma religião “Made in Brazil”?
- “A criação de uma religião “Made in Brazil” seria maravilhosa.
Se as maiorias religiosas pudessem respeitar as causas minoritárias; se as grandes religiões,
do ponto de vista de organização, pudessem suportar a presença das minorias sem
ingerência nos assuntos que lhes dizem respeito, essa união seria uma das mais belas
realizações. Mas, devemos trabalhar para a união fraternal com o máximo de entendimento
para que isso seja alcançado. Precisamos de muita dedicação em nossos grupos religiosos
para que nos respeitemos reciprocamente em torno de pontos básicos, quais sejam: amor a
Deus, amor ao próximo, caridade da alma, caridade por dever e manutenção da paz através
do trabalho na base da disciplina. Se todos pudéssemos estar unidos nesses pontos básicos,
respeitando-nos no campo das interpretações do Evangelho, a religião no Brasil seria uma
luz maravilhosa para toda a Terra. Vamos sonhar e vamos trabalhar para que isso aconteça,
respeitando-nos por irmãos. . .
A violência é uma criação humana das mais infelizes e a lei do Senhor determina que a
consciência de cada um seja respeitada. Estamos caminhando para a união. Todos nós
precisamos conversar a fé, entretanto acatando o próximo com o respeito genuíno, de quem
compreende que Jesus é o Mestre de todos os cristãos, crendo em Deus, porque Deus não é
propriedade particular de ninguém. . .”
( * ) Transcrita do jornal “O Diário”, Ribeirão Preto, SP, nove de outubro de 1974, sob o título
“Chico fala de suicidas, Marilyn Monroe e Testemunhas de Jeová”.
CIDADES NO PLANO ESPIRITUAL*
D. Guiomar Albanesi – Rogamos ao nosso Chico, se possível, tentar a psicografia de uma
página dos Nossos Amigos Espirituais. (Pausa).
134 – MENSAGEM
Alma querida, escuta, nos momentos de dor, de aflição ou de luta, não te prendas ao fel, à
revolta, ao pesar, não deixes de servir, nem canses de esperar.
Na sombra mais espessa ou quando o dia tomba e na estrada anoiteça, em pleno vendaval,
caia o granizo em monte, alça o próprio ideal ante a clara certeza de que o sol voltará de
horizonte a horizonte.
Em tudo o que se apura e se alteia de nível, onde a fé predomine e o progresso resplenda,
perseverança e paz é a sublime oferenda do amor que, frente ao tempo, ignora o impossível.
A própria Natureza é um livro sempre aberto; Tudo o que serve e ampara, louva a disciplina,
do firmamento ao chão, da cidade ao deserto, persistir para ser é a mensagem divina.
Insistindo na luz, constelações remotas criam vida e calor nos espaços profundos; Cada
império estelar acende as próprias rotas, e a lei faz no Universo a harmonia dos mundos.
À dura solidão a rocha se sujeita, por milênios guardando o vale em derredor; E o vale
mostra em si a humildade perfeita, em que o solo produz para a vida melhor.
A fonte encontra a lama e prossegue por norma, purificando a lama a sorrir e a cantar e,
mantendo-se fonte, aos poucos, se transforma em riqueza do rio e sustento do mar.
Podado na pressão da lâmina severa, o tronco se desfia a golpes agressores e quando o
campo espalha o som da primavera, ei-lo forte e feliz a cobrir-se de flores.
Segue, pois, dia-a-dia, passo a passo, mesmo à frente da mágoa que te oprime, varando
provação, amargura ou cansaço, nada te tolha a fé, nada te desanime.
E, servindo, recorda, alma querida e boa: Das trevas abismais aos Sóis do Mais Além, em
tudo o que se eleva e aperfeiçoa Deus ama, persevera e trabalha também.
MARIA DOLORES
135 - ESTADO COMATOSO E LUCIDEZ
DONA GUIOMAR – Agora vamos passar às perguntas que nos foram feitas por alguns
companheiros. Vamos formulá-las ao nosso companheiro e amigo Chico Xavier, e ele no-las
responderá:
No estado comatoso, há momentos de lucidez plena ou apenas intervalos intermitentes?
CHICO XAVIER – Rogo desculpas aos prezados ouvintes, pelo fato de estar tentando
responder às indagações de nossos amigos, dentro da minha reconhecida insipiência.
No caso da lucidez em estado comatoso, segundo os Amigos Espirituais nos inspiram a fim
de que a nossa palavra possa ser ouvida, isso varia muito de acordo com as criaturas,
segundo os graus de espiritualidade superior ou de mergulho da mente nas impressões da
vida material.
Na maioria das ocasiões, quando partimos do Plano Físico obedecendo aos ditames de
enfermidade longa e laboriosa, o estado comatoso é seguido de lucidez: ouvimos,
compreendemos aquilo que ouvimos, estamos dentro de indefinível expectativa, conquanto
em paz, ou naquele estado de inquietação que se experimenta perante o desconhecido.
Ainda aí, porém, somos impelidos a entender que a alteração dos centros de percepção
sensorial deve ser considerada, porque, conforme a condição do doente, esses núcleos
estão, muitas vezes, obliterados ou parcialmente semidestruídos, sem que o espírito, eterno,
possa se fazer exprimir através das potencialidades cerebrais, assim como um violinista que,
apesar muita competência, por vezes, sente-se frustrado quando está diante de um
instrumento desafinado ou desarticulado.
Nos processos de desencarnação violenta, é natural que se entenda a lucidez por estado
mental muito difícil de reter-se; o cérebro entra em choque violento, a destrambelhar-se,
portanto nas mais íntimas estruturas.
Em vista disso, os Amigos Espirituais afirmam que na desencarnação de improviso, somos
habitualmente acometidos por um sono profundo, do qual despertamos entre aqueles que
nos dedicam assistência e afeição na Vida Espiritual.
136 – CAUSAS DOS SUICÍDIOS
P – O suicídio é conseqüência de fatores psicológicos em desagregação ou de influências
espirituais em evolução?
CHICO XAVIER – Todos sabemos: cada espírito é senhor de seu próprio mundo individual.
Quando perpetramos a deserção voluntária dos nossos deveres, diante das leis que nos
governam, decerto que imprimimos determinadas deformidades no corpo espiritual. Essas
deformidades resultam das causas cármicas estabelecidas por nós mesmos, pelas quais
sempre recebemos de volta os efeitos das próprias ações.
Cometido o suicídio, nessa ou naquela circunstância, geramos lesões e problemas
psicológicos na própria alma, dificuldades essas que seremos chamados a debelar na
próxima existência, ou nas próximas existências, segundo as possibilidades ao nosso
alcance.
Assim, formamos, com um suicídio, muitas tentações a suicídio no futuro, porque em nos
reencarnando, carregamos conosco tendências e inclinações, como é óbvio, na
recapitulação de nossas experiências na Terra.
Quando falamos “tentações” não nos referimos a esse tipo de tentações que acreditamos
provir de entidades positivamente infelizes, cristalizadas na perseguição às criaturas
humanas. Dizemos tentação oriunda de nossa própria natureza.
Sabemos que a tentação em si, na verdadeira acepção da palavra, nasce dentro de nós. Por
isso mesmo poderíamos ilustrar semelhante argumento lembrando um prato de milho e um
brilhante de alto preço: levado o brilhante de alto preço à percepção do cavalo, por exemplo,
é certo que o eqüino não demonstraria a menor reação; mas em apresentando a ele o prato
de milho, fatalmente que ele reagirá, desejando absorver a merenda que lhe está sendo
apresentada.
Noutro ponto de vista, um homem não se interessaria por um prato de milho, no entanto se
interessaria compreensivelmente pelo brilhante.
Justo lembrar que a tentação nasce dentro de nós.
Quando cometemos suicídio, plasmamos causas de sofrimento muito difíceis de serem
definitivamente extirpadas. Por isso, muitas vezes, os irmãos suicidas são repetentes na
prova da indução ao suicídio, descendo, desprevenidos, à desconsideração para consigo
próprios.
Benfeitores da Vida Maior são unânimes em declarar que, em todas as ocasiões nas quais
sejamos impulsionados a desertar das experiências a que Deus nos destinou na vida
terrestre, devemos recorrer à oração, ao trabalho, aos métodos de autodefesa e a todos os
meios possíveis da reta consciência, em auxílio de nossa fortaleza e tranqüilidade, de modo
a fugirmos de semelhante poço de angústia.
137 – PRODUÇÃO E FOME
P – Pode-se esperar uma grande fome para os próximos anos?
CHICO XAVIER - Esse assunto tem sido estudado por técnicos das nações de vanguarda no
progresso econômico e cultural da humanidade; vale observar, porém, na condição de
criaturas convencidas quanto à existência de Deus e da sobrevivência do espírito, que não
podemos guardar qualquer impressão negativa, quanto ao problema, porque o trabalho é
sempre um prodígio da natureza humana e, através desse recurso mágico a que chamamos
trabalho, descobriremos, cada vez mais, novas técnicas de produção, novos melhoramentos
e sabemos que nos achamos muito longe ainda de explorar todos os recursos do Planeta,
em favor da nossa própria alimentação.
Façamos um parêntese no assunto e recordemos que, se todos nos dedicarmos no Brasil a
plantar mais um pouco, e a trabalhar um tanto mais, além de nossos próprios deveres,
indubitavelmente conseguiremos prover-nos com todos os recursos de que temos
necessidade ainda, em nosso relacionamento comum.
138 - A CIDADE “NOSSO LAR”
P– Poderíamos falar sobre o livro “Nosso Lar”, por exemplo, sobre as realidades do livro,
sobre a distância da Colônia, sobre alguma coisa das belezas do Nosso Lar?
CHICO XAVIER – A literatura mediúnica em outros países atesta a existência de outras
cidades semelhantes a Nosso Lar, uma das comunidades no chamado Espaço Brasileiro.
Quando estávamos recebendo, mediunicamente, o primeiro livro de André Luiz, que traz
esse título, impressionamo-nos vivamente com respeito ao assunto, porque a nossa
perplexidade era indisfarçável e, sendo o nosso assombro um motivo para perturbar a
recepção do livro, o nosso André Luiz promoveu, em determinada noite, a nossa ausência do
corpo físico para observar alguns aspectos, os aspectos mais exteriores, da chamada cidade
“Nosso Lar”. Mundo novo que somos chamados a perceber, a estudar, porque se relaciona
com o futuro de cada um de nós. Ainda que não sejamos acolhidos na referida colônia,
outros lares nos esperam após a desencarnação.
Isso é muito importante.
Há muita gente que considera esse assunto demasiadamente remoto para que venhamos a
nos preocupar com ele.
Entretanto, na lógica terrestre, somos obrigados a cuidar dos estoques de determinados
materiais – gasolina, óleo, medicamento, cereais. Se nos interessamos por isso, no trânsito
sobre a Terra, por que admitir por ocioso esse tema da espiritualidade que nos espera
inevitavelmente a todos?
O Espírito de André Luiz, registrando-nos o espanto, porquanto a estranheza era enorme da
parte dos companheiros de Pedro Leopoldo e Belo Horizonte, aos quais mostrávamos as
páginas em andamento, teve o cuidado de mostrar-nos determinada faixa de Nosso Lar,
onde jaziam centenas de irmãos hospitalizados, ocupando a atenção de médicos, de
instrutores, enfermeiras, sacerdotes e pastores das diversas religiões.
Devemos assinalar esse fato, de vez que, freqüentemente, depois da morte são obrigados a
compartilhar-nos crenças e concepções com respeitos às verdades eternas do espírito,
quando a caridade de Nosso Senhor Jesus Cristo nos espera a todos, quanto a
discernimento e compreensão.
Cada criatura, nessa cidade, é chamada gradativamente para um estado mais amplo de
entendimento. Nosso Lar é o retrato de muitas das colônias que nos aguardam, mas não é
propriamente o retrato único, porque possuímos, além da Terra, além da vida física, muitas e
muitas cidades de natureza superior e outras de natureza inferior a que chegaremos,
inevitavelmente, segundo as nossas escolhas e méritos neste mundo.
139 – HOMOSSEXUALISMO
P– Como nossos Amigos Espirituais conceituam o problema homossexual?
CHICO XAVIER – O problema da homossexualidade sempre existiu em todas as nações, no
entanto, com a extensão demográfica no Planeta, o assunto adquiriu características de
grande intensidade, ou de mais intensidade, porque, nos últimos 50 anos, a ciência
psicológica tem-se preocupado detidamente e com razão, no que se refere aos ingredientes
mais íntimos de nossa natureza pessoal.
Estamos efetuando a descoberta de nós mesmos, para além dos padrões psicológicos
conhecidos ou milimetrados pelos conhecimentos que possuímos, dentro dos preceitos e
preconceitos respeitáveis, que nos regem o comportamento social e humano.
No caso, é justo observar que os impositivos da disciplina e da educação devem oferecernos
barreiras construtivas para que o abuso não destrua quaisquer benefícios estabelecidos
em leis.
Cremos que tendências à homossexualidade surgem na criatura, após muitas existências
dessa mesma criatura, nas condições de feminilidade ou vice-versa. Pensamos assim, na
base da reencarnação, porquanto, além dos sinais morfológicos, a individualidade é a própria
individualidade em si, com todas as suas existências anteriores.
Em vista disso, a homossexualidade pode ser examinada hoje proporcionando ao homem
vasto campo de estudos, quanto à natureza bissexual do Espírito.
O tema é, porém, objeto para simpósios de cientistas, e instrutores da Humanidade, até que
possamos encontrar a fórmula exata para decidir do ponto de vista legal, quanto ao destino
dos nossos companheiros num sexo ou noutro, que trazem a inversão por clima de trabalho
a ser laboriosamente valorizado pela pessoa que se faz portadora de semelhante prova ou
de semelhante condição para determinadas tarefas.
Sabemos que grandes civilizações, como por exemplo, a civilização greco-romana, depois de
alcançarem avanço espetacular no campo da inteligência, ao perquirirem a natureza
complexa do homem, encontraram problemas de sexo muito profundos, que os legisladores
de então não quiseram ou não puderam reconhecer. Esses problemas, no entanto,
explodindo sem a cobertura de preceitos legais, em plenitude de intemperança nas
manifestações afetivas cooperaram na decadência de ambas as civilizações grega e romana,
que se perderam no tempo, sob o ponto de vista de respeitabilidade e domínio.
Esperemos que os Mensageiros da Vida Maior inspirem os nossos dignos representantes da
Ciência e da Justiça na Terra para que a solução do problema apareça oportunamente
favorecendo a paz e a concórdia nos vários campos de evolução da Humanidade.
140 – PUBLIUS LENTULUS
P– Quem era mais evoluído, Publius Lentulus ou sua mulher?
CHICO XAVIER – Já pude dizer aos amigos presentes que o Espírito de Emmanuel, que
está aqui conosco, dedica àquela que lhe foi esposa ao tempo de Nosso Senhor Jesus
Cristo, a máxima veneração. E diz que, do ponto de vista do sentimento e do coração ela
trazia, já naquela época qualidades evangélicas que ele Emmanuel, nunca cansou de
admirar.
É o que eu posso transmitir.
141 – REENCARNAÇÃO E MUDANÇA DE SEXO
P– (Feita pelo Dr. Athaide Lima Siqueira): A mudança de sexo e profissão acarreta ao
espírito dificuldades ao seu processo de aperfeiçoamento em reencarnações futuras?
CHICO XAVIER – Essa modificação, quando súbita, segundo ensinamentos que temos
recebido dos Amigos Espirituais, imprime certas dificuldades ao espírito, no seu
relacionamento com os outros e na adaptação aos processos de vivência no campo físico,
mas não no seu próprio aperfeiçoamento, porque essa mesma alteração e mudança são
motivadas para que o espírito, entrando no campo da autocrítica, encontre em si estímulos e
razões para se elevar, aperfeiçoar, buscando sublimar as suas próprias qualidades,
sentimentos e pensamentos.
142 – ESGOTAMENTO FÍSICO E FACULDADES INTELECTUAIS
P – Por que o indivíduo no plano físico, sob o influxo do excesso de trabalho, pelo
esgotamento, sente um grande déficit em suas faculdades intelectuais?
CHICO XAVIER – É o problema do instrumento quando se faz desajustado nas mãos do
artista. As teclas do piano, entrando em desajuste, não permitem que o pianista se expresse
com o vigor ou com a perfeição de que ele seja mensageiro. Assim, também, o nosso
espírito, quando reencarnado na Terra. Nós estamos sempre subordinados a determinadas
condições da vida orgânica, especialmente às condições do cérebro. Por isso mesmo, nós
sabemos que há muitas criaturas que tiveram a inteligência cassada por determinado tempo
na Terra, que nós encontramos na posição de idiotia, como observamos, do ponto de vista
da ciência, criaturas que são, às vezes, detentoras de alto grau de tesouros culturais em si
mesmo, mas que pedem semelhante prova para se entregarem a pensamentos, ao retiro
espiritual, à auto-análise, à auto-observação por muitos e muitos anos.
143 – TEMPO E CONSEQÜÊNCIA DA OBSESSÃO
P – (Feita pelo Prof. Afrânio Piemonte). “Até onde e até quando um ou mais espíritos
obsessores podem causar danos no plano físico a indivíduos desprovidos de certo amparo
no plano espiritual?”
CHICO XAVIER – Nossos amigos espirituais observam sempre que não há desamparo no
Universo. A misericórdia de Deus nos alcança em todos os setores e em todas as situações,
e desde que tenhamos já algum conhecimento para ensaiar os nossos passos nas estradas
evolutivas, por nó algum conhecimento para ensaiar os nossos passos nas estradas
evolutivas, por ns mesmos, vamos criando em nós recursos de autoproteção.
Então, nós podemos observar: se temos cuidados especiais para com os nascituros, para
com aqueles que ainda não chegaram à vida física e que estão em trânsito para o nosso
campo de trabalho, com o concurso de nossas grandes benfeitoras que são as nossas mães,
se temos cuidados especiais para com aqueles que vão chegando, organizando casas
especializadas de socorro, de assistência, se o nosso próprio lar é um ninho de amor e
proteção para a criança, quando a criança demanda esse auxílio pela fraqueza em que ela
se encontra na obra de Deus, também os espíritos que se encontram ainda muito insipientes
no conhecimento próprio merecem considerações e bênçãos especiais dos Espíritos
Superiores.
Então, devemos catalogar os assuntos de obsessão, encarando esses assuntos de acordo
com a nossa própria natureza. Um espírito obsessor terá tanto poder sobre nós quanto seja o
poder que facultamos a esse espírito de nos obsedar. O obsessor tem sobre nós a influência
do tamanho da nossa capacidade de atraí-lo para o nosso campo de ação. Poder-se-á
observar, por exemplo, que muitas vezes, encontramos, nos sanatórios, irmãos nossos em
condições precárias da mente, do cérebro, e que já não podem mais criar qualquer fibra de
resistência, mas aí o assunto já transcendeu à nossa possibilidade de estudar, porque nós
estamos estudando o caso conosco que estamos conscientes das nossas responsabilidades.
Se nós não guardarmos, se não nos defendermos, se não nos liberarmos antes do complexo
de culpa, nessa calamidade que nós chamamos remorso, então nós vamos atravessando as
linhas fronteiriças da perturbação e depois o império das forças inferiores sobre nós, então o
assunto já é pertinente a considerações outras que não as desta hora em que estamos
estudando o problema da obsessão com a nossa inteireza de conhecimentos para sabermos
muito bem discernir o que é o bom e o que não serve para nós.
DONA GUIOMAR – Chico, nós agradecemos ao nosso amigo espiritual Emmanuel que,
como você disse ao iniciar, está aqui conosco, inspirando você e ajudando em suas
respostas. A esses benfeitores que aqui estiveram, pedimos que guardem por muitos e
muitos anos o nosso médium aqui conosco para que, através dele, possamos obter tantos
ensinamentos valiosos.
Que Jesus o ampare e lhe dê saúde, paz e tranqüilidade para que, junto conosco, você
possa dar um caminho mais longo, mais claro, mais suave do Cristianismo, do Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo.
144 – PRECE
CHICO XAVIER – Não tenho palavras para agradecer ao Centro Espírita Perseverança, à
nossa querida irmã Dona Guiomar Albanesi, aos diretores desta instituição, às autoridades
que nos visitam, aos amigos e queridas irmãs que compareceram à nossa reunião, a todos
os companheiros que deram, nesta hora, um testemunho de tanta bondade e de tanta
tolerância para comigo, que nada mereço, e que espero estejam aqui não por Chico Xavier,
mas pela Doutrina que nos irmana, pela Doutrina que é Luz e Alimento de nossas almas.
Peço permissão, assim, à nossa irmã Dona Guiomar Albanesi, para traduzir a minha gratidão
com uma prece. É tudo o que eu posso fazer.
Nosso Divino Mestre e Senhor!
Nós Te agradecemos a bendita oportunidade do reencontro nesta Casa de Amor e Luz, de
Paz e Fraternidade que Te pertence!
Não temos palavras, para dizer aos amigos, a emoção que nos envolve, nos recessos do
espírito. Por isso mesmo, nós Te pedimos licença para a nossa gratidão a todos, com a
prece que nos permites endereçar-Te, rogando o amparo e a bênção para cada um de nós!
Senhor! Nesta hora em que todos procuramos um caminho de paz e amor para viver e
conviver e também para sobreviver às nossas próprias dificuldades, nós Te rogamos apoio.
Rogamos, Amado Jesus, que nos abençoe e conserve-nos a fé viva em ti. Não nos deixes o
coração tresmalhado nas vacilações do caminho terrestre ou na agressividade exagerada
que tantas vezes nos surpreendem depois da infância e da adolescência, nas quais
aprendemos a pedir-te a bênção no colo de nossas mães!
Disseste-nos que aqueles que não se fizerem crianças não serão dignos do Reino de Deus.
Faze-nos, pois, simples de coração! Ajuda-nos a considerar que precisamos trabalhar uns
pelos outros. Que todos somos chamados para nos tolerarmos reciprocamente em nossas
dificuldades e problemas, a fim que a nossa vida possa produzir paz, luz, amor, e alegria, no
progresso a que estamos destinados por Ti em nome do nosso Pai Supremo!
Ampara-nos! Que nossos templos dedicados à Tua memória, seja qual for a faixa de
conhecimento e veneração em que nos expressemos, sejam preservados, agora e no futuro,
a fim de que, por eles e com eles, venhamos a construir na Terra a nossa felicidade imortal.
( * ) Entrevista concedida a Sra. Guiomar Albanesi, no Centro Espírita Perseverança, São
Paulo, Capital, em Outubro de 1974.
ALMA, CIÊNCIA E RELIGIÃO*
145 – VIDA NA TERRA E NOUTROS PLANETAS
1 – Deus, o Grande Arquiteto do Universo, teria escolhido especialmente esse sujo de mosca
que é a Terra, por algum motivo muito especial para a grande Criação Humana? Ou haveria
gente também em outros planetas de diferentes galáxias?
R – Devo confessar a minha insignificância e pequenez para responder à pergunta formulada
com relação aos Propósitos Divinos, criando a Terra para o crescimento e educação do
Homem. Ainda assim creio a Terra é um mundo-escola verdadeiramente prodigioso pelos
recursos de evolução que nos oferta, merecendo a nossa profunda gratidão e o melhor
respeito. Acrescentamos, ainda, que acreditamos sinceramente na existência de outras
Humanidades em outros Planos do Universo, com expressões de vida semelhante e de vida
diferente da nossa.
146 – CRIAÇÃO
2 – Se Deus é bom e inteligente, por que perder tempo com as diferentes reencarnações,
para purificação dos espíritos, fazendo a criatura prosseguir na grande escala de diferentes
planos espirituais quando seria mais fácil criar o Homem já perfeito? Não haveria uma perda
de tempo, digamos assim, muita burocracia nessa viagem Astral?
R – Admito seja lícito observar que Deus criou o Homem e permitiu que o homem criasse o
Robô para avaliar a diferença.
147 – A MORTE DE HITLER
3 – O senhor teria condições de perguntar a alguém do Além se Hitler realmente morreu? Em
caso positivo, seria possível fazer uma entrevista com ele? Que pensamentos teve Joana
D’Arc quando estava sendo devorada pelas chamas? Seria possível essa reconstituição
histórica?
R – De minha parte, não tenho acesso a revelações sobre as questões formuladas, cabendome
pedir a Deus pela paz de Hitler, onde ele estiver, e reverenciar o heroísmo de Joana
D’Arc, cuja memória é para nós todos um poema de amor à Justiça, esculpido em exemplos
de fé.
148 – O DILÚVIO E OS MICRÓBIOS
4 – Depois do Dilúvio, quando Deus salvou Noé mandando que ele construísse uma barca
para colocar diferentes bichos da criação, ele ordenou por acaso que se salvassem também
os bacilos da Sífilis e da Tuberculose?
R – Não dispomos de autoridade para entrar em conceitos bíblicos, mas sem o menor desejo
de fazer humor e sim no objetivo de raciocinar com acerto, ficamos a pensar que os Céus
terão salvo Noé, no tempo do grande Dilúvio, e os companheiros de Noé terão salvo os
bacilos da Sífilis e da Tuberculose que os auxiliariam, no curso da vida humana, para a
regeneração espiritual deles mesmos, através das enfermidades do corpo.
149 – SÃO PAULO E A REENCARNAÇÃO
5 – São Paulo, não a cidade, mas o Santo, disse que só se morre uma vez. Como é possível
aceitar como válida essa afirmativa e, ao mesmo tempo, a tese da Reencarnação?
R – Os Amigos Espirituais nos recomendam confrontar os textos evangélicos, referentes ao
estudo. Diz o Apóstolo Paulo, no versículo 27 do Cap. IX da Epístola dos Hebreus: “E assim
como aos homens está ordenado morrerem uma só vez e, depois disto, o juízo.”, mas no
versículo 54, do Cap. XV, da I Epístola dos Coríntios, ele mesmo exclama: “E quando este
corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade e o que é mortal se revestir de imortalidade,
então se cumprirá a palavra que está escrita: “tragada foi a morte pela vitória”. Nossos
benfeitores da Vida Maior nos asseguram que o Apóstolo Paulo, em declarando que o
homem morre uma Somente uma vez, se reportava ao homem ainda impregnado de
animalidade, que as reencarnações aperfeiçoam e que, um dia, despido de toda imperfeição
terrestre, se habilitará, em definitivo, para a imortalidade em plena luz.
150 – ALMA, CIÊNCIA E RELIGIÃO
6 – Chico, como a Espiritualidade define a busca da alma pelos soviéticos, que ainda agora
revelaram ter fotografado o espírito? Aqueles que tradicionalmente são materialistas seriam,
no campo da ciência, os pioneiros da comprovação que o Espiritismo sustenta há tanto
tempo?
R – Os Benfeitores Espirituais nos afirmam que as experiências científicas do materialismo
tenderão sempre para as realidades do Espírito e que a Terra caminha para a integração da
Ciência com a Religião para que atinjamos todos a felicidade e a paz, nos múltiplos campos
de progresso da Humanidade.
151 – O MÉDIUM E SUAS DENOMINAÇÕES
7 – Qual a diferença entre o médium e o chamado “cavalo” do Umbanda?
R – O médium na função de intermediário entre os homens encarnados e desencarnados
pode estar em qualquer organização humana, conquanto, por vezes, receba denominações
diferentes. Observados na posição de condutores de personalidades, recursos, idéias e
auxílios diversos, imaginemos que os médiuns de variados tipos sejam comparados a
automóveis e cavalos. Todos terão sua importância particular. Um automóvel pode cobrir
distâncias e oferecer apoio a grupos de pessoas de que um cavalo jamais seria capaz, no
entanto, em compensação, um cavalo pode se encarregar de tarefas e alcançar
determinadas regiões com a precisão e a segurança que um automóvel não pode atingir.
152 – TELEVISÃO – RETORNO
8 – O senhor pretende voltar à televisão?
R – Por enquanto, não temos qualquer plano de retorno á Televisão, mesmo porque
devemos declarar que a nossa passagem pelo vídeo obedeceu a circunstâncias
inesperadas, sem qualquer intenção preparatória de nossa parte.
153 – “SINAL VERDE”
9 – Seu próximo livro está a caminho? Como se chamará?
R – O próximo livro da lavra mediúnica sob nossa responsabilidade tem o nome de “Sinal
Verde” e é de autoria do nosso Benfeitor Espiritual André Luiz.
154 – RESPEITO À IGREJA CATÓLICA
10 – O que pensa dos ataques da Igreja Católica à sua missão?
R – Os Espíritos Amigos nos afirmam que a nossa atitude perante a Igreja Católica deve ser
invariavelmente a do respeito e do amor que ela mesma nos ensina a cultivar para com todos
os seres humanos, em nome e em memória de Nosso Senhor Jesus Cristo.
155 – DIVÓRCIO
11 – Sobre o divórcio, Chico, você é pessoalmente contra ou a favor? E o que dizem os
amigos do Alto? É razoável uma consulta popular no Brasil a respeito?
R – Cabe-nos declarar a nossa imensa veneração pelo casamento, pela organização da
família, pelo caráter sagrado do lar e pela responsabilidade nos compromissos assumidos,
no campo das relações sexuais, mas somos a favor do divórcio, pormenorizadamente
estudado em lei para a consideração dos diversos casos em si. Isso porque, sempre que a
união de dois seres possa envenenar-se a ponto de se comprometerem ambos com
ameaças de suicídio ou homicídio, a separação é aconselhável. Não conseguimos admitir
que Deus haja estabelecido o direito de alguém torturar legalmente outro alguém.
156 – A CHINA E A POLÍTICA INTERNACIONAL
12 – Sobre a China e seus 800 milhões de filhos, Chico, o que acha você do seu papel
perante o mundo? Devemos procurar esses irmãos e oferecer-lhes os nossos produtos? A
China terá posição decisiva neste fim de ciclo?
R – Do ponto de vista da Humanidade, todos os seres humanos na Terra são irmãos, diante
da Providência Divina. Entretanto, nos tocantes às relações de povo a povo e considerando
que cada povo se marca em características diferentes, entre si, o assunto deve ser da
competência de nossos governantes e legisladores, indicados pelos nossos valores
comunitários para sabermos se essa ou aquela espécie de intercâmbio se nos faz
conveniente. Quanto a sabermos se a China terá posição decisiva neste fim de século, na
condição de religiosos peçamos a Deus para que ela esteja progredindo e caminhando para
o Bem de seus filhos e para o Bem de todos os homens, já que nós todos na Terra temos
necessidade de segurança e de paz, no desempenho das nossas obrigações perante Deus.
157 – TENENTE BANDEIRA
13 – Na Guanabara vive um irmão, Alberto Jorge Franco Bandeira, que era tenente da
Aeronáutica, foi acusado de um crime de morte, cumpriu pena, foi beneficiado por livramento
condicional, e proclamou sua inocência. A vítima chamava-se Afrânio Arsênio de Lemos. O
crime ocorreu em 1952. Por acaso o Alto teria alguma elucidação a respeito? Alguma palavra
de conforto e esperança para esse irmão, que se não tivesse sido injustiçado seria hoje
coronel da Aeronáutica?
R – Sempre refletimos no Tenente Bandeira, amplamente focalizado pela imprensa, nutrindo
por ele a maior simpatia. Estamos certos de que a Justiça do nosso País, sempre abertas
aos ideais de eqüidade, saberá tratá-lo, na solução do problema de que ele vem sendo
objeto, com a elevação que lhe conhecemos.
( * ) Entrevista concedida ao jornalista Zair Cansado, em Uberaba, MG, a 16/3/72.
PERSPECTIVAS MEDIÚNICAS
A Casa Máter de Minas Gerais tem a honra de publicar, em seu órgão oficial, a entrevista
que, supomos seja a primeira concedida pelo médium Francisco Cândido Xavier depois que
transferiu suas atividades para o GRUPO ESPÍRITA DA PRECE, da cidade de Uberaba,
Minas Gerais.
Formulamos dez perguntas, por nós consideradas oportunas, tendo o querido amigo
atendido com a compreensão, o carinho e a simplicidade a que estamos habituados, neste
longo convívio com o cidadão e o médium.
Oferecemos, pois, com imensa alegria, aos nossos leitores, espíritas e não-espíritas, as
respostas que Chico Xavier deu às perguntas elaboradas pela diretoria da União Espírita
Mineira, através das quais identificamos o companheiro de sempre, equilibrado, honesto
consigo mesmo e com os outros, consciente de suas responsabilidades pessoais e
doutrinárias, generoso e simples.
Acompanhar, pela leitura, o pensamento de Francisco Cândido Xavier, nas respostas dadas,
significa, a nosso ver, excursionar, à luz meridiana do Amor e da Verdade, pelas trilhas
amorosas, fraternas e sábias do seu coração e da sua inteligência.
158 – TRANSFERÊNCIA PARA UBERABA
1 – Querido amigo Chico Xavier, em nossa edição anterior, noticiamos sua transferência para
Uberaba em 1959. Ao chegar nessa cidade iniciou, imediatamente, suas tarefas na
Comunhão Espírita Cristã, da qual vem a se desligar agora?
- Sim. Tendo chegado à Uberaba a cinco de janeiro de 1959, nessa mesma data, iniciamos
as nossas atividades mediúnicas, em reunião pública da Comunhão Espírita Cristã.
159 – PRODUÇÃO MEDIÚNICA
2 – Sua produção mediúnica envolve o trabalho de livros, mensagens esparsas (em
encontros mais íntimos e no final de reuniões públicas), entrevistas em jornais e
apresentações, na Televisão e no Rádio. Nossa pergunta prende-se, especificamente, aos
livros psicografados: quantos foram produzidos, em Pedro Leopoldo (até 1958) e em
Uberaba (de janeiro de 1959 até agora)?
- Até agora, temos 135 livros psicografados, dos já publicados, a saber: 60 em Pedro
Leopoldo, de 1931 a 1958, e 75 em Uberaba, de 1959 até agora.
160 – GRUPO ESPÍRITA DA PRECE, ATIVIDADES E ORGANIZAÇÃO
3 – Seu trabalho, em Uberaba, consistiu sempre na divulgação doutrinária e em tarefas
assistenciais, aliadas ao evangélico serviço do esclarecimento e reconforto pessoais aos que
o procuram. Quais as atividades que serão desenvolvidas pelo querido amigo, em particular
e em geral, pelo Grupo Espírita da Prece?
– No Grupo Espírita da Prece, recém-fundado, as nossas tarefas habituais, permitindo Jesus,
serão as mesmas de sempre, embora com ligeiras modificações no trabalho assistencial.
4 – Quais os dias e horários de funcionamento do Grupo Espírita da Prece, seu novo campo
de trabalho espírita-cristão?
– Do ponto de vista das tarefas públicas, teremos duas reuniões semanais de evangelização,
estudos doutrinários e assistência espiritual; às sextas-feiras, começando às dezenove horas
e, aos sábados, nossas tarefas estarão divididas entre um Culto do Evangelho, com
atividades de assistência, na zona rural, iniciando-se às dezesseis horas, e uma reunião
pública de evangelização e estudos da Doutrina Espírita às vinte horas. Além dessas duas
reuniões públicas semanais, a entidade terá serviços outros de ordem privativa, em outros
dias da semana.
5 – O Grupo Espírita da Prece terá personalidade jurídica, com estatuto e diretoria, ou
existirá e funcionará em moldes diferentes?
– O Grupo Espírita da Prece terá personalidade jurídica, com estatuto e diretoria, nos moldes
habituais de nossas instituições, o que será providenciado em momento oportuno.
161 – DIREITOS AUTORAIS
6 – O Brasil inteiro sabe que o caro irmão nada usufrui do produto das vendas dos livros
psicografados, isso porque, os direitos autorais são cedidos. As cessões desses direitos
foram feitas sempre para as Editoras, ou, também, para quaisquer outras entidades?
- Os direitos autorais dos livros trazidos até nós por nossos Benfeitores Espirituais, por nosso
intermédio, foram sempre cedidos gratuitamente, seja às Editoras espíritas ou a quaisquer
outras entidades, sendo que freqüentemente as instituições a que nos referimos funcionam
ligadas aos respectivos institutos editoriais.
162 – ROMANCES MEDIÚNICOS
7 – Há muito tempo não transmitem os Espíritos, por seu intermédio, obras romanceadas.
Este ciclo já foi encerrado, ou pretendem os Amigos Espirituais, oportunamente, dar
continuidade à série “Paulo e Estevão”, “Há Dois Mil Anos”, “50 Anos Depois”, “Renúncia” e
“Ave Cristo”, autênticas pérolas da literatura histórico-mediúnica? Nossa pergunta tem por
objetivo atender indagações que nos são formuladas com bastante freqüência.
– O nosso trabalho tem sido sempre subordinado aos critérios específicos de Emmanuel, o
Benfeitor Espiritual que me vem caridosamente amparando desde 1931; no trabalho
mediúnico em que me encontro, creio que ele faz sempre o melhor no aproveitamento dos
escassos e estreitos recursos que, de minha parte, posso oferecer, dentro das limitações e
deficiências em que me vejo.
163 – OBRAS DE CARÁTER CIENTÍFICO
8 – Os Benfeitores Espirituais não têm produzido, ultimamente, obras de caráter científico,
como “Mecanismos de Mediunidade”, “Evolução em Dois Mundos”, “Pensamento e Vida”,
etc. Entendendo nós que Emmanuel supervisiona, no momento, a reformulação de suas
atividades perguntamos-lhes: Estarão em pauta, na planificação do nosso querido Instrutor
Emmanuel, livros científicos, para publicação oportuna, que atenderiam ponderável faixa de
leitores, ou o pensamento da Espiritualidade converge, atualmente, para a missão
evangelizadora do Brasil, segundo sua destinação de “Coração do Mundo e Pátria do
Evangelho”?
– A pergunta mostra sadio e belo otimismo dos nossos queridos companheiros da União
Espírita Mineira, e agradeço muito porque isso demonstra confiança e bondade dos caros
companheiros para com este pequeno servidor. Estou igualmente certo de que os nossos
Benfeitores Espirituais estarão traçando planos de trabalho os mais construtivos e
enobrecedores possíveis. No entanto, em meu caso pessoal, não posso iludir-me quanto às
minhas possibilidades sempre mais estreitas. Imaginemos um trabalhador usando uma
engrenagem com sessenta e cinco janeiros de formação e quarenta e oito de funcionamento
regular. Os programas da oficina em que esta máquina esteja podem ser os melhores,
entretanto, essa máquina, em si, não poderá ter fugido à lei do desgaste no campo material
da vida. Naturalmente que outras máquinas serão trazidas, em momento oportuno, aos
serviços que não devem e nem podem parar.
Estamos convencidos de que numerosos companheiros estarão em desenvolvimento na
mediunidade, nas áreas de nossa Renovadora Doutrina, e atenderão, de maneira
imprevisível para nós, os companheiros encarnados aos planos elevados de serviço que
forem traçados no Mais Alto, para o desdobramento das tarefas renovadoras de nossos
princípios com Allan Kardec interpretando Jesus. Quanto a mim mesmo, estarei onde sempre
estive, isto é, atualmente na condição de antigo feixe de imperfeições, nas mãos caridosas
dos Bons Espíritos, rogando a eles me auxiliem a fazer de mim o melhor que puderem, para
que eu seja o melhor que possa.
164 – NOVAS REVELAÇÕES DE ANDRÉ LUIZ
9 – E a série, extraordinária, de André Luiz? Será que, nesta nova fase, o querido ex-médico
terrestre que de “Nosso Lar” a “Libertação” descortinou fascinantes panoramas do Mundo
Espiritual, dará seqüência àquela maravilhosa série revelacionista, em que problemas
doutrinários foram amplamente desenvolvidos? Que nos diz de suas condições atuais para
esses novos e luminosos empreendimentos?
– Nesse sentido, sem qualquer propósito de fazer humor, lembro-me de um apólogo que me
foi contado por nossa querida Meimei. Uma lâmpada possante, que iluminava certa estrada,
entrou em complicações, apagando-se de repente, e foi enviada a conserto. Servidores do
trânsito, então, trouxeram ao lugar dela um pirilampo doente para que ele clareasse o
caminho. O pirilampo, assustado com as responsabilidades que lhe conferiram,
compreendeu que nunca seria a lâmpada, mas, consciente das necessidades e situações
complexas do momento, respondeu receoso: “Bem, eu farei o que puder.” Lembro-me disso
e pergunto aos queridos amigos da União: “que será de mim, que nem mesmo um vaga-lume
doente eu chego a ser?”
165 – MENSAGEM AOS ESPÍRITAS
10 – Querido Chico Xavier, todos nós que o amamos e compreendemos a transcendência da
obra de renovação que os Espíritos Superiores realizam por seu intermédio, embora sem
condições reais, sob o ponto de vista do entendimento, para penetrarmos-lhe o sentido
profundo, desejaríamos, com toda a força de nosso coração fazer algo em favor de sua
felicidade, da sua paz, do seu trabalho. Se lhe fosse dado, na oportunidade dessa entrevista,
pedir uma ou várias coisas aos espíritas brasileiros, o que pediria através das colunas de “O
Espírita Mineiro”, jornal que o querido amigo pode considerar seu, hoje, amanhã e sempre?
Consideraremos sua resposta por mensagem de seu coração ao coração da coletividade
espírita nacional.
– Queridos amigos, se algo posso dizer em resposta, devo afirmar que todos os
companheiros espíritas, sem nenhuma exceção, tenho recebido, constantemente, os mais
elevados testemunhos de carinho e auxílio, solidariedade e proteção. Nada poderia, de
minha parte, pedir à nossa querida família espírita-cristã do Brasil que tudo me proporciona
em benefícios incessantes para que eu trabalhe e seja feliz. Assim sendo, se algo posso
rogar aos nossos irmãos, peço a todos o apoio da prece, em meu favor, para que eu seja
reconhecido a eles todos e grato aos Amigos Espirituais que tanto me ampararam,
esperando que eu venha a errar menos e a acertar mais no desempenho de meus deveres.
E à querida União Espírita Mineira o meu “muito obrigado”, com o meu respeito e gratidão de
sempre.
( * ) Entrevista concedida em 2 de julho de 1975, em Uberaba (MG), e publicada no jornal “O
Espírita Mineiro”, de julho/agosto/1975, Belo Horizonte (MG), sob o título “União Espírita
Mineira pergunta, Francisco Cândido Xavier responde”.
FIM.