Nota do Blog: Apesar de estar integralmente apresentado. Esse livro ainda não está totalmente formatado nesse blog, para uma leitura mais prazerosa.
Caro Amigo (a):
Se você gostou desta obra e tem condições de comprá-la, faça, pois diversas instituições de
caridade recebem seus direitos autorais.
Deus a abençoe
Muita Paz
CHICO XAVIER / EMMANUEL
Vai para mais de um lustro, dirigimo-nos ao médium Francisco Cândido Xavier,
observando:
– Chico, dentro de alguns meses, terei material para formar um volume de Chico
Xavier, ele mesmo.
E o nosso amigo anotou:
– O que é isso, meu caro? Não existe Chico Xavier, ele mesmo. Se é que eu tenha
que existir, será Chico Xavier/Emmanuel, porque, de mim mesmo, em matéria de
edificação espiritual, nada posso subscrever de vez que o nosso benfeitor da Vida
Maior é que nos supervisiona a organização medianímica. Seria eu mais do que
ousado se lhe subtraísse o nome em qualquer expressão construtiva, que nos
saísse dos recursos verbais, seja no transe propriamente mediúnico, tanto quanto
em quaisquer outras circunstâncias.
Deixamos que o tempo corresse, e nunca mais nos referimos ao assunto com o
médium, até que, há poucas semanas, a direção do ANUÁRIO ESPIRITA, de
Araras, Estado de São Paulo, solicitou-lhe permissão para que se organizasse um
volume com algumas de suas entrevistas, todas ainda não lançadas em livro, e
algumas transmitidas em emissoras do interior mineiro e de S. Paulo, praticamente
inéditas para o restante do País.
Houve permissão pare o cometimento, desde que a volume fosse apresentado como
tarefa mediúnica, e eis agora o livro pronto, absolutamente pronto para estudo e
contentamento de todos nós, os leitores.
O índice de nomes e assuntos, ao final do volume, guarda a finalidade de orientar os
estudiosos da Doutrina Espírita, facilitando consulta rápida, sobre os mais variados
assuntos abordoados com rara felicidade.
As notas de rodapé, sucintas ao máximo, foram co-locadas com vistas à
documentação das peças que compõem o volume, fixando principalmente, as fontes
de publicação e os nomes dos entrevistadores.
FRANCISCO CÂNDlDO XAVIER, que desde 1932, após o lançamento do "Parnaso
de Além-Túmulo", vem sendo manchete de jornais e revistas brasileiros, e de muitas
publicações estrangeiras, nasceu em Pedro Leopoldo, Minas Gerais, a 2 de Abril de
1916. EMMANUEL, ao tempo de Jesus, se chamou Públio Lentulus e ao que se
sabe, foi a única autoridade que efetuou perfeita descrição dele, o Cristo, através de
célebre carta (1), publicada em numerosas línguas, autêntica obra-prima no gênero;
pessoalmente encontrou-o, solicitando-lhe auxílio na cura de uma filha enferma (2);
desencarnou em Pompéia, no ano de 79, vítima das lavas do Vesúvio, e anos
depois, reencarnou na Judéia, desenvolvendo-se-lhe grande parte da vida, em
defeso, já não mais sob a toga de orgulhoso senador romano e sim na estremenho
do modesto escravo Nestório, que, na idade madura, participava das reuniões
secretas dos cristãos nas Catacumbas de Roma (3).
Estamos informados de que foi ele próprio, EMMANUEL, o mentor espiritual que
todos respeitamos, que, em 18 de Outubro de 1517, em Sanfins, Entre-Douro-e-
Minho, Portugal, renasceu com o nome de MANOEL DA NÓBREGA (4), filho do
desembargador Baltazar da Nóbrega e sobrinho de um Chanceler do Pais, quando
reinava D. Manoel I, o "Venturoso“, para cumprir a excelsa missão de preparar com
outros missionários religiosos daquele tempo a fundação cristã do Brasil.
Inteligência privilegiada, ingressou na Universidade de Salamanca, Espanha, aos
dezessete de idade, e com vinte e um, inscreve-se na Faculdade de Cânones da
Universidade de Coimbra, freqüentando as aulas de direito canônico e de filosofia; a
14 de Junho de 1541, em plena mocidade, recebe a láurea doutoral, sendo, então
considerado "doutíssimo Padre Manoel da Nóbrega" pelo Doutor Martim Azpilcueta
Navarro.
E tão importante se torna a tarefa do primeiro escritor brasileiro, no dizer de Antonio
Soares Amora (5), em plagas brasileiras, que José Mariz de Moraes chega a afirmar:
"D. João III, Tomé de Souza e Nóbrega são os primeiros fundadores do Brasil : um
deu a lei, o outro o braço e o outro a fé, à Pátria menina e a menina de seus olhos"
(6). Com efeito, segundo o Padre Antônio Fernandes, SJ., "o Padre Manoel da
Nóbrega é o principal fundador de São Paulo. Foi ele quem estudou e escolheu o
local, quem se entendeu com João Ramalho, Tibiriçá e Caiubi, quem inaugurou ali a
catequese e a aldeia nova; quem nomeou o pessoal dirigente e docente do Colégio
e lhe designou o dia da abertura". (7)
Como sabemos, a fundação da Metrópole Nobreguense se deu a 25 de Janeiro de
1554. A propósito, pergunta o ilustre historiador paulista Tito Lívio Ferreira "Por que
teria Padre Manoel da Nóbrega escolhido esse dia para fundar a cidade de São
Paulo dentro de uma Escola, fato ímpar na História do Mundo? Porque 25 de janeiro
é o dia da Conversão do Apóstolo São Paulo. Nesse casa, é um ato deliberado de
sua vontade. E a homenagem prestada pelo discípulo ao mestre – ao mestre cuja
palavra, cujo entusiasmo, cuja ação, servem de modelo, norma e guia ao discípulo.
E a homenagem do universitário Manoel da Nóbrega ao universitário Paulo de
Tarso, numa sala de aula, dentro de uma Capela. E por isso mesmo sintetizei, neste
final de soneto por in escrito, esse momento glorioso da fundação da Metrópole
Nobreguense :
E assim Manuel da Nóbrega fundaste,
Sob o sinal de Cristo e numa Escola,
esta SÃO PAULO DE PIRATININGA." (8)
Para concluir nossas observações em torno do fundador de São Paulo, o grande
Estado que hoje mais lhe divulga as páginas enviadas do Além, pedimos vênia para
transcrever as palavras com que o historiador paulista a cuja autoridade recorremos
nestes apontamentos, encerra a obra citada : "Padre Manoel da Nóbrega fundara o
Colégio do Rio de Janeiro. Dirige-o com o entusiasmo de sempre. A 16 de outubro
de 1570, visita artigos e principais moradores. Despede-se de todos, porque está,
informa, de partida para a sua Pátria. Os amigos estranham-lhe os gestos.
Perguntam-lhe para onde vai. Ele aponta para o Céu. No dia seguinte, já não se
levanta. Recebe a Extrema Unção. Na manhã de 18 de outubro de 1570, no próprio
dia de seu aniversário, quando completava 53 anos, com 21 anos ininterruptos de
serviços ao Brasil, cujos alicerces construiu, morre o fundador de São Paulo. E as
últimas palavras de Manoel da Nóbrega são: "Eu vos dou graças, meu Deus,
Fortaleza minha, Refúgio meu, que marcastes de antemão este dia para a minha
morte, e me destes a perseverança na minha religião até esta hora". E morreu sem
saber que havia sido nomeado, pela segunda vez, Provincial da Companhia de
Jesus na Brasil, a terra de sua vida, paixão e morte. (9)
Sobre Chico Xavier, conquanto já existam várias obras a respeito de sua vida e obra
mediúnica, queremos apenas acrescentar o seguinte : depois de quarenta e cinco
anos de contínua atividade mediúnica, Chico Xavier é o mesmo dos primeiros dias,
no que tange à fidelidade a Jesus e a Allan Kardec; não obstante venha recebendo
mil e uma homenagens (10), principalmente após o lançamento da centésima obra
psicografada, de inúmeras comunidades brasileiras, ele permanece o mesmo Chico
Xavier dos tempos bicudos de perseguição aberta – humilde, dentro de sua
autenticidade de que sempre deu mostras, desde a mais tenra idade física, no atual
período reencarnatório; Chico Xavier, ele mesmo, inconfundível, profundamente
humano, apesar de viver na condição de ponte entre a Terra e a Espiritualidade
Superior; entusiasta do progresso tecnológico e das reivindicações sadias da
juventude, apaixonado pelas realizações da Ciência, defensor de todas as correntes
religiosas e ardoroso batalhador da Doutrina Espírita, constituindo-se em exemplo
vivo do Espírita evangélico por excelência, homem inter-existente, no dizer de
J.Herculano Pires (11).
Se o leitor conseguir alcançar os resultados positivos que atingimos com o
manusear dos originais da presente obra, damo-nos, editores e nós, por satisfeitos
com a nossa tarefa, rogando-lhe, porém, desculpas pelo senões que decerto
venham a existir ao longo de todo o livro, ao mesmo tempo que auguramos feliz
viagem através do território fértil das Entrevistas que ora lhe colocamos nas mãos.
ELIAS BARBOSA
Uberaba, 5 de Dezembro de 1971.
(1) Cf. Almerinda Rodrigues de Melo, “Para Conhecer e Amar Jesus”, 2.a edição,
1936, autorizada por D. Duarte Leopoldo e prefaciado por Carolina Ribeiro; e
Reynaldo Kunts Busch. “Padre Manoel da Nóbrega, Missionário e Educador”, São
Paulo, 1970, pág. 28 (2) Nota do próprio Emmanuel, em seu livro "Há Dois Mil
Anos”.
(3) Cf. Emmanuel, “50 Anos Depois".
(4) Informação do próprio Emmanuel, em vários comunicados através do médium
Xavier.
(5) “História da Literatura Brasileira”, Edição Saraiva, 1957, pág. 25, Apud Clóvis
Tavares, “Trinta Anos com Chico Xavier”, Edição Calvário, "o Paulo, 1967, pág. 209
(6) Apud Tito Lívio Ferreira, “0óbrega e Anchieta em São Paulo de Piratininga“
(Edição comemorativa do IV Centenário da Morte da Padre Manoel da Nóbrega),
Conselho Estadual de Cultura, São Paulo, (prefácio datado de maio de 1970), pág.
43.
(7) Idem, Ibidem, pág. 47.
(8) Tito Lívio Ferreira, Op. cit., pág. 47.
(9) Tito Lívio Ferreira, Op. cit., pág. 102. Além das 49 referências bibliográficas
citadas por Tito Lívio Ferreira, às págs. 105-106, ousamos acrescentar as seguintes,
para os estudiosos espíritas: Clovis Tavares, “Amor e Sabedoria de Emmanuel“,
Edição Calvário, São Paulo, 1970; Reynaldo Kunts Busch, "Padre Manoel da
Nóbrega, Missionário e Educador“, São Paulo, 1970.
(10) O povo de Pedro Leopoldo, sob o amparo da Câmara Municipal, em decisão de
27 de Outubro de 1971, quer prestar a Chico Xavier excepcionais homenagens em
praça pública, entusiasmado com a repercussão que obteve o "Pinga-Fogo" de 27-7-
71, na TV Tupi, Canal 4 de São Paulo, homenagens essas que o médium, sem
alterar o seu trabalho do dia-a-dia, agradeceu sem aceitar.
(11) Cf. J. Herculano Pires, "O Ser e a Serenidade" (Ensaio de Ontologia
Interexistencial), Edicel, São Paulo, MCMLXVI; e Irmão Saulo, "Diário de S. Paulo",
21-11-71, seção "Chico Xavier pede licença (Um Aparte do Além nos Diálogos da
Terra)", "Chico Xavier na PUC".
ASSUNTOS HUMANOS
(Entrevista concedida ao repórter Saulo Gomes da TV Tupi, canal 4, de São Paulo, em 6 de maio de 1968,
gravada na Comunhão Espírita Cristã, em Uberaba (MG). Foi ao ar, pela primeira vez, a 14 de maio, e após sua
apresentação inicial foi reclamada para exibição em quase todas as capitais de Estado. Nessa reportagem, pela
primeira vez no vídeo, o médium psicografou linda página de Emmanuel, intitulada "Auxiliarás por amor".
Transcrita do "Anuário Espírita", 1969.)
1 – OS ESPIRITOS E O ESPIRITISMO
P – Mestre Chico Xavier, como é que os espíritos consideram o Espiritismo? Como
uma Ciência experimental ou uma religião?
R – De início queremos agradecer aos nossos amigos da TV Tupi, canal 4, de São
Paulo, na pessoa de nosso caro entrevistador, Saulo Gomes, a atenção que nos
dispensa, proporcionando-nos, a alegria da presente visita à nossa Comunhão
Espírita Cristã, aqui em Uberaba. Desejamos, também, com a permissão dos
amigos, saudar e agradecer a atenção dos amigos telespectadores. Pedimos
licença, ainda, para falarmos do entusiasmo com que nosso entrevistador a nós se
referiu. Conhecemos nossa total desvalia e sabemos que as palavras do nosso caro
Saulo Gomes nascem da sua generosidade, por méritos que não possuímos.
Feita essa ressalva, confessamo-nos ante um inquérito afetivo muito sério, que nos
chama a grande responsabilidade, pois, entendemos estarmos diante de ouvintes
que procuram a verdade.
...Confesso que, antes de me sentar aqui para a entrevista, pedi aos nossos amigos
espirituais, especialmente ao nosso Emmanuel, que dirige nossas atividades
mediúnicas desde 1931, que me ajudassem, pois, não tenho o dom da palavra, e me
amparassem para que eu errasse o menos possível, nas respostas. Conto, assim,
com o perdão de todos.
Os nossos amigos espirituais nos afirmam que apesar do Espiritismo englobar
experimentações científicas valiosas para a Humanidade, devemos considerá-lo
como doutrina que revive a Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, interpretado
em sua pureza e em sua simplicidade para os nossos dias.
De nossa parte consideramos o Espiritismo como religião, em vista das
conseqüências morais que a Doutrina Espírita apresenta para a nossa vida e para o
nosso trabalho.
2 – MEDIUNIDADE E ESPÍRITOS SOFREDORES
P – Como é que o Espírito de Emmanuel, autor de tantos livros, considera as
manifestações exóticas de entidades caracterizadas por evolução, nitidamente
primária?
R – O nosso diretor espiritual considera a Doutrina Espírita como grande escola,
para os nossos espíritos encarnados na Terra.
Em vista disso, acha que a mediunidade deve ser examinada à parte da doutrina
como os cursos de um educandário são separados dos programas da escola em
que funcionam.
Assim, as manifestações de nossos irmãos que se caracterizam por evolução ainda
primitiva, são como as dos alunos primários da escola.
Há, porém, lugar para todos os que desejam estudar e conhecer as necessidades de
cada um diante do aprendizado.
Diz o nosso Emmanuel que um mestre eminente não despreza o aluno de cursos
primários, antes dá-lhe as mãos para que progrida.
Assim também é a Doutrina Espírita, devida-mente guardada e iluminada em seus
postulados e em suas lições.
Quanto às manifestações dos desencarnados, sejam eles quais forem – espíritos
sofredores, espíritos de evolução primária, espíritos em condições dolorosas na
mundo espiritual – todas encontram agasalho na Doutrina Espírita, da mesma forma
que o homem, esteja na meninice ou na madureza encontra apoio na escola quando
quer estudar buscando a própria iluminação.
3 – JUVENTUDE E LIBERDADE
P – Mestre Chico Xavier, como os espíritos amigos interpretam o fenômeno da
juventude de hoje, com as suas tendências libertárias?
R – Vamos agradecer ao nosso querido entrevistador Saulo Gomes a gentileza,
entretanto, é preciso que me explique acerca do título, porque estou muito longe de
ter mestria em qualquer ramo da atividade humana.
Sou apenas um companheiro, um servidor de todos, especialmente do nosso grande
amigo que nos entrevista neste momento.
Os nossos amigos espirituais costumam dizer que devemos acolher no coração a
mocidade atual, com as suas características e seus anseios de liberdade.
Esclarecem, mesmo, que a maioria dos jovens atualmente reencarnados conosco na
Terra, não se constituem de espíritos que procedam de faixas de evolução diferente
da nossa.
Em muitos casos, os jovens apresentam idéias, talvez caprichosas para nós outros –
os que já atingimos a madureza – mas, estamos nas vésperas do próximo século,
inicio do terceiro milênio.
Atravessamos uma época de transição em que as idéias de liberdade e de
renovação chegam até nós com um impacto muito grande.
Assim precisamos compreender a jovem-guarda como a nossa família necessitada
de orientação, de educação, como todos nós.
Precisamos estabelecer um acordo para que o jovem encontre apoio nos espíritos
amadurecidos e os espíritos amadurecidos encontrem, também, a compreensão da
chamada jovem-guarda.
“O moço pode e o mais velho sabe”; convém que a experiência esteja unida à
possibilidade de realização para que cheguemos, na Terra, ao verdadeiro progresso.
A jovem-guarda merece a nossa consideração, o nosso amor, como se toda ela
fosse constituída de filhos nossos, necessitados de amor, de assistência e de
orientação.
Todos nós, na juventude, também tivemos anseios de liberdade.
Hoje, damos graças a Deus por todos aqueles que nos ampararam e nos apontaram
o caminho, com paciência e com respeito, sem ferir, ou aumentar as nossas aflições
de alma e nossos propósitos de progresso e evolução.
4 – OS SUICIDAS
P – Na sua vida mediúnica, Chico Xavier, conheceu amigos suicidas reencarnados?
R – Alguns. Tendo começado a tarefa mediúnica em 1927, há quase 41 anos, tive
tempo suficiente para observar alguns casos e posso dizer que todos aqueles que vi
reencarnados, depois do atentado contra eles mesmos, traziam consigo os sinais, os
reflexos da leviandade que haviam perpetrado.
Contudo, devemos respeitar os suicidas como criaturas extremamente sofredoras
que, muitas vezes, perderam o controle das próprias emoções, raiando para o
desrespeito a si próprios.
Os resultados do suicídio acabam sempre impressos naqueles que o perpetram;
desse modo, a dois companheiros que se suicidaram com bala no ouvido – e que
revi, no espaço, depois de 10 anos – vi-os reencarnados na condição de crianças
retardadas num estado de extrema idiotia.
Outro companheiro que se suicidou, com o veneno, renasceu como uma criança que
trazia já o câncer na garganta, tendo desencarnado pouco tempo depois.
Os espíritos me explicaram que muitas vezes, o suicida, em se reencarnando como
que destrói os tecidos do novo corpo; a desencarnação, ou a morte propriamente
considerada, ocorre logo depois do nascimento ou algum tempo depois. Ai; então, o
espírito estará em condições de aprender quanto vale a vida; deseja viver, mas não
consegue, conseguindo, enfim, depois de grande esforço.
5 – SUICIDIO E SOFRIMENTO
P – Aproveitando a oportunidade de seu profundo conhecimento da matéria, nós
perguntamos: os espíritos acham que os sofrimentos do suicidas decorrem de um
castigo e Deus?
R – Não. Não decorrem de um castigo de Deus, porque Deus é a Misericórdia
Infinita, a Justiça Perfeita.
Emmanuel sempre me explica e outros amigos espirituais, lecionando sobre o
assunto também explicam, que, quando atentamos contra o nosso corpo, na Terra,
ferimos as estruturas do nosso corpo espiritual. Infringimos a nós mesmos essas
punições.
Se malbaratamos o crânio com um tiro, estamos destruindo determinados recursos
do nosso cérebro espiritual; se nos envenenamos, perturbamos determinados
centros de nossa alma; se nos projetamos de grande altura, estamos, também,
perturbando os ligamentos, as estruturas, as conexões de nosso corpo espiritual e
permanecemos no além com os resultados do suicídio para depois, ao
reencarnarmos na Terra, trazermos as conseqüências em nosso próprio corpo.
6 – OS AVARENTOS E A MISSÃO DO DINHEIRO
P – Nosso Chico Xavier, nós variamos muito no estilo das perguntas porque
sabemos que é necessário e oportuno levar ao grande público uma autêntica lição,
principalmente, de humanidade. Daí, então, a pergunta que se faz agora: Como é
que o mundo espiritual encara a situação dos avarentos na Terra?
R- Os Avarentos, os sovinas, realmente são espíritos doentes. Emmanuel costuma
dizer: a criatura que amontoa, amontoa e amontoa os recursos materiais, se nenhum
proveito no trabalho, na educação, na beneficência, no socorro em favor dos
semelhantes, está desequilibrada.
Quem assim procede está doente e, de certa, na próxima reencarnação enfrentará o
resultado desse desvio da realidade.
Os espíritos amigos consideram o dinheiro como sendo o sangue da sociedade;
quando colocamos o dinheiro, simplesmente a um canto, sem programa, só para
que funcione em proveito dos nossos caprichos, estamos operando no organismo
social aquilo que chamamos “trombose” na circulação do sangue. Impedindo a
circulação vamos pagar as conseqüências do nosso ato impensado.
Não podemos de maneira nenhuma – dizem os nossos amigos espirituais –
condenar o dinheiro ou desfigurar a missão do dinheiro, a pretexto de que nossos
irmãos abastados estejam em condições de felicidade maiores que as nossas.
Devemos compreender os que desfruta a riqueza material como administradores
dos bens de Deus. E tantos deles, mas tantos deles, se fazem nossos benfeitores
criando trabalho, estimulando a caridade, auxiliando a educação, fundando escolas,
protegendo crianças desamparadas, salvando enfermos desprotegidos.
Precisamos valorizar os companheiros que são portadores da fortuna material,
cooperando com eles para que possam administrar bem esses recursos, pois são
profundamente responsáveis diante do Senhor, como também, aqueles nossos
irmãos pobres, que são mais pobres, vamos dizer assim porque todos nós somos
ricos diante de Deus.
Hoje, damos graças a Deus por todos aqueles que nos ampararam e nos apontaram
o caminho, com paciência e com respeito, sem ferir, ou aumentar as nossas aflições
de alma e nossos propósitos de progresso e evolução.
Deus nos fez a todos ricos de saúde, ricos de força, de esperança e de fé. A palavra
“pobre” é um tanto imprópria para nossa conservação, digamos, os que estão em
penúria material, mas que são humildes diante de Deus, pois não adianta também a
penúria material quando nós estamos num estado de inconformação, de rebeldia.
Os mais ricos e os menos ricos são irmãos diante de Deus e nós devemos valorizar
os portadores do dinheiro.
7 – DIREITOS AUTORAIS
P – A quem pertence os direitos autorais destas dezenas de livros psicografados,
muitos deles desde 1932?
R – Todos estes livros estão com as direitos doados às instituições espíritas do
Brasil que os editam; em maior número com a Federação Espírita Brasileira, sediada
na Guanabara, e na Comunhão Espírita Cristã, sediada em Uberaba. Os direitos
autorais pertecem a essas instituições e a outras instituições espíritas que os
publicaram.
8 – O SALÁRIO DA MEDIUNIDADE
P – Então quem trabalha tanto e trabalhou tanto até agora, nada recebe pelo seu
trabalho?
R – Graças a Deus, nunca entrou em nossas cogitações receber qualquer
remuneração pelos livros psicografados, que os nossos amigos espirituais
consideram como sendo um depósito sagrado.
Mas é preciso que eu me explique. Tenho tido uma compensação muito maior que
aquela que pudesse vir ao meu encontro através do dinheiro: é a compensação da
amizade.
O Espiritismo e a mediunidade trouxeram-me amigos tão queridos, que me
dispensam tanto carinho, que eu me considero muito mais feliz com estes tesouros
do coração, como se tivesse milhões à minha disposição.
9 – A CIDADE "NOSSO LAR"
P – O Espírito de André Luiz descreveu experiência de sua vida na condição de
desencarnado, numa cidade espiritual em seu livro, exatamente este que aqui está,
traduzido para o japonês ("Nosso Lar"). Como médium o senhor pode atestar
cidades como esta, fora do plano terrestre?
R – Eu não posso transferir a minha certeza àqueles que me ouvem, mas posso
dizer que, em 1943, quando o espírito de André Luiz começou a escrever por nosso
intermédio senti grande estranheza com o que ele ditava e escrevia.
Certa noite, tomadas as providências necessárias, segundo a orientação de
Emmanuel, ele próprio e André Luiz me levaram a determinada parte, a determinado
bairro da cidade de “Nosso Lar”. Posso dizer que fui em desdobramento espiritual na
chamada zona hospitalar da cidade. Foi para mim uma excursão espiritual
inesquecível, como se eu desfrutasse os favores de um espírito liberto.
Mas, eu preciso explicar aos telespectadores que fui em função de serviço,
naturalmente, assim como um animal – no tempo em que não tínhamos automóvel,
locomotiva e avião – um animal que servia a professores para determinados tempos
de viagem.
Vi muita coisa maravilhosa sem compreender tudo ou entender muito pouco, porque
fui em função de serviço, não por mérito.
10 – IMPRESSÕES NO TRANSE MEDIÚNICO
P – Quais as suas impressões quando está psicografando um dos romances de
Emmanuel ou um livro de André Luiz, por exemplo?
R – Em verdade eu não sei as palavras, não tenho conhecimento do
desenvolvimento verbal daquilo que o amigo espiritual está escrevendo, mas eu me
sinto dentro do clima do livro que eles estão escrevendo.
Por exemplo: quando nosso amigo espiritual, Emmanuel, começou a escrever o livro
“Há dois mil anos”, em 1938, comecei a ver uma cidade, depois vim a saber que era
Roma. Havia jardins na cidade e aquilo me conturbou um pouco, causou-me um
certo assombro.
Tendo perguntado, disse-me que estava escrevendo com ele como com alguém
debaixo de uma “hipnose branda”; eu estava no seu pensamento conquanto não
soubesse as palavras que ele escrevia. E assim tem sido até hoje.
11 – AS MORTES SÚBITAS
P – Mestre Chico Xavier – perdoe que insista chamando assim – como os espíritos
encaram o problema das mortes repentinas para uns, e das mortes precedidas de
duros sofrimentos para outros?
R – Os amigos espirituais têm me ensinado, nestes 40 anos de trabalho mediúnico,
que no mundo espiritual, todos os nossos amigos se esmeram
para que tenhamos, na Terra, o máximo de tempo no Corpo.
Há casos em que as longas moléstias são abençoadas preparações do nosso
espírito para a vida maior.
As mortes repentinas, as desencarnações improvisadas, quase sempre são
provações e, às vezes, ocorrências inevitáveis no mapa de trabalho trazido pelo
espírito, ao reencarnar.
Mas, estejamos convencidos de que as longas moléstias são abençoados cursos
preparatórios para que nos libertemos de muitos caprichos e muitos hábitos que
pertencem à vida física, mas sem significação na vida maior.
12 – FRATERNIDADE REAL
P – Chico Xavier, tem algum fato em sua experiência mediúnica que o tenha
obrigado a pensar mais seriamente na fraternidade humana?
R – Todas as mensagens que temos recebido durante o tempo de nossas singelas
atividades na seara mediúnica, nos impelem a compreendermos a necessidade de
esforço para que cheguemos à fraternidade, sentida, mas respeitando o tempo dos
telespectadores, e pedimos sua permissão, lembraremos aqui um fato, de muita
significação, que ocorreu em minha vida.
Creio, não deveria levantar qualquer lance autobiográfico, mas é preciso que recorra
a um deles para explicar a lição que recebi.
Em 1939, desencarnou-se um de meus irmãos, José Cândido Xavier, deixando sob
nossa responsabilidade, a viúva com dois filhinhos.
A viúva de meu irmão era uma moça extraordinária, humilde e bondosa.
Em 1941, ela foi acometida de grave distúrbio mental.
O assunto é longo e vou resumir para que não venhamos a tomar muito tempo.
Depois de alguns meses em que a viúva de meu irmão – que sempre consideramos
nossa irmã muito do coração – estava conosco em casa, doente, o caso agravou-se
requerendo internação numa casa de saúde mental, o que foi providenciado em Belo
Horizonte, com o auxílio de médicos amigos, da cidade de meu nascimento – Pedro
Leopoldo – perto da capital de Minas Gerais.
Acompanhei minha cunhada, a quem sempre dispensei muita consideração e
carinho e, ao interná-la na casa de saúde mental, observei o estado de muitos
enfermos que ali estavam, naturalmente, abrigados, com muita segurança, proteção
e assistência.
Voltei para casa com o coração muito abatido. Era noite. O segundo filho de minha
cunhada, com meu irmão, era uma criança paralítica. A criança chorava e eu me
enterneci muito ao ver o pequenino sem a presença materna. Sentei-me e comecei
a orar.
As lágrimas vieram-me aos olhos, ao lembrar meu irmão desencarnado muito moço
ainda, a viúva tão cedo também, numa prova tão difícil! Na incapacidade de dar a
ela a assistência precisa, senti que minha dor era muito grande!
Achegou-se, então, a mim, o Espírito de nosso amigo Emmanuel. Perguntou-me
porque chorava. Contei-lhe que, naquela hora eu me enternecia muito por ver minha
cunhada numa casa de saúde mental em condições assim precárias.
– Não! disse ele – você está chorando por seu orgulho ferido; você, aqui, tem sido
instrumento para cura de alguns casos de obsessão, para a
melhoria de muitos desequilibrados. Quando aprouve ao Senhor, que a provação
viesse debaixo de seu teto, você está com o coração amargurado, ferido, porque foi
obrigado a recorrer à assistência médica o que, aliás, é muito natural. Uma casa de
saúde mental, um sanatório, um hospício, é uma casa de Deus. Você não deve ficar
assim.
Disse-lhe, então, que concordava e pedi-lhe como espírito benfeitor, que trouxesse a
minha cunhada de volta ao lar, pois a criança, o seu segundo filho era paralítico e
aquele choro atestava a falta que o pequenino sentia dela.
Ela voltaria – afirmou-me. Mas aquele “Ela voltaria” poderia ser depois de muito
tempo – o que de fato aconteceu só depois de dois anos.
– Eu queria que ela voltasse depressa – disse a ele impaciente.
– Imaginemos a Terra – respondeu-me – como sendo o Palácio da Justiça, e ela
como sendo uma pessoa incursa em determinada sentença da justiça. Eu sou seu
advogado e você é serventuário no Palácio da Justiça. Nós estamos aqui para
rasgar ou cumprir o processo?
– Para cumprir – respondi. Continuei, porém, chorando por observar o assunto ser
mais grave do que pensava.
– Por que você continua chorando? – disse ele.
Querendo me agastar, muito indevidamente, porque a minha atitude era
desrespeitosa, diante de um amigo espiritual tão grande e tão generoso, disse-lhe:
– Estou chorando porque, afinal de contas, o senhor precisa saber que ela é minha
irmã!
– Eu me admiro muito – respondeu-me – porque, antes dela, você tinha lá dentro
naquela casa, trezentas irmãs e nunca vi você ir lá chorar por nenhuma. A dor
Xavier não é maior que a dor Almeida, do que a dor Pires, do que a dor Soares, a
dor de toda a família que tem um doente. Se você quer mesmo seguir a doutrina que
professa, ao invés de chorar por sua cunhada, tome o seu lugar ao lado da criança
que está doente, precisando de calor humano. Substitua nossa irmã, exercendo,
assim, a fraternidade. – Foi uma lição que não posso esquecer!
13 – MEDIUNIDADE E SERVIÇO
P – Compreendendo que, Chico Xavier, começou você com a mediunidade em
1927, como consegue perseverar com a mesma idéia no espaço dos últimos 41
anos?
R – Desde o princípio da mediunidade, os espíritos me habituaram à convivência
com eles. Acredito que isso ocorreu dessa convivência pois, desde os cinco anos de
idade, quando perdi minha mãe no plano material, sinto-me em contacto com os
espíritos desencarnados.
A princípio na Igreja Católica e depois, mais tarde, desde 1927, no Espiritismo
propriamente considerado.
Creio que foi a convivência com os amigos espirituais. Eles – como por misericórdia
– me controlaram, me ajudaram a compreender a obrigação de atendê-los.
Desse modo, essa perseverança não é devida a mim mas à influência deles.
14 – RESPEITO MÚTUO
P – Francisco Cândido Xavier, médium Chico Xavier, como os chefes da Igreja
Católica o vêem, o entendem, o compreendem?
R – Até os quinze, dezesseis anos de idade, estive nas práticas católicas e encontrei
na pessoa dos sacerdotes grandes amigos.
Em 1927, quando me afastei das práticas católicas e despedi-me daquele que era
um particular amigo, o padre Sebastião Scarzelli, pedi que me abençoasse, que
orasse por mim e pedisse à nossa Mãe Santíssima que me abençoasse. Ele
prometeu-me que faria isso porque sabia dos meus conflitos interiores, das minhas
dificuldades.
Todos os nossos amigos católicos, também, sempre me trataram com muito respeito
e só tenho a agradecer-lhes pela bondade com que me tratam até hoje, tanto em
Pedro Leopoldo, onde nasci, como aqui em Uberaba, onde estou praticamente há
dez anos, vinculado à família uberabense, da qual recebo as maiores provas de
estima e bondade, de católicos e profitentes de outras religiões.
15 – AS VIAGENS AO EXTERIOR
P – Chico Xavier, homem que representou o Brasil noutros países, nós concluímos
pedindo apenas que nos diga os países que já visitou para participar de trabalhos
sérios, importantes, bem à altura de seu gabarito e da sua seriedade.
R – Creio que visitei estes países do exterior por acréscimo da misericórdia da
Providência Divina, pois, realmente, não tenho títulos nem merecimentos para
viagens culturais.
Em 1965, recebemos, convite para irmos aos EE. UU. a fim de estudarmos a
possibilidade, com alguns amigos, brasileiros e norte-americanos, de se instalar na
grande nação irmã, um núcleo de estudo do Espiritismo Kardequiano. Pude estar
com nossos amigos como o nosso grande companheiro Mister Haddad, Mister
Harrison e outros.
Da América do Norte fomos convidados a visitar algumas atividades espíritas na
Inglaterra, tendo sido recebido, ali, com muito carinho pela grande jornalista e
escritor inglês, Mister Maurice Barbanell.
Da Inglaterra, aproveitando a oportunidade, pois estávamos em uma equipe de três
companheiros, passamos, então de volta, alguns dias na França, visitando
instituições espíritas no sul e em Paris, para depois, passarmos alguns poucos dias
na Itália, Espanha e Portugal.
PROCURANDO A VERDADE
( Entrevista gravada pela TV Tupi, canal 4, de São Paulo, realizada pelo repórter Saulo Gomes com o
médium Chico Xavier na Comunhão Espírita Cristã, Uberaba (MG), a 5 de agosto de 196S. Transcrita
do "Anuário Espírita", 1969.)
16 – JOÃO BOIADEIRO: CAUSA MORTIS
P – Que opinião deram os amigos espirituais sobre a causa da morte de nosso João
Boiadeiro, o primeiro doente que recebeu transplante de coração no Brasil?
R – A esse respeito ouvi particularmente dois amigos, médicos desencarnados, o Dr.
Adolfo Bezerra de Menezes e nosso amigo André Luiz, que foi médico muito distinto
no Rio de Janeiro. Os dois guardam a mesma opinião geral, informando que o
problema é de rejeição. Portanto, um ponto coincidente com aquele assinalado por
todos os grandes mestres, como Zerbini, especialmente, nosso médico brasileiro.
17 – OS TRANSPLANTES E A SUA SEGURANÇA
P – Os mesmos amigos espirituais, no caso, apresentam alguma idéia para
segurança e êxito na operação desta natureza?
R – Esses dois amigos nossos, nos disseram que, por enquanto, é impossível que a
Ciência determine a causa destas dificuldades – não vamos dizer fracassos –
porque a causa de tudo isso remonta ao corpo espiritual, e não podemos exigir que
a Ciência abrace afirmativas nossas, sem experimentação positiva. Mas a Ciência
vencera o problema.
O Dr. Bezerra de Menezes, que é um grande médico na Espiritualidade Maior, diz
que precisamos considerar o problema, por uma questão de deontologia medica, em
dupla face: o problema do doador e do receptor.
Diz ele que a Ciência Médica aperfeiçoara os processos da chamada ressuscitação
cardio-pulmonar-externa, através de massagens mais aperfeiçoadas e equipamento
elétrico seguro para a defesa do doador. Feito esse trabalho de defensiva, o eletro
encefalograma assinalará o silêncio cerebral, ocorrido com a desencarnação.
Passamos, então, ao problema da vitória para o receptor. Diz ele que, não podemos
esquecer, a Ciência Médica contornará o problema com os recursos imunológicos
mais perfeitos e talvez com o concurso da hipnose com orientação científica, que
poderá colaborar muito a Benefício do êxito do receptor.
Ele acrescenta, porem, que uma ala muito grande da medicina, com muita
propriedade e segurança de atitude, pugna pelo fabrico de órgãos de plásticos e que
isso é um problema a ser considerado com urgência para benefício de todos, porque
à medida que progredirmos na indústria, vamos dizer, de órgãos de plásticos, nós
poderemos diminuir o problema da angústia no campo dos doadores.
18 – A NATURALIDADE DOS TRANSPLANTES
P – Seria esta, portanto, mestre Chico Xavier, a opinião dos amigos espirituais
acerca dos transplante de órgãos
R – Justamente. Eles dizem que isso é um problema da Ciência muito legítimo;
assim, como nós utilizamos o motor de um carro, com os demais implementos
estragados, num outro carro que esteja com seus implementos perfeitos mas com o
motor inutilizado.
Não podemos comparar o homem com o automóvel, mas podemos adotar o símile
para compreender que o transplante de órgãos é muito natural e deve ser levado
adiante.
P – Os espíritos acreditam que o transplante de órgãos seja contrário às leis
naturais?
R – Não. Eles dizem que, assim como nós aproveitamos uma peça de roupa, que
não tem utilidade para determinado amigo, e esse amigo, considerando a nossa
penúria material, nos cede essa peca de roupa, é muito natural, ao nos
desvencilharmos do corpo físico, venhamos a doar os órgãos prestantes a
companheiros necessitados deles que possam utilizá-los com segurança e proveito.
19 – TRANSPLANTES E CORPO ESPIRITUAL
P – Há uma pergunta que nós queremos ler com muita atenção. Mestre, dizem os
espíritos que o corpo físico é uma duplicata do corpo espiritual; no transplante do
coração não haverá um choque entre a existência do órgão que permaneceu no
corpo astral ao lado do que foi substituído?
R – Por isso mesmo que o nosso amigo André Luiz considera a rejeição como um
problema claramente compreensível, pois o coração do corpo espiritual está
presente no receptor. O órgão astral, vamos dizer assim, provoca os elementos da
defensiva da corpo, que os recursos imunológicos em futuro próximo, naturalmente,
vão sustar ou coibir.
20 – O FENOMENO DA MORTE E A SITUAÇÃO DO DOADOR
P – Que pensar da situação do doador de órgãos, no momento da morte, uma vez
que seu instrumento físico se viu despojado de parte importante?
R – E o mesmo que sucede com uma criatura que cede seus recursos orgânicos a
um estudo anatômico, sem qualquer repercussão no espírito que se afasta – vamos
dizer, de sua cápsula material.
O nosso amigo André Luiz considera que, excetuando-se determinados casos de
mortes em acidentes e outros casos excepcionais, em que a criatura necessita
daquela provação, ou seja, o sofrimento intenso no momento da morte, esta de um
modo geral não traz dor alguma porque a demasiada concentração do dióxido de
carbono no organismo determina anestesia do sistema nervoso central, diz ele.
Estou falando como médium, que ouve esses amigos espirituais; não que eu tenha
competência médica para estar aqui, pronunciando-me em termos difíceis.
Eles explicam que o fenômeno da concentração do gás carbônico no organismo
alteia o teor da anestesia do sistema nervoso central provocando um fenômeno que
eles chamam de acidose. Com a acidose vem a insensibilidade e a criatura não tem
estes fenômenos de sofrimento que nós imaginamos.
O doador, naturalmente, não tem, em absoluto, sofrimento algum.
21 – O TRABALHO MÉDICO E OS ESPIRITOS
P – Os espíritos, por acaso, Mestre Chico Xavier, auxiliam doadores e receptores de
órgãos, bem assim como as equipes cirúrgicas que se empenham em tão duras
tarefas?
R – Auxiliam e muito. Os espíritos amigos deixem que a missão do médico se
reveste de tamanha importância que, ainda mesmo o médico absolutamente
materialista está amparado, pelas forças do mundo superior, a beneficio da saúde
humana.
Nós não podemos esquecer, também, que outros médicos que desencarnaram na
Terra, passam a estudar a medicina em outros aspectos, em aspectos mais
evoluídos, na mundo espiritual, e se reencarnam com determinadas tarefas.
Há tempos ouvi o Espírito de um médico amigo, que conheci muito em Belo
Horizonte, e que era devotado à cancerologia. Ele informou-me que, no espaço, está
estudando a cancerologia desdobrada em outros aspectos e outros fenômenos,
pretendendo se reencarnar dentro em breve tempo, para estar conosco, em
princípios do século futuro, aperfeiçoando as técnicas e estudos da cancerologia na
Terra.
22 – A MORTE DO DOADOR
P – Qual a situação de um doador de órgãos após a intervenção cirúrgica, Chico
Xavier, uma vez constatada sua desencarnação?
R – É uma situação pacifica, porquanto, o fenômeno é igual ao daqueles amigos
nossos, às vezes jovens que serão, amanhã grandes médicos, grandes anônimos,
benfeitores da Humanidade, que cedem suas vísceras a uma sala de anatomia para
benefícios dos cientistas.
23 – DOADOR E RECEPTOR NO PLANO ESPIRITUAL
P – Podemos imaginar um possível encontro entre doador e receptor de órgãos no
mundo espiritual – Mestre Chico – como por exemplo, no caso do operário Luiz
Ferreira Barros e do boiadeiro Jorro Ferreira da Cunha, agora, também
desencarnado?
Acreditamos que eles ganharam, com isso, um mundo de vibrações simpáticas e o
reconhecimento, que nós todos devemos a esses dois pioneiros, porque nós não os
consideramos como mortos, mas, sim, como espíritos eternos.
24 – SOBREVIDA
P – Os espíritos falam que uma pessoa que esteja sofrendo agora, está resgatando
faltas do passado; no caso de um transplante de órgãos, como este, terá obtido, o
enfermo um novo merecimento?
R – Perfeitamente. Acreditamos, com segurança que os dois se encontraram e
devem desfrutar, entre os amigos espirituais, de uma posição de muita simpatia,
pois ambos serviram, no Brasil, para uma experiência demasiadamente importante
para a Ciência do nosso país.
No caso da receptor, sim. Ele terá adquirido uma sobrevida, determinando moratória
de extraordinário valor para ele.
O nosso amigo, que foi beneficiado em S. Paulo viveu, segundo notícias que temos,
30 dias, não sei bem.
Mas, é uma sobrevida extraordinária para uma criatura que tem muitos negócios,
muitos assuntos a realizar e com um mês, com vinte dias, pode solucionar enormes
problemas e partir com muita serenidade, muita alegria, para o mundo espiritual.
P – E no caso – eu peço licença para fazer um desdobramento desta pergunta –
daquele que não tem muitos negócios, como no caso de João Boiadeiro?
R – Nós devemos considerar este homem como um amigo, um benfeitor da
Humanidade, que serviu para nós todos, como modelo para uma experiência
aproveitável para as criaturas de grandes negócios, que interferem no destino de
muita gente.
25 – IMPRESSÃO DEPOIS DA MORTE
P – Chico Xavier, não sabemos se esta pergunta está prejudicada: de modo geral,
qual será a primeira impressão da criatura humana, na ocasião precisa da morte?
R – Para todos aqueles que terminaram a existência terrestre com uma consciência
tranqüila, limpa, conquanto os muitos erros em que todos nós incorremos nesta
existência, a impressão no outro mundo é de profunda alegria, de felicidade mesmo,
no reencontro com as pessoas queridas que nos antecederam na grande
transformação. Mas, quando nós malbaratamos os patrimônios da vida, quando não
consideramos as nossas responsabilidades, é natural que soframos as
conseqüências disso no mundo espiritual, antes de voltarmos, naturalmente à Terra,
em novo renascimento, para o resgate que se faz jus.
26 – DESDOBRAMENTO ESPIRITUAL E L.S.D.
P – As impressões logo depois da morte terão alguma semelhança com o chamado
desdobramento espiritual da pessoa viva, e tem você ainda, Chico Xavier, alguma
experiência com o espírito fora do corpo e os efeitos do ácido lisérgico?
R – A experiência do desdobramento espiritual é muito semelhante à da
desencarnação. Pelo menos o que tem ocorrido comigo e segundo as instruções
dos amigos espirituais, há muita semelhança do desdobramento mediúnico com o
fenômeno da desencarnação.
Quanto aos efeitos do ácido lisérgico, devo dizer, que propriamente neste mundo
não tive nenhuma experiência dessa natureza. Mas, em Outubro de 1958, ouvi, pela
primeira vez, referência à mesclá-la, ao ácido lisérgico.
Aconteceu que um determinado dia – não me lembro qual, precisamente, no
calendário – amanheci com larga dose de pessimismo; um espírito de indisciplina,
de intemperança mental, acreditando que não era uma pessoa feliz, observando
cada dificuldade como se tivesse uma lente nos olhos para aumentá-las em todos os
sentidos.
Perguntei ao Espírito de Emmanuel, que nos dirige há muitos anos, se eu poderia ter
uma experiência desta com amigos de Belo Horizonte. Ele me disse que eu não
precisava ter essa experiência e que, me facultaria um ensinamento, nesse sentido,
na primeira oportunidade.
Quando foi à noite, vi-me no desdobramento fora do corpo. Emmanuel se aproximou
de mim informando que iria fazer a experiência desejada.
Colocou uma bebida branca num copo – naturalmente em outro estado de matéria –
e disse-me que aquele líquido era um alcalóide que iria me facultar experiência
semelhante à que se tem com o ácido lisérgico.
Depois que bebi aquela bebida, que era um tanto quanto amarga, comecei a me
sentir muito mal, senti que estava entrando num pesadelo, vendo animais
monstruosos em torno de mim, vendo criaturas de interpretação difícil, cenas muito
desagradáveis, e acordei com a impressão de muito mal-estar, passando um dia
terrível.
Em Outubro, na minha terra, comumente, temos muita bruma seca e vi, então, o Sol
como se fosse uma fogueira incendiando o céu e a bruma seca como se fosse a
fumaça daquela fogueira. Tudo me irritava, tudo me descontrolava.
à noite, então, ele me informou que na experiência que estava tendo e desejava, o
alcalóide não fez senão aumentar os recursos que estava alimentando na minha
mente. A bebida alterou minhas percepções e estava tendo resultado: vendo por
fora de mim o que estava acontecendo dentro de mim.
Com o espírito aflito, porque a situação era muito desagradável, pedi instruções para
readquirir minha tranqüilidade. Mandou-me que orasse, procurasse recolher-me ao
silêncio e não falasse, e procurasse lugar onde praticar o bem para adquirir
vibrações de alegria.
Comecei a visitar doentes desamparados; procurar vibrações de simpatia aqui e ali,
e durante uns cinco dias estive trabalhando por me desfazer daquele estado terrível
da minha mente, que não era um estado muito longe da alienação mental. No sexto
dia, melhorou. Aquela nuvem passou e adquire otimismo, compreensão da vida e
paz de espírito.
À noite, ele informou-me que eu iria ter a mesma experiência, iria beber o mesmo
alcalóide do mundo espiritual, semelhante ao da Terra. Tornei aquela bebida de
gosto amargo e o meu otimismo se transformou numa expressão de alegria
profunda, numa embriaguez de felicidade.
No outro dia tive sonhos maravilhosos, como se estivesse numa cidade de cristal,
como se o céu fosse todo de vidro e qualquer luz se refletia em muitos ângulos.
Acordei feliz. Fui para a repartição e o meu chefe de serviço tinha para mim
expressão angélica. Os meus companheiros estavam todos nimbados de uma luz
que eu não podia explicar. Os livros pareciam encadernados por pedras preciosas.
As plantas e os animais tinham luz. Eu me sentia com aquele anseio de comunhão,
aquela vontade de abraçar as pessoas, coma se todas fossem minhas e eu
pertencesse a elas, sem nenhuma idéia de sexo, mas uma idéia, um desejo de
transubstanciação, de transmutação nos outros seres.
Durante uns quatro dias estive assim, naquele estado de alegria anormal. Ele, então,
me disse:
– Você também está vendo seu estado mental aumentado pelo alcalóide. Está
vendo seu próprio mundo íntimo fora de você. Quero, então dizer-lhe que é preciso
ter muito cuidado, porque o cérebro terrestre está condicionado a guiar a nossa
mente para os assuntos alusivos à vida humana. Nós não podemos estar nem muito
à frente, nem muito na retaguarda. O cérebro está condicionado para guardar-nos
em equilíbrio, a fim de que possamos suportar a carga dos acontecimentos da vida,
das provas de que necessitamos.
Explicou-me, então, que a criatura, conforme seu estado mental, traz para si mesma
os próprios reflexos.
Se a pessoa está muito triste, muito pessimista e toma ácido lisérgico, cai numa
condição temível e não se sabe quais serão as conseqüências.
Se ela está muito otimista, pode cair num problema de irresponsabilidade. É um
estado maravilhoso, mas é um estado de embriaguez incompatível com a nossa
necessidade de lutar com os nossos problemas humanos, com os nossos deveres.
Nós estamos aqui para cumprir obrigações. Não estamos aqui para gozar de um céu
imaginário, nem para fantasiar um inferno que devemos evitar.
Chegamos à conclusão de que o acido lisérgico, ou um alcalóide qualquer, ou
produto sintético que provoque estas sensações, são de resultados ruinosos se a
Ciência não entra no assunto.
27 – DROGAS ALUCINÓGENAS, LOUCURA E OBSESSÃO.
P – Portanto, nós perguntamos: as drogas que produzem estes desequilíbrios
temporários podem ser responsáveis por loucura ou obsessão?
R – A esse respeito o nosso André Luiz tem conversado muitas vezes comigo,
naturalmente, tentando vencer a minha ignorância de criatura sem recursos
acadêmicos, para dar à sua palavra a interpretação necessária.
Os Espíritos amigos, representados na sua pessoa, nos dizem que não só a viciação
pelo acido lisérgico, ou por um outro alcalóide qualquer, opera a viciação de nossa
vida mental.
Quando entramos pela delinqüência, quando caminhamos pelas vias da
criminalidade, adquirimos distúrbios muita sérios para a nossa vida espiritual.
Toda a vez que ofendemos a alguém estamos dilapidando a nós mesmos, porque
estamos conturbando o mundo harmonioso em que se processa a nossa vida; assim
é que muitos espíritos, muitas pessoas amigas desencarnadas que tenho visto em
sofrimento no mundo espiritual, ao reencarnar-se, o faz em condições mentais
precárias, encontram-se em muitos graus de alienação mental, em muitos graus de
enfermidade.
André Luiz me diz que a nossa mente na vida natural libera substâncias químicas
necessárias à preservação da nossa paz, no cumprimento dos nossos deveres na
Terra. Porém, quando nós conturbamos o binômio alma – corpo, caímos em
problemas espirituais muito difíceis.
Assim é que muitos fenômenos da loucura e da obsessão, diz André Luiz, são
atribuíveis à liberação anormal das catecolaminas, da medular da supra-renal, tanto
quanto dos seus depósitos outros no organismo e, assim conseqüentemente, de
seus produtos de metabolização, como sejam, a adrenolutina e o adrenocromo, cuja
ação específica, interferindo na distribuição da glicose no cérebro, determina
alterações sensoriais muito grandes, alterações estas que serão estudadas, com
segurança pela medicina psicossomática do futuro.
Emmanuel, que entra como um grande evangelizador, diz que, por isso mesmo,
Jesus afirmou: “o reino de Deus está dentro de vós”. Mas assim como o reino de
Deus está dentro de nós, o reinado temporário do mal, ou das trevas, está também
dentro de nós, quando nos afeiçoamos às trevas. E, acrescenta, às relações de
Ancore Luiz, que “a Ciência e a Religião são as duas forças propulsoras e
mantenedoras do equilíbrio na Terra.
Sem a Ciência o mundo se converteria numa selva primitivista, sob o domínio da
animalidade; mas sem a Religião, converteríamos a Terra num hospício de largas
dimensões em que a irresponsabilidade caminharia em todas as direções. ”
Então, nós – os religiosos – e os cientistas vamos caminhando lado a lado, pois com
base na própria Ciência e segundo os ensinamentos religiosos de todas as raças, é
do equilíbrio das nossas emoções que resulta a saúde perfeita, o corpo sadio.
Uma pessoa, por exemplo, está no mundo espiritual em posição precária quanto à
sua vida mental, e se reencarna em condições difíceis. Logo na primeira meninice
aparece a esquizofrenia. Temos aí um caso que pode ser curável, conforme o
merecimento espiritual da criatura. Curável porque o problema da emoção
conturbada desencadeou determinados distúrbios mentais que desregularizaram as
fontes de distribuição das substâncias químicas do nosso organismo.
Temas muita coisa para estudar no futuro. Todavia podemos assevera que o mal
será sempre um fator desencadeante de doença, seja ele qual for.
Peço licença para dizer que não estou falando por ter ciência de mim mesmo. Estou
falando como uma pessoa que ouve dos amigos espirituais.
Por exemplo, eles falam que a libertação anormal das catecolaminas, a que nos
referimos, gera produtos de decomposição da adrenalina, como sejam, a
adrenolutina e o edrenocromo. Vai se estudar muito a este respeito, em matéria de
psicologia e psiquiatria, a fim de curar, pois estas doenças são todas curáveis, são
sustáveis, podem ser paralisadas.
Mas, eu digo não por mim, mas porque ouço André Luiz. Se estiver cometendo
alguma impropriedade para os amigos telespectadores laureados com títulos
acadêmicos, que não possuo de forma alguma, peço perdão, como uma pessoa que
está interpretando mal a palavra dos espíritos. Os espíritos me ensinam muita coisa,
mas não tenho recursos para transmiti-las. Gostaria de ser uma pessoa com mais
instrução, com mais valores culturais.
Peço ao nosso amigo Saulo Gomes este parênteses para pedir perdão por alguma
tolice que esteja falando. Estou tentando transmitir a palavra dos espíritos, aos quais
muito pedi que me orientassem e ajudassem nessa conversação de hoje.
Passei o dia orando, pedindo compreensão da responsabilidade de uma
conversação dessas, na televisão.
Dediquei a vida inteira aos bons espíritos e peço a eles que me ajudem a cometer a
cota menor possível de erros, porque não tenho mesmo recursos. Estou falando
porque ouvi.
28 – ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL
Os espíritos informam, mestre Chico Xavier, se as pessoas que morrem recebem
assistência no outro mundo?
Não há ninguém desamparado. Assim como aqui na Terra, na pior das hipóteses,
renascemos a sós, e companhia de nossa mãe, mas nunca sozinhos, no mundo
espiritual também a Providência Divina ampara todos os seus filhos.
Ainda aqueles considerados os mais infelizes, pelas ações que praticaram e que
entram no mundo espiritual com a mente barrada pela sombra, que eles próprios
criaram em si mesmos, ainda esses têm o carinho de quardiães amorosos que os
ajudam e amparam, no mundo de mais luzes e mais felicidade.
29 – PRIMEIRO CONTATO COM O MUNDO ESPIRITUAL
P – Diante das informações que você dá de contatos com os amigos que já não
estão mais neste mundo, poderá recordar como nasceu em seu pensamento, a
primeira idéia do mundo espiritual?
R – Devo dizer que tenho dito isto em diversas ocasiões e posso reafirmar aqui: a
minha idéia com respeito à imortalidade da alma nasceu em meu cérebro quando
estava de 4 para cinco anos de idade.
Minha mãe era católica e nos ensinar o caminho da oração e da meditação.
Em se vendo às portas da morte, sabendo que meu pai estava desempregada,
preocupada com seus nove filhos, todos menores, pediu às amigas que se
incutissem deles, guardando-os até que meu pai pudesse reavê-los para a lar.
Quando ela me entregou para uma senhora (ela pediu a nove amigas) eu lhe disse:
– Mas minha mãe, a senhora está me dando assim para os outras, a senhora que é
tão boa! Nós queremos a senhora tanto bem e está nos entregando assim, mamãe,
para os outros?
Naquele tempo eu tinha de 4 para 5 anos, mas estou repetindo a cena com meu
pensamento ligado ao coração materna. Então ela fez um olhar de muito espanto e
disse:
– Não você! Eu já dei 7 crianças e nenhuma reclamou. Você não pode admitir que
eu esteja desprezando vocês – falou com dificuldade. Acompanhe Ritinha – era a
amiga que se incumbiu de ficar comigo – e procure se comportar bem. Eu vou sair
daqui; todo mundo vai dizer que eu morri e não volto mais. Não acredite nisso, mas
acredite que sua mãe vai voltar para buscar vocês todos. Eu não vou morrer e se eu
demorar muito mandarei uma moça buscar vocês. (isso ela disse compreendendo
que meu pai era um homem ainda moço com nove filhos e que era natural que
fizesse um segundo casamento como fez).
Você vá com confiança porque eu não vou morrer; eu vou sair daqui carregada –
naturalmente ela falava assim para apaziguar o meu coração que sofria muito com
aquela perda. No outro dia minha mãe desencarnou. Todo mundo chorava, mas eu
confiava na sua palavra.
Fui morar com essa senhora que, apesar de ser uma criatura de qualidades muito
nobres, às vezes ficava nervosa. Em meu caso ela ficava nervosa diariamente e, -
então, eu apanhava bastante com vara de marmelo.
Minha mãe nos ensinava a prece. Toda noite, entre oito e nove horas, acendia a
lamparina de querosene, punha-nos de joelhos para fazermos a prece, pedirmos
socorro de Deus e nossa Mãe Santíssima.
Quando aquela senhora saía à passeio, à tarde, com o marido e o sobrinho – que
era para ela um filho adotivo – eu corria para debaixo de uma bananeira e começava
a rezar, conforme minha mãe me tinha ensinado, as orações de sempre.
Uma tarde – eram mais ou menos 18 horas – eu estava orando, quando voltei-me e
vi minha mãe atrás das folhas. Fiquei muito alegre. Na minha cabeça, de 5 anos de
idade, não havia problemas. Minha mãe dissera que não iria morrer e que viria me
buscar eu não conhecia as dúvidas do povo na Terra, se existe ou não alma.
Abracei minha mãe com aquela alegria, com aquele contentamento! Disse a ela que
agora não nos separaríamos mais. Ela, entretanto, disse-me que estava em
tratamento, precisava voltar e não podia ficar comigo. Viera cumprir a palavra de que
estava comigo. Perguntei-lhe se sabia que eu apanhava; disse estar informada de
tudo e que eu devia ter muita paciência; que eu precisava mesmo de apanhar e isso
era bom para mim.
Nesse dia, quando ela se despediu, me abençoou.
Quando a senhora que tornava conta de mim, voltou, disse a ela:
– Dona Ritinha, eu vi minha mãe, hoje ela veio me ver!
– Meu Deus – disse ela – este menino está ficando louco e, para consertar isso, uma
boa surra agora.
E, por causa da visão, eu tive uma surra. Começara a luta e o conflito.
Assim, minha primeira idéia foi obtida no seio da Igreja Católica.
30 – TRANSPLANTES, MENSAGEM DO DR. BEZERRA DE MENEZES
P – Você na qualidade de médium, já recebeu alguma mensagem sobre o tema do
transplante?
R – Tenho aqui uma mensagem que foi recebida na manhã do dia 18 de junho, com
alguns amigos de S. Paulo. Vieram aqui e estávamos falando sobre a vitória do Dr.
Zerbini e sua equipe de médicos em S. Paulo, em matéria de transplante. Depois
disso fomos orar, aqui mesmo, nesta sala da Comunhão Espírita Cristã.
Como é natural, abrimos o Evangelho e a lição do dia caiu naquela parte em que
Jesus encontra com Zaqueu, o rico daquele grande ensinamento da Boa Nova. Foi
com grande alegria para nos, que o Dr. Bezerra de Menezes, que tem conversado
muita conosco a respeito do assunto transplante, deu uma mensagem que gostaria
de pedir à nossa Dalva.
O assunto era transplante e eu pedi a ela para trazer.
TRANSPLANTES
Leitura no culto do Evangelho:
"Jesus na casa de Zaqueu" Lucas, XIX: 1 a 10.
Deter-nos-emos, em nossa ligeira reunião, têm somente no assunto de vossos
comentários, em nossa intimidade familiar.
Por que permitiria o Senhor que a Ciência na Terra se decida, com tanto empenho,
no estudo e na execução do transplante de órgãos e membros do corpo humano?
Notemos que a iniciativa se fundamenta e motivos respeitáveis. Isso vem lembrar a
cada um de vós outros o tesouro do envoltório físico que não menosprezamos sem
dano grave.
Senão vejamos.
Tendes hoje máquinas avançadas para a confecção dos mais singelos serviços, no
entanto, quem se lembraria de vender um braço, a pretexto de possuir engenhos
para a solução de necessidades essenciais?
Dispondes de carros velozes para o trânsito perfeito em terra, mar e ar, contudo, por
guardardes semelhantes utilidades não colocaríeis um pé no mercado de oferta e
procura.
Vossos aparelhos de observação alcançam o firmamento e vasculham as mais
obscuras paisagens do microcosmo, entretanto, isso não é razão para tabelardes o
preço de um dos olhos para quem aspire a comprá-lo.
Conseguistes laboratoriais eficientes, nos quais a perquirição atinge verdadeiros
prodígios, todavia, por essa razão, não cederíeis por dinheiro um dos vossos rins, os
admiráveis laboratórios de filtragem que vos garantem a saúde.
Vede, pois, filhos, que todos sois Zaqueus, diante da vida, todos sois milionários da
oportunidade e do serviço, no abençoado corpo que vos permite sentir, pensar, agir,
trabalhar, construir e sublimar na Causa do Bem Eterno.
Basta aceiteis o impositivo da ação edificante e adquirireis empréstimos sempre
maiores na organização Universal dos Créditos Divinos e todos os recursos, porém,
que vos são confiados, o corpo físico é o mais importante deles, por definir-se como
sendo o refúgio em que obteremos no mundo o valioso ensejo de progredir e
aperfeiçoar a nós mesmos, na esfera da experiência.
Zaqueus da Terra, todos ricos de tempo e instrumentos do bem, para a evolução e
melhoria constantes, aprendamos a servir para merecer e merecer para servir cada
vez mais.
REALIDADES DA ALMA *
"Lavoura e Comércio", Uberaba, Minas, 7 de Março de 1970.
Inegavelmente, um dos pontos altos do programa "Cidade Contra Cidade”, de Silvio Santos, no Canal
4, TV - Tupi, de São Paulo, realizado na noite de 6 de março de 1970, foi a presença, na delegação
uberabense, do mundialmente famoso médium psicógrafo Francisco Cândido Xavier. Pela primeira
vez, Chico Xavier comparecia a uma Televisão de um grande centro do país para ser entrevistado,
justamente quando se faz o lançamento do seu centésimo livro. O repórter Saulo Gomes e o criador
do programa, Silvio Santos, fizeram interessantes perguntas a Chico Xavier, das quais destacamos
pela oportunidade no momento atual, duas perguntas formuladas por Saulo Gomes, que seguem com
as respectivas respostas :
31 – TUBO DE ENSAIO E RENASCIMENTO
P – Um assunto que está despertando grande interesse na opinião pública mundial.
Trata-se do ser humano que dentro em breve estará entre nós, cremos, produto de
um tubo de ensaio. O conhecimento profundo, em matéria espiritual, de Chico
Xavier, nos parece, é muito importante. Que ele emita o seu pensamento e da
própria doutrina espírita em relação a isso. Que acha Chico Xavier e o mundo
espírita da criança que o homem começa agora a gerar num tubo de ensaio?
R – Tenho ouvido por diversas vezes o Espírito de Emmanuel a respeito disso.
Ele diz que o nosso respeito à Ciência deve ser inconteste e que o progresso da
ciência é infinito, porque a solução do problema do tubo de ensaio, para o descanso
do claustro materno é viável. Mas, restará à Ciência um grande problema, o
problema do amor com que o espírito reencarnante é envolvido no lar pelas
vibrações de carinho, de esperança, ternura, confiança de pai e mãe, no período
também da infância, em que a criança é rodeada de amor, muito mais alimentada de
amor do que de recursos nutrientes da terra!
Vamos ver como é que a Ciência poderá resolver este problema para que não
venhamos a cair em monstruosidades do ponto de vista mental.
32 – O PROBLEMA "SEXO"
P – Como é vista, Chico Xavier, no mundo espiritual, a influência crescente do tema
sexo?
R – Antes de entrar diretamente neste assunto, convém declarar, em nossa
formação cristã, que sem o lar constituído, sem a família organizada, sem amparo à
maternidade, sem respeito à dignidade do homem, a civilização – no conceito dos
espíritos que se têm comunicado conosco – pode descer à estaca zero.
Considerando, porém, a influência crescente dos temas de natureza sexual nas
conversações e publicações do nosso tempo, precisamos considerar que o assunto
esteve quase que propositadamente sufocado durante séculos.
É natural que ele agora surja, à maneira de explosão, mostrando reações em
cadeia, por toda parte, exigindo legislação mais humanitária para a liquidação dos
problemas de natureza afetiva e solicitando educação.
Não nos referimos aqui, segundo os Bons Espíritos, ao uso de implementos físicos,
mas sim à educação da alma, à educação dos nossos sentimentos, por que o
problema sexo é muito mais de coração para coração, de alma para alma, e por isso
mesmo merece toda a consideração daqueles que nos inspiram e orientam, na
governança de nossas vidas e de nossos destinos.
ENCONTRO FRATERNO*
(Entrevista concedida a Salvador Gentile e Elias Barbosa, na Comunhão Espírita Cristã, Uberaba
(MG), a 22 de agosto de 1970. Publicada no “Anuário Espírita" – 1972, Edição Castelhana.)
Ante o lançamento do Anuário Espírita em Castelhano, planejamos um encontro com o médium Chico
Xavier, a fim de entretermos alguma troca de idéias, com respeito ao assunto. Nesse propósito,
dirigimo-nos para a sua residência, na Vila Silva Campos em Uberaba, onde fomos recebidos com
simpatia e a amizade de sempre.
Conversa vai, conversa vem, o entendimento fraterno se transformou, para logo, numa entrevista,
que passamos a considerar como sendo de alta significação doutrinária, pelos temas e apontamentos
emitidos.
33 – "ANUÁRIO ESPÍRITA" EM ESPANHOL
P – Que acha você, Chico Xavier, da edição do nosso querido "ANUÁRIO
ESPIRITA", em Espanhol?
R – Admirável iniciativa.
P – Como vê você o intercâmbio que resultará entre os demais países da América
Latina e o Brasil, após a edição do "Anuário" em Castelhano?
R – Entendo que o “Anuário Espírita” em Castelhano será instrumento abençoado de
aproximação entre nós todos, os espíritas do Brasil e aqueles que vivem noutros
climas do Continente.
34 – OS TRÊS ASPECTOS ESPIRITISMO
P – Dos três aspectos doutrinários do Espiritismo – o científico, o filosófico e o
religioso –, qual o mais importante, no seu entender? Por quê?
R – Temos aprendido com os benfeitores da Vida Maior que todos os três aspectos
do Espiritismo são essencialmente importantes, entretanto, o religioso é o mais
expressivo por atribuir-nos mais amplas responsabilidades de ordem moral, no trato
com a vida.
35 – RECEPTIVIDADE DOS LIVROS EM CASTELHANO
P – Como os latino-americanos têm recebido as edições dos livros psicografados
por você, em Espanhol? Qual deles encontrou maior receptividade?
R – Acerca das várias traduções de nossos Amigos Espirituais para o Castelhano
tenho recebido frequentemente cartas de companheiros latino-americanos,
notadamente da Argentina, expressando satisfação e simpatia.
Parece-nos que o livro “Nosso Lar”, de André Luiz, lançado pela Editora Kier, em
Buenos Aires, em excelente tradução do Professor Guerrero Ovalle, vem recebendo
particular atenção dos nossos amigos de fala Espanhola.
36 – EMMANUEL E A RELIGIÃO ESPIRITA
P – Pelo que depreendemos, dá o benfeitor Emmanuel muita ênfase ao prisma
religioso da Doutrina Espírita. Por que isso?
R – Emmanuel costuma afirmar-nos que, sem religião, seríamos na Terra, viajores
sem bússola, incapazes de orientar-nos no rumo da elevação real.
37 – RELIGIAO ESPIRITA
P – Podemos usar, com exatidão, o termo Religião Espírita?
R – A nosso ver, a legenda “Religião Espírita”, seria muito adequada aos
ensinamentos doutrinários do Espiritismo, repletos de conseqüências morais,
conquanto, de minha parte, deva respeitar o ponto de vista dos companheiros que
não pensam assim.
38 – TÉCNICA DOS ESPIRITO
P – Em seu contato permanente com o mundo Espiritual, nos seus 44 anos de
mediunidade, qual a técnica dos Benfeitores Espirituais quanto à divulgação
doutrinária?
R – Não posso precisar qual seja a técnica dos nossos Instrutores na divulgação
doutrinária, mas a que vejo todos os dias é que, para eles, todas as criaturas são
importantes e que todas, – mas claramente todas – são dignas da máxima atenção
daqueles que ensinam e esclarecem, nos domínios da consolação e da Verdade.
39 – O LADO CIENTIFICO DQ ESPIRITISMO
P – Que dizer daqueles irmãos que se esforçam por enfatizar apenas o lado
científico do Espiritismo?
R – Cremos seja isso um problema de vocação para trabalho em determinados
campos da vida. Os que enfatizam, unicamente o lado científico do Espiritismo
possuem o direito de assim agirem, tanto quanta nós outros, os que emprestamos
significação especial ao lado religioso da Doutrina Espírita, também procedemos
assim levados pelo impulso natural em que nos acomodamos com a fé religiosa.
46 – MEDIUNIDADE COM JESUS
P – Como entende você a mediocridade espírita com Jesus?
R – Para mim, e digo isso apenas com respeito à minha pobre e apagada pessoa,
mediunidade espírita com Jesus tem sido um processo de iluminação, pelo qual,
quanto mais os Bons Espíritos escrevem e se comunicam por meu intermédio, mais
evidentes se tornam os meus defeitos e inferioridades, não só perante os outros
como também diante de mim mesmo.
Compreendo, desse modo, que mediunidade com Jesus para mim tem sido um
encontro progressivo e constante comigo mesmo, em que a luz dos Amigos
Espirituais me mostra, sem violência, quanto preciso ainda aprender e trabalhar para
melhorar-me.
41 – TERAPÊUTICA DAS OBSESSÕES
P – Quais os métodos terapêuticos ideais contra o processo obsessivo?
R – Os Bons Espíritos são unânimes em afirmar que quanto mais nos melhorarmos
em espírito, menores serão sempre as nossas possibilidades de ligação com as
forças desequilibradas das sombras.
42- RADICALISMO E OBSESSÕES
P – O radicalismo em matéria de fé pode ser encarado como obsessão?
R – Cremos que não, em nos referindo ao simples radicalismo, mas no radicalismo
excessivo, admito que estaremos saindo em perturbações.
43 – O ESPIRITISMO E O PROBLEMA SEXO
P – Que acha você da abordagem dos problemas de sexo, no tratamento dos temas
doutrinários?
R – Acreditamos que a Obra de Allan Kardec, principalmente nos textos de “O Livro
dos Espíritos" favorece essa abordagem com grande proveito, seja para o indivíduo,
seja para a comunidade.
P – O Espiritismo não deverá contribuir pare que o problema sexo deixe de ser um
tabu?
R – os Benfeitora da Vida Superior esclarecem que o Espiritismo contribuirá,
decisivamente, para que os temas do sexo sejam tratados no ofendo, com o devido
respeito, sem tabus que patrocinem a hipocrisia e sem a irresponsabilidade que
impele à devassidão.
44 – O ESPIRITISMIO E A FAMILIA
P – Que acha você da posição da Família, nos dias que correm, e da contribuição
que o Espiritismo p e der para a sua consolidação em bases cristãs?
R – Os conceitos de família, à luz da Doutrina Espírita, a nosso ver, caminham para
mais ampla compreensão da liberdade construtiva e do respeito mútuo que devemos
uns aos outros.
45 – ASSISTÊNCIA SOCIAL E DlVULGAÇÃO
P – No entender de Emmanuel, qual será mais importante: as tarefas de assistência
social ou as de divulgação doutrinária?
R – Ambas as tarefas se revestem de importância fundamental na opinião de nosso
abnegado orientador.
46- A INQUIETAÇÃO DA JUVENTUDE
P – A inquietação da mocidade é medo da vida ou falta de entrosamento com o
modo de pensar das gerações mais velhas?
R – Os amigos Espirituais asseveram que todos estamos, – os espíritos atualmente
encarnados na Terra –, seja em posição de mocidade ou madureza física, sofrendo
indisfarçável inquietação na procura de novas formas de pensamento e progresso, e
que isso é um estado natural de idéias e de cousas, na renovação da Humanidade.
P – Por que os moços não se ajustam, de modo geral, aos velhos padrões? Não
estariam aguardando uma mensagem que não estamos sendo capazes de lhes
transmitir?
R – Segundo os mensageiros da Espiritualidade Maior, nós, as criaturas terrestres
de todas as idades, superaremos as crises atuais e dizem que as transformações
aflitivas do Mundo moderno se verificam para o bem geral.
47 – ESPlRITISMO, LOUCURA E DOENÇAS INCURÁVEIS
P – Como entender a loucura e as doenças chamadas incuráveis, à luz do
Espiritismo?
R – Loucura e doenças incuráveis, à luz Espiritismo, estão arraigadas às nossas
necessidades e aprendizado e evolução, resgate e aperfeiçoamento, nos campos da
reencarnação, e os Instrutores da Espiritualidade acrescentam que a Ciência e a
Religião operam no Planeta, sob a inspiração da Providência Divina, para amenizar,
diminuir, sustar ou extinguir as provações dos homens, conforme a necessidade e o
merecimento de cada um.
48 – CRENÇA NA REENCARNAÇÃO
P – Como se explica a existência de espíritas que negam a reencarnação?
R – Cremos seja a ocorrência devida a reflexões superficiais, em torno do assunto,
mas, na essência, a reencarnação é como Verdade que brilha para toadas,
despertando as consciências, uma por uma, na medida do amadurecimento que
venham a apresentar.
49 – AS PROVIDENCIAS DO PERDÃO
P – Ao transmitir, caro Chico, sua mensagem final aos irmãos de fala Castelhana,
rogamos-lhe a gentileza de narrar-nos um dos inúmeros fatos mediúnicos que o
sensibilizaram no correr das suas quatro décadas de tarefas ininterruptas de
mediunidade com Jesus.
R – Das experiências de nossa tarefa mediúnica, citaremos uma delas, para nós
inesquecível.
Nos arredores de Pedro Leopoldo, há anos passados, certa viúva viu o corpo de um
filho assassinado, chegando, repentinamente à casa.
Desde então, chorava sem consolo.
O irmão homicida fugira, logo após o delito, e a sofredora senhora ignorava até
mesmo porque o rapaz perdera tão desastradamente a vida.
Agravando-se-lhe os padecimentos morais, uma nossa amiga, já desencarnada, D.
Joaninha Gomes, convidou-nos a ir em sua companhia partilhar um ligeiro culto do
Evangelho, com a viúva enlutada.
A desditosa mãe acolheu-nos com bondade e, logo após, em círculo de cinco
pessoas, entregamo-nos à oração.
Aberto em seguida “O Evangelho segundo o Espiritismo”, ao acaso, caiu-nos sob os
olhos o item 14 do Capítulo X, intitulado “Perdão das Ofensas".
Ia, de minha parte, começar a leitura, quando alguém bateu à porta.
Pausamos na atividade espiritual, enquanto a dona da casa foi atender.
Tratava-se de um viajante maltrapilho, positivamente, um mendigo, alegando fome e
cansaço.
Pedia um prato de alimento e um cobertor.
A viúva fê-lo entrar com gentileza, a pedir-lhe alguns momentos de espera.
O homem acomodou-se num banco e iniciamos a leitura.
Imediatamente depois disso, comentamos a lição de modo geral, um dos assistentes
perguntou à dona da casa se ela havia desculpado o infeliz que lhe havia morto o
filho querido, cujo nome passou, na conversação, a ser, por várias vezes,
pronunciado.
A viúva asseverou que o Evangelho, pelo menos, lhe determinava perdoar.
Foi então que o recém-chegado e desconhecido exclamou para a nossa anfitriã:
– Pois a senhora é mãe do morto?
E, trêmulo, acrescentou que ele mesmo, era o assassino, passando a chorar e a
pedir de joelhos.
A viúva, igualmente, em pranto, avançou maternalmente para ele e falou:
– Não me peça perdão, meu filho, que eu também sou uma pobre pecadora...
Roguemos a Deus para que nos perdoe!...
Em seguida, trouxe-lhe um prato bem feito e o agasalho de que o desconhecido
necessitava.
Ele, entretanto, transformado, saiu da Culta do Evangelho conosco e foi se entregar
à Justiça.
No dia imediato, Joaninha Gomes e eu voltamos ao lar da generosa senhora e ela
nos contou, edificada, que durante a noite sonhara com o filho a dizer-lhe que ele
mesmo, a vítima, trouxera o ofensor ao seu regaço de mãe, pra que ela o auxiliasse
com bondade e socorro, entendimento e perdão.
ENTRE IRMÃOS
(Entrevista realizada pelo repórter Realindo Jr., quando da visita do médium a Franca (SP),
publicada pelo jornal "Comércio da Franca" a 22 de maio de 1971).
A Fundação Educandário Pestalozzi, em comemoração ao seu 26º aniversário, recebeu anteontem a
visita do médium Francisco Xavier, numa concorrida Tarde de Autógrafos. Na ocasião, a reportagem
ouviu o psicógrafo que observou: “Nós estamos repetindo uma emoção que nos é sumamente
agradável, com mais uma visita à cidade de Franca, onde recebemos este abençoado calor do
coração francano. Estamos pedindo a Deus que conceda a esta terra abençoada, cada vez mais
progresso, felicidade e alegria.”.
Daí passamos a uma breve entrevista com ele em forma de perguntas e respostas:
50 – LIVROS EDITADOS
P – Quantos livros o Senhor tem editado em Português e em outras l ínguas?
R – Foram editados até agora, 109 livros, 106 dos quais já publicados. Vinte destes
livros estão traduzidos em Inglês, Japonês, Francês, Espanhol e Esperanto.
51 – REUNIÕES PUBLICAS DA COMUNHÃO ESPIRITA CRISTÃ
P – Em Uberaba, os trabalhos podem ser assistidos?
R – Sim. Às segundas, sextas e aos sábados de cada semana, as nossas reuniões
são públicas, na Comunhão Espírita Cristã, a partir das 7 da noite.
52 – INSATISFAÇÃO DO MUNDO ATUAL
P – O que os espíritos têm dito a respeito da insatisfação do mundo de hoje?
R – Os nossos guias espirituais traduzem a nossa insatisfação, no mundo inteiro,
como sendo a ausência de Jesus Cristo em nossos Corações.
Quando nos adaptarmos em definitivo ao espírito da doutrina para a vivência cristã,
em nossas relações mútuas, toda insatisfação desaparecerá, porque estabelecida a
paz em nossa consciência com o nosso dever cumprido, as próprias doenças
naturalmente recuarão, pois muitas delas são simples conseqüências de nossos
desajustes espirituais, em decorrência de nosso afastamento de Cristo, como luz
divina para os nossos corações.
Estamos nos referindo não só ao Espiritismo Evangélico, mas a todo o Cristianismo,
a todas as escolas cristãs.
Os cristãos têm necessidade nessa união em torno da verdade. Nós precisamos de
Cristo.
53 – OS TEMPOS ESTÃO CHEGADOS
P – Os espíritas dizem sobre a transição de nosso planeta: "Os tempos estão
chegados". O que diria Chico Xavier a esse respeito?
R – Sim, chegados para um maior conhecimento da verdade, com o patrocínio da
Ciência.
Cada um de nós, no entanto tem sofrido impactos muito grandes dessas mesmas
verdades, por falta de Cristo em nosso coração, e nós não estamos sabendo aliar o
coração ao cérebro.
Temos uma inteligência talvez excessivamente cientifista, mas o coração um tanto
quanto retardado.
Precisamos desalojar o ódio, a inveja, o ciúme, a discórdia de nós mesmos, para
que possamos chegar à uma solução em matéria de paz, de modo a sentirmos que
“os tempos estão chegados”, para a felicidade humana.
54 – A JUVENTUDE DE HOJE
P – Como o Sr. vê a juventude atual?
R – Eu creio na juventude como sendo a esperança não só do 8rasil como do
mundo inteiro.
A acusação que pesa sobre a chamada juventude transviada, eu quero crer que não
procede, porque o número de jovens que se dedicam ao trabalho, ao estudo, à
dignidade humana e à sua própria respeitabilidade no cumprimento de seus
deveres, é ilimitado, e não podemos sacrificar essa maioria extraordinariamente
maravilhosa, principalmente a juventude brasileira que conhecemos muito bem, à
essa minoria, que em todos os tempos foi a minoria dos espíritos rebeldes, no
campo da humanidade.
P – O que diria sobre o grande número de obsessões?
R – Consideramos ainda o caso da insatisfação.
Nós perdemos o contato com Cristo, que é a Luz Divina para a nossa consciência e,
de imediato, criamos tomadas para o domínio das sombras.
Aí, a obsessão pode surgir. Surgir com os traumas psicológicos, com as doenças
mentais que estão devidamente catalogadas pela medicina para tratamento
adequado.
Mas, creio que se nós nos ajustarmos aos princípios evangélicos respeitando-nos
mutuamente, cada qual no seu setor, com o cumprimento dos nossos deveres, a
obsessão também diminuirá, caminhando para o desaparecimento completo.
56 – ZÉ ARIGÓ
P – Como vê as críticas em torno do nome de Zé Abrigo?
R – Considero José Arigó como qualquer médium na Terra, como um ser humano,
suscetível de cair em erros, mas sempre considerei Arigó como uma pessoa de
muito respeito.
Se somarmos os bens que ele nos deixou e fizer-mos o confronto com os possíveis
erros que tenha praticado, teremos um saldo que não podemos olvidar. O caso é de
sensacionalismo de imprensa.
Precisaríamos de devassar uma consciência que é de Zé Arigó, que só pertence a
Deus. Então seria interessante ouvir o novo irmão José Arigó, quando neste mundo,
mas não sacar contra o amigo morto os ataques que estão sendo levados a efeito.
57 – MEDIUNIDADE CONSCIENTE
P – O Sr. tem conhecimento das mensagens recebidas no exato momento, em que
a recebe, ou somente depois as lê?
R – Normalmente, eu não tenho conhecimento do assunto. Leio a mensagem quanto
qualquer leitor.
Agora, sobre a produção da mensagem, existem horários estabelecidos pelos
amigos espirituais.
A determinadas horas, temos sessões públicas, a determinadas horas temos
encontros espirituais particulares para a formação de livros. Fico então sabendo que
vamos ter esses encontros. Alias o teor da mensagem eu só conheço depois de
recebida.
58 – PROVA DA REENCARNAÇÃO
P – Qual a maior prova concreta que Francisco Cândido Xavier aponta sobre a
reencarnação?
R – A lógica para compreendermos a desigualdade no campo das criaturas
humanas.
Por que é que uns renascem sofrendo em condições muito mais difíceis do que os
outros? Não podemos admitir a injustiça divina! Deus é a justiça suprema. Portanto,
nós devemos a nós mesmos a conseqüência dos nossos desajustes.
Se eu pratiquei um crime, se lesei alguém, é natural que não tendo pago a minha
dívida moral, durante o espaço curto de uma existência, é justo que eu faça esse
resgate em outra existência, porque de outro modo, compreenderíamos Deus como
um ditador, distribuindo medalhas para uns e chagas para outros, o que é
inadmissível.
PERGUNTAS E RESPOSTAS
(Entrevista realizada por Silveira Lima, na Rádio Sociedade do Triângulo Mineiro de Uberaba, Minas,
na tarde de 5 de julho de 1971, por ocasião da entrega da "Palma de Ouro" ao médium Chibo Xavier.)
59 – INGRESSO NO ESPIRITISMO
P – Nosso caríssimo Chico Xavier diz no prefácio do livro "Parnaso de Alem-Tumulo"
que você e sua família eram católicos ate 1927. Se voltaram para a doutrina espírita
com a cura de uma das suas irmãs que sofrera um processo obsessivo, podemos
saber qual delas e que notícias aos dá a seu respeito?
R – Trata-se de nossa irmã Maria da Conceição Xavier que e hoje mãe de numerosa
família e reside na cidade mineira de Sabará, nas vizinhanças de Belo Horizonte.
60 – VIDÊNCIA NA IGREJA
P – De família católica e praticante, na ocasião, do catolicismo você viu os espíritos
também na igreja?
R – Sim. Sempre que freqüentava os ofícios religiosos chegava a identificar a
presença de entidades espirituais e dava disso conhecimento aos sacerdotes
amigos que me ouviam na confissão, que naquele tempo era largamente praticada e
que nós todos observávamos com muita fidelidade à fé cristã. Isso para eles não era
novidade porquanto muitas vezes me perquiriam a palavra e a raciocínio, indagando
se eu dizia a verdade ou se estava sendo vítima de alucinação, o que hoje considero
muito natural.
61 – REENCARNACÃO DE EMMANUEL
P – Quando foi que Emmanuel se apresentou em sua vida mediúnica. Ele disse que
se encarnaria neste final de milênio?
R - Ele nos visitou de maneira franca e visível em dezembro de 1931.
Desde lá até agora, precisamente há 40 anos, ele tem sido o instrutor e o mentor de
nossas tarefas espirituais; ele afirma que, indiscutivelmente voltará à reencarnação
mas não diz exatamente o momento preciso em que isso se verificará entretanto,
pelas palavras dele, admitimos que ele estará regressando ao nosso meio de
espíritos encarnados, no fim do presente século, provavelmente, na última década.
62 – EMMANUEL, O PROFESSOR
P – Acha que Emmanuel tem sido para você o amparo que o professor representa
em si para o aluno?
R – Sem dúvida. Certa feita um amigo convidou a minha atenção para a biografia de
Helen Keller, a nossa grande cidadã mundial, atualmente desencarnada, que era
muda, surda e cega e, segundo a biografia dela própria, era ela uma criatura que,
por falta de comunicação com o próximo, se tornara talvez muito agressiva.
Desde, porém, a ocasião em que tomou os serviços da professora que a educou,
tornou-se uma pessoa diferente.
Considero que até 1931 a minha capacidade de comunicação com a próximo seria
muito difícil, mas durante quarenta anos o espírito de Emmanuel tem tido muita
caridade e misericórdia para comigo, e transformando-me de algum modo; ainda
não me converti, do animal desconhecido que sempre fui numa criatura mais ou
menos humana, mas confesso que o nosso grande benfeitor vem conseguindo
melhorar o meu padrão espiritual. Por isso mesmo, devo declarar, de público, que
devo a Deus e a ele, o esforço que vou fazendo, através do tempo, a fim de
humanizar-me.
63 – NECESSIDADE DO ESTUDO
P – Quanto ao estudo, que dizem os nossos Benfeitores Espirituais?
R – Os amigos espirituais nos informam que o estudo deve ser para nós uma
obrigação, em qualquer idade ou circunstância da vida.
Muitas vezes, quando na infância ou na juventude, somos constrangidos a estudar e
sentimos muita dificuldade em observar as disciplinas estabelecidas, seja por
nossos pais ou professores, tutores ou amigos.
Às vezes, fugimos de aula, desertamos do dever estudantil, mas com o tempo, se
observarrnos a vida dentro da realidade que lhe é própria, quando entramos na
condição de adultos somos induzidos a estudar voluntariamente porque sabemos
que o estudo é a luz no coração do espírito.
Na ignorância não conseguiríamos, como não conseguiremos, enxergar o caminho
real que Deus traçou a cada um de nos na Terra.
Todos nós, sejamos crianças ou jovens, adultos ou já muitíssimo maduros, devemos
estudar sempre.
64 – ATITUDE DIANTE DAS DOENÇAS
P – Desejará você contar-nos alguma coisa de sua experiência, ao contato de
Emmanuel, a respeito da atitude que devemos assumir perante as nossas próprias
doenças?
R – Ele, tanto quanto outros amigos espirituais, nos ensinam que devemos receber
as provações orgânicas com muita serenidade. Aliás, nesse sentido dentro da
própria Igreja Católica, que todos consideramos como sendo a autoridade maternal
em nossa civilização, dispomos do exemplo dos santos que nos auxiliam a
considerar a moléstia como agente de purificação da alma.
Se aceitamos compulsoriamente a enfermidade como sendo uma prova que não
merecemos; se noz desesperamos; se nos entregamos è impaciência, criamos uma
espécie de taxa de aflição improdutiva sobre a inquietação que a doença nos traga.
A moléstia, sem paciência de nossa parte, se torna muito mais grave e, às vezes,
muito mais intolerável, de vez que passamos a complicar e a obscurecer o ambiente
assistencial em que nos encontremos, junto da família ou fora dela.
Com isso criamos, também, muita dificuldade para os médicos, convidados a
auxiliar-nos, porquanto qualquer quadro de desesperação, estabelecemos
tempestades magnéticas no campo pessoal da nossa própria apresentação agindo
em prejuízo de nós mesmos. Quando vier a dor de cabeça, seja ela acompanhada
de outra qualquer dor, considerando-se a dor de cabeça por dissabores quaisquer,
peçamos a Deus coragem para suportá-la e, para isso, temos a oração que nos
ajuda a restabelecer o próprio equilíbrio.
65 – MISSÃO PESSOAL
P – Qual a sua missão pessoal?
R – Devo dizer ao nosso caro entrevistador Silveira Lima que eu não posso atribuir a
mim determinada tarefa, pois reconheço a minha insignificância e, a bem dizer, o
meu nada.
Costumo dizer que devo ter o apelido de Chico, em meu nome individual para
lembrar-me de que a minha posição é realmente a posição de criatura que de si
própria nada vale, ou pouco vale.
Compreendo a tarefa dos espíritos, por meu intermédio, assim como se eu fosse um
arbusto de qualidade muito inferior e o jardineiro ou floricultor interferisse trazendo,
por exemplo, sobre mim num fenômeno de enxertia, uma árvore de natureza
superior para que essa árvore produza frutos dos quais essa mesma árvore nobre
seja mensageira.
Eu estou então, como o arbusto que não sabe, de si mesmo, o que vem a ser em si
e por si.
Os livros que foram produzidos por nosso intermédio serão naturalmente frutos
dessa árvore colocada sobre a minha vida sem que eu a merecesse.
Assim não compreendo como é que os bons Espeque me suportam, tanto quanto,
fico perguntando, como é que tanta gente boa, incluindo o nosso caro Silveira Lima,
me possam tolerar com tanta bondade.
P – Chico Xavier qual é a sua idade?
R – 61 anos.
P – A velhice o preocupa?
R – Não, absolutamente. Cada idade tem a sua beleza.
66 – AMOR À VIDA
P – Ama a vida'?
R – Imensamente. Acho que a vida é um de Deus e se nós descobrirmos, se
procuramos descobrir a vontade de Deus, vamos ver que a Bondade de Deus está
em toda a parte e não temos motivo nenhum, em tempo algum, de acalentar
qualquer desânimo no coração porque Deus como que nos manda, a cada manhã, o
sorriso maravilhoso do Sol como a dizer que espera por nós, que nos tolera, que nos
ama, que nos descerrará novos caminhos, que a vida é boa e bela, que devemos
agradecer cada dia mais, o dom de viver e o dom de amar aqueles e aquilo que nós
amamos, sejam nossos pais, esposa, esposo, filhos, amigos, parentes,
companheiros, tarefas e ideais.
A vida está repleta da beleza de Deus e por isso não nos será lícito entregar o
coração ao desespero, porque a vida vem de Deus, tal qual o Sol maravilhoso nos
ilumina.
67 – A MORTE
P – Como encara a morte?
R – Naturalmente que somos humanos e a despedida de um ente amada, mormente
quando esse ente amado vai adquirir nova forma, de um modo geral se tornando
invisível ao nosso olhar comum, a nossa dor é imensa.
Quando vemos partir, par exemplo, um filha para uma terra distante, quando
sofremos prova da separação de ente querido, mesmo na Terra, sofremos
compreensivelmente, de vez que o amor vem de Deus e quando amamos,
queremos perto de nós a criatura querida.
Ainda sabendo que a morte vem de Deus, quando nós não a provocamos, não
podemos, por enquanto, na Terra receber a morte com alegria porque ninguém
recebe um adeus com felicidade, mas podemos receber a separação com fé em
0eus, entendendo que um dia nos reencontramos todos numa vida maior e essa
esperança deve aquecer-nos o coração.
Cabe-nos superar o sofrimento da morte fazendo por aquele, ou aquela, que partem,
aquilo que eles estimariam continuar fazendo, nunca entregar-nos ao choro
improdutivo, ao luto que nada produz, mas, sim, prosseguir na tarefa daqueles
nossos entes amados que partiram, unindo a eles o nosso pensamento e carinho
através do espírito de serviço, reconhecendo que eles continuam vivendo e,
naturalmente, nos agradecerão a conformidade e o concurso amigo que lhes
possamos oferecer para que a vida deles na Terra seja devidamente
complementada.
68 – INTEGRAÇÃO EM UBERABA
P- Chico Xavier, teria coragem de mudar-se de Uberaba?
R – Para dizer a verdade, abrindo o coração, não teria a coragem de fazer isso.
Quero muito bem a terra que me deu berço, a terra que me corporificou na atual
reencarnação.
Quero muito bem a Pedro Leopoldo, mas integrei-me de tal forma com o espírito da
cidade de Uberaba, com a generosidade do povo uberabense, com a bondade e a
ternura humana de nossa gente de Uberaba, que muitas vezes, quando familiares
meus insistem no meu regresso ou quando amigos nossos me convidam para a
residência noutras terras, não me sinto bem ao pensar que eu poderia aceitar
semelhante transformação. Em razão disso, peço licença para dizer aqui aos
presentes: vocês são tão bons, vocês são tão generosos em Uberaba onde
integramos todos numa só família de Cristo, sejamos católicos, agnósticos
evangélicos ou espíritas que imaginar o meu afastamento de vocês é quase
impossível.
Só se Deus me impusesse uma provação muito grande... Mas, a realidade é que, de
nenhum modo, desejo sair daqui.
69 – COMO VIVE CHICO XAVIER
P – Meu caro Chico Xavier, como está seu estado de saúde'?
R – Felizmente muito bem.
P – Descreva como passa o dia.
R – Naturalmente às 7 horas da manhã devo estar de pé para trabalhar, senão a
minha vida fica muito para trás, quanto ao cumprimento dos meus deveres.
P – Uma pessoa como você, tão respeitada, tão querida, tão expressiva, tão
humana, acredita ter inimigos?
R – Não. Eu creio que existem pessoas que depois de me conhecerem as
deficiências, fraquezas, dificuldades e problemas, fazem um retrato diferente a meu
respeito.
Isso é muito justo porque de fato eu não mereço a consideração que os amigos me
atribuem e compreendo os que passam a diminuir o apreço que me dedicavam, mas
isso não diminui o meu amor por todos eles e sei também que, mais tarde, nos
harmonizaremos em tudo.
Há pessoas que nos fazem o retrato com pinceladas de ouro e luz, entretanto,
quando vêem que não demonstramos as qualidades que imaginam em nós
modificam-se um tanto, mas isso é temporário.
Da minha parte, não tenho inimigos.
P – Alguma passagem da senhora sua mãe?
R – Minha mãe, de que me recordo haver perdido a presença física desde os 5 anos
de idade, cultivava a oração com assiduidade e nos educou no espírito da prece. Era
muito católica e reunia-nos todas as noites, para criarmos o hábito da confiança em
0eus.
Quando nossa mãe partiu para a vida espiritual, nos entregou a determinados
amigos; éramos 9 crianças.
Perguntei nessa ocasião, a ela se estava mesmo dispondo de mim, se estava me
entregando a alguém porque não nos amasse... Não compreendia que ela estava
morrendo.
Minha mãe respondeu que não, que nos queria muito mas, que estava para sair de
casa a fim de fazer um tratamento; naturalmente, que não me falou a verdade,
compadecida que se achava de mim, evitando que eu tivesse um contato muito
violento com a morte.
Ela me disse que ia sair de casa e que voltaria para nos retomar em seu cuidado; e
que eu ficasse com essa pessoa nossa amiga – uma senhora de muita intimidade
dela – e acrescentou que voltaria.
Se ela dissesse que não voltaria mais eu não acreditava; para mim minha mãe tinha
sempre a última palavra, era sempre a pessoa da verdade.
No outro dia, morreu. E, no eu espírito de criança, acreditei que ela ia fazer um
tratamento e que deveria ficar com essa senhora a que me referi.
Era ela uma dama de grande bondade, mas um pouco nervosa, às vezes difícil.
Todos os dias tinha uma crise e, nessas crises devia eu receber uma surra, e, às
vezes três; mas eu creio que tudo isso foi bom, para mim.
Começava a ficar desesperado, quando ela começou a sair de casa para passear...
Então, a sós, eu corria para debaixo da bananeira para rezar, como minha mãe nos
havia ensinado; eu dizia: meu Deus, ela é doente assim porque ela não reza...
Certa feita, eram mais ou menos 6 horas da tarde, quando eu ouvi aquele barulho no
meio das folhas; e vi a minha mãe ali comigo.
Não havia dúvida nenhuma, porque eu não tinha ainda esse impacto da filosofia
humana quanto a crerem ou não na vida imortal; eu acreditava em Deus e minha
mãe disse que iria voltar. Revê-la para mim era a coisa mais natural.
Não contive a exclamação: Minha mãe, a senhora voltou, mas que alegria tão boa!
Então a senhora vai me levar para casa?
Ela disse assim: "Ainda não posso... saí do hospital para vir ver você, não posso
levá-la agora, mas você tenha calma."
Mas a senhora não sabe o que está acontecendo comigo?
“Sim, eu sei, eu sei que você está tomando muitas surras, mas você deve ter
paciência porque isso é para seu bem, isso é para o seu benefício. você deve
apanhar com muita calma.”
Quando essa senhora com quem passei a residir voltou do passeio eu disse, todo
eufórico, depois do primeiro contato espiritual com minha mãe que ela havia
voltado... Minha tutora admitiu que eu havia enlouquecido; sofri pancadas mais
ainda; de modo que eu comecei a mentir. Mentia porque a verdade chocava a todos
que me ouviam.
Então, tinha que viver assim na incompreensão familiar até que os padres me
socorressem; muitos me socorreram, sou obrigado a confessar isso publicamente.
Um dos nossos amigos sacerdotes me disse: você procure um meio de ajustar-se
com a vida porque você não é louco, o que está acontecendo com você é alguma
coisa que não podemos de pronto entender.
Aconteceu, desde aí, muita coisa e se eu for falar, tomarei o tempo de nosso
pessoal.
70 – MATERIALIZACOES EM UBERABA
P – Pode citar algum fato que tenha causado a você lembrança inesquecível, nas
reuniões espirituais que assistiu, antigamente, aqui em Uberaba?
R – Antigamente, antes de vir residir em Uberaba, assistia a uma reunião de
materialização com o médium Garra/di Cavalcanti, em companhia do Dr. Inácio
Ferreira e de Dona Maria Modesta Cravo. Foi uma reunião muito expressiva e que
me deixou uma impressão inolvidável, porque os espíritos se materializavam no
salão do Centro Espírita Uberabense e conversavam conosco, como pessoas
humanas. Aquilo me confortou muito; naturalmente que sempre via e ouvia a sós,
mas para os outros eu parecia sempre uma pessoa que prega mentiras e, naquela
hora, todos viam, – todos verificavam as realidades da sobrevivência.
71 – MENSAGEM AO JOVEM
P – Chico, agora uma mensagem aos jovens de Uberaba, do Triângulo Mineiro e do
Brasil Central.
R – Eu creio que, para falar aos jovens, eu teria que estar naquela quadra da
juventude, de modo que eu já estou mais ou menos fora de forma para falar aos
jovens. Mas desejamos aos jovens muita felicidade, muito sucesso na vida.
Quando lemos revistas modernas, jornais da época e encontramos referências à
mocidade transviada, isso nos espanta, porque, não temos semelhante problema.
Temos aqui tantas meninas e tantos rapazes estudando, trabalhando e auxiliando na
vida social, no mundo familiar, criando valores novos na arte, na cultura, no trabalho,
em tudo aquilo que é utilidade à vida humana.
Esses jovens todos, nos dão tantos exemplos de bondade, de honestidade, de
trabalho que, se posso enviar uma palavra aos jovens de Uberaba será essa apenas
a que resuma as nossas felicitações a todos eles – essa mocidade laboriosa que
nós acompanhamos todos os dias, em todas as praças e ruas de nossa cidade
engrandecendo-as.
Quanto à outra juventude, vamos dizer, a outros grupos jovens do Brasil e do Mundo
desejamos que nós possamos entrar em sintonia uns com os outros. Devemos
saber que os jovens estão procurando um caminho de realização, tanto quanto nós
outros, os adultos, precisamos de um caminho para harmonização com nossas
próprias experiências, porquanto estamos todos na Terra, pela vontade de Deus
para nos amarmos mutuamente, para nos querermos cada vez mais, mas nunca
para usar os e violência de uns com os outros.
PESQUISA AFETUOSA
(Entrevista realizada na Comunhão Espírita Cristã, em Uberaba (MG), pela equipe
de reportagem do Colégio Estadual local, em 17 de setembro de 1971, publicada
pelo jornal uberabense, "Lavoura e Comércio".)
72 – REPERCUSSÃO DO "PINGA-FOGO"
P – Bem, Chico, depois do programa pinga-fogo queria que o senhor nos dissesse
se já avaliou a repercussão que ele alcançou?
R – Nós estamos muito honrados com a visita de vocês, do Colégio Estadual de
Uberaba, e agradecemos as palavras de nosso amigo José Carlos.
Quanto ao pinga-fogo, sinceramente, minha surpresa é enorme, porque nunca
pensei que esse programa, realizado pelo Canal 4 em S. Paulo, pudesse alcançar a
área de opinião que vem alcançando. De modo que a surpresa também é minha.
73 – O HOMEM E A CIVILIZAÇÃO
P – Considerando que o homem caminha para a perfeição tecnológica dir-se-ia que
ele desprezará o Espírito e cuidará somente das grandezas físicas?
R – Nós estamos praticamente num ápice da civilização.
Outras civilizações existiram na Terra, mas porque os ápices de civilização não
foram orientados pelo equilíbrio espiritual, estas civilizações, como que
desapareceram, dando lugar à civilização em cujos cimos culturais estamos hoje.
Acreditamos que para que o homem atinja a perfeição não se pode menosprezar os
valores do Espírito.
Todos estamos formulando votos aos Poderes Divinos que governam o Mundo e a
Humanidade, para que o homem se volte para dentro de si mesmo a fim de que nós
todos, dentro dessa interiorização, venhamos a compreender que sem os valores da
alma não podemos avançar muito tão só com os valores físicos que são
praticamente transitórios.
74 – ANTICONCEPClONAIS E ABORTO
P – Desejo, também, saber se as experiências dos humanos em relação aos
anticoncepcionais e ao aborto são válidas? Também os preconceitos morais que
cercam essas experiências.
R – Estivemos há alguns dias diante de questão semelhante. O problema dos
anticoncepcionais está em foco.
Ninguém pode deter a marcha dos anticoncepcionais na Humanidade. Seria
sustentar uma ilusão se fôssemos asseverar o contrário.
Acreditamos que os anticoncepcionais merecerão, agora, e em futuro próximo,
estudos mais acurados da ciência médica, para que o uso deles não se faça
indiscriminado. E que esse uso seja proveitoso na preservação dos valores da
saúde, da higiene, do equilíbrio físico e mental e da segurança e paz da
Humanidade.
Cremos, também, e cremos com a palavra dos Amigas Espirituais, – pois do que
estamos falando aqui devem os nossos amigos jovens do colégio Estadual de
Uberaba, estar convencidos de que não falamos por nós. Estamos apenas
transmitindo instruções que temos recebido do Espírito de Emmanuel e de outros
Benfeitores Espirituais nos últimos tempos.
Cremos com os Amigos Espirituais, repitamos, que os anticoncepcionais estão
chegando à esfera humana como socorro da Providência Divina, para que não nos
comprometamos com o aborto tocado de irresponsabilidade e, às vezes, até
legalizado por princípios de governança pública, como está acontecendo em
diversos países.
A criança-embrião é um ser vivo, e um ser vivo indefeso.
O aborto é um delito difícil de ser classificado, porque a vítima está absolutamente
incapaz de operar na própria defesa.
Acreditamos que à pratica do aborto consciente, indiscriminado, e até mesmo
apoiado por leis, devemos preferir os anticoncepcionais que poderão merecer
estudos específicos da ciência e beneficiar a Humanidade dentro de um campo de
limitação razoável na família, nos tempos que correm, quando os filhos dão trabalho
e exigem muito esforço dos pais.
75 – INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL
P – Que acha o senhor da inseminação artificial que está sendo feita em seres
humanos?
R – Conhecemos diversos casos de inseminação artificial, principalmente na
Inglaterra, em que diversas jovens, que não se sentiam inclinadas ao casamento e
pejar m a maternidade, preferiram esse tipo de maternidade.
A inseminação artificial é um assunto, que, a nosso ver é interessante, pois abriu o
caminho também ara o tubo de ensaio, um problema de solução
Talvez iminente.
Talvez que os preconceitos sociais, e os princípios religiosos possam retardar na
ciência a fabricação desse engenho pelo qual o Espírito tomará corpo na Terra sem
necessidade da comunhão sexual entre o homem e a mulher, mas, sem dispensar o
material genésico da mulher e do homem.
76 – A MEDIUNIDADE E SEU DESENVOLVIMENTO
P – Gostaria de saber como uma pessoa pode notar que é dotada de mediunidade,
quais as vantagens espirituais oferecidas pela mesma, e como essa pessoa deve
proceder?
R – Pelas palavras do nosso caro Nilson Tarcísio, estamos vendo que a turma do
Colégio Estadual de Uberaba é formada mesmo de corações maravilhosos.
Estou longe de merecer esse conceitos tão generosos, mas agradeço de coração e
tomo isso como uma Reprimenda Luminosa, para que eu seja um dia aquilo que os
outros esperam que eu seja, sem que eu o seja de imediato.
Vamos dizer, a mediunidade é peculiar a toda criatura humana; todas as pessoas
são portadoras e valores mediúnicos que podem ser cultivados ao máximo, desde
que a criatura se dedique a esse gênero de trabalho espiritual. De modo que, muitas
vezes, encontramos uma certa dificuldade no problema mediúnico dentro da
Doutrina Espírita.
De modo geral, a pessoa só se diz médium quando se sente vinculada a um
processo obsessivo; quando sente arrepios, muita perturbação, muito assédio, muita
angústia, então se diz que essa pessoa é médium. Bem, aí já é médium assediado,
médium doente. A mediunidade está enferma. Mas a pessoa sã, em plenitude dos
seus valores físicos, pode perfeitamente estudar a própria mediunidade e ver qual o
caminho que suas faculdades mediúnicas podem tomar.
Uma criatura que desenvolva a sua própria mediunidade, desenvolve-a educandose,
procurando aprimorar a sua capacidade cultural, os seus valores, vamos dizer,
os seu valores de experiência humana, os seus contatos no campo da humanidade,
o seu dom de servir; essa criatura encontra na mediunidade, um campo vastíssimo
de trabalho e de felicidade, porque a felicidade verdadeira vem do trabalho bem
aplicado, daquele trabalho que se constitui um serviço pelo bem de todos.
E o médium, dentro da Doutrina Espírita, é uma criatura não considerada fora de
série de criaturas humanas. O médium é um ser humano, com as franquezas e as
perfeições potenciais de toda a criatura terrestre.
Então, a Doutrina espírita é mãe Generosa porque acolhe a criatura humana e faz
dela um médium, mesmo que tenha muitos erros e muitos acertos, mas, depois, do
curso do tempo, os acertos vão abafando os erros e a criatura pode terminar a
existência com grande merecimento. Porque pelo trabalho na mediunidade, trabalho
pelo bem comum, ela vence esse peso, que é o mais importante no mundo. Vencer
a nós mesmos do ponto de vista das tendências inferiores que estejamos
carregando. Falo isso a meu respeito, porque não creio que ninguém carregue tanta
imperfeição como eu...
77 – APRIMORAMENTO DA MEDIUNIDADE
P – Um médium dotado de uma mediunidade bem aperfeiçoada, bem aprimorada,
estará apto a psicografar?
R – Se o médium se dedicar a receber o pensamento dos Espíritos, começando pela
sua boa vontade, pela sua dedicação, ao problema da escrita psicográfica pode
perfeitamente psicografar. Mas esse companheiro ou companheira não pode estar
pensando em termos de tempo para que o desânimo apareça.
Treinar, educar-se, aprender, reaprender, às vezes tropeçar, cair, mas reacertar,
levantar, continuar; servir sempre sem nenhuma idéia de melindre pessoal diante da
crítica, que por ventura apareça, essa criatura vai aprimorando a mediunidade, isto
é, a psicografia, como você perguntou, e essa psicografia pode produzir no campo
do mundo melhores frutos.
78 – JUVENTUDE E FÉ
P – Francisco Cândido Xavier, gostaria de saber se o senhor acha que na juventude
atual ainda há fé?
R – Creio que imensamente, mas com muita sinceridade.
Toda criatura humana tem reservatórios infinitos de fé, e a jovem principalmente. Por
exemplo, se nós que amadurecemos na experiência humana perdermos a fé nas
jovens, não contaremos com futuro razoável nem com futuro tão sereno, tão
produtivo, tão brilhante como desejamos.
Todos temos fé na juventude e nós cremos que a juventude tem fé nas forças da
vida, quando não estejamos pronunciando o nome sagrado de Deus.
Já que estamos num período em que muitos dos jovens desejam que se fale uma
linguagem mais moderna, isso é, fora da conceituação das religiões tradicionais,
vamos, então dizer, como sinônimo de Deus, a Força da Vida. Todo jovem crê na
força da vida, e para nós que cremos em Deus a força da vida é Deus.
Nós temos amigos jovens, que costumam dizer: Nós não cremos em Deus, nós
cremos no homem; mas o homem é filho de Deus. E um pai que se vê acreditado no
filho, sentir-se-á até muito mais feliz do que se as pessoas acreditarem nele, porque
o homem é obra-prima de 0eus.
Todos os sistemas de fé raciocinada, fora do conceito da fé mística e da fé religiosa,
que fazem do homem um ídolo moderno também é fé no futuro, e nós estamos
certos de que essa mocidade maravilhosa dos nossos dias, estudiosa, realizadora,
está caminhando para Deus pela fé com o mesmo entusiasmo com que nós
caminhamos há quarenta, há trinta, vinte anos atrás.
79 – MENSAGEM AOS JOVENS
P – Bem Chico, depois deste bate-papo, deste trabalho que você teve hoje, nada
mais justo que um descanso. Nós já sentimos, sinceramente, bastante honrados, e
até devemos abandonar a carreira de jornalista amador, depois deste bate-papo.
Então queria que você nos desse uma mensagem, não somente a nós, como à
juventude, aos nossos leitores. Uma mensagem para essa juventude que caminha
parecendo querer melhorar o mundo...
R – Nosso Domingos Paiva, falou muito bem quando disse: mocidade maravilhosa
dos tempos de hoje a caminho do futuro, porque eu sou daquelas pessoas que não
admitem essa história de mocidade transviada.
Eu acredito que se há jovens transviados, há também muitos de nós outros, os
adultos, que estamos também transviados – e, por isso mesmo, vamos considerar
esse problema de desequilíbrio numa certa faixa, seja a mocidade, ou seja de
madureza nos domínios da vida física. Essa faixa de desequilíbrios sempre existiu.
Compreendo que estamos diante mesmo de uma juventude maravilhosa em que a
grandeza de espírito é força de realização. E nós podemos confiar pedindo a Deus
que a abençoe sempre.
Não estamos sentindo nenhum cansaço com a entrevista. A entrevista está
admirável e gostaríamos de ir muito mais longe. Nós é que não queremos estar
bancando, aqui, uma pessoa de autoridade, pois não temos autoridade nenhuma.
Estamos, aqui, nesta conversação informal e fraterna como uma pessoa beneficiada
pela generosidade de vocês.
Mas, já que nosso Domingos nos falou em mensagem para finalizar o nosso
encontro, eu peço licença para ler determinada mensagem recebida por nós há
algum tempo:
AGORA É O DIA...
Escuta, meu irmão, agora é o dia
Em que a força celeste te abençoa,
De espalhar alegria.
Desce do altar caseiro, a que te elevas
E acende sobre a noite de quem chora,
Uma réstea de aurora
Adelgaçando as trevas.
Assinala mais perto do coração
Fiel, amigo e atento,
O dorido lamento
Dos que passam clamando no deserto.
É a penúria sem lar vagando além,
A ignorância turva e envelhecida,
A criança perdida,
E o doente cansado sem ninguém...
Desce do pedestal nobre e sublime
Em que a glória da fé te lustra o nome,
Trazendo pão onde se estende a fome
E a luz de DEUS onde corteja o crime.
Sobre o abismo das lágrimas debruça
O coração tranqüilo e consolado,
E encontrarás JESUS crucificado
Em cada peito humano que soluça.
Em ti que trazes rútilo e fecundo,
O brasão do Evangelho na alma ardente,
Recai o privilégio onipresente,
De revelar o CRISTO sobre o Mundo.
Escuta, meu irmão, agora é o dia
Em que a força celeste te abençoa,
Convidando a tarefa clara e boa
De espalhar alegria.
Esta mensagem, é do nosso amigo espiritual José de Atagiba, que foi juiz no Estado
do Espírito Santo. Oferecemo-la aos nossos amigos da juventude, aos nossos
amigos que estão criando o futuro melhor para eles e para nós todos.
Compreendo que o Cristo é o tronco da nossa felicidade, da nossa segurança da
civilização do Hussein. E acho muito interessante a afirmativa do benfeitor espiritual,
quando ele diz:
"Em ti que trazes rútilo e fecundo,
O brasão do Evangelho na alma ardente
Recai o privilégio onipresente,
De revelar o CRISTO sobre o mundo.”
A juventude de hoje quer um mundo melhor, e um mundo melhor para ser melhor há
de se inspirar no Cristo, porque o Cristo é a Verdade e é o Amor.
Nós acreditamos que a mocidade dos tempos modernos está procurando adaptação
da vida humana às leis que regem a verdade e que regem o amor, para que a
felicidade seja dividida com todos.
Portanto, oferecemos esta mensagem, porque é uma página profundamente despida
de sectarismo e serve a nós todos em qualquer posição religiosa que estejamos,
convencidos como estamos, na posição de espíritas evangélicos, de que só com
Jesus encontra-remos o caminho real para a redenção humana, e para a construção
de um mundo melhor.
80 – EMOÇÃO
P – Senhor Francisco Cândido Xavier, encerrando essa entrevista, nós queremos
dizer-lhe que há momentos agradáveis na vida, momentos que como este ficam
para sempre na memória da gente. Para nós, os jovens, existem ídolos do futebol,
ídolos da música, ídolos políticos, e que o senhor é um ídolo, sem dúvida, de
conquistar corações. Por isso, nós queremos agradecer ao senhor e dizer-lhe : Muito
obrigado, por tudo.
R – José Carlos, muito obrigado ao Colégio Estadual de Uberaba, especialmente a
você.
Não continuo porque não vou desatar a fonte das lágrimas. Tenho uma amiga
estimadíssima, que é d. Dora Vilela. Ela me ensinou a não chorar em público, mas o
coração chora por dentro, chora de alegria vendo tanta gente boa representada pela
turma do Colégio Estadual de Uberaba.
Abraçando a você creio que estou abraçando toda essa mocidade maravilhosa, que
é a mocidade da terra uberabense, que nós respeitamos e amamos tanto com todo
o coração.
TROCA DE IDÉIAS
(Entrevista concedida aos organizadores do Cometrim, na Comunhão Espírita Cristã, de Uberaba
(MG), na noite de 23 de outubro de 1971.)
81 – ATUALIDADE E ESPIRITISMO
P – Como situarmos, querido Chico, Espiritismo no panorama atual?
R – Sem dúvida que nós pessoalmente considerando, não temos qualquer
autoridade para responder a uma pergunta deste gabarito, mas, em nossa condição
de pequenino companheiro da causa espírita, compreendemos que o Espiritismo no
panorama atual do mundo, é realmente aquele Consolador Prometido por Jesus à
Humanidade, porque quantos dele se aproximam com sinceridade e com
devotamento à verdade, encontram recursos para a resistência intima contra
qualquer perturbação; nós estamos vivendo no mundo uma época muito difícil, um
período inçado de muitos obstáculos na vida espiritual de todas, porque a renovação
está chegando para todos na Terra, à maneira de explosão: explosão de
sentimentos, de pensamentos, de palavras, de ações; e sem a explicação do
Espiritismo evangélico, que coloca em nosso coração e em nosso pensamento os
termos do destino e do sofrimento no lugar justo, sinceramente – nós teríamos muita
dificuldade para harmonizar o nosso próprio mundo íntimo. Por isto mesmo nós
consideramos que o Espiritismo no panorama atual da Humanidade é uma
providência da Divina Misericórdia do Senhor a nosso benefício, a fim de que cada
um de nós esteja no lugar certo, com as obrigações certas e desempenhando os
nossos deveres tão bem quanto nos seja possível.
82 – UNIFICAÇÃO
P – Chico, o que representam as Confraternizações das Mocidades Espíritas para o
movimento de unificação?
R – Consideramos o assunto naquela base que o nosso benfeitor espiritual Dr.
Bezerra de Menezes fixou numa de suas páginas, por nosso intermédio, aqui na
Comunhão Espírita Cristã de Uberaba, quando nosso amigo espiritual afirmou que a
Unificação do Espiritismo no Brasil é serviço urgente mas não apressado. Isso no
momento nos pareceu paradoxo, mas sem dúvida que essa confraternização dos
tarefeiros espirituais é trabalho urgente, porque nós precisamos cogitar da nossa
confraternização de ordem geral, no campo da Doutrina, todavia esse trabalho não
pode ser feito com muita pressa porque os ingredientes para a realização dele são
todos de ordem espiritual e nós não podemos agir com violência. Por isso mesmo
nós acreditamos que as reuniões e confraternizações de Mocidades Espíritas – que
a nosso ver deveriam ser também acompanhadas de reuniões e confraternizações
de adultos espíritas, é trabalho de muito valor, trabalho que nós não podemos
desprezar e que devemos incentivar por todos os meios justos ao nosso alcance,
para que, através do intercâmbio e da nossa comunicação mútua, possamos
estabelecer bases para que a unificação real em cada grupo tenha sua aparência
específica, assim como cada personalidade espírita tem a sua vida própria e seu
trabalho individual dentro de nosso movimento. De modo que essas
confraternizações de mocidades espíritas ou da madureza espírita, são um
movimento sério que nós devemos acatar e estimular com todas as energias ao
nosso alcance.
83 – OS ESPIRITOS E A UNIFICAÇÃO
P – Prezado Chico, como os espíritos vêem esses movimentos?
R – Pelo interesse que nossos amigos espirituais manifestam em favor dessas
realizações, compreendemos que muitas das nossas confraternizações que se
realizam – sem querer mecanizar ou automatizar os nossos irmãos encarnados –
resultam de inspiração de benfeitores espirituais que se empenham fazendo a nossa
união uns com os outros, através da palavra, da troca de experiências para que nós
possamos localizar a nossa tarefa dentro do movimento espírita. Isso é muito
importante. Os nossos amigos espirituais dão extraordinários relevo a esses
movimentos e esperam que nós fados, os companheiros do Espiritismo, venhamos a
encorajá-los por todos os modos que surjam dentro das nossas possibilidades, de
vez que é pela reciprocidade, na permuta de nossas experiências, que chegaremos
a conclusões e à realizações do mais alto interesse para o movimento espírita agora
e no futuro.
84-A IMPORTÂNCIA DO CENTRO ESPIRITA
P – Quais os benefícios resultantes destes movimentos para os Centros Espíritas?
R – Os nossos amigos espirituais sempre nos ensinaram a considerar os Centros
Espíritas como a Escola mais importante da nossa alma, porque é no Templo
Espírita que nós recebemos de outros e podemos doar de nós mesmos os valores
que servirão a cada um de nós para a vida eterna. De modo que, nós damos tanta
importância ao Estudo da Matemática, ou ao estudo da Química, que realmente são
importantes, não podemos menosprezar as lições em torno da paciência, em torno
da tolerância, que são atitudes da alma que nós não teremos sem estudar, sem
raciocinar. Portanto, um Templo Espírita é uma Universidade de formação espiritual
para as criaturas humanas, e por isso o Espírito de Emmanuel, que nos orienta as
atividades desde 1931, empresta a maior importância ao Templo Espírita, porque o
Templo Espírita revive as casas do Cristianismo simples e primitivo em que os
nossos corações se reúnem em torno dos ensinamentos do Cristo, para a melhoria
da nossa vida interior. Por exemplo, numa Faculdade de ensino superior que nos
merece o máximo acatamento, nós aprendemos Ciências que vão aperfeiçoar os
nossos recursos intelectuais. Mas, no Centro Espírita, orientado segundo os
preceitos do Evangelho, nós vamos encontrar os estudos e os raciocínios
adequados a nossa necessidade de vivência em paz no mundo com a vivência
igualmente do Amor uns para com os outros, segundo o ensinamento de Jesus, que
nós não podemos esquecer: "Amai uns aos outros como eu vos amei...”.
85-COMETRIM
(Conclave realizado com grande êxito, de 30 de outubro a 1 de novembro de 1971.)
P – O que significará para Frutal a COMETRIM?
R – Sem dúvida – acreditamos, que para Frutal, tanto quanto para outras cidades
brasileiras, isso é naturalmente um privilégio, porque hospedará corações e
inteligências interessados no estudo de nossa vida eterna, interessados em explicar
as tramas do destino humano sobre a Terra; interessados em esclarecer o problema
da dor, para que a dor possa ser aceita como mestra de nossa alma, e não um
fantasma capaz de nos precipitar na delinqüência; interessados em iluminar as
nossas consciências para que a nossa vida se faça melhor, para que nós
compreendamos a importância da vida e para edificarmos em nós e em torno de nós
a alegria de viver – porque o Evangelho e a alegria de viver, de compreender. Então,
Frutal, a nosso ver, desfrutará verdadeira bênção porque de lá a mocidade poderá
irradiar um grande movimento de vibrações iluminativas e confortadoras, não só
para os habitantes da cidade, como também para toda a Região onde Frutal se
localiza e da região para todo o Brasil e do Brasil para o mundo inteiro. Porque os
Espíritos nos ensinam que a nossa ação por pequenina que seja, como também
nossa palavra, mais obscura, vai influenciar para o Bem ou para o Mal, segundo a
determinação que impusemos ao nosso verbo ou à nossa atividade. Portanto, nós
esperamos que Frutal, que é uma cidade muitíssimo admirada por nós, se
transforme então nos dias da Vlll Confraternização de Mocidades Espíritas do
Triângulo Mineiro, como verdadeiro foco de luzes espirituais para todos nós. E
pedimos a Deus e aos nossos benfeitores espirituais que abençoem todos os
corações e todas as inteligências que se unem nesse grande empreendimento, que
desejamos seja aureolado do mais amplo êxito para a difusão da Verdade e para
irradiação da Luz, com Allan Kardec, que nós todos consideramos, com a bênção de
Jesus, que será sempre nosso Divino Mestre e Senhor.
ENTENDIMENTO AMIGO
(Entrevista concedida a Salvador Gentile e Elias Barbosa, na Comunhão Espírita Cristã, Uberaba
(MG), a 20 de novembro de 1971.)
86 – HOMEOPATIA
P – Que dizem os Amigos Espirituais sobre a Homeopatia, na atualidade terrestre?
R – Nossos Amigos Espirituais consideram a Homeopatia um processo seguro de
tratamento, principalmente para as pessoas de vida simples, com hábitos tão
simples quanto possível.
P – O mecanismo de ação das drogas homeopáticas estaria relacionado com a
junção corpo-perispírito?
R – Sim, os Benfeitores Espirituais nos observam que isso acontece sempre.
P – Diante do grande avanço da Química Orgânica, haverá lugar para a
Homeopatia, no futuro?
R – Segundo os Espíritos Benfeitores isso é perfeitamente possível, mesmo porque
a Medicina psicossomática, atendendo-se aos preceitos psicológicos avançará cada
vez mais, por interferir na mente, de onde se originam, em maior parte, os processos
patológicos de ordem geral.
P – A ação dos remédios homeopáticos sobre o corpo e o perispírito é a mesma dos
fármacos alopáticos? Que dizem os Benfeitores Espirituais a respeito?
R – Não. Os amigos da Vida Maior observam que ambos os sistemas curativos
obedecem às normas claramente diversas entre si.
87 – SONHOS
P – Quando o Espírito se desliga do corpo, durante o sono, ele se recorda de
existências passadas? Qual a sua experiência pessoal?
R – Isso pode suceder muitas vezes, mas precisamos progredir ainda e muito, no
campo das conquistas morais, para que um discernimento mais claro no assunto
nos preside as observações. Pelo menos, é o que observo comigo mesmo.
P – Por que os indivíduos sofrem limitação na lembrança das experiências que
ocorrem durante o sono?
R – Dizem os Amigos Espirituais que raros espíritos encarnados estão habilitados a
guardar com proveito semelhantes recordações, de vez que as lembranças desse
teor, na criatura despreparada para isso lhe criariam choques prejudiciais e
desnecessários.
P – Durante o período normal de sono, o indivíduo pode participar de duas famílias –
uma no plano material e a outra no plano espiritual?
R – Interessante a tese, mas, não devemos incentivar esta idéia, de vez que a
família humana, enquanto estivermos no período da encarnação, deve ocupar as
nossas atenções tão integralmente quanto isso se faça possível.
P – Os Espíritos obsessores agem com mais facilidade durante o período de sono
de suas vítimas? Qual a arma ideal para nos defendermos contra semelhante
influência?
R – Tanto no sono quanto na vigília, pelo que nos é facultado saber, a melhor vacina
contra a incursão de processos obsessivos é a nossa permanência no trabalho do
bem ao próximo, até que venhamos a adquirir a sublimação espiritual que nos
tornará invulneráveis ao assédio de nossos irmãos menos felizes.
P – O excessivo ciúme infundado de um dos cônjuges, não terá relação com
experiências vividas durante o sono com outro parceiro?
R – Cremos que não, embora seja possível em alguns casos. O ciúme, na essência,
é sempre fruto da afeição possessiva, quando abraçamos a infelicidade de que os
outros pertencem exclusivamente a nós e não a Deus, – a Deus que simbolizamos
na Sabedoria Infinita da vida, que nos coloca onde e com quem a nossa presença se
torna mais útil ou necessária a seus fins.
P – O Espírito encarnado, durante o sono, se abastece de energias espirituais que o
auxiliam na manutenção de seu equilíbrio fisiológico? É por isso que as poucas
horas de sono para algumas pessoas acarretam perturbações orgânicas?
R – Sim, mas os Benfeitores Espirituais nos afirmam que o território dos sonhos
ainda é um continente imenso da vida humana que nos cabe pesquisar e estudar e
de onde retiraremos, em ocasião oportuna, ensinamentos dos mais preciosos para a
nossa permanência na Terra.
88 – SEXO
P – Sem considerar as soluções psicanalíticas, como explicam os Amigos Espirituais
a atração irresistível de uma filha com o pai de um filho para com a própria mãe?
R – O estudo da reencarnação iluminará com segurança semelhante domínio da
psiquiatria e da análise.
P – Faz bem ao espírito a continência sexual? Essa abstenção o santifica ou lhe faz
falta para o aproveitamento espiritual da existência física?
R – O assunto em suas expressões de problema a resolver varia de pessoa para
pessoa, conforme o grau de autocontrole que o Espírito impõe a si próprio.
P – Na conjunção sexual há troca de energias espirituais?
R – Sempre. As trocas de força magnética nesse terreno são inegáveis ante os
resultados que expressam entre aqueles que permutam as próprias energias em
suas manifestações afetivas.
P – A finalidade da relação sexual seria apenas a procriação de filhos?
R – As leis humanas evoluem com a evolução das personalidades humanas.
89 – REENCARNAÇÃO
P – Como entender a reencarnação compulsória?
R – Cremos que da maneira pela qual internamos o doente no hospital ou
segregamos o nosso irmão delinqüente nas celas regenerativas de uma escola ou
penitenciária.
P – Um Espírito obsessor, fortemente ligado à sua vítima, sendo esta mulher, pode
impedir que outro espírito se reencarne através dela?
R – Pensamos que o problema só poderá ser examinado com exatidão se estudado
do Plano Espiritual para o Plano Terrestre.
P – Você, Chico, conhece algum caso em que o espírito obsessor se manteve
durante toda a vida fértil da mulher, impedindo-lhe a gestação?
R – Sim, isso é raro mas acontece, dentro dos princípios de causa e efeito que nos
regem a vida.
P – No processo reencarnatório, segundo conhecemos, o espírito reencarnante é
previamente ligado ao espírito da genitora. No caso da reencarnação através do
tubo de ensaio, como seria suprida essa necessidade?
R – Admitimos que a reencarnação, se efetuada pelo tubo de ensaio, se efetuará em
bases de amor no ambiente a que o espírito reencarnante for conduzido. Isso, na
hipótese da Humanidade progredir moralmente, passando a merecer esse tipo de
reencarnação, obviamente com muito menos entraves para a criatura que tornará
novo corpo entre os homens.
P – Como entender as reencarnações aparentemente humilhantes tais a do negro,
do mendigo, do doente de nascença?
R – No que diz respeito ao racismo, as nossas preocupações decorrem de pura
ilusão de nossa parte no terreno de preconceitos sociais que o tempo eliminará. Nos
casos outros, sabemos que a lei do carma funciona universalmente com todos nós,
em qualquer parte e em todos os dias.
P – A beleza física corresponde à beleza espiritual?
R – Nem sempre.
90 – DESENCARNAÇÃO
P – Ao desencarnar, o espírito toma conhecimento imediato de suas vidas
anteriores?
R – O “Livro dos Espíritos” nos explica que geralmente isso não acontece.
P – Todos os indivíduos, ao reencarnarem, têm um tempo de vida determinado Se,
por culpa própria, desencarnarem antes desse tempo, o que pode ocorrer ao
espírito?
R – Não nos é fácil estudar, por agora, semelhante assunto. A vida e a
desencarnação se conjugam profundamente com os desígnios da Providência
Divina e com o livre arbítrio da criatura.
P – Os indivíduos que não acreditam na vida após a morte despertam com facilidade
depois do decesso físico?
R – Dizem os Espíritos Amigos que de modo geral, isso não sucede.
P – As criaturas que não acreditam na vida após a morte, ao desencarnarem têm
dificuldade para o despertar? Por quê?
R – Falta-lhes aquilo que poderíamos nomear como sendo “aceitação da realidade”,
ou “adestramento preparatório para facear a Vida Maior”
91 – CASOS INÉDITOS
P – Poderia você, Chico, por gentileza, nos relatar pelo menos três casos aos quais
nunca se referiu, nos seus contatos com a imprensa escrita e falada, e que poderiam
ajudar os nossos irmãos em humanidade a entender melhor as exigências da vida?
R – Mais tarde, em outros contatos, apelaremos para as nossas lembranças nesse
particular. De uma verdade estamos convencidos e para nós em pessoa,
irreversivelmente convencidos: – “Ninguém morre e cada um de nós encontrará
consigo mesmo para além desta vida, onde a nossa vida, queiramos ou não,
prosseguira para frente, no Espaço e no Tempo, segundo as Leis Traçadas pela
Sabedoria de Deus para o Universo em sua grandeza infinita e integral”.
INDAGAÇÕES OPORTUNAS
(Entrevista com Francisco Cândido Xavier, na TV Anhanguera, Canal 2, Goiânia, Estado de Goiás, na
noite de 6 de julho de 1971. Entrevistador Dr. Delfino da Costa Machado. Publicada no "Anuário
Espírita" 1972.)
92 – OS ESPIRITOS E O ESPIRITISMO
P – Como é que os Espíritos consideram a Doutrina Espírita, perante as outras
religiões7
R – Os nossos Benfeitores Espiritual nos esclarecem, freqüentemente, que a
Doutrina Espírita formula explicações mais lógicas, mais simples em torno dos
ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo, explicações essas, que nós
encontramos com muita riqueza de minudências nas obras codificadas por Allan
Kardec. Mas, explicam também, que todas as religiões são respeitáveis e que nossa
atitude, diante de todas elas, deve ser de extremada veneração, pelo bem que elas
trazem às criaturas humanas e por serem igualmente sustentáculos do bem na
comunidade em nome de Deus.
93 – O MÉDIUM E SUA DISCIPLINA
P – Para exercer a mediunidade, diante da Espiritualidade, o indivíduo precisa levar
uma vida sublimada?
R – Uma vida sublimada seria, naturalmente, o padrão ideal de vivência para
qualquer médium, mas nós não podemos ignorar que estamos na Terra, que somos
criaturas humanas, e que se esperarmos uma perfeição absoluta para o médium, a
fim de que ele trabalhe a beneficio dos semelhantes, – comenta muitas vezes o,
Espírito do nosso enfeitar Emmanuel - essa criatura só teria trabalho quando
chegasse ao Céu. Por isso mesmo, o médium é uma criatura que está se
esforçando na sua própria melhoria, no seu auto-aprimoramento, sem ser ainda,
comumente, uma criatura altamente educada, conquanto todos devamos trabalhar
pela nossa própria sublimação.
94 – CHICO XAVIER DIANTE DO SEU TRABALHO
P - Você, Chico, para receber mais e cem livros dos Espíritos, versando sobre os
mais variados assuntos, sente com qualidades superiores para isso?
R – Não devo esclarecer de publico que nunca me senti com qualidades superiores
para isso. E, desde o primeiro momento da mediunidade explicada sob a
Codificação Kardequiana, eu me surpreendo com a paciência e com a tolerância dos
Bons Espíritos, em relação ao meu casa particular. Eu me sinto diante deles, aliás,
em todos estes anos de trabalho, junto deles, – como sendo, por exemplo, uma
pedra, de que eles se utilizam para pisar nesta outra margem da Vida Eterna que é a
vida física. Imaginemos uma pedra num riacho, atirada na lama e professores que
se aproveitam dela para não se imiscuírem com o barco no fundo das águas, a fim
de trazerem à escola as lições de que se incumbem. Eu me sinto como essa pedra
de que eles se valem para nos ofertarem a sua mensagem. Nunca me senti com
qualidades superiores. Reconheço o quadro de minhas deficiências e venho fazendo
muita força para trabalhar na melhoria de minhas próprias tendências e no
aprimoramento delas.
95 – MEMÓRIA DO PASSAD0
P – Por que motivo, Chico, algumas pessoas revelam memória mais lúcida que a da
média geral, quanto a recordações do passado?
R – Nossos Amigos Espirituais explicam que essas criaturas de memória
extremamente ou talvez excessivamente lúcida, nasceram com determinados
centros mnemônicos mais descerrados à lembrança de suas vidas pretéritas, de
modo que elas atravessam a vida iluminada por imagens e visões de vidas
anteriores, que essas mesmas pessoas atribuem ao presente, sem que esses
imagens e essas visões estejam vinculadas aos dias da atualidade. Problema de
reencarnação, com sensibilidade muito aguçada.
96 – PASSADO ESPIRITUAL E REENCARNAÇÃO
P – Os defeitos e as inibições de ordem orgânica e psicológica, serão sempre
expiações de vidas pretéritas?
R – Com todo o meu respeito a diversos amigos nossos, posso dizer amigos meus,
que cultivam a Psiquiatria dentro da Medicina, com todo respeito a eles, de muitos
deles ouvi, em certas ocasiões, a alegação de que determinadas pessoas procuram
trabalhar intensamente, em determinados assuntos espirituais ou artísticos, como
fuga de suas próprias realidades físicas e psicológicas, quando essas realidades
não são as mais agradáveis. Mas, os Bons Espíritos nos ensinam, que muitas vezes
somos nós que solicitamos, dos amigos que presidem o trabalho de nossa
reencarnações, semelhantes inibições, doenças, defeitos, dificuldades que
constrange, muitas vezes até humilham a nossa existência física, como recurso de
autodefesa para o trabalho espiritual que nos compete efetuar. Para muitos
estudiosos da Terra, o trabalho intenso no bem é uma fuga que a criatura opera em
relação ao mal que está dentro dela; mas, no Mundo Espiritual, esse sofrimento ou
essa inibição significam recurso para que a criatura possa trabalhar com a
tranqüilidade possível.
97 – OS TRES ASPECTOS DO ESPIRITISMO
P – Dos três aspectos do Espiritismo – o Religioso, o Científico e o Filosófico, qual o
mais importante, no seu modo de entender?
R – Nosso Emmanuel costuma dizer que poderíamos figurar, por exemplo, a Ciência
como sendo a verdade, a Religião como sendo a vida e a Filosofia como sendo a
indagação da criatura humana entre a verdade e a vida. Todos os três aspectos, por
isso mesmo são muito importantes, porque a Filosofia estuda sempre, a Ciência
descobre sempre, mas a vida atua sempre. Todos esses aspectos são muito
importantes e muito essenciais, mas, sem desejarmos criar uma situação favorável a
nós outros, os espíritas evangélicos, a Religião é sempre mais importante, porque a
verdade é uma luz a que todos chegaremos; a indagação é um processo no qual
todos participamos; mas a vida não deve ser sacrificada nunca e a Religião
assegura a vida, assegurando a ordem da vida; não nos referimos aqui apenas ao
Espiritismo Cristão, mas a todas as religiões vigentes no mundo. As religiões
estabelecem a harmonia interior da criatura humana; é a Religião que nos impele à
conduta certa e nos aponta o caminho mais certo para a harmonia de todos nós, uns
com os outros. Por isso mesmo, a Religião é mais importante porque com a luz da
Religião, a Ciência poderá trabalhar em paz, de vez que a Ciência precisa de Paz
para trabalhar e a Filosofia poderá indagar em paz, porquanto precisa pesquisar
com tranquilidade e, sem religião, em nosso espírito, seja ela qual for, sem uma fé
na existência de Deus, sem que nosso pensamento se volte para a grandeza da
vida, para a imortalidade da alma, – para os diversos aspectos em que a Divindade
se manifesta para nós outros, – nós, naturalmente, cairíamos na desordem psíquica,
estabeleceríamos o caos em nós e fora de nós, porque não saberíamos governarnos.
A Religião é sempre mais importante, seja ela qual for, ainda mesmo, Quando a
Ciência precise, muitas vezes, controlar-nos os impulsos de criaturas religiosas,
reeducar-nos às concepções ou podar, talvez, muitos excessos da nossa
imaginação. Reconheçamos semelhante mérito da Ciência que nas descobre as
deficiências, com a indagação filosófica, mas, de qualquer maneira, é a Religião que
nos garante a vida espiritual devidamente organizada na Terra, principalmente a
veada social e a vida familiar.
98 – LOUCURA E OBSESSÃO – TRATAMENTO
P – De que maneira, Chico, os Benfeitores Espirituais consideram o tratamento da
loucura ou de obsessão?
R – Eles consideram muitas vezes que, principalmente nós, os espíritas que
tateamos o problema do desequilíbrio mental através da obsessão, precisamos
compreender a necessidade do intercâmbio com a Medicina. Trazem, por exemplo,
a imagem de um piano como sendo o corpo físico e se o piano se destrambelha, ele
naturalmente necessitará do artista que vai, naturalmente, observar o problema da
afinação, depois da melodia, a utilização do instrumento, roas, precisamos do
técnico que vai sanar as defeitos existentes naquele organismo destinado a
composições musicais. Á vista disso, nosso corpo precisa da assistência médica, em
todos os distúrbios que apresente. Isso, porém, não impede a nossa obrigação de
cooperar no campo mental, com o influxo renovador das idéias edificantes, com a
oração, com o otimismo, com as idéias de renovação, com o socorro da fé, como
bálsamo da esperança, sem desprezar, de modo nenhum, a cooperação da Ciência,
através do socorro medicamentosa porque se o socorro medicamentoso está na
Terra é também por permissão de Deus, precioso resultado da misericórdia de Deus.
Os espíritas não podem desconhecer a importância da assistência médica em todo
caso de loucura e muito principalmente no capítulo da obsessão, porque na
obsessão, determinada mente ou determinadas mentes estão influenciando de
modo negativo sobre o espírito do obsidiado, mas o corpo do obsidiado sofre,
também, as dilapidações conseqüentes e essas dilapidações devem ser
regeneradas e só podem ser eficientemente regeneradas com a assistência médica.
Isso não obsta o trabalho espírita, o trabalho das religiões, que se propõem a
socorrer moralmente os nossos irmãos sofredores nesse setor das provações
humanas.
99 – A ORIGEM DAS MOLÉSTIAS
P – Como é que os Amigos Espirituais interpretam a origem das moléstias mentais
complexas como, por exemplo, a esquizofrenia? Ela terá cura?
R – Eles observam, muitas vezes, que nascemos com processos alusivos a
moléstias chamadas incuráveis,como resultados de complexos de culpas adquiridos
por nós mesmos em existências passadas. Por exemplo: um homem extermina a
vida de outro homem e parte para o Além; a vítima perdoou ao verdugo, mas a
consciência do verdugo não concordou com esse perdão, e ele continua com o
remorso, com o problema da culpa a lhe estragar a tranquilidade íntima. Dessa
forma, os pensamentos de remorso repercurtem sobre o corpo espiritual e
determinam o desequilíbrio da distribuição dos agentes químicas do organismo, já
que, em verdade, cada um de nós tem determinada farmácia na sua própria vida
íntima e as
substâncias químicas errem o seu nível ideal, particularmente no cérebro, a cabine
por onde o espírito se manifesta.
Adquirindo culpas intensas e profundas, é muito natural que e criatura renasça com
problemas de esquizofrenia, mas acreditamos que a Ciência, mais tarde, segundo a
necessária permissão do Alto, sanará perfeitamente a moléstia em descobrindo,
com o amparo da Misericórdia Divina, o caminho para restabelecer o nível de
distribuição das substâncias químicas no cérebro enfermiço, para que essa
distribuição atinja a circulação desejável.
100 – PAIS E FILHOS
P – Do ponto de vista da Religião Espírita, qual deve ser a conduta dos pais, em
relação aos filhos-problemas e das filhos em relação aos pais-problemas?
R – Os Espíritos Amigos dizem, comumente, a nós outros, que precisamos de uma
reformulação na Terra, dos nossos assuntos de ordem familiar. Não devemos
constranger nossos filhos a sofrerem processos de violência, de nossa parte, tanto
quanto os nossos filhos não devem criar semelhantes problemas para nós outros,
quando assumimos os compromissos de pais na Terra.
O impositivo de proteção à infância, no período mais tenro da reencarnação, é
assunto de importância fundamental para a educação do espírito que se reencarna
na Terra; Não podemos desprezar a infância, em tempo algum, porque a infância
levará para a frente o retrato de nossa própria conduta para com ela. E se
abandonamos a criança exigindo, de futuro, que em plena mocidade, obedeça à
força, o assunto se faz muito difícil.
Necessário que os pais conversem mais cordial-mente com os seus filhos no clima
da harmonia doméstica, dentro da própria casa e nunca adiar essas conversações
para tempos de desastre sentimental. Frequentemente, os pais não se sentam com
os filhos para um entendimento afável, para uma conversação mais doce, para que
o intercâmbio da amizade se processe, para que o amor realize a sua Obra Divina
nos corações, e bastas vezes, assumem atitudes atormentadas, quando os filhos ou
as filhas mais jovens adquirem dificuldades ou problemas íntimos para a solução
dos quais eles, os pais, não os preparam. Precisamos agora, mormente na
atualidade quando se opera vasta revisão de valores domésticos, familiares e
sociais, da prática de um amor sem limites, de uma tolerância imensa, – de nós
todos, de uns para com os outros, – para que atinjamos um acordo geral de
rearmonização e, então, iniciar uma era nova, em que a criança receba realmente
aquele amparo de que necessite e a que tem direito, para que nunca venhamos a
condenar indebitamente, os mais jovens.
101 – ANTICONCEPCIONAIS E ABORTO
P – Chico, o que diz a Espiritualidade sobre os anticoncepcionais, empregados com
finalidade de limitar os nascimentos?
R – Nós, os espíritas, conhecemos com Allan Kardec, em “O Livro dos Espíritos” (*)
que não se deve opor obstáculos ao trabalho da Natureza, porque isso seria
contrariar as leis gerais. Observemos, porém, com muito respeito a todos aqueles
companheiros nossos, dentro do Espiritismo, ou fora do Espiritismo Evangélico, que
não possam se harmonizar com a nossa opinião, que é formulada não por nós, mas
de acordo com as instruções dos Benfeitores Espirituais: se nos decidimos a praticar
o aborto criminoso, se estamos interessados em disputar medidas legais para que o
aborto seja aprovado por leis, como já acontece em várias regiões do mundo, é
muito mais razoável que os anticoncepcionais sejam usados para controle da
família. Não nos é lícito opor obstáculos à natureza, mas imaginemos, por exemplo,
um rio caudaloso, dilapidando as suas próprias margens e atingindo determinada
região com cidade populosa assim ameaçada em seu conjunto residencial. Se o rio
se faz perigoso, ameaçando o patrimônio aí instalado pelo Homem para benefício e
progresso da comunidade, não será justo modificar-lhe o curso? Não estamos contra
a Natureza, porque a natureza humana precisa se beneficiar dos recursos da
natureza física, sejam eles quais forem. Não podemos apoiar o uso imoderado dos
anticoncepcionais, não podemos, como criaturas religiosas, como cristãos que nós
todos somos diante de Nosso Senhor Jesus Cristo, imaginar irresponsabilidade
campeando, à base do anticoncepcional usado desequilibradamente. Entretanto,
respeitamos também a chegada dos anticoncepcionais ao Mundo por medida
preventiva contra o aborto delituoso, porque o aborto delituoso é praticado em
regime de impunidade e a vítima não tem voz para se defender. Se nos mostramos
dispostos a cometer essa espécie de falta, que depõe profundamente contra a nossa
Civilização, e preferível conservar os anticoncepcionais, e, do ponto de vista cristão,
pedir o amparo das Leis e a controle das autoridades que o Senhor nos concedeu
para a sustentação da saúde e da ordem. Muito justo, a nosso ver, solicitar aos
nossos governantes e aos nossos orientadores em matéria de ciência e em matéria
de religião, para que nos ajudem todos no controle dos anticoncepcionais, a fim de
que não venhamos a cair em desordem coletiva, a pretexto de limitar a natalidade.
Precisamos, porém, compreender que os anticoncepcionais serão talvez um mal,
quem sabe?!
Eles estão começando no mundo!... Não sabemos, ainda, avaliar toda a influência
deles sobre o organismo humano, especialmente da mulher, que nasceu para ser
mãe ou que pode ser mãe. Efetuar-se-á semelhante avaliação, em futuro próximo,
ou talvez um pouco remoto, mas se o uso dos anticoncepcionais redunda em mal
menor para evitar-se a criminalidade de abortos sem propósito, com esgotos
repletos de crianças assassinadas antes do nascimento, quadro esse sempre muito
triste, devemos aceitá-la, naturalmente, sob o controle de orientação científica.
(*) Ver Q. 693 (Nota dos Organizadores.)
102 – ANTICONCEPCIONAIS – MAL MENOR
P – Quer dizer, Chico, ainda dentro desta questão, dos males, seria esse o menor?
R – Seria o menor, se tivermos o amparo das autoridades e o conselho correto da
ciência, de vez que com esse duplo auxilio, estamos certos de que os
anticoncepcionais terão uma função benéfica no mundo, amparando a solução dos
problemas sociológicos, até mesmo nos setores da economia. Precisamos pensar
nisso, mas não comprando o material referido em farmácia, à vontade, ou gastá-la
como se fizéssemos disso uma brincadeira. (*)
– “Não acreditamos que a coletividade humana esteja, por enquanto, habilitada
espiritualmente a controlar o renascimento na Terra sem prejudicar seriamente o
desenvolvimento da lei de provas purificadoras.”
(*) Solicitamos de nossa parte ao benfeitor espiritual Emmanuel esclarecesse agora,
em 1071, o ponto de vista por ele expendido, através do médium Xavier, em
resposta a perguntas que lhe forem formuladas e que constam de publicação "Santa
Aliança do III Milênio", nº. 23 – Ano 3 – 1958 – São Paulo –, assim expresso :
Respondeu o mentor, pelo, mesmo Xavier, agora em Dezembro de 1971, que o
panorama da Civilização Ocidental se alterou fundamentalmente nos últimos três
lustros; que, em tese, a coletividade humana continua ainda não habilitada
espiritualmente a controlar o renascimento na Terra; entretanto, a prática quase que
generalizada do aborto delituoso, na maioria dos Países Ocidentais, culminando, em
certas comunidades, com a aprovação de textos legais, complica ainda muito mais
"o desenvolvimento da lei de provas purificadoras", no Plano Físico. E já que o
aborto irracional é delito incontestável nas Leis Divinas ante o controle da natalidade
que significa procrastinação ou abstenção, o uso de anticoncepcionais, cujos efeitos
ainda se acham em estudo, na Terra, é prática tolerável e compreensível, quando
não seja a mais justa, de modo a que imenso número de criaturas reencarnadas no
Plano Físico, não agravem as próprias culpas nos débitos com que já se acham
oneradas nas fichas cármicas que lhes dizem respeito. – Nota dos Organizadores
deste livro, Salvador Gentile e Hércio Marcos Cintra Arantes, que foram a Uberaba
procurar com as fontes mediúnicas referidas, os esclarecimentos em pauta.
103 – MENSAGENS EM OUTRAS LÍNGUAS
P – Chico, você já recebeu mensagens em outras línguas que não a nossa? Em
quais línguas?
R – Já recebemos mensagens não muito longas, mas as de dimensão maior se
verificaram na Língua Inglesa, e outras menores em Castelhano, em Italiano e em
Alemão. Registramos, no entanto, um detalhe interessante: quando estávamos em
contato com os nossos irmãos de Língua Inglesa, seja nos Estados Unidos ou na
Inglaterra, a recepção das mensagens, nesse idioma em psicografia, era muito mais
fácil do que no Brasil. Creio que há uma influência de ambiente a que não se pode
fugir em mediunidade. Aliás, peço perdão por me referir a viagens à América do
Norte e à Inglaterra, perdão que rogo aos queridos amigos telespectadores. Creio
com sinceridade que não estou esnobando; é só para explicar.
104 – O ESTUDO DO ESPIRITISMO
P – O que acha você do ensino do Espiritismo nas escolas, sobretudo, nas escolas
espíritas?
R – O ensino nos templos espíritas, a nosso ver, é um ensino vital para a êxito em
nossas relações uns com os outros. Os Bons Espíritas, desde muito tempo, nos
induzem a considerar o templo espírita, como sendo a Universidade de segurança e
paz, progresso e a iluminação espiritual, na vivência humana. Eles dizem que o
estudo da matemática, da química é muito importante numa faculdade de ensino
superior; mas, o estudo também da paciência e da tolerância são muito importantes
no templo espírita. Cremos que o ensino leigo é um processo normativo para a
formação da instrução intelectual, mas no templo espírita deve-se fazer o ensino de
ordem moral, para que nós possamos chegar a um acordo uns com os outros e
fazermos de nossa vida o melhor possível.
105 – UM CASO IMTIMO: A CURA DE UMA FERIDA
P –Um escritor da Guanabara conta, em suas páginas, que você em criança teria
sido médium, na cura de uma ferida, lambendo esta mesma ferida por influência dos
Espíritas. Conte este caso, por favor, em poucas palavras, por causa do nosso
adiantado da hora.
R – O assunto demandaria talvez um pouco mais de tempo, mas vamos resumir: eu
não servi propriamente de médium, mas quando minha mãe desencarnou, fui
entregue a uma senhora que era extremamente bondosa, mas, por vezes,
extremamente severa, de modo que, eu sentindo que essa senhora não se
afeiçoava à oração, tanto quanto minha mãe nos ensinava no lar, ao cair da tarde,
eu procurava orar sob as árvores, já que minha mãe havia prometido a mim que
voltaria; ela não morreria, conforme afirmou, quando notou o nosso espanto diante
da agonia em que se achava. Vendo-nos aflitos, ela prometeu que voltaria para
buscar-nos. Quando eu a vi, em espírito, no dia que estava orando, senti uma
alegria enorme e passei a ter colóquios com minha mãe, isto é, com o Espírito de
minha mãe. Isso é um assunto longo. Devo dizer que, morando com essa senhora,
ela possuía um sobrinho que lhe era filho adotivo e que adquiriu uma ferida
longilínea, de cura muito demorada. A ferida estava crônica.
Rogo perdão às senhoras e aos senhores telespectadores que relevem este
assunto, que é bastante desagradável. Certo dia, uma senhora, passando ao lado
da casa em que vivíamos, disse à minha tutora:
– Dona Ritinha, por que é que a senhora não cura a ferida deste menino?
Ela respondeu:
– Como é que eu vou curá-la?
– A senhora procure uma criança para lamber a ferida durante três sextas-feiras de
manhã, em jejum, que a ferida vai curar.
Eu fiquei assim muito alarmado. Contava então cinco para seis anos de idade. Essa
senhora com quem eu vivia, que era minha tutora, perguntou:
– O Chico serve?
Ao que a outra respondeu:
– Chico está ótimo, pode usar a Chico!
Eu olhei a ferida, fiquei assim pensativo, com medo, porque a ferida era grande. Mas
não disse nada. Apanhava surras muito fortes, e isso, naturalmente, porque eu
precisava e era justo que eu as recebesse, pelo menos o Espírito de minha mãe me
ensinou que devia ser assim. Na tarde em que houvera a combinação, quando
minha tutora saiu com a família, a passeio, fui para debaixo das árvores e orei,
alarmado com o caso da ferida, porque a ferida era enorme. Nessa ocasião, o
Espírito de minha mãe apareceu e me disse:
– Por que você está com tanto medo, com tanta aflição?
– A senhora não sabe? – respondi. A Dona Ritinha pede que eu seja o instrumento
da cura da ferida do Moacir, – assim se chamava o menino doente. De maneira que,
amanhã é sexta-feira e eu tenho que lamber a ferida e estou apavorado.
Ela disse:
– Não tema, você pode lamber a ferida com paciência, porque é muito melhor você
lamber a ferida, do que tomar uma surra que possa, talvez, desajustar o seu corpo
para o resto da vida. Você pode lamber a ferida, porque nós vamos ajudá-lo.
E no outro dia de manhã, a dona da casa me chamou, o menino sentou-se no
tamborete, colocou a perna no outro tamborete e eu fechei os olhos para cumprir a
tarefa e, mesmo de olhos fechados, vi o Espírito de minha mãe junto de nós. Ela
jorrava como que um pó, parecendo um pó multicolorido e, tão logo a vi, ela disse
assim:
– Agora você lambe a ferida!
Nisso, eu tive de obedecer.
Lembrando o caso, penso que hoje, ficamos muito preocupados com qualquer
inflamação, tornamos muito antibiótico “não estou criticando, pois eu também tomo
muito antibiótico”, mas naquele tempo não havia os preventivos.
E a ferida me deixava a boca muito amarga.
A parte mais séria da ocorrência é que, sexta-feira, a ferida estava curada. Então, eu
fui para debaixo de uma bananeira orar Espírito de minha mãe apareceu e falou:
– Eu não te disse que a ferida ia ser curada e tudo ia ficar muito bem?!...
– Está bem, – respondi de minha parte, – mas eu peço à senhora para não deixar
ninguém ter ferida mais não, para ver se fico só com essa.
106 – PSICOGRAFIA DE AMERICANO DO BRASIL
P – Chico, poderia você psicografar uma página perante estas câmeras?
R – não posso dizer se consigo, mas vamos tentar!... Se pudéssemos ter um
pouquinho de música, gostaria.
Prezados telespectadores do Canal 2, rogamos mais alguns minutos de sua
preciosa atenção, para que possamos, se os Céus o permitirem, assistir ao exercício
da mediunidade psicográfica, frente às câmeras, pelo nosso caro Chico Xavier.
(Ligada a música. Enquanto isso, Chico, em lágrimas, escrevia celeremente, sem
interrupção e nem retoques. Ao terminar, enxugou, do rosto, suor e lágrimas).
P – Poderia ler a mensagem recebida, Chico?
R – GOYAZ
Contemplo-te, Goyaz, na fé que te abençoa!...
Lembro Manoel Correia, o império dos Goyazes,
Os dois Bartholomeus nos prodígios que fazes,
O arraial de Sant'Anna, erguendo a Vila Boa!...
Cresce a vida a brilhar no tempo que se escoa...
Descortinas, por fim, as riquezas que trazes,
E a civilização com teus filhos audazes,
Conquista nova altura em que se aperfeiçoa!...
Venho sorver-te a paz, na vastidão florida,
Bendizer-te, Goyaz, terra de minha vida,
No amor com que te exalço o trabalho fecundo!...
No planalto feliz, onde a luz se te expande,
Guardas o coração do Brasil nobre e grande,
A Nação do Evangelho e Coração do Mundo!...
AMERICANO DO BRASIL (*)
*Dr. Antônio Americano do Brasil (1891-1931), ilustre médico, historiador e poeta,
nasceu em Silvânia (Goiás), residia em Luziânia e clinicava em toda a região do
Planalto. Observe-se a ortografia de acordo com a época em que o autor estava
encarnado. (N. dos 0.).